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Cracóvia, 12.10.2011

Reverendíssimo Padre Diretor,

Caros participantes da Conferência Internacional “João Paulo II diante dos Migrantes”,

Muito me alegrou o tema da Vossa conferência, organizada pelo Instituto da Pastoral Emigratória Cardeal Augusto Hlond, que atua junto à Sociedade de Cristo para os Poloneses Emigrados em Poznan. A conferência foi dedicada à memória do beato João Paulo II e ao seu relacionamento com os migrantes, por abranger grande parte da atividade pastoral do Papa “de um país distante”. Pela sua palavra e pelos seus encontros com os poloneses dispersos pelo mundo inteiro, o beato João Paulo II buscou apresentar o etos do polonês que não se esquece das suas raízes nacionais e cristãs e ao mesmo tempo se envolve ativamente na vida da nova pátria e da sociedade em que lhe coube viver.

João Paulo II abordava as questões relacionadas com a emigração polonesa tanto quando a Roma ou a Castel Gandolfo vinham multidões de poloneses como por ocasião das suas numerosas viagens apostólicas. Quase que durante toda peregrinação ele encontrava tempo para encontros com as comunidades polônicas e com os núcleos da emigração polonesa na Europa e na América, na África e na Oceania. Muitas vezes dirigia aos seus compatriotas alocuções especiais, nas quais estimulava à fidelidade à fé católica e à tradição nacional dos antepassados.

Durante as suas primeiras visitas na França, na Inglaterra e nos Estados Unidos, onde existem grandes e muito ativos agrupamentos de emigrantes poloneses, João Paulo II pronunciou-se a respeito do etos da emigração polonesa. Nos tempos do comunismo, quando na Polônia não se podia falar abertamente sobre a emigração, e as autoridades procuravam apagar da consciência dos poloneses muitas tramas “desconfortáveis” da história e da cultura polonesa, a voz do Papa era um estímulo extremamente importante para o espírito nacional. O Santo Padre tomou então sobre si a obrigação de

falar a respeito da Pátria em nome dos seus compatriotas.

Um momento especial de fortalecimento para os emigrados poloneses e para a cultura nacional foi o encontro de João Paulo II com os poloneses em Paris no dia 31 de maio de 1980. O Santo Padre lembrou os difíceis tempos da emigração relacionada com o período das partilhas e com os levantes revolucionários do século XIX, bem como a situação surgida após a II Guerra Mundial. Não se esqueceu igualmente da emigração em busca de uma vida melhor na França, Bélgica, Vestfália e muitos outros lugares na Europa, além dos Estados Unidos e do Canadá. O Papa disse que o pensamento e o trabalho dos emigrados significou uma “valiosíssima” contribuição para a fé, a cultura e o desenvolvimento do homem e da Polônia. (Alocução à comunidade polonesa em Paris, 31.5.1980). Disse também que a verdadeira soberania da nação tem a sua fonte na cultura e não na política, e que numa perspectiva mais longa essa vitalidade cultural da nação não pode ser diminuída nem censurada. Dois dias depois, na sede parisiense da UNESCO, o Santo Padre demonstrava como a cultura e a fé ajudam nos momentos difíceis da nação: “Sou filho de uma Nação que passou pelas mais terríveis experiências da história, que muitas vezes seus vizinhos condenaram à morte, mas ela permaneceu com vida e continuou sendo ela mesma. Preservou a própria identidade e preservou em meio às partilhas e às ocupações a sua própria soberania como Nação, não com base em quaisquer outros meios de potência física, mas apenas com base na própria cultura, que mostrou ser nesse caso uma força maior que aquelas potências”. (Alocução na sede da UNESCO, Paris, 2.6.1980).

Depois que na Polônia surgiu o Solidariedade, e principalmente após a sua proibição legal pelas autoridades comunistas, João Paulo II muitas vezes utilizou-se das ocasiões para em diversas partes do mundo falar desse movimento nacional. Desde o início da existência do Solidariedade, acreditou que a sua mensagem cívico-moral tinha um caráter universal. Por isso, em 1987 disse aos poloneses em Detroit: “Justamente ali, no Litoral, a palavra solidariedade foi pronunciada de uma forma nova, que ao mesmo tempo confirma o seu eterno conteúdo. [...] Hoje ela se espalha numa vasta onda através do mundo, o qual compreende que não podemos viver segundo o princípio ‘todos contra todos’, mas apenas segundo o princípio ‘todos com

todos, todos para todos’”. (Alocução aos poloneses, 19.9.1987).

Após 1989 intensificaram-se os contatos de João Paulo II com os núcleos polônicos existentes nas vastas áreas da antiga União Soviética. Viagens apostólicas a países como Lituânia, Letônia, Estônia, Ucrânia, Cazaquistão ou Armênia forneceram ocasiões para encontros com as comunidades polônicas de lá. Esses encontros serviram como um complemento aos contatos de João Paulo II com os poloneses que viviam no Ocidente, sendo como que um sinal de unidade de todos os poloneses na Polônia e fora das suas fronteiras. O Santo Padre expressou isso durante o encontro com os poloneses da sua Pátria, da antiga União Soviética e de outros países pós-comunistas em Roma, quando disse: “Este é um encontro excepcional, visto que é o resultado de uma nova situação em que se encontra a Polônia, a Europa e o mundo todo. Este é um encontro especial, porque foi estabelecido o primeiro contato oficial com a comunidade polônica e os poloneses no mundo inteiro”. (Alocução durante a audiência aos participantes do encontro romano “A Polônia e os seus emigrados”, Vaticano, 29.10.1990).

Tendo contribuído para a derrubada do comunismo, João Paulo II encerrou uma era na história da emigração polonesa. A sua voz a respeito da identidade nacional e religiosa tem permanecido sempre atual. Essa voz nos lembra que ser polonês implica dar um testemunho de fidelidade à fé e à solidariedade, de abertura a outras culturas e de partilha do bem da fé cristã com os outros.

A todos os participantes da Conferência formulo votos de frutuosas discussões.

+ Stanislaw Card. Dziwisz Metropolita de Cracóvia

RESUMO – STRESZCZENIE

Przesłanie kardynała Stanisława Dziwisza, arcybiskupa krakowskiego jest przeglądem zatroskania Jana Pawła II o Polaków i ich potomków żyjących na wszystkich kontynentach. W trudnych czasach, szczególnie w czasie komunizmu, Jan Paweł II był obrońcą i głosem tych, którzy za granicą układali swoje nowe

życie. W licznych spotkaniach z Polakami nawoływał do wierności Ewangelii, zachowania wartości religijnych i kultury, z której wyrośli. Mając swój udział w upadku komunizmu, Jan Paweł II otworzył bramę demokracji, która objęła także emigrację polską.

MENSAGEM DE SUA SANTIDADE BENTO XVI