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19 - Pela forma como desenvolvi o meu raciocínio neste ponto particular, é

legítimo que o leitor conclua que o aluno não fez mais do que racioci- nar em português, primeiro, para traduzir para inglês, mais tarde. Por

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quanto admita que, atendendo ao nível de estudos em que se encontram, os alunos possam pensar directamente na L2, ao falar-se de interferên- cia, é inevitável considerar-se que a língua materna subjaz, permanen- temente, à elaboração das formas que resultam erradas.

- Tinha sido pedido ã aluna que imaginasse as suas próprias reacções se lhe saísse a lotaria. 0 termo notice foi empregado para significar a no

t-ícia recebida pela rádio que anunciara o numero premiado, o seu.

21 - Citado por V. Chagas, p. 368 .

22 _ A este propósito é sintomático um filme concebido para ilustrar a apli

cação de "Communication Games" de Don Byrne e Shelagh Rixon, que nos a- presenta um grupo multinacional de aprendentes a jogarem alguns dos jo gos. São visíveis os esforços e o entusiasmo dos alunos em relação a fa zerem-se compreender e compreenderem os colegas na L2, a única que era comum a todos eles. Visível também e o elevado número de erros que os alunos cometem. Interrogada, durante uma exibição de filme, sobre se os erros não eram corrigidos, S. Rixon respondeu que os erros eram secun- dários pois o que interessava era a comunicação e o entendimento das re gras do jogo, que estavam impressas em inglês e que os alunos tinham de consultar amiudamente.

É de salientar que a escola era em Londres e que, para além das aulas, os alunos continuavam a praticar a L2 em circunstâncias normais.

23 - NfcKeating diz que "alguns examinadores consideram que os erros que são

muito comuns são particularmente graves" (p. 212) e D. Palmer afirma que "a gravidade está relacionada com a frequência e não com as noções de dificuldade comunicativa" (1980:94).

2,1 - Para além de passar a ser vocábulo corrente, a fossilização constituiu

-se também em objecto de estudo isolado. Seiinker, desta vez com Lamen delia (1978), elaborou um plano de investigação que encara a fossiliza

ção sob varias perspectivas: natureza da fossilização, fontes de fossi lização, ponto de fossilização, objectes de fossilização , modo de fos silização, persistência da fossilização, candidatos ã fossilização (cf. pp. 149-151). Cada um destes aspectos levanta aos autores um conjunto de duvidas que se tornam pontos de partida para a investigação.

Isto é", a meu ver, um caso nítido de investigação pura, especulativa. 0 termo fossilização nasceu ligado a uma realidade - uma tonalidade na multifacetada serie de desvios verificáveis na produção de uma língua qualquer por aprendentes que a adquirem como estrangeira. Ao pensar-se com cuidado nas implicações práticas que os estudos referidos possam ter para a solução do problema que foi ponto de partida, isto é, para a eliminação (ou prevenção) dos erros que eles consideram fossilizados, pouco se descortina.

- IL = interlinguagem. Ver definição na p. 69 e ss. - Sublinhado no original.

- Seria interessante um estudo comparativo entre a competência na fase de discente e na fase de docente dos jovens professores de inglês com um ou dois anos de experiência. Tive numerosas oportunidades de verificar assinaláveis progressos entre estagiários que conheci. Alguns deles a- presentavam-se a estágio com inúmeras deficiências de toda a ordem, mes mo nos aspectos considerados elementares da língua inglesa. Passado ai gum tempo, mercê do cuidado posto na preparação das aulas que tinham quer dar, muitas das deficiências iam sendo eliminadas. A consciencia- lização do sistema passava a funcionar como 'monitora' da produção, as- sim assegurando maior correcção.

- A tradução do termo causou-me alguma dificuldade. InterHngua pareceu- -me igualmente aceitável, possivelmente ainda mais aceitável, dado a

1 interlanguage • representar uma posição entre as duas línguas: a Lie a

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gíria linguística anglo-saxonica, intevlingua , com significado ligeira mente diferente e com maiores implicações pedagógicas, fez-me decidir por intevlinguagem, reservando interlíngua para traduzir o termo pro- posto por James.

29 - M. Azevedo afirma que o estudo da IL de estudantes adiantados pode for

necer "informações relevantes para o ensino a nível elevado, tal como a que é* necessária para cursos de reciclagem de professores" (p. 218 ) .

30 - É oportuno voltar a lembrar que os conceitos de 'interlanguage' e 'in-

C A P Í T U L O

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2« A_análise_de_erros

f 2.1 O início dos estudos contrastivos

Para além de outras razões, uma razão histórica determina que não se fa- le de analise de erros sem se falar da análise contrastiva. De facto, co mo ramos da linguística aplicada, as duas surgiram, mais ou menos simul- taneamente, na década que se situa ao redor de 1957.

Nesse ano, o linguista norte-americano Robert Lado publicou "Linguistics Across Cultures", e a generalidade dos estudiosos da linguística consi- deram tal publicação como o ponto de partida da linguística contrastiva "como ramo sistemático da ciência linguística" (Nickel 1971:2). Para tal contribuiu, certamente, o método proposto por Lado, segundo o qual a aná lise comparada da LI e da L2 poderia ser realizada. No entanto, na opi- nião de alguns, os estudos contrastivos terão começado muito antes, embo

ra só nos anos quarenta lhes tenha sido dado o nome por que agora são mais frequentemente referidos: análise contrastiva.

Jacek Fisiak, por exemplo, declara que a AC "tem raízes que se estendem a muito antes dos anos cinquenta e mesmo dos anos quarenta. Embora ela não tenha recebido o nome actual antes de 1941 (Whorf), ela recua até à última década do séc. XIX e o início do séc. XX" (p. 3 ) . Tran - Thi - Chau diz que "os fundamentos teóricos da AC podem ser atribuídos âs obras de Haugen e Weinreich sobre bilinguismo publicadas em 1953" (pp. 122-3). C. James considera Weinreich "o fundador da Análise Contrastiva" (1981:62). Para além dos nomes e datas referidas, é perfeitamente admissível que, em

todos os tempos, os professores, de maneira mais ou menos empírica, sete nham debruçado sobre a comparação de duas línguas, especialmente, quando confrontados com os erros cometidos pelos seus alunos e para cuja correc çao os professores sempre carecem de quaisquer indicações sobre as razões que os motivaram.

Em minha opinião, um elemento concreto permitir-nos-ã ir muito mais lon- ge na procura das primeiras propostas para estudos comparativos de duas línguas. Essa proposta é de Coménio e data de 1632, altura em que o "pri meiro evangelista da pedagogia moderna" (Gomes:28) recomenda que "a nor- ma para escrever as regras de uma nova língua seja uma língua já conheci