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4 RESULTADOS

4.2 SISTEMATIZAÇÃO DOS SABERES DOS(AS) PESCADORES(AS) E

Quando se realiza uma investigação desta natureza, nos deparamos com situações e respostas que vão além das nossas expectativas, o que se configura como uma verdadeira lição de vida, e embora empenhássemos esforços para descrever todos os conhecimentos transcritos, vai ser impossível transmitir as conversas que ocorreram quando o gravador estava desligado, em especial nos momentos iniciais para que os entrevistados ficassem bem tranquilos, ou nos momentos pós- entrevista, onde eles já se sentiam familiarizados em nossa presença. Mas o fato é que esta é uma tentativa de eternizar histórias, memórias, sabedorias e características culturais de um grupo de pessoas muito expressivo para nossa sociedade. “A atividade pesqueira deu origem a inúmeras culturas litorâneas regionais ligadas à pesca […]” (DIEGUES, 1999, p. 362).

Durante as entrevistas averiguou-se que os pescadores possuem uma ligação muito íntima com os períodos cíclicos da natureza, pois eles adotam um modo de vida peculiar, que não segue a rotina urbano-industrial.

[…] grande parte das florestas tropicais e outros ecossistemas ainda não destruídos pela invasão capitalista é, em grande parte, habitada por tipos de sociedades diferentes das industrializadas, isto é, por sociedades de extrativistas, ribeirinhos, grupos e nações indígenas. Muitas delas ainda não foram totalmente incorporadas à lógica do lucro e do mercado, organizando parcela considerável de sua produção em torno da auto-subsistência. Sua relação com a natureza, em muitos casos, é de verdadeira simbiose, e o uso dos recursos naturais só pode ser entendido dentro de uma lógica mais ampla de reprodução social e cultural, distinta da existente na sociedade capitalista (DIEGUES, 1999, p.79).

Os saberes dos pescadores artesanais representam a possibilidade de uma EA que considera toda uma conjuntura e estão sistematizados a seguir (Quadro 6).

Quadro 6 - Fenômenos ou elementos naturais descritos pelos(as) pescadores(as) e marisqueiros(as), caracterização dos saberes e suas interferências no meio e na vida dos envolvidos.

SABERES

Fenômenos/ elementos naturais

Tipos de saberes Influências

Marés Maré de enchente, de vazante, de lançamento, morta, quebra para morta, maré espraiando, grande, baixa, alta.

Correnteza, navegação, no horário da pesca, quantidade de maruí.

Lua Minguante, nova, cheia, crescente. Na altura da maré, no tamanho do marisco e no tipo de peixe a disposição, na quantidade do pescado e na correnteza.

Vento Nordeste, nordestão, norte, sul, leste. Navegação, agita as águas, o mar fica grosso, aumenta as ondas, deixa as águas tranquilas, não produz ondas, na disponibilidade de peixes.

Localização Onde estão os pesqueiros, o melhor horário para localizar os mariscos, peixes e camarões, temperatura das águas.

Na quantidade e tipos de peixes pescados, precisão na retirada dos mariscos, melhor aproveitamento do tempo de trabalho.

Período reprodutivo Tipos de peixes disponíveis e meses do período reprodutivo das espécies, tempo de duração do defeso, mariscos que podem ser coletados, período da desova do camarão, período de andada,dos caranguejos, ausência de fiscalização dos órgãos públicos responsáveis.

Na rotina de trabalho, renda familiar, interrupção da coleta de mariscos e da pesca, maior quantidade de indivíduos de uma determinada espécie em uma determinada época do ano, pescado mais manso e maior.

Cadeia alimentar Sabem que não se pode pescar filhotes, que é preciso manter o equilíbrio do ambiente para continuidade da vida.

Disponibilidade e tamanho dos mariscos e pescado.

Beneficiamento Como manter os mariscos e os peixes frescos, como retirar as casquinhas do sururu, como manter o camarão vivo, quais são as etapas para que o marisco fique pronto para o consumo e comercialização, como abrir ostras.

Melhor qualidade do pescado e mariscos.

Saúde e higiene Noção de valores nutricionais dos mariscos, destino adequado das partes dos mariscos e peixes que não são consumidas, percepção de tempo em que mariscos e peixes podem ficar fora da geladeira e sem congelar.

Na qualidade de mariscos e peixes comercializados.

Produção de ferramentas artesanais

Confecção de tarrafas, iscas artificiais e naturais, anzóis, apetrechos para facilitar a retirada do sururu da casca, adaptação de bombona para coleta de mariscos.

Diminuição no custo da pesca, maior aproveitamento. Apropriação de métodos tradicionais no manejo do ambiente.

Preservação Importância de se preservar o manguezal para a manutenção das diversas formas de vida, para o sustento de suas famílias, para perpetuação de sua cultura e de seu modo de vida, conhecem os impactos negativos causados pela pesca de balão, consciência da ausência do Estado na fiscalização dos baloeiros, ciência de que espécies da fauna e da flora podem desaparecer, de que alguns profissionais contribuem para a destruição do ambiente, de que os mariscos precisam estar maiores para serem coletados.

Poluição das águas, invasão desmatamento, aterro, lixo cuidado com os animais de uma maneira geral, proibição da pesca do camarão lameirão, riqueza da maré, conhecimento da fauna e da flora, diminuição do número de indivíduos de espécies da fauna e da flora.

Legislação/Prática Social/ Direitos Humanos

Conhecem seus direitos e deveres, todos possuem carteirinha de pescador artesanal.

Sazonalidade do pescado, período de defeso, tipo de pesca, local de retirada de mariscos e pesca, petrechos que podem ser portados, tipo de rede, tipo de embarcação, tempo para aposentadoria.

Fonte: Elaborado pela autora 2016

Algumas declarações descritas a seguir irão legitimar que as pessoas entrevistadas possuem saberes oriundos de conhecimentos transmitidos como herança de pai para filho e que os anos de idas e vindas com a maré criou uma correlação entre eles e o meio, ecossistema que possui grande significado e dá sentido as suas vidas. As falas foram selecionadas a partir dos saberes elencados.

Vento: O vento por exemplo, é o ar que está em movimento, ele possui uma

determinada velocidade e direção, mas a intensidade do vento depende de alguns fatores,quais sejam: pressão atmosférica apresentada em cada lugar, radiação solar, umidade do ar e evaporação.

O vento pode ser caracterizado como brisa, quando ele sopra suave, como ventania quando ele está forte, monção que no verão sopra do mar para o continente acompanhado de fortes chuvas, vendaval quando atinge altas velocidades e são destrutivos, ciclone onde correntes de ar circulares convergem da borda para o centro e provocam tempestades, os ciclones também recebem o nome de furacão, tufão, tornado e Willy-willy, de acordo com a região de origem.

[...] Na meteorologia, a velocidade e a direção do vento, juntamente com a temperatura, a umidade e a pressão do ar atmosférico, são as variáveis mais importantes empregadas na descrição meteorológica da atmosfera

terrestre. O vento, como agente meteorológico, atua nas modificações das condições do tempo, sendo responsável pelo transporte de umidade e de energia na atmosfera (MARTINS et al., 2007, p.1304-3).

Pesc. 01 – “Esse vento, esse vento é leste, o vento leste também é forte. Esse

agora, o vento sul, quando é o vento sul, é muito forte entendeu? As onda é agitada né, fica mais difícil de conduzir, na condução né. O vento mais forte a condução é ruim de navegar, entendeu? Por causa das ondas, a onda vem é maior, mas mesmo assim a gente navega”.

Pesc. 02 – “Quando tá ventando muito, o vento sul aí a gente num vai não, tá

muito pirigoso o mar, fica muito agitado, as ondas muito alta, aí vai navegá entra água dentro do barco, é uma tribulação aí fica meio difícil”.

Pesc. 03 – “O vento norte pra nóis é ideal, norte, o sul já era, virô vento sul esfria, chove, num é bom pra nóis, a água bate muito, dá muita onda. Lugá que cê vê a água limpinha, paradinha, aquilo dá onda quase dá altura desse sofá, o norte é ideal cê entendeu? O sul não. O norte tanto pra peixe, o peixe aparece, o peixe come, já virô sul o peixe some, não come, desaparece, isfria, isfria tudo. Até pra gente fica ruim, vem chuva, vem gripe, intão num adianta, o norte é ideal, é o vento, o vento bom”.

Pesc. 04 – “O vento norte, não nordestão, é norte, purque tem norte e nordestão,

esse nordestão não serve, é o norte, o vento norte é o melhô vento pra pescá. Tanto faiz na água doce, tanto faiz em alto mar, todos dois lugar é bom pra pescar entendeu? Some, desaparece tudo. Olha, essa semana o vento sul bateu, eu já fui pescá com vento sul, peguei uns peixinho até mais ou meno, quando o vento sul veio de novo, batia a linha assim e o peixe desapareceu todo, parecia que no rio num existia mais peixe, nem um, eu fiquei com o camarão ali batendo, batendo, batendo, mais num vinha um peixe e no dia anterior eu tinha pegado uns deiz quilo dele. No dia seguinte nenhum, o vento sul bateu sumiu tudo, parece que limpô assim o rio, tirô o peixe todinho”.

Pesc. 05 – “É esse aí eu acho que tá batendo, é o vento sul. O vento sul ninguém

pode saí de casa que ele é brabo. É a merma coisa de barco de fora aí, ele neim sai do porto, a mesma coisa é nóis. Nóis pode saí, mais sabendo que vai corrê risco de voltá entendeu? Ele é perigoso, corre um risco danado”.

Pesc. 06 – “Vento sul, vento sul num é bom pra pescar cum vento sul não,

ninguém gosta de pescar com vento sul. O vento sul é o vento mais frio que tem, é o vento mais frio e você pegar um peixe com vento sul difícil, ele espanta o peixe. No vento sul ninguém gosta de pescar não. Essa época fria agora é direto, mais vento sul do que tudo é essa época”.

Pesc. 07 – “É igual tá hoje entrou o vento sul, aí a pescaria fica mais difícil né a

gente quase não sai com o tempo assim não porque o mar fica meio agitado né, fica mais grosso aí a gente evita um pouco de pegar mar grosso”.

Relação da Lua com as marés: As marés são os movimentos de subida e descida

das águas dos mares e dos rios e a maré alta e baixa ocorre a partir do movimento de rotação da Terra, variando o horário da preamar e da baixa-mar nas diferentes regiões do planeta. No entanto, a maré também é consequência da atração gravitacional da Lua e do Sol e sofre alterações de um dia para o outro. Salientamos que o Sol possui massa muito superior a do nosso satélite natural, todavia a Lua exerce uma influência maior do que o Sol nas águas devido a menor distância que se encontra da Terra. Além dos fatores astronômicos, existem outros que são determinantes para as marés que são pressões atmosféricas, ventos e agitação marítima.

Segundo Pugh (1987, apud NUNES, 2007, p.26) “A compreensão científica sobre a origem das marés esta fundamentada na Teoria da Gravitação Universal, de Isaac Newton (1642-1727), que permitiu a explicação de inúmeros, e fundamentais, aspectos do comportamento das marés. Comportamento este cujas singularidades, em cada local específico, são governadas pelas complexas respostas do oceano às forças gravitacionais”.

Uma das espécies de caranguejo mais consumidas no litoral do Brasil é o Ucides cordatus (caranguejo Uçá), por seu elevado grau de importância socioeconômica nós o elegemos para exemplificar como a Lua e maré influem na reprodução dos animais e como o conhecimento dos ciclos da natureza é fundamental para sua preservação. Autores como Freire (1988) apresentam informações importantes de que as fêmeas liberam as larvas principalmente antes da maré vazante de sizígia, que são as marés mais altas e que geralmente coincidem com a Lua cheia ou nova.

Sant’anna (2006) revela que existe interação entre vários fatores ambientais que provocam a intensidade da andada e estão relacionados à temperatura do ar/água, luminosidade e luas nova e cheia.

Pesc. 01 – “É como eu falei né, depende da maré, ou seja, se a maré tá dando

cedo, por exemplo hoje, nóis vimo que a maré tava vazia de manhã, mas tava enchendo, porque é uma maré morta, então quando é uma maré morta ela demora enchê”.

Pesc. 08 – “Quando ela tá vazando, quando ela está vazando, é observá o horário

dela que tem assim maré, que quando a maré é grande ela di manhã ela tá cheiona e tá vazando di manhã, aí como ela tá agora maré morta, ela vaza divagazinho e não enche dimais, ela esvazeia poco e enche divagá, tudo divagazinho entendeu?”.

Pesc 06 – “Marco o horário, o horário que ela tá vazia, o horário que ela tá cheia, o

horário que ela tá enchendo, o horário que ela tá vazando. A maré muda... cada enchente, cada vazante muda meia hora, de meia hora a uma hora que ela muda. Ela vaza... hoje se ela vazar oito hora, amanhã é nove horas”.

Pesc. 07 – “Geralmente eu olho o site de previsão do tempo e a Lua. Como eu tô

indo todo o dia então tem um horário certo de sair, final de vazante, final de enchente, a gente sabe mais ou menos. Igual agora a maré está de enchente, eu sei que a maré está de enchente a maré hoje vai encher até umas cinco horas da tarde, cinco e meia mais ou menos”.

Pesc. 05 – “Tem época que ela fica morta e teim veiz que ela cresce, é as duas

maré, maré morta e maré grande”.

Pesc. 03 – “A maré morta é melhor purque num puxa tanto entendeu, ela quebra

fica morta e num teim tanta carrera, num corre tanto, essa é a melhor maré pra gente purque num teim carrera da correnteza entendeu?”

Pesc. 06 – “Maré saindo de morta, a maré tava morta, agora ela tá de lançamento,

ela tá crescendo. Ela tava parada, ela num enche nem esvazia, aí agora ela tá crescendo, aí os maruí ataca, é a força da Lua. Aí na força da Lua eles ataca mesmo”.

Pesc. 07 – “Muito... Na Lua cheia a maré tá grande e você pesca um tipo de peixe,

com a maré morta é outro tipo de pescaria, cada Lua tem uma pescaria que a gente faz”.

Pesc. 02 – “Com certeza, influencia sim, agora a Lua tá crescente ela é mais ou

menos boa pru marisco num é muito boa não, agora quando tivé no dia da Lua cheia aí o sururu tá tudo grande, tudo gordinho, então influencia muito. Influencia na maré também, agora a maré tá indo pra maré grande, quando ela tivé cá bem cheinha”...

Pesc. 05 – “Na Lua cheia e a na Lua nova ele tá gordinho... No período frio ele

some, fica pequeno”.

Período do defeso: Existe no ambiente estuarino inúmeros animais, que são

residentes, semi-residentes, visitantes regulares ou oportunistas. A fauna varia desde a escala microscópica até grandes mamíferos e répteis e o ciclo reprodutivo dos animais ocorrem em épocas diferentes uma das outras de acordo com as espécies, varia de região para região ou até mesmo de um estado para outro. Com vistas a resguardar o ciclo de reprodução da fauna, manter o equilíbrio ambiental das espécies, assegurar os estoques pesqueiros para as comunidades litorâneas e manter um consumo responsável, foi criado o defeso. Defeso é o período do ano em que ficam proibidos a captura, o transporte, o armazenamento, o beneficiamento e a comercialização de uma determinada espécie marinha. O defeso é anual e instituído por Portarias do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), variando conforme gênero.

Defeso é uma medida que visa proteger os organismos aquáticos durante as fases mais críticas de seus ciclos de vida, como a época de sua reprodução ou ainda de seu maior crescimento. Dessa forma, o período de defeso favorece a sustentabilidade do uso dos estoques pesqueiros e evita a pesca quando os peixes estão mais vulneráveis à captura, por estarem reunidos em cardumes (Ministério do Meio Ambiente).

Pesc. 03 – “Existe assim em quantidade, às vezes o peixe tá maió, não em

quantidade, às vezes em final di ano... tá ociliando, num bate assim de ano a ano num bate, vamô supô se ano passado deu em dezembro, o otro ano num dá, num bate entendeu, tá assim variando. Antigamente batia direitim, di mêis a mêis assim: mêis de agosto foi bom, esse mêis também, esse ano também, mais agora tá ociliando, num tá batendo assim, tá variando. Até o mar você vê que esse tempo atráis, esse ano eu vi uma mudança que eu nunca vi na minha vida entendeu, eu nunca vi. Eu vi aí parecê água viva du tamanho da cabeça da gente, as água viva num tinha, tinha, de véiz in quando cê via, mais raridade vamô dizê assim, in um ano vamu botá in um ano você via aí umas cinquenta, olhe lá ainda, ah teve um mêis aí que você contava mais de quinhentas. Quer dizer, uma vareação muito grande, coisa que mudô muito e a água super gelada, gelada mesmo igual água de alto mar, essa água num ficava gelada assim, pur aí você vê que o peixe já sumiu também, eu achei muito istranho intendeu, eu achei muito istranho. Geral, não só aqui como lá no Rio também eu vi isso, essa diferença, isso aí eu istranhei muito”.

Pesc. 04 – “Tem o defeso, o período é de outubro à março né, até abril, mais nóis

conta de outubro à março, são quatro mêis. Respeito purque é o meu dom respeitá a natureza. Se a gente fô tirando, tirando, tirando desordenadamente... ó eu tenho dezoito bisneto, eu tenho dezoito bisneto, esses bisneto os filhos dele não vão alcaçar um sururu, uma ostra, um peixe, um caranguejo, um siri, um aratu, uma amexa que é um remédio. Aquele remédio cálcio D é feito da concha da amexa, então ao invés de comprá o remédio, a gente já come uma muqueca mermo já, então é isso”.

Pesc. 03 – “Tem, tem o defeso né, que é o que, novembro pra dezembro né, teim

defeso que é quatro mêis. Aí você num pode pescá, tem o defeso. Aí no caso é pra qualquer espécie de peixe, que é a piracema nu caso você num pode pescá. Quatro mêis fecha a pesca, piracema no caso, aí cê tem que pará de pescá. Aí nesse prazo cê tem que pará de pescá, aí você tem que apruveitá e fazê o quê? Arrumá um barco, uma tarrafa... enfim, botá suas coisas tudo im dia direitim o que teim que fazê, pra quando cê retorná quando abri, no caso quando abri, pescá”.

Pesc. 06 – “Novembro, dezembro janeiro e fevereiro. Você tem que repeitá, se

num respeitá perde, pega hoje a que vai criar como vai reproduzir amanhã? Difícil! Nem todo o mundo respeita o defeso”.

Pesc. 08 – “O período de defeso do camarão são quatro meses, que são meis de

setembro, outubro, novembro e dezembro, quatro meses né, que aí a gente para de pescar porque é a produção do camarão né, então você tem que pará. Aí nós ganhamos pelo governo né os pescadores que tem que ficar no defeso quatro meses. Por que quando eles faiz esse defeso, que eles falam defeso aqui, o defeso do camarão é pra prosperar o camarão, na época de botar, da fêmea botar entendeu? Então por isso que eles dão esses meses, três meses quatro meis pra produzir mais, porque se você vai e pega os fiotinho, cabou tudo num tem jeito”.

Pesc. 02 – “É, mais aí igual a esse sururu aqui, ele não é igual ao mexilhão lá de

fora não, ele é diferente. Essa licença que eu pego é pro mexilhão, eu mexo com ele também. Na época do defeso ele tá o que? Ele tá produzindo, então não pode pegar. E já esse sururu aqui ele é diferente, esse aqui não tem defeso dele”.

Pesc. 01 – “Olha, o defeso mesmo que eles proíbe aí é do mexilhão, ahh o

mexilhão tem defeso porém, pra eles lá o governo lá, o negócio do defeso aí, o mexilhão e o sururu pra eles é a mesma coisa, ou seja, se eu for rancar um mexilhão na pedra que é bem maior eles identifica como sururu mais num é o sururu, o sururu mesmo é do mangue entendeu? O mexilhão ele dá na pedra, você num vai vê sururu em pedra, você pode até vê, mais poco o que dá mesmo é o mexilhão, é diferente o mexilhão do sururu, o mexilhão é bem maior que o sururu”.

Pesc. 06 – “Mudou e muito. O peixe está escasso, tá ficando tudo escasso,

diminuindo tudo, antigamente se pegava muito siri, hoje já não pega mais, siri igual ao que eu pegava não, muita raça de siri mesmo e era rapidinho pegava meio saco de siri, hoje diminuiu. O peixe a mesma coisa. A destruição ambiental, a população cresceu né, acabaram com os mangues. O maior culpado deles aí é a população”.

Pesc. 03 – “Basta tê o pescado, sai bem, tá ficando escasso né, tá cada véiz mais

difícil, difícil mais é assim”.

Tecnologias de pesca: Existem alguns equipamentos que são utilizados para o

ofício da pesca, eles facilitam o desenvolvimento da atividade e diminui o esforço físico. Dentre eles temos barco a motor, tarrafa, anzol, vara, puçá, jereré, rede de arrasto (rede de balão), espinhel, entre outras. No entanto, algumas tecnologias não são bem empregadas e acabam por prejudicar toda vida de um ambiente, captura