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Distribuição dos investimentos do BFR, BFS e BFA na RDS do Juma

Fonte: FAS (2010, p. 56).

Os Programas de Apoio ao Programa Bolsa Floresta são: Programa de Apoio à Saúde e Educação; Programa de Apoio à Produção Sustentável; Programa de Apoio em Fiscalização e Monitoramento; Programa de Apoio à Gestão de Unidades de Conservação; e Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico (FAS, 2009b).

No Programa de Apoio à Saúde e Educação, buscam-se parcerias com o governo estadual, as prefeituras municipais e instituições de pesquisa para o alcance dos objetivos de desenvolvimento do milênio da Organização das Nações Unidas (ONU) nas áreas em questão (FAS, 2010).

Na RDS do Juma, por meio desse programa e da parceria com várias instituições, principalmente com a SEDUC, foi inaugurado, em junho de 2009, na Comunidade Boa Frente, o Núcleo de Conservação e Sustentabilidade (NCS) Samuel Benchimol, que serve como polo aglutinador das ações da FAS na unidade de conservação. O NCS Samuel Benchimol é composto da Escola JW Marriott Jr., da Casa Familiar da Floresta, da Casa do Professor, do Posto de Saúde, da Base Operacional PBF e Refeitório e Casa Digital. A metodologia de ensino é adaptada à realidade local, e adota um regime de alternância, que permite aos alunos passar 15 dias nas respectivas comunidades e 15 dias estudando no NCS, período no qual recebem suporte de estadia e de alimentação (FAS, 2010, 2011). Em janeiro de 2011 foi inaugurado outro NCS na RDS do Juma, na comunidade Abelha, denominado NCS Vítor Cívita79.

No Programa de Apoio à Produção Sustentável, objetiva-se o desenvolvimento de cadeias produtivas florestais madeireiras e não madeireiras (peixe, extração de óleos vegetais, de borracha e de castanha, produção de mel e outras) de forma sustentável, a partir de atividades que aumentem a eficiência do processo produtivo extrativista (coleta, beneficiamento e comercialização) (FAS, 2010).

Por meio desse programa, a RDS do Juma vem se beneficiando de um projeto, iniciado com a Cooperativa Verde de Manicoré (COVEMA), para o desenvolvimento da cadeia produtiva de castanha, a partir de apoio da FAS e parceiros em todos os elos da cadeia (FAS, 2010). Com o projeto, o granel das castanhas vendidas pelos comunitários da RDS do Juma passou de R$ 4,00, em 2008, para R$ 12,00, em 200980.

Já o Programa de Apoio em Fiscalização e Monitoramento destina-se a apoiar as fiscalizações das unidades de conservação para redução do desmatamento, bem como apoiar o desenvolvimento de metodologias adequadas para monitoramento ambiental, a fim de se conhecer as dinâmicas de desmatamento e queimadas nas unidades de conservação (FAS, 2010).

Através desse programa, a FAS realizou, em junho de 2009, uma parceria com o IPAAM e a SDS para apoiar as ações de controle e fiscalização ambiental na RDS do Juma.

79 Informação disponível em: <http://rdsjuma.blogspot.com/2012/02/rds-do-juma.html>.

Pelo convênio, a FAS se comprometeu a construir e equipar uma base de fiscalização no quilômetro 80 da Rodovia Estadual AM-174, na RDS do Juma, e o IPAAM disponibilizaria o pessoal para as ações. Em novembro de 2009, a FAS entregou a base de fiscalização pronta e equipada (FAS, 2009b). Ademais, a FAS, iniciou uma parceria, em 2009, com o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia para o monitoramento do desmatamento nas unidades de conservação contempladas pelo PBF (FAS, 2010).

Por sua vez, o Programa de Apoio à Gestão de Unidades de Conservação é destinado a colaborar para a execução do Plano de Gestão das unidades de conservação pela SDS/CEUC e a apoiar o fortalecimento da cogestão entre o Governo e entidades não governamentais de interesse público, através da realização de parcerias com essas instituições (FAS, 2010).

Por meio desse programa, a FAS, como co-gestora da RDS do Juma, apoia o CEUC em diversas atividades, como a destinação de recursos financeiros para a sinalização da RDS com placas, bem como a realização de visitas de campo conjuntas, como forma de otimizar os recursos de ambas instituições (FAS, 2010).

Finalmente, no Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico, objetiva-se apoiar trabalhos e estudos sobre estoques e dinâmica do carbono florestal nas unidades de conservação, os quais servem de subsídio para a quantificação de serviços e produtos ambientais (FAS, 2010).

Através desse programa, na RDS do Juma, desde outubro de 2009, está sendo realizado inventário florestal, através de uma parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) (FAS, 2009b). Ademais, em 2010, foram ofertadas cinco vagas para projetos de iniciação científica a serem desenvolvidas na escola JW Marriott Jr., que integra o Núcleo de Conservação e Sustentabilidade Samuel Benchimol (FAS, 2010).

Em 2010, foram investidos na RDS do Juma cerca de dois milhões de reais, distribuídos entre o PBF e os seus programas de apoio. O Gráfico 1 mostra a distribuição desses investimentos.

Quando se observa o Documento de Concepção do Projeto de REDD+ da RDS do Juma (FAS, 2009a), verifica-se que ele prevê aplicar os seus recursos em programas e atividades de: 1) pagamento por serviços ambientais (Programa Bolsa Floresta); 2) de fortalecimento da fiscalização e controle ambiental; 3) de geração de renda através de negócios sustentáveis; e 4) de desenvolvimento comunitário, pesquisa científica e educação.

Gráfico 1 – Distribuição dos investimentos na RDS do Juma em 2010

Fonte: FAS (2011, não paginado).

Essas são as mesmas áreas cobertas pelo PBF e seus programas de apoio. Portanto, o Projeto de REDD+ da RDS do Juma consiste, na prática, na execução do PBF e de seus programas de apoio na RDS do Juma.

Corroborando essa ideia, Vanylton Santos (2011, p.79) afirma que

94% do programa [Bolsa Floresta] é executado sem qualquer certificação técnico- científica. Apenas 6% do programa visa à geração de Reduções de Emissão Verificadas (VER). Este percentual corresponde ao Projeto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Rio Juma – projeto piloto elaborado no âmbito do Programa Bolsa Floresta (...).

Em sentido semelhante, Virgílio Viana (2010, p. 40) declara:

Todas as 14 reservas [unidades de conservação] recebem os mesmos investimentos do Programa Bolsa Floresta, variando apenas o número de famílias em cada reserva. A única diferença é que o Juma tem uma receita exclusiva do Marriott, de modo que os investimentos estão avançando em um ritmo mais rápido (tradução da autora) 81.

O que diferencia, então, o Projeto de REDD+ da RDS do Juma, das demais unidades de conservação estaduais beneficiadas pelo PBF e seus programas de apoio é que: 1) foram feitos estudos aprofundados de mensuração do carbono na RDS do Juma com o intuito

81 “All 14 reserves receive the same investments as the Bolsa Floresta Programme, varying only with the number of families in each reserve. The only difference is that Juma has a unique revenue stream in the Marriot, so investment is proceeding at a faster pace.”

24%

53% 10%

8% 2%

3% Programa Bolsa Floresta

Educação e Saúde

Produção sustentável

Apoio ao Gerenciamento de Áreas Protegidas

Apoio ao Desenvolvimento Científico

de gerar créditos de carbono correspondentes, ao contrário das demais unidades de conservação, que possuem apenas mensurações empíricas; e 2) em razão da perspectiva de geração de créditos de carbono, o Projeto de REDD+ da RDS do Juma conseguiu um financiador, a rede de hoteleira Marriott, que está financiando o PBF e seus programas de apoio nessa fase inicial, ao contrário da maioria das demais unidades de conservação, que são financiadas com fundos próprios da FAS82.

Assim, pode-se dizer, de forma resumida, que o Projeto de REDD+ da RDS do Juma representa a porção do Programa Bolsa Floresta na qual estão sendo investidos, por um financiador, estudos para certificação, e, com isso, gerar possíveis créditos de carbono (FAS, 2010).

5.4 CONTRATO DE FINANCIAMENTO

Falou-se no tópico anterior que uma das diferenças entre o Projeto de REDD+ da RDS do Juma é o financiamento do PBF e seus programas de apoio por um parceiro privado. Cabe avaliar, neste tópico, qual é o instrumento jurídico que materializa tal financiamento e se está de acordo com o que exige a legislação.

Segundo o Documento de Concepção do Projeto de REDD+ da RDS do Juma (FAS, 2009a, p. 58), a FAS é considerada titular dos créditos de carbono das unidades de conservação estaduais do Amazonas, como resultado da gestão dos serviços ambientais concedidos a ela pela Lei n, 3.135/2007 e pelo Decreto Estadual n. 27.600/200883. Assim, no Projeto de REDD+ da RDS do Juma, a FAS pretende desenvolver, um mercado de serviços e produtos ambientais, a partir da geração de créditos de carbono (FAS, 2009a).

No entanto, os créditos de carbono ainda não foram gerados no Projeto de REDD+ da RDS do Juma, de modo que a FAS deve fazer parcerias com investidores, para obter suporte financeiro para as atividades previstas no projeto (FAS, 2009a).

Nesse sentido, a FAS estabeleceu uma parceria com a Marriott International Inc. para realizar o financiamento inicial do Projeto de REDD+ da RDS do Juma (FAS, 2009a). Através do contrato assinado entre Governo do Amazonas, FAS e Marriott, a rede hoteleira se

82 Já existem outras unidades de conservação estaduais que estão sendo financiadas por instituições privadas, como a Samsung, que está financiando atividades na Área de Proteção Ambiental (APA) Rio Negro (FAS, 2010).

comprometeu a disponibilizar ao Projeto de REDD+ da RDS do Juma R$ 500.000,00 anuais, totalizando a quantia de R$ 2.000.000,00, combinando receitas provindas de seus hóspedes84 e clientes corporativos, bem como de entidades parceiras com propósitos de colaboração para o projeto na RDS do Juma. Esses recursos, por sua vez, serão utilizados para custear os investimentos de todas as modalidades do PBF e de seus programas de apoio, no período de 2008 a 2011 (FAS, 2010).

O Fluxograma 1 ilustra a cadeia de geração de recursos para o Projeto de REDD+ da RDS do Juma.