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entorno onde a escola está inserida e estabelecessem uma parceria com essa comunidade. Os saberes da academia não são superiores aos dos cidadãos comuns, são diferentes e podem se complementar.

2.7 ECOSSISTEMA MANGUEZAL

O Brasil possui um litoral muito diversificado ao longo dos seus 7.408 km de extensão, que vai desde a desembocadura do rio Oiapoque (04°52’45”N) ao Arroio Chuí (33°45’10”S), com uma sucessão de ecossistemas, que varia entre campos de dunas, ilhas, recifes, costões rochosos, baías, estuários, brejos, falésias e baixios. Alguns deles, como praias, restingas, lagunas e manguezais, apesar de ocorrência constante, apresentam tal variedade biótica que a aparente homogeneidade em suas fácies ecológica apenas oculta especificidades florísticas e faunísticas vinculadas às gêneses diferenciadas dos ambientes em tão longo trecho litorâneo (CIMA, 1991).

Os manguezais ocorrem na zona tropical e subtropical do planeta, em áreas estuarinas, no encontro do rio com o mar. No Brasil ele ocupa as áreas costeiras do estado do Amapá ao estado de Santa Catarina. O manguezal é um dos ecossistemas mais produtivos e mais resilientes do mundo, porém vem sofrendo em virtude da falta de planejamento urbano, problema que atinge inúmeras cidades brasileiras. A definição adotada para descrever esse ecossistema foi desenvolvida por Novelli (1995), uma das maiores autoridades do Brasil no que concerne ao tema manguezal

Ecossistema costeiro, de transição entre os ambientes terrestre e marinho, característicos de regiões tropicais e subtropicais, sujeito ao regime de marés. É constituído de espécies vegetais lenhosas típicas (angiospermas), além de micro e macroalgas (criptógamas), adaptadas à flutuação de salinidade e caracterizadas por colonizarem sedimentos predominantemente lodosos, com baixos teores de oxigênio [...]. Ocorre em regiões costeiras abrigadas e apresenta condições propícias para alimentação, proteção e reprodução de muitas espécies animais, sendo considerado importante transformador de nutrientes em matéria orgânica e gerador de bens e serviços (NOVELLI, 1995, p. 07).

Figura 01 – Distribuição dos manguezais no Brasil

Fonte: professorridaltovaz.blogspot.com acessado dia 25/06/16

Entre os recursos naturais do Estado do Espírito Santo, destacam-se as áreas de manguezal por retratarem um patrimônio importante, pois constituem zonas de elevada produtividade biológica. Ocupam uma área aproximada de 70 km², sendo os bosques mais extensos encontrados no entorno da Baía de Vitória e nos estuários dos rios Piraquê-Açu e São Mateus (VALE; FERREIRA, 1998).

Conforme informações retiradas do site oficial da PMC, o manguezal de Cariacica se localiza entre um dos rios mais importantes do Espírito Santo, o Santa Maria da Vitória, com 122 quilômetros até sua foz. Os manguezais apresentam em toda sua extensão porções de áreas bem preservadas que são utilizadas por diversas famílias que sobrevivem da pesca e da coleta de caranguejos e crustáceos. A foz deste rio é dividida em dois braços, uma que deságua na Praia de Camburi, no município de Vitória; e outro, conhecido como braço sul, que contorna toda a baía de Cariacica, até desaguar no mar.

O site oficial da PMC também fala sobre o rio Bubu, que nasce na Reserva Florestal de Duas Bocas, na porção oeste do município e desemboca no braço sul do rio Santa Maria da Vitória, após um curso de cerca de 18 km. Ele percorre um trajeto bastante urbanizado e atravessa os bairros de Flexal e Vila Prudêncio, ambos localizados em Cariacica.

Figura 2 – Manguezal de Cariacica

Fonte: Arquivo pessoal da autora, 2016

Segundo o Guia “Os Maravilhosos Manguezais do Brasil” (2008), o litoral brasileiro apresenta quatro espécies de vegetação, que são denominadas de mangue: Rhizophora mangle (mangue vermelho), Laguncularia racemosa (mangue branco), Avicenia schaueriana (mangue preto, canoé) e Conocarpus erectus (mangue de botão). Em Cariacica há uma predominância do mangue vermelho, sendo encontrado um número menor de indivíduos das outras espécies que foram citadas acima. Em relação à tolerância ao sal pelas plantas, Fernandes e Peria (1995) verificaram que o gênero Rhizophora, é menos tolerante (desenvolvendo-se melhor em locais onde há 50 partes de sal por 1.000 partes de água), sendo o gênero Avicennia mais tolerante (conseguindo sobreviver em locais onde as águas intersticiais chegam a conter 65 a 90 partes de sal por 1.000 partes de água ) e Laguncularia com tolerância intermediária.

Figura 3 – Mangue Vermelho em Cariacica

Em conformidade com o guia “Os Maravilhosos Manguezais do Brasil” (2008), a fauna possui uma grande variedade e é encontrada no corpo aquático, no substrato lodoso, nos troncos e copas das árvores. Na água, encontraremos siris, peixes e camarões, no sedimento é possível identificar anelídeos, moluscos e crustáceos. Sobre o sedimento, pode-se observar mamíferos e na vegetação encontram-se moluscos, crustáceos, insetos, e aracnídeos. O interessante é que as aves habitam por todos os meios, em determinados momentos elas estão em busca de alimentos na água ou nos sedimentos decantados e na camada lamosa, e em outros elas se abrigam ou se reproduzem no mangue.

Figura 4 – Alguns exemplares da fauna do manguezal de Cariacica

Fonte: Arquivo pessoal da autora, 2016

Os manguezais são de suma importância econômica, ecológica, cultural e pedagógica para as populações humanas, sobretudo para aquelas que se encontram no seu entorno, na sua área de influência ou sobrevivem do extrativismo dos frutos desse ecossistema. Por apresentar uma quantidade e variedade de alimentos considerável, o manguezal é utilizado pela espécie humana desde a pré- história.

O Holoceno2 é caracterizado por uma dinâmica ambiental fortemente relacionada às flutuações do nível do mar. Como resposta a essas oscilações, desenvolveram-se, ao longo do tempo e do espaço, morfologias

2

Segundo Wagner Costa Ribeiro o Holoceno começou há cerca de 10 mil anos e é marcado a partir da última glaciação que tivemos.

costeiras de cordões arenosos, terraços marinhos, linhas de praias etc. Tais feições foram utilizadas pelos grupos pré-históricos não só como local de assentamento, mas também para obtenção de alimentos. As planícies de maré podem ser divididas em inferior e superior. A primeira compreende a vegetação arbórea e arbustiva do manguezal e a segunda corresponde a uma área que é banhada apenas pelas marés de sizígia sendo em grande parte desprovida de vegetais superiores porém bastante freqüentada pelos caranguejos. Estas áreas, na língua indígena, são chamadas de "apicuns" e foram muito utilizadas pelo homem pré-histórico como local de fixação. O manguezal tem um papel importante para o homem desde a pré-história em razão da abundância de recursos alimentares que fornece. Assim, além de ter o mar, os rios e os lagos ou lagoas como sua principal fonte de recursos, o homem era capaz de obter nas matas, nos campos, nos manguezais e nas restingas diversos produtos vegetais que complementavam sua dieta alimentar ou serviam como carvão, ou como matéria prima para confecção, por exemplo, de currais de pesca. Porém, a grande importância do manguezal está em ele se constituir em um criadouro natural além de servir de abrigo para diversas espécies de peixes, camarões, caranguejos e outros. Daí a grande quantidade de sítios arqueológicos do tipo sambaqui que são encontrados dentro e/ou próximo do manguezal. (Secretaria do Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, 2001, p. 15-16).

Os manguezais exercem funções, produtos e atributos que ajudam a manter o equilíbrio dos processos físicos, químicos, biológicos e sociais do planeta. A importância dos manguezais que serão descritas a seguir foram baseadas no guia didático elaborado pela PMC em parceria com o Instituto Bioma Brasil, “Os Maravilhosos Manguezais do Brasil” (2008) e no livro “Manguezais Educar Para Proteger” (2001), produzido pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Rio de Janeiro em parceria com o Ministério do Meio Ambiente. Comentaremos algumas de suas funções como:

 Os manguezais retêm os sedimentos que são carreados pelos rios, impedindo o assoreamento de áreas costeiras e impedindo que alguns poluentes utilizados principalmente na produção agrícola cheguem até o mar. Esses sedimentos somam-se ao substrato facilitando a ocupação e reprodução da vegetação.

 Ação depuradora funciona como filtro biológico onde bactérias aeróbias e anaeróbias agem sobre a matéria orgânica ocasionando a fixação e imobilização de partículas contaminadas, como metais pesados.

vegetação, sendo considerada a principal fonte de carbono do ecossistema.

 Renovação da biomassa costeira, pois suas águas tranquilas são ricas em nutrientes e ideais para reprodução e desenvolvimento de inúmeras espécies da fauna como crustáceos e peixes. É compreendido como berçário natural.

 São áreas de alimentação, abrigo, nidificação e repouso de aves. Estas podem ser endêmicas, visitantes ou migratórias. Sendo assim, esse ecossistema contribui para a manutenção da diversidade biológica.

 Oferece seguridade alimentar a diversas famílias que dependem da proteína animal ofertada por ele.

 Turismo devido a sua grande beleza cênica, recreação e lazer. A sugestão é que as atividades desenvolvidas devem ser planejadas, respeitando o ambiente e acompanhadas por alguém que conheça bem a dinâmica desse ecossistema. Os turistas poderão tecer um novo olhar sobre o ambiente estando em contato direto com ele.

 Atividades educativas podem ser desenvolvidas, visto que, representa um laboratório natural e pode auxiliar para que os estudantes e pesquisadores conheçam, despertem o sentimento de comunhão entre os seres, ame, e repeitem o manguezal.

 A pesca artesanal e também parte da pesca industrial estão intimamente ligadas aos manguezais, eles oferecem abrigo, alimento e proteção em alguma fase do ciclo da vida a diversos peixes e crustáceos.

 A apicultura pode ser desenvolvida nos bosques de mangue, em particular nos bosques onde predominam as siriúbas, já que, sua flor possui um odor típico de mel atraindo as abelhas.

 Representa valores culturais que foram construídos ao longo dos anos por comunidades tradicionais que desenvolveram suas técnicas, lendas, expressões, crenças, construíram suas histórias no mundo da lama.

O trabalho pretende reconhecer a importância da preservação dos manguezais para a manutenção da cultura e sobrevivência do modo de vida adotado por inúmeras famílias cariaciquenses, enfatizando o valor desses povos para manterem vivos os conhecimentos produzidos de geração em geração, conhecimentos que só o convívio diário e constante pode proporcionar.

Figura 5 – Família coletando sururu – Cariacica-ES

Fonte: Arquivo pessoal da autora, 2016

Os manguezais também sofrem com o processo de degradação antrópica que ocorre diariamente, pois eles representam locais oportunos para o estabelecimento de alguns empreendimentos que atendem aos interesses individuais em detrimento aos interesses coletivos.

Novelli (1995) destaca algumas dessas condições favoráveis:

 Disponibilidade de água, elemento fundamental ao processo industrial, como das indústrias siderúrgicas, petroquímicas e centrais nucleares.

 Permite despejo de rejeitos sanitários, industriais, de mineração e/ou agrícolas;

 A localização próxima a portos que facilita a importação de matérias primas e a exportação de produtos;

 Pressão do mercado imobiliário;

 Construção de marinas.

Os manguezais de Cariacica estão sujeitos a essas condições que podem variar de acordo com mercado, premissa de funcionamento da nossa economia, ainda mais se levarmos em consideração que as áreas que envolvem esse ecossistema estão fragilizadas.

O município de Cariacica - E.S possui um grande território ocupado por manguezais. Em 2007, foram criadas duas unidades protegidas destinadas à conservação dos mesmos: a Reserva de Desenvolvimento Sustentável Municipal dos Manguezais de Cariacica (740,51 ha) e o Parque Natural Municipal Manguezais do Itanguá (31,34 ha). Porém vale ressaltar que, como o plano de manejo das duas áreas supracitadas não foi elaborado até o atual momento, e os seus limites territoriais não foram cercados, elas se encontram em uma situação vulnerável ao desmatamento, aterro, pesca predatória, despejo de lixo e esgoto, entre outros. Isso compromete todas as formas de vida que dependem da manutenção equilibrada desse ecossistema.

Nesse contexto torna-se muito importante apresentar todo o potencial ecológico, produtivo e paisagístico que envolve os manguezais em questão, a fim de, possibilitar novas leituras de mundo.

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1 A PESQUISA

Trata-se de uma pesquisa qualitativa, do tipo estudo de caso, no qual se insere um estudo etnográfico. Neste caso pretendemos descrever alguns saberes culturais de um grupo social minoritário, o que acaba criando uma proximidade com as pessoas que fazem parte do processo. Mas a aplicação do termo etnográfico requer atenção já que, foi introduzido por educadores a partir da década de 70, em décadas anteriores era empregado principalmente por antropólogos e sociólogos. “A utilização do termo deve ser feita de forma cuidadosa, já que no processo de transplante para a área de educação ele sofreu uma série de adaptações, afastando-se mais ou menos do seu sentido original” (LÜDKE; ANDRÉ, 1986, P. 13).

A pesquisadora esteve diretamente lidando com os participantes no meio natural onde vivem e desenvolvem suas intrincadas relações sociais, para compreender o contexto onde ocorre a construção de conhecimentos. Os seus registros foram compostos por diário de campo, entrevistas, gravações, depoimentos, fotografias, questionários, entre outros.

A pesquisa do tipo qualitativa segundo Bogdan e Biklen (1982) apud Lüdke & André, 1986) possui cinco características básicas:

1- O ambiente natural é sua fonte direta de dados e o pesquisador seu principal instrumento, a pesquisa qualitativa “envolve a obtenção de dados descritivos, obtidos no contato direto do pesquisador com a situação estudada, enfatiza mais o processo que o produto e se preocupa em retratar a perspectiva dos participantes” (LÜDKE; ANDRÉ, 1986, p. 11).

2- Os dados coletados são predominantemente descritivos, “o material obtido nessas pesquisas é rico em descrições de pessoas, situações, acontecimentos; inclui

transcrições de entrevistas e de depoimentos, fotografias, desenhos e extrato de vários tipos de documentos” (LÜDKE; ANDRÉ, 1986, p. 12).

3- A preocupação com o processo é muito maior do que com o produto, “o interesse do pesquisador ao estudar um determinado problema é verificar como ele se manifesta nas atividades, nos procedimentos e nas interações cotidianas” (LÜDKE; ANDRÉ, 1986, p. 12).

4- O “significado” que as pessoas dão às coisas e à sua vida são focos de atenção especial pelo pesquisador. “Ao considerar os diferentes pontos de vista dos participantes, os estudos qualitativos permitem iluminar o dinamismo interno das situações, geralmente inacessível ao observador externo” (LÜDKE; ANDRÉ, 1986, p. 12).

5- A análise dos dados tende a seguir um processo indutivo. “Os pesquisadores não se preocupam em buscar evidências que comprovem hipóteses definidas antes do início dos estudos. As abstrações se formam ou se consolidam basicamente a partir da inspeção dos dados num processo de baixo para cima” (LÜDKE; ANDRÉ, 1986, p. 13).

Foi realizada uma revisão de literatura focada em autores e artigos alusivos ao tema vigente, onde foi possível reconhecer características comuns nas relações entre escola/vozes de grupos sociais minoritários/saber científico.

A dissertação está organizada em seis capítulos, sendo o primeiro capítulo dedicado a apresentação da trajetória acadêmica e profissional da pesquisadora, assim como a exibição do problema e objetivos da pesquisa.

O segundo capítulo é destinado à fundamentação teórica que subsidiou a elaboração da investigação por meio de concepções da pedagogia histórico-crítica, da teoria da complexidade e da educação ambiental crítica, princípios imprescindíveis para a condução do estudo proposto.

O terceiro capítulo trata dos procedimentos metodológicos, revelando como é caracterizada a pesquisa, em que contexto ocorre, pormenorizando o perfil da escola, do local e dos sujeitos envolvidos, bem como, a produção de dados.

O quarto capítulo enfatiza a análise e discussão dos dados. Os dados produzidos foram categorizados segundo Laurence Bardin (2009) e articulados aos principais referenciais teóricos, estabelecendo um diálogo entre eles.

O quinto capítulo descreve como está estruturado o Produto Educativo, quais são os temas abordados e as possibilidades pedagógicas de utilização do material.

O sexto e último capítulo evidencia as considerações finais, compondo um panorama a respeito dos objetivos propostos e dos resultados alcançados.

3.2 CONTEXTO DA INVESTIGAÇÃO

Cariacica é um dos sete municípios que compõem a Grande Vitória, sua área está estimada em 277 km². As principais vias de ligação ao município são a BR 262 e a BR 101, sua sede se situa a 21 km da capital do estado do Espírito Santo (E.S). Limita-se com Vitória e Vila Velha a Leste, a oeste com Domingos Martins, a sul com Guarapari, a norte com Serra e a noroeste com Santa Leopoldina. A BR-262 dá acesso à Vitória e Vila Velha e a BR-101, dá acesso à Viana, trecho conhecido como Rodovia do Contorno, onde há grandes indústrias e empresas de logística. O centro urbano abriga uma enorme área comercial, mas, a região rural se estende por um amplo território e é marcada pela diversidade natural, especialmente aos pés do Monte Mochuara, um dos principais pontos turísticos da cidade. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2010) o município é de origem indígena e com influências das culturas negras e europeia, é um dos representantes da miscigenação brasileira. De acordo com os antigos habitantes, o nome surgiu da expressão Cari-jaci-caá, utilizada pelos índios para identificar o porto onde desembarcavam os imigrantes. Significa chegada do homem branco. Sua população está estimada em 348.738 pessoas, sendo que 337.643 residem na área urbana do

município e 11.095 residem na área rural do mesmo. É considerado um dos municípios mais populosos do estado.

A tabela (1) abaixo representa a faixa etária dos moradores do município e por meio dela pudemos verificar que Cariacica é composto por uma população em sua maioria jovem.

Tabela 1 – Faixa etária dos moradores de Cariacica-ES

Faixa etária População Porcentagem

0 a 4 anos 1246 9% 0 a 14 anos 4099 29.6% 15 a 64 anos 9168 66.2% 65 anos e + 568 4.1%

Fonte: IBGE, 2010. *Números aproximados devido aos cálculos de porcentagem

Figura 6 – Mapa do Brasil destacando o Espírito Santo

Figura 7 – Mapa do Espírito Santo localizando o município de Cariacica

Fonte: Aplicativo Google Earth – Image © 2015CNES / Astrium.

O município de Cariacica possui cem bairros e quatro associações de pescadores artesanais. Essas associações se localizam em três bairros distintos, porém próximos uns dos outros, possibilitando aos associados uma boa comunicação entre si. Os bairros são Nova Rosa da Penha, Nova Canaã e Porto de Santana. Conversando com os respectivos Presidentes das associações, pudemos identificar que não há uma periodicidade estipulada para que haja reuniões entre os membros, as mesmas só ocorrem se houver alguma informação por parte do Governo Federal, distribuição de algum benefício ou uma demanda de cadastro para recebimento de alimentos. Sendo assim, ficou praticamente impossível realizar a pesquisa via associação. A pesquisa foi desenvolvida por adesão dos pescadores artesanais que se disponibilizaram a participar do processo de produção de dados.

Os bairros foram eleitos por proximidade com a área de manguezal, visto que possuem uma grande tradição na pesca e existem inúmeras famílias que sobrevivem dos frutos produzidos pela maré, são eles Porto de Santana e Nova Canaã.

O bairro Porto de Santana banhado pela baía de Cariacica se formou a partir da ocupação de uma área da Prefeitura de Vitória, segundo moradores mais antigos. Possui uma população estimada em 6.733 pessoas segundo o censo (2010) e apresenta um comércio desenvolvido e diversificado, estando entre um dos bairros que mais se destaca no setor terciário do município. Sua orla é bastante frequentada

por moradores do próprio bairro e dos bairros vizinhos que praticam atividades físicas como pedalar, caminhadas ao ar livre e contemplação da paisagem. Além disso, a orla também é bastante atraente para quem gosta de pescar e desfrutar de alguns esportes náuticos.

Figura 8 – Bairro Porto de Santana

Fonte: Aplicativo Google Earth – Image © 2015CNES / Astrium.

O bairro Nova Canaã foi fundado em 1979, é banhado pelo rio Bubu que nasce próximo ao monte Mochuara, e segundo o IBGE (2010) possui uma população de 2.662 moradores. É um bairro mais residencial, com pequenos comércios, e se assemelha a uma cidade típica do interior.

Figura 9 – Bairro Nova Canaã

Os bairros supracitados surgiram a partir do aterro de áreas de manguezal. Observando sua ocupação e conversando com moradores antigos essa

suposição se confirma. No contexto da investigação também aproximaremos o leitor desse ecossistema, comentaremos suas principais características, funções, importância e sua área de abrangência no Brasil e em Cariacica.