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duzir-se por formas como did he corned? I did not went, he can to write

French. Mesmo ao nível de aprendentes avançados alguns destes erros

ainda surgem, podendo-se colher alguns exemplos disso no meu corpus. A nível da ortografia, podemos aí encontrar erros como *hobbys, *tryed,

*'applyes

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, a nível da morfologia, *lifes, *phenomens, *choosed, *leav

ed, tudo isto em aspectos gramaticais tradicionalmente considerados co

mo elementares.

Dado que estes erros ocorrem na produção de alunos que frequentam o seu último ano da carreira universitária, poderemos ser levados a con cluir que a recuperação já não e possível e tais formas se podem con-

siderar fossilizadas11*. Em minha opinião, essa interpretação seria de-

masiadamente fatalista. 0 próprio conceito de fossilização parece-me demasiadamente pessimista, dado que a sua aceitação corresponderia â conclusão de que há um ponto limite para além do qual não é possível aprender mais nada, linguisticamente. 0 que se não pode negar é que ca da língua tem os seus 'trouble spots', que originam erros intralin- guais. Esta realidade tem de ser assumida, procurando-se as adequadas soluções didácticas para a contrariar. Disso me ocuparei mais adiante. Talvez valha a pena ilustrar a estratégia da ultra-generalização — u m dos erros intralinguais mais típicos — , fornecendo alguns exemplos curiosos.

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b) * ... in a book or magazine related to Bothanics

A frase 1-a) revela claramente que a autora do erro domina um dos pro cessos de formação da negativa através do emprego do prefixo un — e que ê capaz de o empregar ou que está habituada a utilizã-lo. Por is- so, a semelhança do que, muito provavelmente, terá visto ou utilizado em compostos do género de unhappy, unfortunate ou unexpected, decidiu -se pela falsa generalização da regra a easeful, provocando o erro. Co mo diz Richards, "mais do que reflectir a incapacidade do aprendenti para separar duas línguas, os erros intralinguais e desenvolvimentais reflectem a competência do aprendente a um dado nível e ilustram algu mas das características gerais da aquisição de uma língua".(1971:205^ A frase 1-b) é, para efeitos de análise do erro, muito semelhante a 1-a) dado que nela se detecta um caso de inadequada generalização. 0 seu autor, familiarizado com a terminação -ics em palavras que desig- nam ciências, (linguistics, physics, phonetics, mathematics), partiu da palavra portuguesa botânica e aventurou-se pela anglicização dames ma através da forma que lhe pareceu mais plausível, isto é, *bothanics. No seu esforço de 'naturalizar' a palavra tentativa, fez seguir o tde um h, uma atitude de facto curiosa e que merece alguma meditação. Pelo facto de não ter correspondência em português, o som /e/ torna- -se muito característico e um tanto representativo do inglês. Como já referi, ele representa um dos sons difíceis para os aprendentes portu gueses. Dessa dificuldade e do contraste com os sons portugueses, ele acaba por receber uma atenção muito particular que conduz, frequente- mente, a uma utilização excessiva e incorrecta. Não e raro que, devi- do a auto-vigilância exercida, os alunos produzam /6/ em vez de /s/, exactamente ao contrário daquilo que seria mais natural ocorrer. Quan do se passa da oral para a escrita, o aluno não resiste a tendência para dar mais verosimilhança a qualquer termo que pretende lançar e deixa no papel algo parecido com aquilo que aconteceu com bothanics.

Em abono desta teoria, que carecerá, naturalmente, de confirmação mais científica, poderei referir outros exemplos de erros, detectados em provas de diferentes alunos, que se encontram entre as que serviram de base ao corpus deste trabalho. *At7zmosphere, *synthoms e *systhems fi guram na lista dos erros de ortografia. Não me restam dúvidas de que

se devem â tentativa dos aprendentes para darem as palavras uma maior autenticidade através daquilo a que chamei anglicização. Trata-se, a- lem disso, de um erro intralingual: é o resultado de uma caracterís- tica peculiar da propria L2 que interfere na produção de outra pala- vra supostamente existente nessa língua. De notar é ainda a circuns- tância de este tipo de erro se manifestar em palavras de grafia muito próxima das suas correspondentes em português. "Muitíssimas vezes ma- nifestamos a nossa surpresa quando um elemento da língua estrangeira é semelhante aquilo que temos na nossa própria língua", diz J. Fi-

siak 15. Ë esta surpresa que conduz a essa espécie de ultra-correcção,

produtora de erros. Por outro lado, os três últimos erros que apontei poderão confirmar a teoria daqueles que defendem que a interferência entre duas línguas muito próximas (ou duas formas muito próximas de duas línguas diferentes) ê muito maior do que quando a diferença é to tal (cf. Lin.:8).

Em teoria, os erros intralinguais são aqueles que todos os aprenden- tes, independentemente do seu 'background' linguístico, estão sujei-

tos a cometer 16. E isso porque os aspectos difíceis de uma língua se-

rão difíceis em qualquer parte onde ela for estudada. Em alguns dos estudos sobre erros a que tive acesso pude, em alguma medida, confir- mar esta teoria dado verificar-se uma grande semelhança entre alguns dos erros que coligi e aqueles que são relatados por Dú&ovl, na Che- coslováquia, Mukattash, na Jordânia, Carlbom e Olsson, na Suécia, Ef- stathiadis e King, na Grécia, Ghadessy, no Irão, para mencionar ape- nas alguns investigadores oriundos de grande diversidade de países. Em minha opinião, a grande coincidência nos erros cometidos por apren dentes de países tão diferentes é mais uma resultante das caracterís-

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ticas particulares da língua inglesa do que de um comportamento uni-