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P ROGRAMA DE T URISMO S USTENTÁVEL 1 M ETODOLOGIA

P ARTE IV: T URISMO S USTENTÁVEL – E COTURISMO OU T URISMO

3. P ROGRAMA DE T URISMO S USTENTÁVEL 1 M ETODOLOGIA

A base metodológica para a formulação do Programa de Turismo Sustentável incluiu os seguintes momentos:

a) Reconhecimento de campo com a elaboração de registos cartográficos e fotográficos e uma breve caracterização biofísica e sócio-económica;

b) Discussão com o Executivo Municipal acerca das estratégias em curso no processo de desenvolvimento do sector do turismo e dos objectivos propostos pelo programa;

c) Avaliação das dinâmicas instaladas, o que existe, quem procura, que necessidades se sentem. Tal avaliação foi feita com recurso a conversas com associações, com visitantes e promotores turísticos;

d) Discussão com técnicos municipais e da ex-DRAOT-Centro no âmbito do Projecto Eco-Mira

Destes momentos e da sistematização da informação e das sensibilidades recolhidas, foi possível estruturar: um Programa de Turismo Sustentável, considerando um conjunto de objectivos de partida e identificando um conjunto de acções a realizar, chegando à definição de uma estrutura operacional que garanta a implementação do referido programa enquadrado nos critérios enunciados pela Agenda 21 e noutros documentos referentes ao Desenvolvimento Sustentável.

3.2. A

DEFINIÇÃO DE OBJECTIVOS

Se considerarmos o quadro de recursos e potencialidades naturais do concelho, se atendermos ao facto de que nas últimas décadas o sector do turismo foi e continua a ser um dos principais sectores da base económica local e se acreditarmos que é nas especificidades e singularidades da oferta proporcionada que um sector se pode afirmar concorrencialmente, tanto no contexto regional como nacional ou mesmo internacional, poderemos ambicionar para a definição e implementação de um Programa de Turismo Sustentável concelhio o papel de orientação estratégica prioritária no processo de gestão do desenvolvimento local.

É este desafio que pretendemos lançar ao propor um Programa de Turismo Sustentável em Mira. Propõe-se que o Programa seja alicerçado em três pilares estruturantes:

• Valorização do património natural e cultural locais com forte incidência na preservação e protecção dos sistemas naturais;

• Desenvolvimento / Atractividade com forte incidência económica

• Sensibilização / Conhecimento com forte incidência cívica ou educacional O primeiro pilar traduz a necessidade de ter sempre presente o máximo respeito pelo equilíbrio entre os diversos sistemas em especial o natural e o humano pelas capacidades de carga do sistema; o segundo procura afirmar o papel do sector na base económica local, atraindo mais turistas, oferecendo produtos turísticos alternativos, gerando mais receitas porque naturalmente e paralelamente induzirá novos investimentos em diversas áreas, e dinamizando a economia local; e finalmente, o terceiro procura educar, sensibilizar o visitante e o residente para a importância dos recursos, do seu significado, da sua história na história local e da sua importância no contexto global da preservação.

Ao elaborar um programa de Turismo Sustentável onde este equilíbrio seja estável e em que se consiga ainda envolver a população directamente na sua implementação, poderemos ter dado um primeiro passo para demonstrar que é possível desenvolver, preservando, gerar receitas e dinamizar um sector económico disponibilizando conhecimento e valorizando os recursos locais, contribuindo assim para o desenvolvimento sustentável do concelho.

Recuando agora às notas introdutórias poderemos sustentar que o Programa de Turismo Sustentável poderá ser implementado, no caso do concelho de Mira, dentro de uma Agenda 21 Local e atendendo às orientações desses instrumentos, deve permitir atingir os seguintes objectivos:

• Melhorar o planeamento e a gestão ambiental do concelho, essencialmente na Praia de Mira, pois esta área está a perder a sua capacidade de atracção aos visitantes, muito pela desorganização e decadência urbana do ordenamento existente;

• Conservar e promover os recursos naturais e culturais do concelho, dando- lhes o significado que estes merecem e enaltecendo as qualidades que o

• Ter em conta a capacidade de carga da região, de modo a que esta não seja ultrapassada, o que acontece sobretudo durante a época estival;

• Promover o uso dos produtos locais, implementando também a valorização de novos produtos turísticos, através do aproveitamento das potencialidades do concelho;

• Aproveitar os recursos humanos existentes no concelho, não apenas como mão-de-obra, mas também pelo conhecimento que muitos poderão ter da região em que habitam;

• Promover uma relação saudável entre os turistas e as populações locais; • Educar, treinar e alertar tanto as populações locais como os visitantes para

um uso mais sustentável dos recursos e para uma maior consciencialização ambiental, de forma a aumentar a sensibilização para a conservação da natureza.

Estas medidas, ao serem implementadas, levarão a que haja uma oportunidade de aumentar a sensibilidade dos turistas para a importância de manter a biodiversidade nas áreas mais sensíveis e em áreas que devem ser protegidas pela sua importância em termos de conservação da natureza. Além disso, estas medidas poderão servir para ajudar a estabelecer um ordenamento e gestão dos recursos naturais costeiros e do próprio espaço litoral.

3.3. A

S

Á

REAS

C

HAVE DO

P

ROGRAMA

O objectivo geral do programa de turismo sustentável para o concelho de Mira é o de contribuir para o desenvolvimento da base económica local, valorizando o seu património ambiental, reconhecendo a necessidade de promover uma melhor aproximação à capacidade de carga da região, bem como aos seus limiares de utilização, de forma a estabelecer uma relação equilibrada e sustentada entre desenvolvimento e conservação da natureza.

É necessário que este se assuma como coerente, estruturado e atractivo. Para isso deve apresentar-se perceptível na sua globalidade, e mais importante ainda, é necessário que garanta durante todo o ano uma programação de actividades e de acontecimentos capazes de gerar atracção e interesse.

É evidente que deverá ser a Câmara Municipal (CM) o líder do programa, essencialmente numa primeira fase de arranque que será, sem dúvida, a fase

determinante. Será a CM a defini-lo e a encontrar parcerias junto das instituições e associações locais e mesmo de possíveis parceiros privados.

O programa, que aqui muito superficialmente se apresenta, terá como ideia-base o conceito de rede, significando que deverá existir um elemento físico de ligação entre as diversas acções, que nos levarão a explorar as singularidades naturais deste território. Este estrutura-se em seis Áreas Chave, interligadas entre si e que na globalidade constituem o produto turístico a ser divulgado. São as seguintes:

a) Pista Ciclável e Pedonal; elemento físico já existente que assume também o papel de elemento estruturador porque garante uma ligação física entre as diferentes componentes do programa;

b) Percursos Temáticos; A definição destes percursos pedestres visa permitir descobrir os elementos naturais mais importantes do concelho. O sistema dunar, o sistema florestal e o sistema hídrico onde pontificam ainda os inúmeros moinhos. Quem os percorrer pode ter acesso a múltiplas informações acerca da fauna, flora e formas de vida da população locais, desde a importância dos moinhos aos processos e técnicas usadas na florestação do sistema dunar Mira-Quiaios;

c) Circuitos; associados à pista ciclável, mas que informam das possibilidades de percorrer a rede das casas florestais (deve discutir-se com a Direcção Geral de Florestas a recuperação deste património para fins culturais) ou visitar as três lagoas e a Ria.

d) Desportos da Natureza; que integram um conjunto de actividades já hoje esporadicamente realizadas por diversas associações mas que importa que sejam anualmente programadas e calendarizadas de uma forma concertada de forma a constituírem um produto atractivo;

e) Equipamentos; que constituem os acontecimentos de interesse para quem pretende actividades de lazer, desde o Eco-Museu, ao Jardim das Dunas ou ao Parque Botânico…

f) Educação Ambiental; que é transversal a todas as actividades e é presença permanente em todas as fases do programa. Integra todo o conjunto de informação

Percursos Temáticos Circuitos Desporto de Natureza Náuticos BTT Orientação Pinhal Dunas

Moinhos Casas Florestais 3 Lagoas e Ria

Equipamentos Educação Ambiental •Ecomuseu •Museu Etnográfico •Casa do Artesanato •Campo escola Escutista •Parque de Campismo •Jardim das Dunas •Parque Botânico •Acções de divulgação do património natural •Acções de formação e informação •Envolvimento das escolas •Envolvimento das associações ambientais •Envolvimento da população local