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4. CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL DA PESQUISA

4.3 Distrito de Porto Trombetas e MNR

4.3.1 Implantação e implementação

No século XX o território brasileiro percebeu a criação de núcleos urbanos advindos do processo de globalização, e neste cenário se inclui o Pará. Em geral, estes núcleos são planejados, efetivados e liderados pelo capital ligado ao setor de indústria e minério. Ocorrem

próximos a fronteiras sendo um exemplo a Mineração Rio do Norte em Porto Trombetas (PA) (CORREA, 1999). Este cenário criou expectativas de modernização e desenvolvimento das áreas a serem exploradas em vários segmentos sociais, ideia essa que justificaria a implementação pelo estado (MONTEIRO, 2005).

Cabe, nesse ponto, fazer um destaque para as mobilidades ocorridas nesta região. É fato que a ocorrência de novos empreendimentos resulta em deslocamento de pessoas para o local, o que modifica aspectos como crescimento populacional e suas interfaces como estrutura, endemias e economia. Esta dinâmica justamente começa a ocorrer a partir dos anos 1970.

Neste cenário, na década de 1960, foram descobertas jazidas de bauxita no município de Oriximiná. Isto inviabilizou que nos anos 1970, uma empresa de origem canadense identificasse que havia na local condição favorável a extração e comercialização da bauxita65. A empresa realizou seu primeiro embarque em 1979 com apoio do governo federal pela participação da então estatal Companhia Vale do Rio Doce66 (CVRD) (MONTEIRO, 2005).

Neste processo o grupo canadense (Alcan) tornou-se Mineração Rio do Norte S.A. (MRN), sendo de 1967 a sua constituição. Já em 1969 há sua implantação para um milhão de toneladas/ano e em 1976 é aprovado com participação estatal o projeto Trombetas a 3.35 milhões de toneladas/ano, iniciando suas atividades em 1979 com destino ao Canadá (MRN, 2016). A Mina de Porto Trombetas é considerada como uma das principais minas do Brasil

Neste momento o deslocamento de pessoas para esta região já ocorrera em diversos níveis de mão de obra e de diversas regiões do Brasil. Este fato foi revelado por um estudo realizado pelo Instituto (2008), onde justamente se constatou que a maioria dos funcionários não era de origem do município sede e sim de outras regiões, um total de 95,4%. A possibilidade empregatícia no local seguida pela seleção direta do funcionário pela empresa foram as condições que justificaram a fixação no local.

Por esta distribuição se entende que a mão de obra local possivelmente não possuía capacitação suficiente para desempenhar atividades neste empreendimento. No entanto, entendendo que há várias possibilidades de lotação, e relocação ao longo do vínculo empregatício, é uma distribuição que não compreende a ideia de desenvolvimento local satisfatório (OBSERVATÓRIO, 2018).

65 A bauxita é um mineral constituído da mistura natural de óxidos de alumínio, e em geral é usada como matéria-

prima da alumina.

66 A CVRD é uma mineradora multinacional brasileira sendo a terceira maior empresa de mineração do mundo

Porém é necessário apreender que para aqueles que foram contemplados com o vínculo, toda uma infraestrutura foi criada a fim de subsidiar a fixação deste funcionário neste local. Mediante a isso, foi implantada a infraestrutura para dar suporte aos trabalhadores da MRN e de outras empresas de apoio (MRN, 2016). A base dessa organização está a 70 km de distância da sede municipal, dez minutos por via aérea, quatro horas por via fluvial e 880 km da capital do estado.

Toda essa infraestrutura possui uma única estrada que dá suporte entre a Usina de beneficiamento e a Serra Saracá, tendo seu uso particular e exclusivo para o transporte da matéria-prima (VFCO, 2016). E ainda, como suporte possui uma vila residencial que é uma cidade privada, pois apenas pessoas autorizadas circulam em seu território. Esta possui infraestrutura com ruas, lanchonetes, hospital e outros serviços (MADEIRA FILHO et al., 2012a, 2012b). Sua localização no meio da floresta não possui conexão rodoviária (SCHAEFER, STUDTE, 2005).

Certamente que estas infraestruturas foram planejadas dentro da dinâmica de produção do serviço. Toda a rede de serviços está justamente ligada a um espaço restrito e neste sentido possibilita o isolamento dos funcionários, assim como da efetivação de sua ordem. Percebe-se, portanto, um planejamento estratégico para o bom funcionamento da produção.

A infraestrutura demonstra que regras e rotinas são monitoradas a fim que o processo produtivo não seja prejudicado, e mais do que isso, seja eficiente. Toda essa configuração parece bem distante de uma rotina de uma cidade comum, ainda que tenha proximidades estruturais. Tais fatos possibilitam a interpretação de uma localidade meramente industrial sem uma identidade própria.

Ainda no contexto da MRN e sua inserção na região do Trombetas, considera-se a sua projeção ao longo do espaço, o que justifica entende-la como parte “inserida na floresta”. É importante ressaltar que a construção desta obra implicou em ações diretas no meio ambiente pois mudou o cenário e realizou ações com consequências destrutivas ao longo da sua fauna e flora. Entretanto. justamente para diminuir estes fatos, adotou-se medidas que visam garantir uma sustentabilidade da biodiversidade local.

Pelos fatos redigidos, a empresa implantou projetos de recuperação florestal das áreas exploradas (MRN, 2017). Para tal, se deve entender que o processo de extração da bauxita tem como consequência a perda de vegetação dos espaços explorados. Em suma disto, foram apresentados após episódios locais de devastação da fauna e flora, projetos de reparação. Essa notável decisão motivou-se pela clara evidência que esta devastação representa por meio da sua

dinâmica de remoção de camadas do solo e da vegetação, grande impacto ambiental (CAPRONI et al., 2003).

4.3.2 Serviços de saúde em Porto Trombetas

A assistência à saúde independente do espaço territorial é direito universal constituído por lei e a assistência à saúde é livre. Estas afirmativas estão constituídas na legislação referente ao sistema de saúde nacional. Entretanto, a distribuição dos serviços depende das esferas governamentais e suas pactuações, assim como também do interesse da iniciativa privada.

Partindo deste pressuposto e apesar da MRN se constituir de uma empresa privada, se deve entender que a implantação de suas atividades rotineiras tende a incorporar ao seu entorno. Essa incorporação engloba vários aspectos e envolvendo expoentes e pessoas ligadas direta e indiretamente ao processo produtivo. Assim sendo, esta incorporação reflete diretamente na saúde dos indivíduos do quadro empregatício e dos que vivem ao seu redor.

Ao se perceber isto conjuntamente com os aspectos elencados dentro da infraestrutura criada para os funcionários, obviamente que o território incluiria os serviços de saúde. Assim sendo, tendo uma população controlada e dentro da dinâmica do serviço prestado, há uma estrutura de saúde diferenciada neste empreendimento. O conhecimento e a compreensão destes fatores são aspectos fundamentais para que se possa entender como se promove a saúde coletiva e individual dentro e fora da MRN.

Partindo deste pensamento, desde sua implantação, o Distrito de porto Trombetas já apresentava contraste com a sede municipal em relação à assistência à saúde. Diferente do amparo prestada pela MRN, Oriximiná era atendida pela Fundação SESP e sua política de saúde. Seus munícipes em sua maioria não possuíam água e esgoto, o que evidenciava a disparidade entre os dois modelos de saúde adotados pelos dois espaços (VICENTIN, MYNAIO, 2003).

Estudos já apontaram a assistência particularizada aos trabalhadores da MRN, isso inclui moradia, saneamento, programas de saúde e demais serviços. Demandou-se também um controle das doenças infeciosas e parasitárias por meio de relações sociais e biológicas distintas. Entretanto, foram constatados que apesar da organização e equipamentos diferenciados, havia divergências com as políticas de saúde nacional (VINCETIN, 1991).

Essas divergências justamente são percebidas pelo próprio modelo de prevenção e nível de complexidade atendido na localidade. Hoje há um consenso internacional de promover saúde

por meio da prevenção primária67., porém de fato na MRN temos ainda como foco a prevenção secundária. O que é um caráter bem peculiar dos modelos de controle e cura da saúde.

Contudo, se deve entender que esta organização é uma estratégia de produção a fim de elevar os índices de eficiência e produção. Logo, estes envolvem a organização da vida social, que determinam o processo saúde-doença da população de Porto Trombetas (VINCENTIN, MYNAIO, 2003). Ressalta-se que práticas como estas são comuns como referência a saúde do trabalhador e o gerenciamento dos serviços. Modelos administrativos da década de 80 ressaltam essa ideia, pois trabalhadores com menos ausência e licença saúde, são mais lucrativos a empresa. É notório que esta política adotada pela empresa abrange apenas os seus empregados, pois de fato são os que diretamente estão ligados a produção.

É sensato entender que as gestões das localidades são diferentes também. De um lado temos uma população atendida pela gestão pública e do outro a privada. Entretanto todas as intervenções realizadas no meio ambiente pela iniciativa privada refletirão nos índices epidemiológicos municipais68, tendo em vista que o registro é único.

A falha neste sentido pode ocorrer no consolidado69 gerado pela secretaria de saúde municipal. Ao menos que se faça um minucioso registro pela vigilância, isto pode mascarar até a causalidade de problemas que poderiam ser oriundos da própria rotina de extração da bauxita.70 Geram-se assim interpretações errôneas das morbidades municipais.

Em caso particular apontado por Madeira filho et al., (2012), se identificou a escassez de agentes comunitários de saúde (ACS) em comunidade próxima denominada Vila Paraíso, que se encontra a 45 minutos da Vila residencial. Esta população não possui sistema de saneamento básico, consumindo água captada direto do rio Trombetas. O mesmo estudo aponta que alguns moradores, pré-definidos, tem acesso a alguns serviços hospitalares da MRN.

Neste sentido indaga-se: Até onde deveria ir a abrangência de assistência à saúde oferecida pela MRN? Quais as pré-definições usadas? Independente das respostas que não tem

67 Há uma divisão quanto os níveis de prevenção à saúde: primária, terciaria e secundária. A primária tem como

objetivo interferir nos condicionantes que elevam os fatores de risco a saúde (diga-se: ambiental, social, psicológico e biológico, de acordo com os preceitos da saúde coletiva), evitando assim o adoecer, diferentemente dos demais níveis que tem sua projeção a fim de controlar e reabilitar as ações da doença já instalada.

68 Entende-se que a intervenções no meio ambiente de acordo com a prevenção primária é um dos condicionantes

que podem refletir na saúde do indivíduo, logo seu desequilíbrio poderá modificar a natureza das morbidades endêmicas da região. Não somente isto, é relativo dizer que identifica a presença de novas endemias em função da mobilidade urbana.

69 Há vários registros que possibilitam os registros de morbidades de uma população, entre eles o mais importante

é o Sistema de Nacional de Agravos e Notificação (SINAN) que tem um papel particularmente representativo, pois identifica as endemias regionais.

70 Neste caso falamos das morbidades em função da rotina do trabalho, que em virtude a empresa estudada

embasamento em lei em virtude da própria inserção do sistema privado, a interferência direta na rotina dos ribeirinhos que vivem nas proximidades é merecedora de amparo pela empresa que extrai seu recurso mineral e promove modificação do meio em que vivem.

Sabe-se que hoje a MRN disponibiliza um hospital com 22 leitos, realizando atividades de atendimento pré-hospitalar, ambulatorial e de urgência e emergência, com 15 especialidades médicas e demais áreas de saúde, com suporte de laboratório, centro-cirúrgico, por meio de gestão participativa com uma empresa hospitalar contratada (MRN, 2016). Estas estruturas não são abrangentes outras demandas, como por exemplo as comunidades tradicionais em sus proximidades. Com toda esta estrutura e devido à própria necessidade da população de seu entorno, a empresa deveria buscar referências para realizações de ações mais efetivas junto à saúde desta população.

É fato que a empresa possui programas que indiretamente contribuem para o equilíbrio da saúde do indivíduo. Isso fica claro em seus textos institucionais, sobretudo quanto a atividades de equilíbrio do meio ambiente. Porém, seria necessário estudar as necessidades implícitas nas etnias presentes, e reconhecer seu papel de agente modificador, e quem sabe desta forma conseguir diminuir problemas básicos como a rede de captação de água e preservar conhecimentos populares de saúde.

Neste ponto, há de se destacar que a adoção de políticas públicas que visem a participação ainda que minoritária por parte da empresa em ações de saúde também podem diminuir essas problemáticas. A partir dessa compreensão há a possibilidade de uma sustentabilidade pela saúde o que poderia diminuir as iniquidades apresentadas pela implantação da empresa.

4.3.3. O entorno da MRN

É oportuno salientar que o território baseado nos conceitos de Ratzel (1982)71, deve ser considerado inicialmente nos apontamentos que seguem. A posição no qual a MRN se propôs aos espaços que controla dentro da região do Trombetas, sinaliza sua atuação nesta relação de poder. Considerando esta situação, as comunidades ao seu entorno devem ser percebidas na contextualização da área pesquisada.

Como já citado anteriormente a MRN possui várias comunidades e vilarejos ao seu redor. Atualmente há a vila do Paraíso72, comunidades tradicionais com quilombolas,

71 Para Ratzel (1982) a definição de território privilegia o político ou a dominação-apropriação

72 A Vila do Paraíso é uma localidade que se encontra a 45 minutos por via fluvial da Vila residencial. Local com

ribeirinhos e indígenas. Os ribeirinhos e quilombolas realizam sua subsistência através da agricultura, pesca e colheita de castanha-do-pará (SCHAEFER, STUDTE, 2005).

As práticas de subsistência são comuns em comunidades tradicionais e permanecem mesmo com a presença das empresas exploradoras. Neste caso, como identificado, estes usufruem ativamente da fauna e flora local. Marques, Prestes e Andrade (2014), mostram justamente em sua pesquisa como comunidades na Amazônia ainda preservam técnicas tradicionais e do uso de recursos naturais em seu cotidiano. Contudo, as situações que envolvem a atividade de empresas possibilitam outras leituras.73

Neste caso o que se percebe de acordo com Duque (2009) e que membros destas comunidades acabam por abandonar a agricultura para servir de mão de obra menos qualificada que não oferecem garantia trabalhistas com raras exceções. O mesmo cita que não somente esta situação é um problema, assim como também a proximidade territorial com as comunidades, pois, a exploração do minério ultrapassou os limites territoriais da empresa, ocasionando perda territorial pelas comunidades (ou invasão pelas empresas) e mudanças de hábitos. Essa realidade é bem defina quando as grandes construções ocupam estes espaços como na colocação abaixo:

“A Amazônia atualmente é o palco onde disputa-se todo e qualquer tipo de território, onde nos últimos anos a hegemonia atrelada aos interesses dos grandes projetos como a construção de hidrelétricas tem ganhado mais espaço, reduzindo o espaço de unidades de conservação, de terras indígenas e até mesmo de ribeirinhos” (Marques, Prestes e Andrade, 2014, p.2).

Neste universo, táticas para expulsar os ribeirinhos foram utilizadas, levando finalmente a extinção do vilarejo conhecido como Caranã74 (DUQUE, 2009). Observa-se neste episódio

como os empreendimentos que envolvem a exploração do meio ambiente podem descaracterizar o espaço e seus agregados em suma do interesse particular. Ações como essas identificam como não há uma preocupação em realizar estudo prévio dos impactos sociais.

Mesmo quando Duque (2009) cita que houve por parte da empresa assistências diretas como na educação, é necessário entender que apenas um grupo minoritário de pessoas tem acesso a esses privilégios. Independente disso, a estrutura tradicional acaba por ser desestruturada e neste contexto perdendo suas raízes. Apesar destes dados, entende-se que a empresa não proporciona desenvolvimento adequado a estas comunidades, e sim um impacto

73 Considera-se aqui o fato que quando da presença do capital em um território as relações de uso da terra podem

ser diferentes, não necessariamente de subsistência, mas também de dependência por regra do uso da mão de obra.

74 Vila do Caranã foi um território inicialmente destinado pela empresa aos moradores de regiões próximas a PTR

cultural em detrimento da modificação da cultura local pela implantação do distrito residencial (SCHAEFER, STUDTE, 2005).

A preservação da sociobiodiversidade neste caso não foi considerada na efetivação do projeto de exploração mineral, até porque avaliações neste sentido são recentes. Condições como estas possibilitam que pela ausência do social (e/ou tradicional) mais rapidamente teremos degradação do meio ambiente. Justaposto que são exatamente estas populações são as detentoras do saber local e são as que conhecem a localidade e suas particularidades, e consideram sua manutenção essencial, ainda que pela subsistência.

Entendendo este universo, vale referir que a ocorrência de danos nas comunidades e no ambiente, (incluindo efeito estufa e desmatamentos) são resultados da inserção do mercado internacional nestes territórios. Devido a própria legislação ambiental75 não ser efetivamente forte, permite-se inseri-los favorecendo desde modo os interesses do capital estrangeiro (HENRIQUE, PORTO, 2013). Sobre esses aspectos identifica-se a vantagem destes empreendimentos sobre a fragilidade da legislação

Há episódios já descritos destas interferências pelas atividades mineradoras na região. O próprio meio ambiente foi afetado diretamente por causa das atividades mineradoras. Desde final da década de 70 a MRN produz a lavra da bauxita que incidiu na floresta, e somente nos últimos 14 anos algumas espécies nativas tiverem 100% de mortalidade ou mortalidade parcial (SALOMÃO et al., 2014).

Não podemos deixar de citar o Lago do Batata76, que está a um nível de contaminação a qual não pode ser utilizado pelas comunidades locais, o que fez com que a MRN construísse fontes de água límpida para as comunidades (SCHAEFER, STUDTE, 2005). Todo esse cenário segundo Pinto (2015) se iniciou no ano de 1985 após uma exposição em rede nacional77 e de repercussão internacional. No episódio ficou exposto o impacto biológico através da visível coloração vermelha do lago e do desaparecimento de espécies nativas. Foi somente a partir deste momento que a MRN tomou providências para realizar o dejeto de minério de forma adequada.

75 O Brasil possui 17 leis ambientais e tem a orientação de preservar a diversidade do meio ambiente, entretanto

não são executadas na prática.

76 Aproximadamente 600 hectares do lago foram afetados, o que equivale a 1/3 de sua área total. Calcula-se que

tenham sido despejados 180 milhões de toneladas de argila, podendo em alguns trechos chegar a altura de 3 metros (GAZETA MERCANTIL, 2001)

77 O episódio ocorreu por meio da exposição em um jornal em televisão aberta, onde foi exposto o sobrevoo do

então presidente José Sarney na região de exploração da MRN e este fez um comentário sobre a área claramente modificada em função da atividade mineral.

O lago do Batata pelo período de 10 anos recebeu dejetos diretos da lavagem da bauxita pela mineradora, provocando sedimentação de 20% da sua superfície (PINTO, 2015). Segunda a MRN atualmente há projetos78 para a recuperação do lago do Batata (MRN, 2015). Mas é incontestável que apesar das promessas realizadas e dos esforços apreendidos, os resultados estão longe de serem brilhantes e de ressuscitar as riquezas do lago.

Manifestações atuais dos grupos populacionais tradicionais reafirmam que o lago não possui até hoje uma recuperação adequada que possibilite sua utilização de forma efetiva entre a população ribeirinha (SOUZA, 2016). Fatos como esses podem revelar que estratégias usadas por empresas, como projetos ligados a conservação da biodiversidade e controle de qualidade, muitas vezes são usadas para mascarar problemas oriundos da exploração do meio ambiente. E muitas vezes para ganhar tempo frente a órgãos fiscalizadores.

As táticas utilizadas pelas empresas exploradoras é inserir a mesma nos eventos e imagens que envolvam empresa como “amiga”, de “responsabilidade social” e outras definições nesses termos. Considerando neste aspecto o marketing social e ou ambiental é utilizado como estratégia de aceitabilidade social e comercial. Mais do que isso a ideia de desenvolvimento sustentável é vendida nas imagens apresentadas pela maioria destes empreendimentos.

Baseado nisto, considera-se que o seu entorno além do aspecto social configura também toda sua biodiversidade, e por isso é impreterível descrever todo o meio que circula a MRN. Logo identificar os atributos naturais é uma forma de depreender o quanto este empreendimento pode por meio de seu avanço territorial ocasionar perdas de valor econômico imensuráveis.

Neste sentido, ainda caracterizando o entorno do local, fazem parte deste território as unidades de conservação no entorno da área da MRN: a Unidade de Conservação (UC) a Reserva biológica do Rio Trombetas (REBIO) (Figura 16). Estas têm a finalidade de