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Programa de Turismo Sustentável em MiraPrograma de Turismo Sustentável em Mira

3.3.2. P ERCURSOS T EMÁTICOS

A existência de diversas potencialidades naturais no concelho, tais como o extenso pinhal das dunas de Mira, a Barrinha e a Lagoa e ainda o cordão dunar, e também algumas características do património construído, como por exemplo os moinhos de água, as casas de guarda-florestal, as casas gandaresas, entre outras, faz do concelho de Mira um local propício para a existência de diversos percursos pedestres, que podem funcionar como potenciadores do turismo e ainda como meio de dar a conhecer o vasto património natural e construído existente, através da sua correcta divulgação (Anexo XIII).

Os percursos pedestres são destinados a diversas actividades, como é o caso do turismo, desporto de natureza e ainda promoção e divulgação através de actividades de educação ambiental e cultural.

No que diz respeito ao turismo, o pedestrianismo pode ser considerado uma actividade ligada às novas tendências do turismo, que passam pela utilização dos espaços de uma forma mais sustentável e com uma aproximação dos turistas à natureza. Esta aproximação leva a que existam determinados cuidados que devem ser tidos em conta pelos turistas e pelos dinamizadores desta forma de turismo. Assim, o pedestrianismo promove um turismo mais activo, mais “verde” e mais natural (CEFD, 2001). É ainda uma forma de dinamizar o turismo em áreas em que esta actividade é pouco desenvolvida, ou mesmo em áreas em que o turismo é muito massificado, como é o caso das zonas costeiras. Além de ser uma forma de rentabilizar a oferta hoteleira, restauração, entre outras, durante todo o ano, é uma actividade que permite um contacto directo com a natureza, promovendo a sensibilização ambiental e a conservação e protecção da natureza. É ainda uma actividade que fomenta a observação das espécies faunísticas e florísticas existentes, de forma a conhecer o património ambiental de determinada região.

Para a implementação de percursos pedestres numa determinada região, é fundamental ter em atenção determinadas características que estes devem seguir. Para isso, a Federação Portuguesa de Campismo elaborou normas e regras para a implementação e marcação dos diversos tipos de percursos pedestres (Anexo XII).

Estes percursos depois de serem definidos e objecto do respectivo projecto, devem ser enviados para o Registo Nacional de Percursos Pedestres para serem avaliados e homologados (CEFD, 2001).

3.3.2.1. P

INHAIS DE

M

IRA

Existem determinadas áreas no pinhal de Mira que são propícias à criação destes percursos, que podem ser usados como percursos turísticos. Pelo levantamento de campo realizado foi possível verificar a existência de vários locais que passamos a analisar.

A norte do concelho, mais propriamente na freguesia do Seixo de Mira, existe uma área florestal bastante rica em termos de biodiversidade. Esta área apresenta-se, para nós, como uma das potenciais áreas para a criação de um percurso pedestre florestal. São várias as espécies de flora existentes que podem ser observadas, representada por espécies características das zonas húmidas que proporcionam às diferentes comunidades de seres vivos, alimento, refúgio e local de nidificação como o pinheiro-bravo, o samouco ou as acácias. Este percurso poderia ser realizado em circuito, tendo início e fim no mesmo local, perto do “Viveimira” e iria até perto do

Palhal (Figura 28). É necessário que o percurso seja demarcado na respectiva área, de forma a conduzir os seus visitantes e percorrer o percurso estabelecido, evitando, deste modo, a degradação das zonas circundantes. Deveriam, para tal, ser colocados postos de observação de fauna e flora durante o percurso, bem como placas informativas acerca das espécies que se poderiam ir observando.

Outro exemplo seria a criação de um circuito lagunar à volta da Lagoa (Figura 28), onde podiam ser observadas espécies de flora e fauna características das zonas lagunares, como é o caso do lírio-amarelo-dos-pântanos, a tabua, o caniço, a galinha- de-água, a garça-real e os mergulhões.

Desta forma, existem determinadas propostas que podem ser realizadas nesta área, as quais a seguir apresentamos:

a. Trilho da Natureza:

i. Pista de ciclo-turismo;

ii. Circuitos de observação da fauna e flora do concelho; iii. Zonas de Lazer;

iv. Áreas de observação da fauna (com o equipamento necessário). b. Percurso de Orientação;

c. Circuitos de BTT;

d. Áreas de recreio e lazer (parques de merenda, etc.)

3.3.2.2. T

RILHO DAS

D

UNAS

Outro percurso que propomos seria o trilho pelas dunas de Mira. Já que o concelho possui um extenso cordão dunar que se encontra relativamente bem preservado. Seria interessante a demarcação de trilhos que permitissem aos visitantes a observação desta paisagem e ainda que levassem a que estes tomassem consciência da importância da manutenção destas áreas como protecção das populações costeiras, bem como das espécies que nela existem. Para isso seria necessário a existência de postos de observação, bem como locais de apoio e de informação aos visitantes. Promovendo-se este tipo de turismo está também a promover-se uma consciencialização da população, bem como a sua educação para o ambiente. Assim, as principais medidas a tomar seriam as seguintes:

1.1.1. Criação de um trilho de observação da flora das dunas;

1.1.2. Criação de áreas de observação com colocação de placas informativas.

3.3.2.3. T

RILHO DOS

M

OINHOS

A pista ciclável e pedonal permite que os visitantes do concelho entrem em contacto com a natureza da região, bem como lhes proporciona um passeio ambientalmente saudável entre estas povoações, com a possibilidade de observação de algumas espécies naturais e também com a possibilidade de entrarem em contacto com algum do património construído, como é o caso dos moinhos de água, que se estendem por quase todo o sistema hídrico do concelho. Desta forma, pensamos que seria necessário a recuperação dos moinhos existentes na região, bem como a sua

revitalização. Muitos dos moinhos, ainda que sendo privados, poderiam ser revitalizados e postos em funcionamento, de acordo com um programa que deveria ser estabelecido juntamente com as autoridades responsáveis na protecção e promoção da região.

No entanto, seria interessante o prolongamento da pista ciclável de forma a serem observados todos os moinhos existentes, mesmo os que ficam mais no interior do concelho. Este prolongamento da pista permitiria ainda a observação de outro vasto património construído que são as típicas casas gandaresas. É claro que seria também necessário uma recuperação destas casas, através da ajuda das entidades responsáveis aos proprietários. Propomos então que se realizem as seguintes tarefas:

a. Revitalização de todos os moinhos do concelho;

b. Percursos pelas “Valas de Mira”, onde se incluem os diversos moinhos;

c. Funcionamento dos moinhos como museus, onde fosse explicado para que serviam e como funcionavam antigamente.

3.3.3. C

IRCUITOS

Os circuitos constituem percursos associados à pista ciclável mas com pontos de partida e orientados por um conjunto de informação que lhes garantem uma coerência global. O circuito das casas florestais permite percorrer cada um destes notáveis edifícios que devem ter um programa e um uso público. Cada casa pode ser uma peça de uma unidade museológica que o visitante vai “construindo” à medida que a vai percorrendo. O circuito das 3 lagoas e da ria permite observar a importância do sistema hídrico neste concelho e como a fauna e a flora se manifestam (Anexo XIII).

3.3.3.1. C

ASAS DE

G

UARDA

-F

LORESTAL

As casas de guarda-florestal constituem um património de grande interesse existente no concelho. Algumas delas são casas privadas, dos respectivos guardas, no entanto existem outras que se encontram abandonadas e completamente degradadas. Estas casas deveriam ser recuperadas e englobadas no projecto Eco-Mira14 de forma a

14 O projecto ECO-MIRA, definido pela parceria Câmara Municipal de Mira e ex-DRAOT-Centro tem como

principais objectivos:

1. “criação de alternativas ao uso da praia e do litoral; 2. fomentar a descoberta sustentável do património natural;

servirem como casas de apoio ou extensões do Ecomuseu que o complementassem. Outra proposta que poderia ser viável para estas casas de guarda-florestal seria a criação de Centros de Lazer ou de Repouso, para que os visitantes da região pudessem pernoitar ou apenas descansar enquanto percorriam os trilhos existentes no concelho. Para tal, seria necessário que as entidades responsáveis por estas casas disponibilizassem meios ou criassem parcerias para viabilizar a concretização da proposta.

3.3.3.2. A

S TRÊS LAGOAS E A

R

IA

As Lagoas existentes no concelho, Barrinha, Lagoa de Mira e Lago do Mar, constituem um dos principais atractivos ambientais desta região. No entanto, estas áreas lagunares encontram-se muito poluídas. Assim, seria necessário e urgente proceder-se à limpeza da Barrinha (já previsto no POOC) e também à limpeza da Lagoa de Mira e Valas que aí desaguam. Todo o concelho é percorrido por diversas valas, que podem ser utilizadas para fazer descidas de canoagem se forem periodicamente limpas e desassoreadas. Assim, além de se estar a incentivar a população, tanto local como visitante para a prática de desporto, também se estaria a promover uma forma de turismo sustentável, e que possibilitaria aos visitantes um conhecimento mais aprofundado das características naturais do concelho. Além disso, este sistema lagunar encontra-se dentro do grande sistema que é a conhecida Ria de Aveiro. Seria interessante promover-se a criação de circuitos que passassem pela visita das lagoas existentes no concelho de Mira, e que, através da cooperação com os outros municípios, fosse feita uma ligação a todo o sistema lagunar, de forma a valorizar este recurso natural e a promover a sua conservação.