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1. ESPAÇOS DE ATUAÇÃO DOS DOCENTES NO CEFET-MG

1.2. DIVERSIDADES, SATISFAÇÃO E ADVERSIDADES NO CONTEXTO DE TRABALHO

Um dos docentes entrevistados declarou que seu maior desafio no CEFET-MG, em 2010, seria “lidar com imprevistos e exercitar a paciência” (Professor 5). Quanto aos fatores que causam impactos negativos e o desmotivam no ambiente de trabalho, queixou-se do comportamento inadequado de parte dos alunos e destacou o barulho de forma bastante contundente:

Já há mais de três anos convivemos com obras na casa. Sei que as reformas são necessárias e urgentes, mas o barulho da obra, a poeira e todo o desconforto têm me desgastado bastante. Há dias em que quando penso na obra não tenho vontade de vir trabalhar. (Professor 5).

O espaço físico é tão grande no campus que parte dos professores e de pessoal técnico- administrativo que trabalha longe do barulho, nem se deu conta do que se passou com outros colegas. Observamos que não apenas o ruído altera o humor dos docentes e sua rotina de trabalho de modo negativo. O ambiente pode ser, ao mesmo tempo, espaço de realização e causar frustração e desgaste como o cenário descrito pelos professores.

No ensino técnico integrado, há uma média de quarenta alunos por turma nas disciplinas de formação geral; de vinte, nas turmas de língua estrangeira e de cinco a dez, nos laboratórios das disciplinas técnicas. Pelos relatos dos entrevistados e segundo a observação do espaço físico, a arquitetura das salas de aula não é adequada ao número de alunos, pois o calor intenso, em certas épocas do ano, causa um grande desconforto; os professores tendem a intensificar o uso da voz para manterem a atenção dos alunos enquanto expõem os conteúdos. Os ruídos fora de sala de aula levam os professores a fecharem as portas das salas o que reduz o barulho externo, contudo aumenta o calor. Nessa condição, os alunos ficam mais inquietos e solicitam ir, aos bebedouros, com maior freqüência, alterando o desenvolvimento das aulas.

Há poucos espaços entre uma fileira e outra de cadeiras e, se o professor quiser fugir da aula expositiva, encontra muitas barreiras, dentre elas, o espaço físico reduzido para

trabalhar em grupos, por exemplo. A dificuldade é grande, tanto para organizar os grupos pelo número de alunos para a elaboração das atividades em sala, como para a exposição dos trabalhos.

Quando há demora na manutenção dos ventiladores, o sofrimento é maior e aqui cabe destacar o ruído produzido pelos próprios ventiladores que pode interferir muito no trabalho docente, de acordo com a idade do equipamento; o mesmo ocorre com a iluminação e conserto de equipamentos diversos, como ilustra o depoimento desse professor que trabalha no diurno e noturno expressando sentimento semelhante ao externado pelo Professor 2:

A gente perde às vezes 30 minutos de uma aula de cem minutos tentando solucionar o problema dos eletrônicos. (...). As salas foram todas reformadas, mas o sistema de ventilação continua precário. A iluminação artificial às vezes deixa a desejar, pois quando queima alguma lâmpada o serviço de reposição é muito lento, então ficamos prejudicados principalmente durante as aulas do noturno. (Professor 5).

O ambiente deixa a desejar. O espaço físico é reduzido (...). A iluminação melhorou no último ano. Não há integração dentro da escola, não conhecemos, por exemplo, os outros professores que trabalham na mesma turma, o relacionamento nem sempre é o ideal, pois existem conflitos e questões políticas envolvidas (...); recursos didáticos disponíveis são escassos, o que é preocupante por se tratar de uma instituição de excelência tecnológica. (Professor 2)

A pesquisa mostrou um misto de satisfação e insatisfação nos depoimentos, o que nos levou a concluir que, nessa diversidade de espaços e de atuação, há condições que atendem às expectativas de trabalho, havendo maior necessidade noutras. A satisfação do Professor 1 é muito positiva quanto a vários aspectos:

As Coordenações estão bem instaladas, você vê que tem espaço, nós temos uma privacidade. Você senta, conversa, pesquisa, um procura ajudar o outro em alguma coisa ou exercício mais complicado. Antes as coordenações eram muito pequenininhas, não tinha muito espaço (...) é uma coisa que eu vejo que melhorou; hoje as coordenações tem um espaço maior, com isso os professores tem uma integração maior. Porque todo mundo encontra aqui, senta ali, conversa e troca idéias. Então esse é um ponto positivo que eu vejo hoje e também contribui pra melhorar, você senta aqui, discute com um e com outro. (Professor 1).

A impressão que se constituiu a partir das entrevistas foi a de que conforme a área de atuação e a especificidade da disciplina lecionada, sendo da formação geral ou técnica, a situação de trabalho se modifica, incluindo os relacionamentos, a disponibilidade de recursos, o número de aulas e de alunos por turma e outras condições. Essa idéia está posta no depoimento a seguir:

O ambiente de trabalho aqui é bom. Eu tenho tudo que preciso, as pessoas estão sempre dispostas. Não sei se eu posso afirmar se é uma vantagem ou não, mas as coisas são muito livres aqui. A coisa mais estranha que eu notei quando eu vim pra cá foi essa liberdade. A escola não cobra. Ela deixa a critério de cada um usar sua responsabilidade pra administrar suas próprias atividades. (Professor 3).

O Professor 6 demonstra um envolvimento contagiante com o trabalho no CEFET- MG, justificando essa motivação pela oportunidade de reunir vários níveis de ensino e de diversas áreas do conhecimento na pesquisa, o que foi confirmado por todos os professores entrevistados, no entanto tece críticas ao ambiente de trabalho que carece de investimento e melhor planejamento em diversos aspectos trazendo impactos ao trabalho de forma negativa e desgaste aos docentes. Como ponto forte cita a reprografia e o apoio pedagógico que sempre teve:

Com relação à logística todos os meios que o CEFET me oferece para eu dar uma aula, com relação à reprografia, material, isso tudo ele apóia cem por cento. O que eu precisar desse tipo de material eu tenho. Com relação a apoio pedagógico também, sempre prontamente atendido em tudo que foi necessário até hoje. (Professor 6).

Em se tratando de outros elementos constitutivos do ambiente de trabalho pode-se inferir que, para esse docente, o nível de satisfação está abaixo do almejado ao avaliar o espaço físico:

Com relação especificamente a espaço físico para eu desenvolver uma aula experimental, por exemplo, no dia-a-dia com os alunos, isso o CEFET-MG não me oferece. Isso eu não tenho, então eu tenho que trabalhar dentro da minha sala de aula com os recursos que ali são pertinentes. (Professor 6).

A ventilação, iluminação, acústica foram itens sublinhados como indicadores da necessidade de investimento para melhorar o ambiente de trabalho e reduzir os riscos à saúde.

Problemas de luminosidade, de ventilação. Então por exemplo a questão da gripe H1N1 havia um grande risco de rápida contaminação por causa da circulação, e muitos professores por causa da acústica, fecham a porta porque senão atrapalham a aula do lado e as janelas não dão conta de uma boa ventilação; os ventiladores também são pouco potentes e a disseminação da gripe seria fatal. Tivemos sorte de não ter problemas aqui. (Professor 6).

Alguns espaços físicos utilizados como laboratórios são inadequados e precisam ser modificados, adequando tais espaços ao trabalho do professor pesquisador.

No momento de pesquisa também. É um laboratório improvisado, não é um local adequado, até mesmo pra fazer certas manipulações que eu faço. Há pouca ventilação, pouca luminosidade, e eu permaneço aqui o tempo todo. Se for pensar nas cadeiras que a gente senta, nos momentos que a gente passa sentado não é o adequado. Algumas vezes até o computador está na posição incorreta na altura incorreta. (Professor 6).

Sobre as condições da pesquisa, o Professor 2 confirma o que diz o Professor 6, mesmo estando em áreas de naturezas diversas e espaços físicos também diferenciados, o problema de ambos é comum: inadequação para o desenvolvimento da pesquisa que requer ambiente com ventilação e iluminação adequadas, equipamentos e outros elementos

necessários ao desenvolvimento do trabalho investigativo na Instituição. Analisando os relatos em destaque, é pertinente colocarmos em evidência o fato de que a aquisição de equipamentos tem que ser planejada de modo que o usuário seja consultado. Em certos setores, não falta equipamento e mobiliário, contudo tais elementos não estão adequados ao uso, como bem lembrou o Professor 6 quanto à inadequação das cadeiras. Mais uma vez, concordando com a Diretoria de Unidade do Campus I, inferimos ser clara a necessidade de maior integração e diálogo entre os setores, nesse caso, entre o setor responsável pelas compras e as Coordenações de Área e/ou Cursos.

Ao mesmo tempo em que as análises do ambiente laboral de ensino e pesquisa põem em relevo pontos frágeis da estrutura organizacional, evidenciam outros aspectos que são um diferencial marcante na Instituição. O primeiro aspecto já posto neste estudo, é quanto ao incentivo às pesquisas, mesmo ressalvando-se a necessidade de haver ajustes nessa área, é evidente a satisfação de alunos e professores de áreas diversas em poderem atuar de forma tão criativa e inovadora com apoio Institucional. Uma vez por ano a rotina do CEFET-MG é quebrada pela Semana de Ciência & Tecnologia onde há exposição de trabalhos, minicursos, palestras, debates envolvendo professores e alunos.

Além dos eventos internos, alunos e professores do CEFET-MG têm recebido premiações nacionais e internacionais importantes. Na Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (FEBRACE), realizada na Universidade de São Paulo neste ano de 2010, dos 21 projetos finalistas, 12 eram do CEFET-MG27, o que trouxe satisfação para os alunos e Professores envolvidos e para a Instituição pelo benefício social dos conhecimentos aplicados. O quadro a seguir mostra os projetos premiados na FEBRACE 2010:

27 CEFETMG É NOTÍCIA: informativo do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais. Belo

A participação dos alunos em eventos internacionais como a Mostra Internacional de Ciência, a Internacional Movement for Leisure Activies in Science and Technology (Milset) e a Intel Isef também é motivo de satisfação e incentivo na Instituição porque possibilita a interação entre conhecimentos científicos de culturas diversas, mostra o uso da pesquisa com fins sociais. Por outro lado, vale ressaltar que as premiações atuais estão se estendendo aos projetos orientados pelos Professores da área das Ciências Humanas e Sociais como foi o caso dos premiados na FEBRACE 2010.

Outro destaque, conforme as declarações do Professor 4, confirmado pelos demais docentes, é a oportunidade não apenas de qualificação stricto sensu, mas também de participação em congressos, seminários e outros eventos com apoio de diárias e passagens liberadas pela Instituição. O Professor 4 afirmou participar pelo menos três vezes ao ano de eventos de cunho científico, o que o motiva e o renova profissionalmente e isso é extensivo aos demais docentes da Instituição.

1.3. A SAÚDE E AS CONDIÇÕES DE TRABALHO

Os professores relacionados neste estudo são altamente qualificados28, comprometidos com as metas traçadas pelo Plano de Desenvolvimento Institucional, pois realizam o ensino, a pesquisa e a extensão com resultados reconhecidos publicamente, demonstram ter sentimentos positivos quanto ao seu trabalho, assim como demonstram gostar da instituição, tendo optado pelo Regime de Dedicação Exclusiva, mantendo vínculo empregatício remunerado apenas com o CEFET-MG, o que é um diferencial, tomando como referência outros estudos em que o professor trabalha em várias instituições tendo que se desdobrar para estar em vários lugares diferentes ao longo de um dia de trabalho. Observamos que o grau de qualificação é imprescindível, todavia compõe apenas um dos aspectos do trabalho docente, ou seja, formação e condições de trabalho são elementos que se complementam no contexto do trabalho escolar. Outro aspecto a observar é que mesmo essa condição diferenciada, não impediu os professores da Instituição de revelarem suas angústias e críticas pelas condições atuais em que se encontram, expondo pontos frágeis da organização de trabalho que precisam ser modificados.

A docência faz parte da atividade humana, que por sua vez é desenvolvida numa estrutura organizacional onde o trabalho é planejado, organizado e executado pelo docente, mas também por outros sujeitos. Essa estrutura organizacional não é apenas definida como um espaço físico, mas um lugar de relações sociais possuidor de características que influenciam no agir e no trabalho dos sujeitos que lá interagem (Tardif e Lessard, 2009).

As pesquisas de Oliveira e Assunção (2009), fundamentadas na epidemiologia e na ergonomia, relacionam o processo de intensificação do trabalho nas escolas, aos tipos de adoecimentos descritos nos estudos atuais, realizados por profissionais de diversas áreas do conhecimento. Os adoecimentos pesquisados foram relacionados às políticas educacionais das últimas décadas promotoras de ações favoráveis à universalização do ensino, coerentes com as mudanças do mundo capitalista globalizado. As políticas de acesso à escola têm ampliado, consideravelmente, a oferta de vagas e pressionado as instituições escolares a se adequarem ao crescimento populacional de alunos. Essas políticas de escolarização massiva promovem impactos sobre as organizações escolares e seus agentes (Lessard e Tardif, 2009), pois nem sempre a rapidez da abertura de vagas vem acompanhada dos meios para que esse

28 Os concursos públicos realizados selecionam os candidatos com esse foco. Os professores da instituição que

ainda não têm títulos da pós-graduação stricto sensu estão recebendo apoio da Diretoria Geral no sentido de obterem essa titulação.

atendimento seja feito adequadamente, e assim os professores vão se adaptando como podem para apresentarem os resultados imediatistas que lhes são solicitados.

No caso das instituições Federais de Ensino Superior (IFES), o professor é pressionado a apresentar bons resultados, tanto no ensino como na pesquisa, pois agora seu perfil é de professor pesquisador e suas ações devem voltar-se ao produtivismo acadêmico. Então, não apenas o ambiente de trabalho, mas as cobranças por resultados estão imprimindo alterações no trabalho docente e nos relacionamentos dentro das instituições de ensino. Segundo Silva Júnior, Sguissardi e Silva (2010), no Jornal da Ciência da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC)29 foi divulgada notícia de que pelo menos dez pesquisadores da Universidade de Cambridge admitiram para os colegas, terem feito o uso de estimulantes e narcolépticos para se manterem acordados e melhorar seu desempenho acadêmico. É pertinente lembrarmos, que no Brasil, a ansiedade, e as tensões também têm levado os professores ao uso de ansiolíticos e antidepressivos para enfrentarem as adversidades do trabalho. Esses autores afirmam que, entre 1995 e 2004, as matrículas na graduação das universidades públicas aumentaram em 71%, mas, no mesmo período, a contratação de professores, em regime de tempo integral e dedicação exclusiva, foi muito abaixo do crescimento das matrículas, o que os levou à hipótese de que o trabalho foi intensificado tanto para os docentes como para o pessoal técnico-administrativo que, entre 1995 e 2004, tiveram um decréscimo de mais de 30%. Nesse caso, os novos modelos de gestão das universidades públicas repassaram ao professor, sobretudo o pesquisador, competências dos técnico-administrativos, utilizando-se das novas tecnologias:

1)Os muitos pareceres emitidos são feitos diretamente, via eletrônica, com agências de fomento ou com revistas, dispensando o trabalho dos funcionários técnico- administrativos; 2)o preenchimento de planilhas de notas de avaliação de alunos on-

line; e 3)a apresentação do programa da disciplina on-line, por meio de formulários

eletrônicos que ‘obrigam’ o professor a apresentar com rigor seu objetivo e estratégias para o curso que ministrará.( SILVA JÚNIOR, SGUISSARDI e SILVA ,2010, p. 19-20)

No CEFET-MG, nos últimos dois anos, os professores, também passaram a fazer uso dos diários eletrônicos, com a implantação do Sistema Acadêmico, para o lançamento de notas e registro de atividades desenvolvidas em sala de aula, on-line. Além disso, o Sistema Acadêmico permite que o professor disponibilize materiais didáticos aos alunos, mantendo-os atualizados, e mais ainda, estes podem enviar suas dúvidas aos professores através deste

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sistema. Tais mudanças nos levaram, a inferir, que houve uma sobrecarga de trabalho com o advento da tecnologia para uso acadêmico nesta, em nas demais instituições de ensino.

Sabemos que as condições de trabalho, isoladamente, não explicam a saúde ou o adoecimento do trabalhador, contudo, o espaço organizacional onde o sujeito interage, pode atuar tanto favoravelmente como de forma negativa à saúde. Cada instituição apresenta uma organização com características peculiares envolvendo riscos próprios aos quais os trabalhadores estão expostos. A Medicina do Trabalho e a Epidemiologia nos ajudam a compreender melhor o que seriam os riscos à saúde:

O termo ‘risco’ pode ser utilizado na acepção de fator de risco, identificando possíveis agentes ou substâncias capazes de determinar um efeito sobre a saúde, estabelecendo a probabilidade que determinado evento venha ocorrer. Os riscos seriam na verdade, a existência de agentes ou substâncias capazes de influenciar nas condições de saúde e nos processos de adoecimento dos trabalhadores. (CRUZ e LEMOS 2005, p. 70).

No caso dos professores, antes da década de 1990, os registros de afastamento do trabalho eram creditados predominantemente aos problemas de ordem física como os distúrbios da voz. Contudo, hoje, segundo Cruz e Lemos (2005), as pesquisas vêm demonstrando que professores, de todos os níveis de ensino, apresentam problemas muito além do desgaste das cordas vocais, isto é, problemas físicos e psíquicos que afetam o trabalho docente, que apesar da sua reconhecida importância social não têm recebido os devidos cuidados para evitar o adoecimento. Esses autores afirmam que a organização do trabalho determina as cargas de trabalho a que os trabalhadores estão subordinados diariamente. Os docentes também têm suas cargas de trabalho, sendo compreendidas como cargas físicas (interação ambiental) e psíquicas (reações emocionais). Essa concepção de carga de trabalho, vai além do conceito de risco, pois:

Essa categoria tem contribuído para determinar o objeto da saúde do trabalhador como o estudo do processo de saúde-doença dos grupos humanos sob a ótica do trabalho. Nessa perspectiva de análise, a carga de trabalho é definida pelos autores como abarcando, tanto as condições químicas, físicas e mecânicas quanto as fisiológicas, as quais interatuam dinamicamente entre si e no corpo do trabalhador.( MENDES E WÜNSCH, 2007, p. 159, apud, MINAYO-GOMES e THEDIM COSTA, 1997, p. 159).

Um estudo nas Universidades Federais do Sul do Brasil, realizada por Cruz e Lemos (2005) apontou, numa escala de 1 a 5, os maiores incômodos aos docentes na organização do trabalho relacionados desde à percepção de incoerência entre os salários recebidos e as responsabilidades que lhes são atribuídas até as pressões e prazos para execução das metas

estabelecidas pelas instituições.É o que demonstra a tabela a seguir elaborada por estes autores contendo a avaliação de cargas de trabalho entre professores universitários30:

Alguns fatores geradores de incômodos apontados, anteriormente, na pesquisa de Cruz e Lemos (2005) encontram semelhança com os aspectos apontados pelos docentes do CEFET- MG, como a percepção de que o salário é incompatível com as responsabilidades; os ruídos dos alunos em conversa paralela durante as aulas; permanecer em pé; descontentamento com as condições de trabalho; ter necessidade de falar constantemente nas aulas; distribuição do espaço físico; condições de ruído produzido pelo fluxo de pessoas no ambiente de trabalho; ter dificuldade de acesso a materiais e equipamentos; distanciamento entre os colegas de trabalho com relações superficiais; condições de temperatura no ambiente de trabalho; ter

necessidade de alterar o tom de voz para ser ouvido pelos alunos; desproporção entre o número de alunos e a capacidade de dar atenção a todos; pressões de tempo, metas e prazos no trabalho.

Os desgastes físicos e emocionais a que os professores estão submetidos, têm relação com os transtornos relacionados ao estresse como é o caso da depressão, transtorno de ansiedade, fobias, distúrbios psicossomáticos e a síndrome de desistência conhecida como o burnout, razão pela qual as instituições precisam reorganizar seus modelos de gestão, pois quem não está doente, está correndo o risco sério de vir a adoecer:

Os estressores relacionados ao trabalho estão divididos em dois grupos distintos: estressores do ambiente físico e demandas estressantes do trabalho e de seu conteúdo. Os primeiros referem-se a ruídos, vibração, qualidade de iluminação, temperatura, higiene, ventilação, adequação de espaço físico, dentre outros fatores. Todos esses, podem trazer conseqüências psicológicas e ergonômicas sobre a saúde do trabalhador. (CRUZ e LEMOS ,2005, p. 72).

Os professores entrevistados no CEFET-MG queixaram-se de insônia, pouco tempo para dormir, cansaço, dores nas pernas, cansaço pelo uso abusivo da voz, dores na coluna, dificuldade de estabelecer limites entre o tempo utilizado para o trabalho e o tempo dedicado