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Tipos de controle da legalidade da execução orçamentária

No documento LEI 4320 COMENTADA.pdf (páginas 146-149)

Art. 77. A verificação da legalidade dos atos de execução orçamentária será prévia, concomitante e subseqüente.

147 pela verificação da legalidade no Poder Executivo. Há, portanto, a necessidade de que os órgãos encarregados desta tarefa estejam preparados para exercer essas atribuições.

A verificação da legalidade diz respeito ao princípio da legalidade, prescrito no art. 37 da Constituição Federal de 1988. Isto, porém, era o que devia ocorrer antes da entrada em vigor da LRF. Os responsáveis pela execução orçamentária, como foi mencionado no artigo anterior, devem atender não só ao que estabelece este dispositivo, mas também às exigências acrescentadas sobre este tema pela Constituição e LRF.

Acrescente-se que a execução orçamentária, por força deste artigo, deve, então, exercer o controle antes de dar início a qualquer operação relativa à execução orçamentária, mas exercê-lo também na implementação desta operação e ao seu final, de sorte que possa o ente da Federação atingir seus objetivos, os quais foram destacados no orçamento.

Por oportuno, mostram-se, a seguir, os princípios que devem nortear a Administração Pública, a saber:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,

impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação

dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)” (Sem grifos no original.)

Afirma-se que os princípios têm papel expressivo, pois é por meio deles que o ordenamento jurídico torna-se legítimo. De forma geral, a literatura entende que os princípios legitimam o ordenamento jurídico, pois representam as expressões da mente ajustada à necessidade do momento ─ ou seja, à lei. Os princípios, em última análise, representam o norte de um povo (nação).

 Legalidade

O princípio da legalidade traduz-se no comportamento do administrador diante de qualquer ato que venha a tomar. Atender somente ao que a lei determina ou autoriza tem a finalidade de deixar o administrador público ciente de que está administrando um bem do povo: a Instituição Pública. Suas ações têm de ser pautadas na vontade dos seus proprietários. Assim, sua vontade está relegada a um plano imaginário, não podendo prevalecer sobre o que estabelece ou autoriza a lei, pois esta representa a vontade do povo. De acordo com

148 este princípio, o agente público tem espaço para realizar somente o que a lei autoriza ou determina. Já para o particular, tudo que a lei não proíbe fica, portanto, permitido. Em resumo, ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer algo senão em virtude de lei. As exceções existem, mas estas estão no campo do Direito Administrativo e o Direito tributário.

 Impessoalidade

A responsabilidade pelas realizações governamentais deve ser atribuída aos órgãos públicos

responsáveis pelo feito, e não ao agente que o desenvolve. Tudo que se realiza no mandato de quem quer que seja nada tem a ver com a responsabilidade dos governantes e seus agentes, mas tão-somente das secretarias, autarquias e fundações. Enfim, com os órgãos que estiveram

a serviço. Nas realizações públicas, diz-se que esses feitos são atos impersonalizados. Há

entendimentos equivocados, aparentemente, principalmente por parte dos políticos, que confundem o princípio da impessoalidade com o princípio da pessoalidade. Esta obra, sim, atende ao princípio da pessoalidade de quem a assinará. A impessoalidade impede a promoção e a discriminação dos seus agentes nos resultados que se obtêm em qualquer realização governamental.

Assim, é nesta linha que se introduziu na Carta Política atual, reafirmando que os atos dos agentes são de responsabilidade do Estado, desde que no exercício de suas atribuições, respeitado, no entanto, o direito de regresso, que poderá ser exercido pelo Estado.

 Moralidade

Meirelles (2005, p. 89), quanto à teoria da moralidade administrativa, assim se manifesta:

A moralidade administrativa constitui hoje em dia, pressuposto da validade de todo ato da Administração Pública (Const. Rep., art. 37, caput). Não se trata – diz Hauriou, o sistematizador de tal conceito – da moral comum, mas sim de uma moral jurídica entendida como “o conjunto de regras de conduta tiradas da disciplina interior da Administração”. Desenvolvendo a sua doutrina, explica o mesmo autor que o agente administrativo, como ser humano dotado da capacidade de atuar, deve, necessariamente, distinguir o Bem do Mal, o honesto do desonesto. E, ao atuar, não poderá desprezar o elemento ético de sua conduta. Assim, não terá que decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas também entre o honesto e o desonesto. Por considerações de direito e de moral, o ato administrativo não terá que obedecer somente à lei jurídica, mas também à lei ética da própria instituição, porque nem tudo que é legal é honesto, conforme já proclamavam os romanos – non omne

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quod licet honestum est. A moral comum, remata Hauriou, é imposta ao homem para sua conduta externa; a moral administrativa é imposta ao agente público para a sua conduta interna, segundo as exigências da instituição a que serve, e a finalidade de sua ação: o bem comum.

 Publicidade

O princípio da publicidade traduz-se na necessidade de a Administração tornar públicos todos os seus atos, garantido ao povo pleno conhecimento das atividades que estão sendo desenvolvidas, sem nada esconder. Permite-se por esse meio a todo cidadão ter acesso aos feitos, de forma isolada ou em conjunto, pela possibilidade que a Lei autoriza, e tomar a iniciativa no caso da identificação de um ato do agente público contrário aos interesses da população, ou até mesmo ilegal.

Acrescente-se que a ninguém se escusa alegar o desconhecimento da lei, uma vez que esta entra em vigor a partir de sua publicidade.

 Eficiência

A eficiência na manutenção e obtenção dos serviços públicos resulta de meios utilizados para a consecução dos bens e serviços de interesse da sociedade, ocasião em que se manifesta o ser humano exercendo suas atividades no limite ou acima do que dele se espera. É a dignidade humana posta a serviço da comunidade por meio do serviço público. É a renúncia desse agente público a outros interesses que não seja o de bem prestar os serviços que lhe foram confiados. Surge daí o princípio da eficiência do servidor público, que, por dependência, estende-se às atividades por ele desempenhadas, tornando-as um serviço de qualidade traduzido em bom atendimento, urbanidade, rapidez e segurança.

No documento LEI 4320 COMENTADA.pdf (páginas 146-149)