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da, para que se mostre apenas a diferença daquela relativamente a esta 2

"Exponham-se, portanto, apenas aquelas coisas em que a língua grega se a- fasta da latina, já conhecida. Então será possível reduzir a gramática grega a algumas páginas; e tudo será mais distinto, mais fácil e mais só lido" ("Didáctica Magna", p. 335).

Esta citação contém, nomeadamente na parte sublinhada, o princípio bási- co da análise contrastiva. Se o conselho de Coménio tivesse sido seguido por quantos, no seu tempo e a partir dele, se têm debruçado sobre a pro- blemática do ensino das línguas estrangeiras, talvez esse ensino tivesse trilhado caminhos diferentes. Contudo, como aconteceu relativamente as restantes propostas que o profético pedagogo checo deixou espalhadas pe-

la sua vastíssima obra 3 , também a comparação da língua conhecida (quepo

de ser a língua materna) e a língua a aprender foi esquecida.

2.1.1 Fundamentos teóricos da análise contrastiva

Um dos princípios básicos da teoria proposta por Lado "assenta no prés suposto de que podemos prever e descrever as estruturas que causarão dificuldades na aprendizagem e aquelas que não causarão dificuldade a- través da comparação sistemática da língua e da cultura a aprender com

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tante princípio exprime-o Lado do seguinte modo:

"Partimos do princíçio de que o estudante que entra em contacto com uma língua estrangeira achara que alguns dos seus aspectos são completamente fáceis e outros extremamente difíceis. Aqueles elementos que são seme lhantes aos da sua língua materna ser-lhe-ão fáceis ê os elementos que são diferentes ser-lhe-ão difíceis"

(ibid.: 2).

Um terceiro aspecto salientado por Lado, já anteriormente referido a propósito da interferência da LI (ver p. 39), é o que reconhece a ten dência das pessoas para transferirem "as formas e os significados, bem como a distribuição dessas formas e significados, da língua materna e da sua cultura para a língua e cultura estrangeiras" (ib.).

A teoria do linguista norte-americano foi acolhida com extraordinário entusiasmo e, por toda a parte, começaram a ser realizados projectos de investigação linguística sob a forma de AC em que a língua inglesa desempenhava, quase sempre, o papel de segunda língua. Entre os mais conhecidos e que mais material forneceram contam-se: alemão - inglês

(PAKS), realizado em Kiel e Stuttgart; neerlandês-inglês, em Utrecht; sueco-inglês, em Lund; polaco-inglês, em Poznan; dinamarquês -inglês, Copenhaga; finlandês-inglês, em Jyváskylà; romeno-inglês, em Bucares- te; serbo-croata-inglês, em Zagrebe; húngaro- inglês, em Budapeste; francês-inglês, em Leuven. 0 Instituto de Manheim tem realizado estu-

dos contrastivos em que a língua alemã é utilizada como L25(cf. James

1980:205 e Sajaávara:35-37).

0 método seguido pela análise contrastiva começa, normalmente, pela es colha de um modelo de gramática, segundo o qual as duas línguas sãoa- nalisadas separadamente, "dividindo-se o mal jeitoso conceito de "uma

língua" em três áreas mais pequenas e mais manejáveis: os níveis da fonologia, gramática e léxico", seguindo-se a utilização "das catego- rias descritivas da linguística: unidade, estrutura, classe e siste- ma" (James, ob., cit.:27-28). Terminada esta fase preliminar, procede

-se a comparação dos resultados obtidos em cada uma das línguas, des- te modo se chegando â descoberta dos contrastes.

Foi no desejo de se encontrarem soluções para os problemas surgidos no processo de ensino/aprendizagem das línguas estrangeiras que a análi- se contrastiva teve origem. "0 professor que tenha feito a comparação da língua estrangeira com a língua materna dos estudantes terá maior consciência dos reais problemas da aprendizagem e pode mais facilmen- te tomar medidas para os superar" (Lado, ob. cit.:2). Através da pla- nificação das suas aulas, da concepção dos livros de textos, das téc- nicas didácticas a utilizar, o professor, recorrendo aos dados obti- dos por uma análise contrastiva - seja ela em grande escala, seja pon- tual e empírica - poderá acautelar e, eventualmente, superar situações anteriormente consideradas de ultrapassagem difícil. Por isso se diz que "a AC se preocupa mais com o ensino do que com a aprendizagem"(Ja mes 1980:12). Na verdade isso não poderia ser de maneira diferente, da do que a matéria de trabalho sobre que actuam os estudos contrastivos existe independentemente dos aprendentes. São os sistemas de cada uma das línguas, nas formas consideradas correctas, que o contrastivista utiliza na sua análise. 0 produto final desse estudo é facultado ao professor e este fará dele o uso que considerar mais adequado âs es- tratégias de ensino. Até aqui os aprendentes não intervêm no processo, surgindo apenas como destinatários das atitudes pedagogico-didácticas que vierem a ser concebidas. A sua intervenção poderá surgir mais tar de, quando, em função dos resultados obtidos, o professor decidir a- daptar os seus processos. Neste ponto, no entanto, já terá entrado em acção a análise de erros por se debruçar sobre a produção (errada) dos aprendentes.

Nem sempre os projectos de análise contrastiva realizados se mantive- ram fiéis ao propósito prático que Lado preconizara, embora todos eles, "inicialmente, anunciassem as aplicações pedagógicas como seu objectí

vo principal" (Sajaavara:35)6. Na realidade, alguns deles desviaram-

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alemão "concentrou-se nos problemas de aplicar a gramática generati-

va transformacional ã análise contrastiva; o projecto polaco "tem-se

orientado para os aspectos mais teóricos da análise contrastiva", o

projecto romeno encaminhou-se para a análise de erros, etc. (cf. Sa-

jaavara:35-37).

Em face desses resultados, poderá dizer-se que pouco material pedagó-