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Dos órgãos autorizados a efetuar pagamento

No documento LEI 4320 COMENTADA.pdf (páginas 132-137)

Art. 65. O pagamento da despesa será efetuado por tesouraria ou pagadoria regularmente instituída, por estabelecimentos bancários credenciados e, em casos excepcionais, por meio de adiantamento.

O artigo cuida de relacionar o meio pelo qual o Estado quitará suas dívidas com seus credores. Assim, conforme estabelece o artigo, os pagamentos poderão ser realizados por intermédio de qualquer um dos órgãos enumerados no artigo, com exceção das despesas a serem pagas por meio de adiantamento, as quais deverão exigir essa forma de pagamento, em face de suas peculiaridades.

Não resta dúvida que se trata de uma forma de pagamento feita pelo Estado, o qual é intermediado por agentes especialmente credenciados para esse fim. Tal procedimento tem a finalidade de permitir que o Estado realize despesas em lugares ou em situações que somente um agente credenciado para esse fim pode realizá-las.

Para que ocorra o pagamento por meio de adiantamento, é necessário adotar os seguintes procedimentos:

133 a) credenciamento do agente;

b) empenho da despesa na classificação pertinente e em nome do agente; c) escrituração da despesa empenhada no sistema orçamentário;

d) a entrega do numerário ao agente; e

e) escrituração contábil da entrega desse numerário, porém sem caracterizar execução tanto da despesa orçamentária quanto da despesa financeira. O servidor responsável pelo adiantamento funciona como um caixa móvel do Estado. Essa é a única forma em que o Estado estará efetuando pagamento por meio de adiantamento. Caso os recursos sejam entregues ao agente autorizado e, de imediato, esse ato seja considerado um pagamento (empenho, liquidação e pagamento), ele não poderá realizar outro com o mesmo recurso. Por analogia, seria como aceitar que dois corpos ocupassem o mesmo espaço ao mesmo tempo. Não resta dúvida que o pagamento somente ocorre quando se dá a ação do agente credenciado nesse sentido, e o seu registro contábil só se efetuará por ocasião da prestação de contas.

Art. 66. As dotações atribuídas às diversas unidades orçamentárias poderão quando expressamente determinado na Lei de Orçamento serem movimentadas por órgãos centrais de administração geral.

Este artigo foi extinto pelo inciso VI do art. 167 da Constituição Federal de 1988, que estabelece:

Art. 167. São vedados: [...]

VI - a transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma categoria de programação para outra ou de um órgão para outro, sem prévia autorização legislativa;

[...]

A flexibilização permitida ao final do inciso é que vem permitindo que, ao final do exercício financeiro, essa atividade de grande importância para o encerramento do exercício financeiro permita o remanejamento das dotações pelo órgão central de orçamento. Esse remanejamento

134 tem a finalidade de tirar dotação de quem apresenta economia orçamentária e abrir créditos para aquelas que ainda dependem de dotações para cobrir os compromissos ainda pendentes no final do exercício.

Parágrafo único. É permitida a redistribuição de parcelas das dotações de pessoal, de uma para outra unidade orçamentária, quando considerada indispensável à movimentação de pessoal dentro das tabelas ou quadros comuns às unidades interessadas, a que se realize em obediência à legislação específica.

Trata-se de um procedimento normal no serviço público. Quando há movimentação de pessoal, os recursos orçamentários destinados ao pagamento desses funcionários são transferidos para a unidade orçamentária de destino.

Essa transferência ocorre tão-somente quando há uma grande movimentação de pessoal, em que há repercussão na dotação da unidade orçamentária de destino, mesmo por que a Lei apenas autoriza, mas não obriga essa transferência.

Os valores dessas transferências, inclusive, têm de estar no limite de abertura de crédito suplementar, se couber. Caso contrário, sejam quais forem as circunstâncias, deverá recorrer ao Poder Legislativo para obter autorização para a abertura de crédito. Isto só não ocorrerá se no corpo da lei que aprovar o orçamento já vier esta autorização.

Art. 67. Os pagamentos devidos pela Fazenda Pública, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão na ordem de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, sendo proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para esse fim.

O que está vigorando no momento são as determinações da CF de 1988 e o art. 30 da LRF. A CF, sobre este tema, dispõe:

Art. 100. À exceção dos créditos de natureza alimentícia, os pagamentos devidos pela Fazenda Federal, Estadual ou Municipal, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para esse fim.

§ 1º É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de direito público, de verba necessária ao pagamento de seus débitos oriundos de sentenças transitadas em julgado,

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constantes de precatórios judiciários, apresentados até 1º de julho, fazendo-se o pagamento até o final do exercício seguinte, quando terão seus valores atualizados monetariamente. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 30, de 2000)

§ 1º A Os débitos de natureza alimentícia compreendem aqueles decorrentes de salários, vencimentos, proventos, pensões e suas complementações, benefícios previdenciários e indenizações por morte ou invalidez, fundadas na responsabilidade civil, em virtude de sentença transitada em julgado. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 30, de 2000) § 2º As dotações orçamentárias e os créditos abertos serão consignados diretamente ao Poder Judiciário, cabendo ao Presidente do Tribunal que proferir a decisão exeqüenda determinar o pagamento segundo as possibilidades do depósito, e autorizar, a requerimento do credor, e exclusivamente para o caso de preterimento de seu direito de precedência, o seqüestro da quantia necessária à satisfação do débito. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 30, de 2000)

§ 3º O disposto no caput desse artigo, relativamente à expedição de precatórios, não se aplica aos pagamentos de obrigações definidas em lei como de pequeno valor que a Fazenda Federal, Estadual, Distrital ou Municipal deva fazer em virtude de sentença judicial transitada em julgado. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 30, de 2000) § 4º São vedados a expedição de precatório complementar ou suplementar de valor pago, bem como fracionamento, repartição ou quebra do valor da execução, a fim de que seu pagamento não se faça, em parte, na forma estabelecida no § 3º desse artigo e, em parte, mediante expedição de precatório. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002) § 5º A lei poderá fixar valores distintos para o fim previsto no § 3º desse artigo, segundo as diferentes capacidades das entidades de direito público. (Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 30, de 2000 e Renumerado pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002) § 6º O Presidente do Tribunal competente que, por ato comissivo ou omissivo, retardar ou tentar frustrar a liquidação regular de precatório incorrerá em crime de responsabilidade.

O § 7º do art. 30 da Lei de Responsabilidade Fiscal apresentou a seguinte novidade em relação a este artigo:

Art. 30. No prazo de noventa dias após a publicação desta Lei Complementar, o Presidente da República submeterá ao:

I - Senado Federal: proposta de limites globais para o montante da dívida consolidada da União, Estados e Municípios, cumprindo o que estabelece o inciso VI do art. 52 da Constituição, bem como de limites e condições relativos aos incisos VII, VIII e IX do mesmo artigo;

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[...]

§ 7o Os precatórios judiciais não pagos durante a execução do orçamento em que houverem

sido incluídos integram a dívida consolidada, para fins de aplicação dos limites.

Deliberados os recursos orçamentários e financeiros para o pagamento da dívida, esta deve ser quitada imediatamente, em face de sua característica e, ainda, sob pena da sua não concretização, o que a torna dívida de longo prazo ─ dívida consolidada ─, sujeita a limites financeiros para esses tipos de dívidas.

Em resumo, sobre este tema, os entes da Federação têm de obedecer, em primeiro lugar, às determinações da CF 1988, com as quais as disposições da LRF têm de se conjugar. Há na Constituição Federal de 1988 inovações de grande efeito administrativo, tanto para o Poder Judiciário quanto para o Poder Executivo. São elas:

a) A atualização monetária deixou de ser feita em 1° de julho do ano anterior ao que ocorrerá o pagamento.

b) Criou obrigação de inclusão no orçamento de verba destinada ao pagamento dos precatórios apresentados até 31 de julho do ano anterior ao que ocorrerá o pagamento ─ art. 100 da CF e alterações posteriores. c) A dotação orçamentária inicial e os créditos que vierem a ser aberto

devem ser consignados ao Poder Judiciário, cujo pagamento fica na dependência desse Poder, segundo os recursos repassados, e, ainda, possibilitando o seqüestro da quantia necessária à satisfação do débito. d) Acabou com dificuldade entre os juristas de definir créditos de natureza

alimentícia, ao defini-lo neste artigo.

e) Criou a figura do precatório de pequeno valor, os quais devem ser pagos no próprio exercício em que for expedido o precatório, cumprindo ao Poder Executivo, mediante Lei, estabelecer o montante que assim será considerado.

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