• Nenhum resultado encontrado

GLOSSÁRIO

3. AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS DIFERENTES MODELOS DE PRODUÇÃO

3.4 DOS ANOS 1990 À ATUALIDADE: A GLOBALIZAÇÃO COMPLETA

Segundo Marques da Costa (2000), em meados dos anos 1980, a internacionalização do capital, da produção, e as transformações tecnológicas afetaram significativamente a organização do sistema produtivo mundial, assumindo cada vez mais um caráter progressivamente global.

Foi este cenário de reestruturação produtiva e de internacionalização da economia que, segundo Moulaert (2000), fez com que, no final dos anos 1980, se afirmasse um processo de “globalização”, e isto significava, principalmente:

• Aumento das estruturas corporativas globais, do comércio e da rede de finanças, articuladas por transformações expressivas em tecnologia de informação e telecomunicações, gestão e técnicas organizacionais e transferência de capitais;

• Maior integração do Primeiro Mundo, devido à intensificação da exclusão do Terceiro Mundo da economia mundial, com os fluxos de investimento concentrando-se no Japão, EUA e Europa;

• Racionalização da atividade económica, com uma “clusterização” de atividades de P&D, engenharia e produção em regiões urbanas privilegiadas, e cobertura de uma grande área de mercado por um limitado número de centros metropolitanos e a exclusão de áreas periféricas da dinâmica de acumulação do capitalismo global;

• Sacrifício de partes significativas da regulação nacional para a concorrência global de corporações e regulação orientada ao mercado, como as impostas pelo FMI e Banco Mundial e Organização Mundial do Comércio (OMC).

O capitalismo passou a ser global, as cidades tornaram-se globais, e numerosas empresas transnacionais surgiram e passaram a localizar-se principalmente nas cidades e regiões metropolitanas. Conforme destacam Méndez & Caravaca (1999) e Benko (1993), a hierarquia dos fatores que passou a influenciar na localização das indústrias mudou: reduziu- se a importância dos custos de transportes e da proximidade aos recursos naturais, e aumentou-se a importância exercida pelas infraestruturas técnicas, a qualidade do espaço produtivo (ambiental, infraestruturas) e do capital intangível (investigação, serviços tecnológicos, mão de obra qualificada, etc.) como fatores principais para atrair atividades com maior intensidade e complexidade tecnológica.

Conforme ressalta Hall (1997), neste processo um novo tipo de cidade emergiu contendo como características principais o fato de serem: globalizadas (conectadas com outras cidades em redes globais); terciarizadas (com sua atividade económica dependente quase

Reestruturação produtiva e desenvolvimento local - o caso do Município de Toledo, Estado do Paraná, Brasil

92

inteiramente da existência de serviços avançados); “informacionalizadas” (utilizando a informação como matéria-prima); e policêntricas (dispersando residências e descentralizando empregos em múltiplos centros).

É neste contexto que o Quadro 8 lista os novos tipos de cidades e de hierarquias que surgiram e se consolidaram com a globalização. Designações como cidades mundiais, espaços de fluxos e global cities banalizaram-se para definir as novas aglomerações urbanas caracterizadas pela globalização a partir de 1990.

Quadro 8 - Novas cidades e novas hierarquias emergentes com a globalização

CONCEITOS DESCRIÇÃO

Cidades mundiais

 Centro de poder político (nacional e internacional) e de órgãos governamentais; centro de negócios nacionais e internacionais, atuando como entreposto para seu país e países vizinhos; centro de bancos, seguros e outros serviços financeiros; centro de atividades profissionais avançadas de todos os tipos, como medicina, direito, educação superior e aplicação de conhecimento científico à tecnologia; centro de informação e difusão, por meio de editoras e mídia de massas; centro de consumo conspícuo, de bens de luxo para a minoria e de produtos de massa; e centro de artes, cultura e entretenimento.

O espaço de fluxos

Espaço de fluxos “domina o espaço de lugares historicamente construído, assim como a lógica da organização dominante que se liberta de constrangimentos sociais de identidades culturais e sociedades locais através do poderoso meio das tecnologias de informação”.

 Economia que funciona em rede: a sociedade está construída em torno de fluxos - fluxos de capital, fluxos de informação, fluxos de tecnologia, fluxos de interação organizacional, fluxos de imagens, sons e símbolos.

 Os fluxos são a expressão dos processos que dominam a vida económica, política e simbólica.

 A tecnologia, sobretudo a de informação, tem um papel preponderante nesta nova organização territorial, embora a tecnologia não determine as condições materiais da sociedade.

As global cities

 São centros de serviços financeiros e de decisão de grandes empresas (algumas também são sedes de poder governamental), atraindo serviços altamente especializados (direito comercial, publicidade, serviços de relações públicas) e também crescentemente globalizados e relacionados com essa centralidade.

 As cidades globais são, de alguma forma, estratégicas porque estão em redes: telemáticas; de funções estratégicas que constituem a economia global; de empresas que são envolvidas; e de mercados.

 As cidades globais são aquelas nas quais os negócios consistem principalmente em produção de serviços informacionais especializados, serviços financeiros, serviços de mídia, serviços educacionais e de saúde e turismo (inclusive turismo de negócios). Estas cidades (que perderam certas funções entre os anos 1970 e 1980) apresentam redução de empregos em setores tradicionais (como a manufatura) e grandes ganhos em outros, como serviços financeiros e serviços especializados de negócios. As cidades que podem ser inequivocamente consideradas globais seriam Nova Iorque, Londres e Paris.

Fonte: Matteo (2011).

Segundo Matteo (2011), a economia global também se baseia numa financeirização do capital, livre dos limites dos Estados nacionais, onde algumas cidades, relevantes no subsetor financeiro, passam a ter o papel de nós da economia mundial, ligando-se por meio de redes de comunicação. Com isso, há uma transformação do papel das grandes metrópoles, que passam a assumir a função de enormes centros terciários, alterando sua aptidão industrial Fordista.

The crucial diagnostic characteristic of a ‘global economy’, therefore, is the qualitative transformation of economic relationships across geographical space and not their mere quantitative geographical spread. This involves ‘not a single, unified phenomenon, but a syndrome of processes and activities’. There is not a single ‘driver’ of such transformative processes – certainly not the technological determinism so central in much of the popular globalization literature. In

3 As principais características dos diferentes modelos de produção

other words, globalization is a … super complex series of multicentric, multiscalar, multitemporal, multiform and multicausal processes (DICKEN, 2011, pg. 7).

Ao mesmo tempo, para Storper (1998), a globalização consiste na expansão de fluxos diretos de bens (tecnologia, equipamentos, produtos) e capitais (ativos reais e financeiros) para além das fronteiras nacionais. “Os atores dominantes na nova economia baseada em redes são corporações multinacionais e instituições financeiras, e os fluxos de recursos dominantes estão dentro de suas redes e não entre firmas e instituições territorializadas, mercados e estados nacionais” (STORPER, 1998, p. 2).

Segundo Pike, Rodríguez-Pose & Tomaney (2006), com a globalização houve um processo de aumento da produtividade e do crescimento estritamente relacionados com o progresso tecnológico. Novas plantas de produção e novos métodos de produção agrícola geraram maior produtividade e eficiência, mas muitas vezes à custa de menos empregos. O resultado deste processo é que o trabalhador não qualificado é “expulso” para a economia informal. Isso faz com que a economia tenha uma maior polarização social e, muitas vezes, geográfica. De um ponto de vista territorial, apenas um número limitado de localidades e regiões parecem estar beneficiando das novas oportunidades oferecidas pelo processo de globalização. De uma forma geral, as regiões “ganhadoras” são aquelas que conseguem oferecer algo diferente aos mercados, que se expandem para além do domínio tradicional das esferas locais e regionais.

As regiões "ganhadoras" podem ser divididas em três categorias, conforme se apresenta no Quadro 9. Conforme destacam Pike, Rodríguez-Pose & Tomaney (2006), as áreas dinâmicas no mundo globalizado são exceções e não uma regra. No geral, as regiões e localidades lutam para adaptar o seu tecido económico das condições emergentes, o que tornou a atividade económica ainda mais móvel. Com isso, a capacidade de investir globalmente tem aumentado a sensibilidade para as diferenças locais e regionais. A vantagem competitiva que certos territórios tinham no passado como resultado de suas condições originais ou a sua proximidade com a matéria-prima está a tornar-se cada vez menos importante. Melhorias na tecnologia da informação estão contribuindo para que a produção industrial e agrícola se "deslocalize" cada vez mais. As regiões industriais tradicionais, áreas agrícolas e regiões sem uma clara vantagem comparativa encontram dificuldades para conquistar novos mercados. As suas empresas perdem muitas vezes participação nos seus mercados tradicionais, como resultado da abertura das economias nacionais à concorrência. Regiões agrícolas tradicionais assistiram à invasão dos seus mercados por produtos agrícolas mais baratos provenientes das regiões mais avançadas tecnologicamente, e áreas com forte

Reestruturação produtiva e desenvolvimento local - o caso do Município de Toledo, Estado do Paraná, Brasil

94

potencial agrícola têm que lidar com um mercado mundial de alimentos imperfeito e relativamente fechado.

Quadro 9 - Regiões ganhadoras com a globalização

Reg. Ganhadoras Características

As grandes regiões metropolitanas

 Grandes aglomerações urbanas, tanto no mundo "desenvolvido" como nos "em desenvolvimento", onde muitas das atividades de serviços de alto valor agregado estão concentradas.

 Os setores de negócios, financeiro, imobiliário e serviços de seguros aglomeram-se mais do que nunca em grandes regiões urbanas, assim como as sedes das corporações.

 As economias de aglomeração derivadas de tal concentração de fatores de produção estão promovendo a atração de atividades de pesquisa e desenvolvimento e design nestas regiões.

 O investimento estrangeiro direto também está a migrar para as grandes áreas metropolitanas, reforçando as disparidades sociais e económicas subnacionais.

 O dinamismo das grandes áreas urbanas, não significa que todos os seus habitantes têm beneficiado de forma igual.

 A maioria das grandes aglomerações urbanas em todo o mundo sofre com o surgimento de uma economia dual, na qual os trabalhos de alta remuneração e de alta produtividade coexistem com privações económicas e sociais, um crescente setor informal, e baixa remuneração, empregos precários no setor de serviços.

Regiões industriais intermediárias

 Este tipo de regiões, muitas vezes combina as vantagens de custo do trabalho no que diz respeito às áreas centrais, com capital humano e vantagens de acessibilidade no que diz respeito às áreas periféricas, tornando-os locais atrativos para novos investimentos industriais.

 Estados montanhosos e províncias nos Estados Unidos e Canadá estão a atrair grandes investimentos industriais que fogem dos velhos "cinturões da ferrugem" industriais das áreas da América do Norte oriental e dos Grandes Lagos (área no nordeste dos Estados Unidos). Numerosas regiões europeias intermediárias, no centro da Itália ou do sul da Alemanha e da França, estão a assistir a uma tendência similar.

 De um ponto de vista global, as regiões mais avançadas do mundo 'em desenvolvimento' também podem ser consideradas como regiões industriais intermediárias. Este é o caso dos estados mexicanos que fazem fronteira com os Estados Unidos, de São Paulo e os estados do Sul do Brasil, de Karnataka e Maharashtra na Índia, mas, sobretudo, das províncias costeiras da China.

 A combinação de baixos salários, com uma força de trabalho relativamente qualificada e produtiva e acessibilidade aos mercados tornou-os alvos principais para o investimento industrial.

 Grande parte da produção em massa de hoje é concentrada nestas áreas. Regiões turísticas

 Lugares como Cancun no México ou Bali na Indonésia prosperaram graças à sua capacidade de atrair grande número de turistas de todo o mundo.

 Outros, sem alcançar um sucesso semelhante, têm construído uma indústria turística saudável e relativamente bem sucedida.

Fonte: Pike, Rodríguez-Pose & Tomaney (2006, p. 7-8).

Também Polèse (1998) sintetiza a relocalização das atividades económicas e a rehierarquização das cidades através da Figura 17. É possível perceber que as grandes cidades passaram a concentrar principalmente os serviços e indústrias de maior complexidade, e principalmente, o setor terciário. Passaram a ser polos de serviços, em detrimento de polos industriais. Muitas indústrias relocalizaram-se para as áreas marginais (áreas próximas, constituindo regiões metropolitanas), principalmente indústrias extensivas e laboratórios de alta tecnologia. Neste processo, as cidades médias também se beneficiaram, principalmente por absorver parte das indústrias modernas dos diversos subsetores, ao mesmo tempo em que também cresceu a participação do setor de serviços nestas localidades. Nas pequenas cidades, ocorreu uma relocalização de indústrias tradicionais, mais intensivas em mão de obra, fazendo também crescer a participação do setor industrial nessas localidades.

3 As principais características dos diferentes modelos de produção

Figura 17 - Representação da relocalização das atividades económicas e da rehierarquização das cidades segundo Polèse (1998)

Fonte: Polèse (1998, p. 355).

Quando se analisa o contexto da globalização e internacionalização da economia, as regiões que mais se beneficiam são geralmente aquelas onde se localizam as grandes cidades, apesar de algumas cidades médias com perfil de alta especialização também serem capazes de competir nos mercados nacionais e internacionais.

Como enfatiza Marques da Costa (2000), as cidades médias e pequenas podem desempenhar funções ou especializações que lhes permitam afirmar-se internacionalmente, para se integrarem numa rede lógica e para transformar o seu espaço num espaço geográfico de fluxos10. Nessas cidades também se localizam muitos dos sistemas de produção locais e meios inovadores descritos no capítulo anterior.

10 Castells & Henderson (1987, p. 7) descrevem o que consideram como “espaço de fluxo”: “a evolução da economia internacional, o

crescimento espetacular das novas tecnologias de informação e de comunicação e a constituição de poderosas organizações transnacionais ligadas por redes subordinadas e descentralizadas, são os fatores decisivos no processo que dá sentido estrutural a cada território, pela função que este desempenha num contexto mais amplo de operações independentes. Continuam certamente a existir formas espaciais, visto que as

Reestruturação produtiva e desenvolvimento local - o caso do Município de Toledo, Estado do Paraná, Brasil

96

O certo é que a organização económica atual é muito mais complexa do que parece. A distinção simplista entre modelos de organização Fordista (1950 até 1970) e modelo de produção flexível (após 1970) não é capaz de explicar a emergência de novas formas de produção e o aparecimento das redes à volta das quais se organizam os sistemas de produção ocorridos após 1990. No sistema industrial coexistem pequenas empresas flexíveis de produção especializada e grandes empresas de produção em massa com diferentes níveis de relações no sistema de produção e no território onde se inserem. Da mesma forma, as economias de aglomeração também estão associadas às duas formas de organização da produção (MARQUES DA COSTA, 2000).

E é justamente essa coexistência que permite a consolidação de cidades médias, bem como territórios não metropolitanos, que se afirmam como sistemas produtivos locais ou até meios inovadores, e outras onde se encontram empresas multinacionais ou grandes empresas de base exógena, intensivas em trabalho. Esta tem sido a alternativa destes territórios em se afirmarem e enfrentarem os desafios impostos pelo sistema globalizado. Os desafios encontram-se justamente na capacidade que estas cidades possuem de internacionalização e integração nas redes económicas de natureza global e local (MARQUES DA COSTA, 2002).

Conforme constatam Sposito & Sposito (2012), as grandes empresas, que atuam na escala nacional e internacional, têm relação direta com as transformações de muitas das cidades médias. Aquelas cidades que passam a localizar estas empresas sofrem um processo de reestruturação urbana para atender a demanda de infraestrutura económica e social das mesmas. Em muitos casos, o resultado irá refletir-se numa alteração dos papéis urbanos desempenhados pelas cidades, e noutros casos, aprofundarão em intensidade os papéis que elas já desempenhavam. Noutras situações, pode ocorrer o contrário, e os efeitos podem ser de perda de funções económicas quando as cidades estiverem menos preparadas para atender as demandas dos agentes económicos que controlam a economia, sob a globalização. Conforme aponta Sposito (2006):

(...) é provável que, paralelamente à manutenção dos papéis regionais das cidades médias, de elos entre as cidades maiores e menores, a partir de fluxos de natureza hierárquica, tenham se estabelecido novos papéis, desenhados por fluxos de outros tipos, orientados por dinâmicas de complementaridade ou de concorrência entre cidades da mesma rede ou de redes urbanas diferentes (SPOSITO, 2006, p. 6).

sociedades e as economias se desenvolvem em territórios concretos e de modo desigual pelo mundo afora. Mas, na ótica das organizações e dos interesses sociais dominantes, a lógica e a dinâmica de desenvolvimento territorial são cada vez mais a-espaciais”.

3 As principais características dos diferentes modelos de produção

A maior transformação da globalização foi, sem dúvida, de tornar a financeirização como uma das características mais fortes do sistema capitalista global. Esta característica reflete-se, inclusive, nos tipos de crises que o sistema passa a enfrentar, como a que ocorreu em 2008. Diferentemente das crises de 1929 e da década de 1970 que foram de caráter do sistema produtivo, os anos de 1990 e o início do século XXI, mostrou novas formas de crise11, as crises financeiras.

Uno de los procesos que mejor identifican la evolución del sistema económico mundial en las tres últimas décadas es el de financiarización, en alusión a la evidente hegemonía que el capital y los mercados financieros han alcanzado en esta etapa y a su capacidad para dictar las normas de comportamiento a los restantes sectores económicos y las prioridades a los gobiernos. La economía financiera se ha convertido en la piedra angular del capitalismo global y, por tanto, también en el núcleo del reactor que implosionó a partir de 2007. Los excedentes acumulados durante un periodo de crecimiento de la economía internacional, que proporcionaron una notable liquidez al sistema, el rápido desarrollo de las tecnologías de información, que permitió la creación de un mercado de capitales continuo, de ámbito mundial, que opera en tiempo real y en algunos aspectos de forma semiautomática, junto a una creciente desregulación internacional que abrió esos mercados a un capital cada vez más móvil, se reforzaron mutuamente para impulsar el proceso. También contó con el soporte intelectual de un ejército de expertos armados de sofisticados modelos matemáticos que basaban sus análisis y previsiones en el supuesto neoclásico sobre la capacidad de autorregulación de los mercados financieros, mientras ignoraban de forma deliberada su histórica tendencia a la sucesión de manías, pánicos y cracs (…), al margen de cualquier comportamiento racional. (MENDÉZ, 2013, pg. 12-13).

O capitalismo financeiro, desconhecido durante as quatro décadas após a Segunda Guerra Mundial, alcançou um patamar na sua crise. Por outro lado, desde 1990, e em apenas duas décadas, vários países sofreram crises financeiras, tais como o Japão (1990), México e Rússia (1995), Tailândia, Indonésia, Malásia e Turquia (1997), Coreia do Sul e Brasil (1998), Argentina (2001) e finalmente todo o sistema mundial (2008), embora com maior intensidade nos EUA, nos países da Zona Euro e Islândia (KRUGMAN, 2009 apud MÉNDEZ 2013).

Mendéz (2013) sintetiza os principais fatores que condicionam uma crise financeira internacional, através de uma análise multiescalar, utilizando como exemplo a crise mundial de 2008, através da Figura 18.

11 Conforme afirma Méndez (2013) as crises são eventos recorrentes na evolução do sistema capitalista, cujo

desenvolvimento histórico é propenso a sucessão cíclica de fases de superprodução, sobreinvestimento e excesso de dívida. Os fenômenos do crescimento e da crise estão intimamente ligados, constituindo a própria forma de desenvolvimento das forças produtivas no modo de produção capitalista. As grandes crises são períodos de ruptura e mudança estrutural o esgotamento de um modelo de acumulação específico lança um conjunto de transformações que incluem uma natureza espacial.

Reestruturação produtiva e desenvolvimento local - o caso do Município de Toledo, Estado do Paraná, Brasil

98

Figura 18 - Causas para a ocorrência da crise internacional – interpretação multiescalar

Fonte: Mendéz (2013).

É necessário considerar fatores externos e internos ao próprio território. As transformações existentes nas cidades, como resultado da crise, são reflexo, primeiramente, dos processos estruturais que desafiam o modelo neoliberal de globalização das últimas décadas, permitindo o desenvolvimento desequilibrado do capital financeiro cujos excessos, na ausência de regulação, estão na origem. A crise financeira internacional, com a espiral de recessão desencadeada pela restrição de crédito para empresas e famílias, juntamente com os problemas da dívida privada e pública que afetam negativamente o investimento e o emprego, fornecem um quadro comum para a crise urbana. A crise de 2008 na Zona Euro e nos Estados Unidos da América foi particularmente intensa, apesar de ter afetado todo o sistema global, justificando que este assunto alcançasse uma dimensão internacional, embora com diferente importância e significados por região (MENDÉZ, 2013).

A crise de 2008 também mostrou que as estruturas e as dinâmicas económicas dos diferentes países e blocos económicos fizeram com que o reflexo da crise financeira fosse