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P ARTE II: P OLÍTICAS E P LANEAMENTO DO T URISMO EM

3. O RDENAMENTO DO T ERRITÓRIO E O T URISMO

3.4. P ROGRAMA F INISTERRA

O Programa FINISTERRA é um programa que tem em vista a intervenção na orla costeira continental portuguesa, de modo a atingir uma correcta gestão integrada das zonas costeiras. Este programa, aprovado em Janeiro de 2003 tem como principal objectivo a concretização das acções já previstas nos planos de ordenamento da orla costeira, bem como de outras acções previstas para o litoral. Dentro dessas acções destacamos a “requalificação das praias, em especial nas zonas com maior densidade de ocupação e procura, tais como as áreas metropolitanas e algumas zonas do Algarve, concretizando apoios de praia, acessos e estacionamentos, e nas áreas protegidas, em especial, promovendo a requalificação dunar e paisagística e a gestão ambiental”, bem como “ a protecção e valorização de áreas sensíveis, incidindo particularmente na protecção dos recursos marinhos e das zonas húmidas do litoral, como são as lagoas costeiras, áreas cruciais para a manutenção da diversidade biológica e para a sustentabilidade das actividades humanas” (FINISTERRA, 2003).

O Programa FINISTERRA expõe uma série de princípios orientadores para a concretização dos seus objectivos. Estes princípios servem essencialmente como orientação nas acções de requalificação, protecção e valorização da orla costeira, e

7 O programa FINISTERRA foi aprovado em 17 de Janeiro de 2003, como uma política para o litoral, num

quadro de gestão integrada das zonas costeiras, que visa atingir os seguintes objectivos:

- a adopção de medidas de requalificação do litoral, com prioridade para as intervenções que visem a remoção dos factores que atentam contra a segurança de pessoas e bens ou contra valores ambientais em risco;

- a incentivação da requalificação ambiental das lagoas costeiras e de outras áreas degradadas e a regeneração de praias e sistemas dunares;

- o estabelecimento de um sistema permanente de monitorização das zonas costeiras, que permita identificar e caracterizar as alterações nelas verificadas;

- a promoção de uma nova dinâmica de gestão integrada, ordenamento, requalificação e valorização das zonas costeiras;

- a promoção de uma reforma dos regimes jurídicos aplicáveis ao litoral.

A visão estratégica da implementação da política do litoral implica dois níveis de intervenção. O primeiro nível corresponde a uma tarefa de fundo que integra as acções associadas à definição de uma política para o litoral:

- a elaboração de uma estratégia para a requalificação, ordenamento e gestão do litoral, que enquadre as directrizes da União Europeia relativas à Gestão Integrada das Zonas Costeiras e conduza a um programa de desenvolvimento integrado das faixas costeiras, de carácter inter-sectorial, em estreita articulação com a política das cidades, do turismo, da conservação da natureza, da agricultura, da floresta e dos espaços rústicos em geral;

- a definição das necessárias alterações legislativas: a elaboração da lei de bases do litoral, o planeamento da orla costeira no âmbito da revisão dos instrumentos de gestão territorial, a reavaliação do conceito de faixa costeira, a redefinição das áreas de jurisdição das diferentes entidades públicas com competências na gestão da orla costeira, por exemplo, das autoridades marítimo-portuárias, o que inclui, também, um novo modelo de gestão do domínio público marítimo. O segundo nível de intervenção corresponde à gestão do litoral, com especial destaque para a execução das medidas e acções previstas nos planos de ordenamento da orla costeira (Resolução do Conselho de Ministros 129-R/2002, aprovado em 17 de Janeiro de 2003)

regem-se de forma a agilizar e integrar o conjunto de processos de intervenção nestas zonas.

Foram definidas 6 tipologias e linhas de intervenção pelo Programa FINISTERRA: • Defesa Costeira/ Zonas de Risco;

• Requalificação de praias e sistemas dunares;

• Requalificação urbana, ambiental e defesa do património cultural;

• Zonas húmidas e lagoas costeiras – infra-estruturas de apoio às actividades produtivas;

• Sensibilização ambiental; • Estudos e monitorização.

Dentro das diferentes tipologias e linhas de intervenção do Programa FINISTERRA, vamos destacar aquelas que nos parecem designadas para o sector do turismo e conservação e protecção das zonas costeiras.

No que diz respeito à requalificação de praias e sistemas dunares, o Programa FINISTERRA propõe acções de intervenção que “passam pela criação e delimitação de acessos e estacionamentos, pela colocação de vedações, paliçadas e passadiços sobreelevados, e ainda a reposição de vegetação dunar, a colocação de painéis informativos, a criação de percursos pedonais e eventuais acções de alimentação artificial de praias”, com o objectivo de atingir um desenvolvimento de um turismo sustentável, com a valorização do património natural, e também um aproveitamento e usufruto correcto das zonas costeiras. Além destas medidas, o programa refere a necessidade de criar condições de apoio à respectiva utilização pública das praias e a gestão ambiental destas, onde se inclui a “implementação de sistemas de recolha de lixo, limpeza e desinfecção do areal e ligação à rede pública de saneamento dos sistemas de drenagem de águas residuais” (FINISTERRA, 2003).

De acordo com a requalificação urbana, ambiental e defesa do património cultural, é importante que se tomem medidas de defesa e valorização do património cultural existente nas diversas zonas costeiras de Portugal, pois este aspecto é também um atractivo para o sector do turismo, que poderá trazer mais valias económicas a estas regiões. Para atingir este objectivo é necessário a elaboração de planos de pormenor, planos de urbanização e dos projectos de intervenção previstos nos POOC’s (FINISTERRA, 2003), para que as áreas degradadas e mesmo as estruturas ilegais existentes sejam identificadas, de forma a se proceder à sua requalificação e demolição, respectivamente.

A sensibilização ambiental é algo que é fundamental para que se possa atingir um desenvolvimento sustentável de qualquer região. Desta forma, são propostas algumas acções pelo Programa FINISTERRA, que além de serem fundamentais para a sensibilização ambiental da população em geral, servem ainda de apoio às actividades turísticas que se podem realizar nas zonas costeiras, e assim diversificar as formas de turismo. Estas acções passam pela criação de roteiros da costa, recuperação e criação de centros de educação ambiental ligados à orla costeira, promoção de percursos do litoral e construção de passadiços, passeios pedestres, equestres e ciclovias, concepção e publicação de folhetos, audiovisuais e painéis informativos ligados à orla costeira, entre outros (FINISTERRA, 2003).

A última tipologia e linha de intervenção diz respeito a estudos de monitorização, que deverão ser realizados de forma a avaliar o estado da orla costeira portuguesa para que se possam efectuar as intervenções mais adequadas.

Espera-se com este programa uma aplicação mais coerente e integrada dos vários planos existentes para as zonas costeiras, possibilitando assim um desenvolvimento mais sustentável e um correcto ordenamento, planeamento e defesa destas áreas que, como sabemos, são muito frágeis.