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O Impacto das Mudanças nas Organizações Universitárias

2.2 A ADMINISTRAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES UNIVERSITÁRIAS

2.2.2 O Impacto das Mudanças nas Organizações Universitárias

O ambiente das organizações em todos os setores passa por transformações significativas diante da necessidade das organizações de se manterem competitivas em um mercado aberto e de livre concorrência. Elementos como as tecnologias da informação

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Coordenadoria de Aperfeiçoamento do Pessoal de Nível Superior.

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empregadas, os serviços e produtos oferecidos, as relações entre parceiros comerciais, as relações com clientes, as relações internas das organizações, vêm sendo estudados, repensados e discutidos, em conseqüência da nova ordem global. Em um primeiro momento, a maioria das organizações tem executado ações no sentido de estabelecer ou manter vantagens competitivas e garantir a sua sobrevivência.

Vive-se um momento de importante transição do ambiente econômico, no qual a gestão do conhecimento adquire um papel central para a competitividade tanto das empresas, como dos países. Isso, entretanto, nem sempre foi assim, pois no passado vantagens como localização, acesso à mão-de-obra barata, aos recursos naturais e ao capital financeiro tinham papéis muito mais determinantes (STEWART, 1998).

A busca de vantagem competitiva pelas empresas pela valorização dos recursos humanos e da adaptação de suas tecnologias da informação, vem ocasionando o aparecimento de organizações baseadas no conhecimento. Para Stewart (1998), organizações do conhecimento são aquelas que fazem uso intensivo do conhecimento, substituindo seus estoques por informações e os ativos fixos pelo conhecimento. Drucker (1998) salienta que um dos maiores desafios impostos às organizações do conhecimento é desenvolver práticas sistemáticas para administrar a autotransformação.

A economia do conhecimento8, fase em que já se começa a vislumbrar nos países em desenvolvimento, já se solidifica em países considerados desenvolvidos. Todavia, a economia do conhecimento demanda novas formas organizacionais, orgânicas, flexíveis, aparentemente quase anárquicas, mas suficientemente coordenadas de forma a permitir que o conhecimento seja criado, armazenado, recuperado e reutilizado. Essa mudança de paradigma econômico implica, também, mudança necessária no paradigma educacional que, na atual conjuntura, não viabiliza a formação adequada da nova força de trabalho (MORAES, 1997).

De acordo com Lindo (1998), a sociedade atual experimenta mudanças em diversos paradigmas (científicos, culturais, políticos e sociais), as quais devem ser devidamente incorporadas pela universidade, no momento de rever sua missão, funções e objetivos. Assim, torna-se importante reconhecer alguns fatores que obrigam a universidade a repensar essas questões no contexto dessa nova era:

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A economia do conhecimento é fundamentada na posse de informação, do conhecimento e na utilização do capital humano (NONAKA E TAKEUCHI, 1997).

a) os meios de comunicação de massa e a Internet proporcionaram novas condições para a criação e transmissão de conhecimentos que transcendem as instituições;

b) a explosão da informação científica, tornando impossível a construção e a legitimação de visões sintéticas e totalizadoras do conhecimento atual;

c) a aceleração das inovações tecnológicas e sociais traz à discussão a correspondência entre a formação de recursos humanos qualificados e as demandas do mercado e da sociedade; d) a globalização e os processos de regionalização (Mercosul, União Européia, Nafta) dão

lugar a espaços acadêmicos transnacionais que internacionalizam as instituições, convertendo-as em partes de uma rede mundial;

e) a consolidação de um novo paradigma econômico fundamentado no uso intensivo do conhecimento coloca as universidades em uma posição estratégica; ao mesmo tempo, no entanto, ameaça o futuro dos egressos que não possuem o perfil adequado que deveriam ter para posicionar-se nesse novo contexto.

Portanto, é necessário repensar a missão, os objetivos e as funções da universidade para se adaptar a esses novos contextos (globalização, economia do conhecimento, informatização etc.) e paradigmas (políticas do conhecimento, modelo curricular flexível, pedagogia dinâmica etc.). Esse quadro requer um novo modelo de organização e de gestão para atuar eficazmente nesse cenário. Essa transformação é denominada por Lindo (1998) de reconversão universitária.

A reconversão universitária é baseada em quatro dimensões de análise que são necessárias na busca da transformação da universidade na era do conhecimento: a dimensão dos contextos, dos paradigmas, das atitudes e relações e da organização e gestão (Figura 2.2).

Dimensão dos Contextos g l o b a l i z a ç ã o , e c o n o m i a d o c o n h e c i m e n t o , m u l t i c u l t u r a l i s m o , n o v a s d e m a n d a s d o m e r c a d o d e t r a b a l h o , f i n a n c i a m a n t o d a universidade Dimensão dos Paradigmas políticas do conhecimento, modelo c u r r i c u l a r f l e x í v e l , p e d a g o g i a dinâmica, programas acadêmicos versáteis, universidade criativa Dimensão das Atitudes e

relações ética de serviço público, espírito de cooperação, melhoria de relações humanas, respeito aos méritos

Dimensão de Organização e gestão g e s t ã o e s t r a t é g i c a , o r g a n i z a ç ã o i n t e l i g e n t e , r e f o r m a a c a d ê m i c a , i n f o r m a t i z a ç ã o , r e f o r m a administrativa

Figura 2.2 – Dimensões da reconversão universitária

Fonte: (MASCELANI, 2000)

Na dimensão dos contextos, deve m-se considerar todos aqueles fatores e tendências que condicionam o futuro da universidade, tais como: globalização, economia do conhecimento, multiculturalismo, novas demandas do mercado de trabalho, financiamento da universidade.

Na dimensão dos paradigmas, existe a necessidade de se elaborarem políticas de inovações permanentes para acompanhar as mudanças no ambiente dos negócios (MASCELANI, 2000).

A dimensão das atitudes e relações enfatiza a noção de que os espaços organizacionais necessitam promover a ação administrativa a uma categoria superior em relação à ética e à melhoria das relações humanas. Assim, nessa dimensão merece destaque, em primeiro lugar, algo que é de suma importância para as sociedades atuais que é a necessidade de estabelecer a ética no serviço público e, em segundo lugar, a necessidade de se superar o individualismo institucional que atualmente faz com que as universidades atuem de forma dissociada, sem intercâmbios reais, nem capacidade de cooperação.

Na dimensão de organização e gestão, abrange m-se os conceitos de gestão estratégica e organização inteligente, destacando a conveniência de fortalecer o pensamento e a gestão estratégica na condução da universidade. Considera-se que a gestão estratégica é fundamental para a consecução dos objetivos de qualquer IES e, portanto, para o desempenho de sua

missão, uma vez que associa os recursos humanos e outros recursos da instituição aos desafios e riscos apresentados pelo mundo exterior.

Conclui-se que essas dimensões refletem as mudanças que ocorrem em escala mundial e que afetam as organizações universitárias, observando o relacionamento entre tecnologia da informação e mudanças organizacionais no contexto da globalização e de inovação tecnológica acentuada.