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AS DISPUTAS PELO PODER NO GRANBERY, SUAS POSSÍVEIS RELAÇÕES COM A POLÍTI-

3. MAÇONARIA, METODISMO E INTEGRALISMO: OSCAR MACHADO E O INÍCIO DO

3.5 AS DISPUTAS PELO PODER NO GRANBERY, SUAS POSSÍVEIS RELAÇÕES COM A POLÍTI-

RÃES

Embora a Igreja Metodista tenha se tornado contrária à participação de seus membros na AIB e que esta, por ter entre seus inimigos principais declarados o libera- lismo, o comunismo e a maçonaria, – notadamente elementos recorrentes no metodis- mo, em especial, em Juiz de Fora – tenha atacado estes inimigos em pleno Granbery

276 Dadas as lacunas existentes na documentação policial e integralista da cidade é que não podemos ter a

durante as conferências de Gustavo Barroso, são dignas de nota as idiossincrasias das quais as relações metodismo-maçonaria-AIB foram dotadas na cidade.

Estas ganham evidência quando se examinam as conquistas de espaços impor- tantes por Oscar Machado no movimento político e também no metodismo e em suas instituições neste contexto. A explicação para tal ascensão não possui um lógica mono- causal, sendo derivada seja de suas atividades políticas ou do prestígio intelectual do qual era detentor.

Diversamente disso, ela é atribuída aqui ao modo como, sagazmente, lançando mão de diversos conjuntos de capitais, ele se enveredou e negociou com grande sucesso posições nos diversos campos em que atuou congregando seu projeto pessoal com o

projeto coletivo metodista. (VELHO, 1994)277

Não obstante, embora deduza-se que seu crescimento no interior do metodismo e do Granbery tenha ocorrido, de início, por conta de seu capital cultural, bastante reco- nhecido entre seus pares e pela hierarquia metodista, é preciso perceber que, para além de possíveis divergências político-partidárias, havia no instituto embates por espaços de poder. Deste modo, a existência destas disputas ajudavam a mostrar a diversidade de iniciativas individuais dessas figuras de proa, com as quais ele acabou se envolvendo, mesmo que isso tenha ocorrido sem que ele viesse a ser o pivô destes certames.

A mais visível destas disputas teria ocorrido entre os professores Irineu Guima- rães278, Josué Cardoso da Fonseca e Moyses Vieira de Andrade a partir do ano de 1931.

Neste ano, o primeiro foi designado pela direção do Granbery para o cargo de Diretor de Disciplina, o que teria desagradado aos outros, pois tal decisão, aparentemente, teria contrariado alguns de seus intentos.

Em 1931, como parte de um novo plano de administração do Granbery, a rei- toria decidiu designar o professor como diretor de disciplina. De início, foi apenas criada essa diretoria auxiliar que cuidaria da disciplina na instituição, adiando-se o preenchimento dos cargos relativos às outras três diretorias – in- terna, técnica e financeira. Como resultado, Josué Cardoso d’Affonseca e Moyses Vieira de Andrade, “contrariados nas suas pretensões, desenvolve-

277 Vale lembrar que Oscar Machado foi um dos delegados leigos que representaram a Igreja de Juiz de

Fora no 2º Concílio Geral da Igreja em 1934 e que ele assumiu o cargo de chefe Diretor dos cursos Comercial e Ginasial, substituindo, no último, Irineu Guimarães. (Atas do 2º Concílio Geral da Igreja,

1934)

278 Irineu Guimarães ocupou o cargo de Diretor do Departamento Primário desde, pelo menos, o ano de

1928, ficando no cargo até 1933, quando foi substituído por Oscar Machado. Ver: (Ata da Congregação

ram uma luta sem tréguas contra minha atuação”. (NOVAES NETTO, 2004, p. 63)279

Ao que tudo indica, essa perseguição teria se pautado pela crítica às medidas implementadas por Irineu Guimarães à frente desta diretoria que, inspiradas pelo binô- mio “liberdade-responsabilidade”, dariam mais poder aos próprios alunos para a manu- tenção da disciplina. Valendo-se de um processo que daria mais autonomia aos alunos, o professor passou a ser alvo de críticas que tentariam rotulá-lo como anárquico, sobre- tudo, naquilo que tocava o seu grande sonho, o Curso Pré-Universitário (CPU).

Em boa medida seu código disciplinar previa um ganho de poder por parte dos alunos que seriam os próprios responsáveis por sua implantação afastando, por exem- plo, alunos com baixo rendimento escolar, mal comportamento e faltas neste sistema, situação que despertava preocupação na direção do instituto. Uma vez pressionada em decorrência das críticas ao sistema que Irineu Guimarães buscava instalar, a administra- ção do Granbery optou por diminuir o poder que este possuía, o que gerou um ambiente bastante desconfortável. (NOVAES NETTO, 2004, p. 65-68)280

No entanto, não é desacertado sugerir que, somadas às divergências causadas pelo CPU e pelos posicionamentos políticos, a diferença no modo como eles lidaram com o governo de Getúlio Vargas também possa ter sido um elemento a compor o quadro de disputas internas. Isto contribuiu, sobremaneira, para a perda de prestígio de Irineu Guimarães com a administração do Granbery, mais alinhada à posição de Josué Cardoso d’Affonseca, que inclusive viria a fazer parte do Conselho Nacional de Educação:

A liderança do Granbery sempre expressou o seu apoio a Getúlio Vargas, com exceção de Irineu Guimarães e Thomas Bernardino. (...) Já no que se refere mais especificamente à postura do Granbery diante do getulismo, vale lembrar, principalmente, que esse instituto sempre se constituiu como espaço aberto às várias manifestações políticas, envolvendo inclusive o alunado. Em 1934, os alunos do Granbery desfilaram em homenagem a Benedito Valadares, nomeado por Vargas interventor de Minas Gerais. No mesmo ano,

279 O trecho que aparece entre aspas foi retirado da citação de uma carta que Irineu Guimarães enviou a

Manoel Simões e Silva, membro do Conselho Superior do Granbery, com cópias a W. M. Carr, vice reitor em exercício, e H. Tucker, o presidente de tal órgão. (NOVAES NETTO, 2004, p. 63, nota 196)

280 O código disciplinar que Irineu Guimarães intentava implementar denominava-se Curso Pré-

Universitário (CPU). Baseando-se numa perspectiva de autogestão, ele tinha como objetivo que os alunos do internato, membros do curso primário, desenvolvessem um sistema disciplinar no qual tivessem um papel chave. Ao conscientizar o corpo discente da importância do trabalho inspirado no lema “liberdade- responsabilidade” previa, dentre outras coisas, abolir a figura do regente nos quartos dos internos e, num sistema democrático, dar protagonismo aos alunos que ficariam encarregados de gerenciar os dormitórios, os horários de estudo, chegando até a lhes dar autonomia para sair do colégio sem precisar de uma autorização expressa. Sobre isso, entre outras matérias do jornal O Granbery e O Granberyense, ver: (O

o granberyense Odilon Duarte Braga, ministro de Vargas, proferiu discurso em colação de grau no colégio. Em 28 de julho de 1935, Walter Harvey Moore, Moyse de Andrade e Josué Cardoso d’Affonseca foram recebidos pelo presidente na Fazenda S. Mateus, em Juiz de Fora (...). Além disso, o Conselho Nacional de Educação, “encarregado de elaborar o plano nacional de educação” com prazo estabelecido para aquele ano de 1937, teve como membro nomeado pelo presidente Vargas o granberyense Josué Cardoso d’Affonseca. (NOVAES NETTO, 2004, p. 48; 51-52)

O comportamento sobranceiro e a tentativa de manter em parte o projeto de seu sistema disciplinar fizeram com que Irineu Guimarães, por uma vez, mais se empenhas- se em negociar com o reitor Walter Harvey Moore sua manutenção, tentativa que não gerou resultado pois, no final de 1932, ele deixou a diretoria de disciplina. Desde então, mantendo apenas seu cargo de chefia do departamento primário e as aulas de português do ginásio em uma “condição humilhante”. (NOVAES NETTO, 2004, p. 68-69)

Todavia, tirante esta situação lhe causar perdas em seu salário, o reitor lhe fizera uma promessa de que ela seria passageira e que, dentro de um ano, ela seria resolvida. No entanto, este compromisso não foi cumprido, situação que evidencia a perda de seu prestígio frente à direção do colégio. (NOVAES NETTO, 2004, p. 68-69)

O desfecho da situação se mostrou ainda pior para Irineu Guimarães quando um abaixo assinado enviado por 225 alunos pedia à Congregação do Granbery sua nomea- ção junto com a de Oscar Machado para a direção do colégio, documento que os cha- mava de “apóstolos da educação”. (NOVAES NETTO, 2004, p. 68-71)

Após o documento ser apreciado na reunião de 15/11/1933, além dele não ter si- do indicado para a direção do colégio, o órgão decidiu que Walter Harvey Moore conti- nuaria como reitor. Além disso, para os cargos de vice reitor e de diretor do curso co- mercial ascenderam justamente Josué Cardoso d’Affonseca e Moyses Vieira de Andra- de, professores com os quais havia sido criado o celeuma no ano de 1931, levando os três até a ter que prestar esclarecimentos à Congregação do instituto àquela época em que Irineu Guimarães assumira o posto de diretor de disciplina. (NOVAES NETTO, 2004, p. 68-71)

Ficava explícito que, com a conquista de espaços de poder por seus adversários, sobretudo Josué Cardoso d’Affonseca, o pedido dos alunos para que Irineu Guimarães fosse colocado na direção dos cursos secundários não iria ocorrer por dois motivos: pelo fato de lá ter ocorrido o problema com a CPU e também porque, na visão da administra- ção, a postura de Oscar Machado se aproximava mais daquilo que ela esperava, circuns- tâncias que levaram a sua nomeação à diretoria da escola primária.

O aspecto que acabou por determinar a nomeação de Oscar Machado da Silva era a sua visão de educação, mais afinada com a da direção. Depois de assu- mir a diretoria, este sugeriu a necessidade de uma nova estrutura para substi- tuir a “anarquia mental e moral e a implantação da “ordem, disciplina e res- ponsabilidade”. (NOVAES NETTO, 2004, p. 70)

No novo cenário gestado por essas decisões tomadas pela Congregação do

Granbery, após Oscar Machado assumir o cargo de diretor da escola primária, em maté-

ria que anunciava este fato no jornal O Granberyense, já era possível ver a mudança de rota no que concerne àquilo que Irineu Guimarães havia iniciado com seu CPU.

Em sua administração da escola primária ele instruiria seus alunos com uma pos- tura pedagógica inovadora, sempre se pautando pelo lema eivado de positivismo “liber-

dade dentro da ordem” que divergia bastante do lema “liberdade-responsabilidade”. (O Granbery, 14/06/1933, p. 2)

Sem estar envolvido diretamente na disputa de poder ocorrida, embora se manti- vesse alinhado aos anseios da administração e, quiçá, até dos posicionamentos adotados por Josué Cardoso d’Affonseca no plano político, apesar deste vir a constar na lista dos inimigos da pátria encontrada no núcleo integralista local, no exato momento em que ambos ascendiam na hierarquia do Instituto Granbery, Irineu Guimarães, professor des- tacado por seu alinhamento político com o campo progressista, perdia espaço.

Até o momento, mesmo considerando que as disputas de poder e a inserção do integralismo no corpo docente e discente do Granbery poderiam ampliar as desavenças existentes, não se encontraram indícios de uma polarização e um acirramento entre Iri- neu Guimarães e os integralistas, especialmente com Oscar Machado.

O que se pode mencionar é que, Oscar Machado, por ocasião do início das aulas de 1934, em seu discurso na condição de diretor da escola primária, desferiu um ataque ao modelo disciplinar elaborado por Irineu Guimarães que, envolto no cenário de dispu- tas por espaços de poder descrito, acabou sendo colocado como o motivo causador dos atritos existentes entre alunos e professores.

Desde o princípio dos tempos dois conceitos tem muitas vezes se chocado, algumas vezes se associado e raras vezes se integrado. Um é o conceito da liberdade, tantas vezes mal compreendido, pelo qual se batem os indivíduos e as multidões. O outro é o conceito da autoridade, tantas vezes mal inter- pretado, que tem servido de um lado à audácia dos prepotentes, e, de outro lado, ás inclinações baixas dos desordeiros. (...) A harmonia entre a autori- dade e a liberdade é o eixo sobre o qual tem girado no passado e giram, no presente, os graves problemas de economia social e politica que interessam a todos os envolvidos. Na escola observam-se os mesmos fatos e a aparente

incompatibilidade entre êsses dois conceitos tem sido a fonte de discórdia, tantas vezes notada, entre aluno e mestre. (...) Nós assumimos a direção do Ginásio e da E. de Comércio numa hora em que graves acusações pesam sobre a coletividade granberyense no que diz respeito ás suas diretrizes educativas (...) Queremos estabelecer um regime baseado em harmonia da autoridade com liberdade. (O Granberyense, 15/04/1934, p. 3)

Se, neste trecho, é perceptível a crítica ao estado de coisas do colégio e às pro- postas defendidas por Irineu, perto do fim de sua fala, depreende-se que, se dirigindo aos alunos, Oscar Machado também tratou dos problemas que enxergava existir no país, apresentando, como uma solução para eles, a criação de um nova mentalidade em subs- tituição à anarquia que estaria vigente no início do século. Essa nova mentalidade, con- forme se verificou em suas manifestações posteriores, poderia ser entendida como o integralismo.281

Senhores, o nosso maior problema no Brasil continua sendo o da educação, mas educação no sentido da creação de uma mentalidade nova que venha substituir a anarquia mental e moral deste nosso século XX, pela implanta- ção da ordem, da disciplina e da hierarquia. Agora, quando tentamos intro- duzir a uniformidade no trajar, importa que préguemos até conseguir a uni- dade do sentimento e do pensamento que constitúe a base espiritual da dis- ciplina, e que nos levará á unidade de ação. Então teremos um Granbery unido, coeso e forte, porque sentiremos, pensaremos e agiremos como um só homem para a consecução das nossas altas finalidades, nada havendo que detenha a nossa marcha. (O Granberyense, 15/04/1934, p. 3)

A última menção que associava Oscar Machado ao integralismo em Juiz de Fora foi encontrada no contexto iminentemente posterior a sua ida para Porto Alegre. Nas páginas do jornal O Granberyense, ela se remetia às eleições nas quais ele, Irineu Gui- marães, Derly Chaves282 e Josué Cardoso d’Affonseca haviam se candidatado a cargos

dos legislativos estadual e federal.

281 Tal hipótese também foi, anteriormente, defendida por Leandro Pereira Gonçalves, ainda que o autor

não tenha se debruçado sobre as disputas internas por espaços de poder no Granbery que envolveram o professor Irineu Guimarães. (GONÇALVES, 2004, 2007)

282 Derly de Azevedo Chaves veio a constituir sólida carreira política após a Segunda Guerra Mundial no

Rio Grande do Sul. No memorial da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, parte desta carreira foi assim detalhada: “Foi eleito vereador, pela legenda do Partido Social Progressista – PSP, para a Iª Legislatura da Câmara Municipal de Porto Alegre, período de 1947-1951. Exerceu o cargo de 1º vice-presidente da Mesa Diretora nos anos 1947, 1948 e 1949. Presidiu a Câmara Municipal de Porto Alegre no período de 5 de abril de 1950 a 16 de janeiro de 1951. Renunciou ao exercício da vereança, em 17 de janeiro de 1951, para assumir o cargo de deputado estadual. Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, eleito para a 2ª Legislatura, período de 31 de janeiro de 1951 a 31 de janeiro de 1955, exerceu o cargo de 1º vice-presidente da Mesa Diretora, 1951. Retornou ao exercício da vereança na IIIª Legislatura da Câmara Municipal de Porto Alegre, 1956-1959; nesse período, exerceu os seguintes cargos: 2º vice- presidente da Mesa Diretora, 1956; 1º vice-presidente da Mesa Diretora, 1958; vice-presidente da Comissão de Educação, Saúde, Assistência e Serviços Públicos, 1958.” Derly de Azevedo Chaves. Memorial Câmara Municipal de Porto Alegre. Disponível em: <

A matéria informava também que a vitória de algum deles era esperada pela ad- ministração do Granbery. Tal circunstância, ao mesmo tempo em que demonstra a con- tinuidade das relações dos docentes com o universo da política, também permite que se considere terem sido estes os motivos causadores das disputas anteriores por espaço de poder no instituto.

Para representarem na Camara Federal e Estadual, alguns nomes de relevo entre os nossos mestres granberyenses foram indicados nas chapas formadas por alguns dos partidos. Os nomes granberienses, que foram indigitados para o referido pleito eleitoral, cujas cédulas já deverão ter sido apuradas, são: Drs. Josué Cardoso e Derlí de Azevedo Chaves, ambos em atividade no O Granbery como diretores; O prof. Oscar Machado, atualmente residindo no R. G. do Sul e diretor do Porto Alegre College. O Prof. Irineu Guimarães, com residência em Belo Horizonte e figura de grande destaque no corpo do- cente do Instituto Isabella Hendrix, bem como na sociedade belorizontina. Muitos outros granberieneses foram candidatos e certamente sufragados. Aguardamos anciosos, com um voto esperançoso aos candidatos, para o bem do Brasil. (O Granberyense, 20/10/1934, p. 4)

Devido ao futuro alinhamento de Irineu Guimarães com o PTB e o PCB, à pe- remptória atuação de Oscar Machado na AIB e também ao fato de que Josué Cardoso d’Affonseca tenha sido integrante da listagem de traidores da pátria encontrada no nú- cleo integralista local, evidencia-se que havia uma pluralidade de posicionamentos polí- ticos no Granbery que extrapolavam o antagonismo existente entre o fascismo e o co- munismo presente no contexto da época, seja no cenário nacional ou internacional.

Por esta razão, malgrado as derrotas imputadas a Irineu Guimarães nas disputas anteriores internas do Granbery, salta aos olhos o fato de que os votos de sucesso dados aos três postulantes aos cargos legislativos, que se candidataram aos mesmos por parti- dos políticos diferentes, simbolizava um projeto coletivo adotado pelo metodismo de conseguir capilarizar sua influência neste campo, muito embora, no plano interno, ele tenha agido com o intuito de tentar estancar as manifestações políticas em seus institu- tos educacionais, a exemplo do ocorrido em Juiz de Fora.

Nessa esfera, quando interrogado sobre a possibilidade das divergências políti- cas terem trazido algum tipo de desentendimento entre Oscar Machado e Irineu Guima- rães neste período e também sobre a questão do código disciplinar do segundo que foi substituído pela administração do Granbery por um tipo de atuação mais “linha dura”

https://memorial.camarapoa.rs.gov.br/galeriadospresidentes/derly-de-azevedo-chaves-2/>. Acesso em 12 abr. 2019.

com a nomeação do primeiro para a direção da escola primária, obtivemos a seguinte resposta de Arsênio Firmino Novaes Netto:

É. Eu não tenho registro dessa... de algum confronto, mas, por outro lado, o Irineu Guimarães, ele era muito granberyense. E muito provavelmente... Eu não posso te afirmar isso peremptoriamente. Muito provavelmente, o... o Irineu Guimarães e o... e o Oscar Machado conviveram pacificamente. O próprio Irineu Guimarães conviveu pacificamente com o Mister Moore (...). Suspeito que o Irineu Guimarães e o Oscar Machado não se deixaram levar por esse antagonismo, essa [Ininteligível]. Suspeito. (Entrevista com Arsênio Firmino Novaes Netto, Juiz de Fora, 31/03/2017)

Seja esta uma memória pacificadora ou não, até onde foi possível apurar, deve- ras, não existiram desentendimentos explícitos entre eles procedentes de suas divergên- cias políticas. Sem embargo, se pode propor que a luta de braços por espaços de poder, a diferença de concepções pedagógicas, das redes de relacionamento e até os posicio- namentos políticos assumidos por Irineu Guimarães tenham contribuído para sua derro- cada, sendo que ele acabou pedindo licença do Granbery no período de dezembro de 1933 até o fim de 1939 para que as coisas se acalmassem, solicitação que prontamente foi aceita pela Congregação.

Desta forma, a partir de 1934 ele veio a atuar nos colégios metodistas Isabella

Hendrix, de Belo Horizonte-MG, e Piracicabano, de Piracicaba-SP. Sua passagem pelo

colégio belorizontino foi rápida pois, no último trimestre, por conta de uma articulação do bispo César Dacorso Filho, que era seu cunhado e mantinha com ele boas relações, Irineu Guimarães foi convidado a assumir a reitoria do colégio do interior paulista.

O fato de ser cunhado e amigo de César Dacorso Filho, que veio a ser o primeiro bispo brasileiro da Igreja Metodista, se não pôde evitar a crise ocorrida no Granbery, parece ter sido responsável por sua ascensão quando ele se torna reitor do Piracicabano, tendo também algum impacto no retorno dele ao Granbery em 1938. Pouco tempo de- pois de se encontrar em Juiz de Fora, ele assumiria a vice-reitoria e, posteriormente, a reitoria. Quando indagado se, de algum modo, César Dacorso Filho exerceu algum tipo de proteção sobre Irineu Guimarães como resultado do possível mal estar que sua atua- ção política poderia causar, Arsênio Firmino Novaes Netto assim respondeu: