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E STRATÉGIA N ACIONAL DE C ONSERVAÇÃO DA N ATUREZA E

P ARTE II: P OLÍTICAS E P LANEAMENTO DO T URISMO EM

3. O RDENAMENTO DO T ERRITÓRIO E O T URISMO

3.2. E STRATÉGIA N ACIONAL DE C ONSERVAÇÃO DA N ATUREZA E

B

IODIVERSIDADE

Como já foi várias vezes referido, desde 1992, com a Cimeira do Rio, existe a preocupação de implementar medidas de conservação e protecção da natureza. Esta preocupação é devida à constante ameaça que o nosso planeta está a sofrer em termos de biodiversidade. Essa perda de biodiversidade é devida essencialmente à acção directa ou indirecta do Homem, que não consegue promover uma gestão sustentável dos recursos naturais (ENCNB, 2001). Ao perder-se esta biodiversidade, o desenvolvimento económico e social também é afectado, visto que os recursos naturais têm bastante importância em termos económicos, sociais, culturais, recreativos, estéticos, científicos e éticos (ENCNB, 2001).

Os países que ratificaram a Agenda 21 comprometeram-se a elaborar estratégias que visem alcançar uma maior protecção e conservação da natureza e biodiversidade,

para que seja possível salvaguardar os diversos elementos patrimoniais ambientais. Estas estratégias passam pela adopção de planos e programas internacionais e nacionais, com vista a integrar a conservação e a utilização sustentável da diversidade biológica.

Em Portugal foi também elaborada a Estratégia Nacional de Conservação da Natureza e Biodiversidade (2001). Este documento não pretende ser apenas o cumprimento de uma obrigação jurídica internacionalmente assumida por Portugal no contexto da Convenção da Diversidade Biológica mas também um documento integrador das diversas políticas que interferem na conservação da natureza e da biodiversidade (ENCNB, 2001).

Apresenta, para além das orientações no sentido da integração das diversas políticas em torno da conservação da natureza e biodiversidade, linhas orientadoras para a elaboração de planos de acção de forma a atingir os objectivos propostos. Além disso, a Estratégia Nacional de Conservação da Natureza e Biodiversidade elabora uma série de opções estratégicas5 com vista à promoção, conservação e protecção da

natureza e biodiversidade e à utilização sustentável dos recursos naturais. No quadro dos objectivos estipulados pela Estratégia Nacional de Conservação da Natureza e Biodiversidade são tratadas tanto as políticas para o litoral e ecossistemas marinhos, como para o turismo.

No que diz respeito à integração da política de conservação da natureza na política do turismo, a ENCNB refere a “necessidade de valorizar o turismo de natureza e o próprio conceito de turismo sustentável no planeamento estratégico da política de turismo, bem como no ordenamento e no desenvolvimento das actividades turísticas,

5 A Estratégia Nacional de Conservação da Natureza e Biodiversidade assume dez opções estratégicas

fundamentais (ENCNB, 2001):

1. Promover a investigação científica e o conhecimento sobre o património natural, bem como a monitorização de espécies, habitats e ecossistemas;

2. Constituir a Rede Fundamental de Conservação da Natureza e o Sistema Nacional de Áreas Classificadas, integrando neste a Rede Nacional de Áreas Protegidas;

3. Promover a valorização das áreas protegidas e assegurar a conservação do seu património natural, cultural e social;

4. Assegurar a conservação da natureza e a valorização do património natural dos sítios e das zonas de protecção especial integrados no processo da Rede Natura 2000;

5. Desenvolver em todo o território nacional acções específicas de conservação e gestão de espécies e habitats, bem como de salvaguarda e valorização do património paisagístico e dos elementos notáveis do património geológico, geomorfológico e paleontológico;

6. Promover a integração da política de conservação da natureza e do princípio da utilização sustentável dos recursos biológicos na política de ordenamento do território e nas diferentes políticas sectoriais;

7. Aperfeiçoar a articulação e a cooperação entre a administração central, regional e local; 8. Promover a educação e a formação em matéria de conservação da natureza e biodiversidade; 9. Assegurar a informação, sensibilização e participação do público, bem como mobilizar e incentivar

especialmente nas áreas protegidas e classificadas e nas demais zonas sensíveis, tais como zonas de montanha e ecossistemas costeiros e marinhos” (ENCNB, 2001).

Duas das opções estratégicas da ENCNB referem a extrema necessidade de promoção, valorização e conservação da natureza através da preservação das áreas protegidas e dos sítios e zonas de protecção especial integrados no processo da Rede Natura 2000 (opções 3 e 4 da estratégia).

Para o sector do turismo é especialmente importante a preservação e conservação da natureza, já que esta contribui muito significativamente para a valorização da oferta turística do nosso país.

Como é referido na Estratégia Nacional de Conservação da Natureza e Biodiversidade (ENCNB, 2001), Portugal possui uma linha de costa razoavelmente bem conservada e ainda com níveis de poluição relativamente baixos. Desta forma, é necessário preservar os ecossistemas costeiros e marinhos, pois estes apresentam uma grande riqueza em termos de valores faunísticos e florísticos, que são de extrema importância para o desenvolvimento sustentável, em termos ambientais, económicos e sociais das zonas costeiras, e de grande importância para o sector do turismo, que pretende tornar-se nestas áreas mais sustentável do que é actualmente. Assim, é necessário a integração das diversas políticas, como é o caso do ordenamento do território, e especialmente, o ordenamento do litoral. Este ordenamento é essencial pois tem em vista a consideração da capacidade de carga dos locais turísticos, que deve ser feita através da avaliação de impacte ambiental, de forma a perceber quais os limites aceitáveis dos locais sem perturbar o ambiente que se quer preservar.

Ainda em relação ao sector do turismo, a Estratégia refere a necessidade de “estabelecimento de códigos de conduta, de mecanismos de reconhecimento formal da qualidade ambiental da oferta turística e de programas adequados de formação” para atingir os objectivos de um desenvolvimento sustentável do turismo. Estes programas passam pela execução do Programa Nacional de Turismo de Natureza, que tem como objectivos principais a conservação da natureza, o desenvolvimento local sustentável e a diversificação e qualificação da actividade turística. É também uma acção prioritária concluir a execução do Programa Nacional de Sinalização das Áreas Protegidas, de forma a “conferir maior visibilidade às áreas protegidas e aos seus valores ambientais mais significativos, bem como aperfeiçoar o modelo de atendimento dos visitantes” (ENCNB, 2001).

No que se refere à política para o litoral e para os ecossistemas marinhos, é importante um correcto planeamento e gestão integrada das zonas costeiras, de forma

a poder utilizar-se mais sustentavelmente os ecossistemas costeiros e marinhos. Desta forma, é essencial a implementação dos instrumentos de intervenção já existentes, como é o caso dos Planos de Ordenamento da Orla Costeira (POOC). Estes planos não só estabelecem uma gestão do espaço, como promovem acções de defesa da costa e requalificação ambiental do litoral (ENCNB, 2001).

A Estratégia refere como principais acções para estas áreas a “recuperação das arribas litorais e dos ecossistemas dunares, o combate à erosão, a recarga e valorização das praias, a salvaguarda e requalificação de zonas estuarinas e lagunares”, bem como “a conclusão e plena implementação dos planos de ordenamento da orla costeira, a avaliação da capacidade de carga das zonas litorais, a consideração da Carta de Risco do Litoral, a inventariação das áreas críticas em termos de património geológico e paleontológico e da biodiversidade, o controlo e erradicação da flora exótica invasora dos cordões dunares e arribas e o reforço da fiscalização”, de forma a proceder-se a uma correcta gestão (integrada) das zonas costeiras.