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Educação em direitos humanos como instrumento de empoderamento

No documento Open Empoderamento e planejamento para o . (páginas 98-105)

3. EMPODERAMENTO E DESENVOLVIMENTO

3.1 TEORIAS DO EMPODERAMENTO

3.1.3. Educação em direitos humanos como instrumento de empoderamento

A educação em direitos humanos pode ser percebida como uma estratégia para o alcance do desenvolvimento, em que o processo de participação de indivíduos e de comunidades torna-se o meio para concepção dessa educação, o qual pode ocorrer de diversas maneiras.

A proposta de empoderamento através da educação em direitos humanos pode alcançar duas compreensões diferentes. Por um lado, é possível adotar um enfoque de generalidade e de abstração, tendo como base o texto da Declaração dos Direitos Universais. Por outro, é possível adotar um entendimento mais específico, focado em práticas e experiências de valorização de direitos humanos. Entretanto, para o real empoderamento acontecer é preciso conciliar as duas visões, unindo conhecimento às experiências, vivência a práticas de busca pelos direitos. Desse modo o empoderamento pode ser definido com um processo em que pessoa ou comunidade passa a ter controle e entendimento sobre como a vida e as decisões que tomam a afeta202.

Isso é uma estratégica importante, porque as violações em desenvolvimento são veladas e afetam questões de primeira necessidade como a saúde e o acesso à renda, às políticas sanitárias, à moradia e respeito à diversidade. O mais grave é que, apesar de gravíssimas, essas violações são cultural e socialmente aceitas, por ser fruto de histórica exploração de classes, de raças, de gênero, de etnias e das relações de poder, o que dificulta imensamente a busca por sua concretização.

Paulo Freire203 reconhece, sobre a educação humanista, que a paz precisa ser objeto de práticas, pois é construída através da superação de realidades perversas e na construção de

202MEINTJES, Garth. Human Rights education as empowerment: reflections on pedagogy. In: ANDREOPOULOS, George; CLAUDE, Richard Pierry (org.). Human Rights education for the twenty-first Century. Penssyvania: Universidad of Penssyvania Press, 1997, p.64-65.

203 FREIRE, Paulo. Discurso para Prêmio UNESCO da Educação para a Paz. São Paulo, Setembro de 1985. Disponível em http://acervo.paulofreire.org/xmlui/handle/7891/1022#page/6/mode/1up. Consulta realizada em 30 de março de 2014.

justiça social, por isso não há verdadeiramente educação se esta se torna opaca e objeto de manipulação das vítimas da opressão. Essa ideia representou, na verdade, uma crítica direta ao Programa Mundial por uma Educação pela Paz da UNESCO.

Entretanto, refletindo sobre a influência do cristianismo na sua teoria, a luta na teoria freiriana não é armada, mas sim concebida através do empoderamento de classes, construída através de diálogo, o qual só pode ser formado se não houver oposição entre homem.

Somente através do empoderamento, os processos cívicos e políticos caminham positivamente, a fim de concretizar a racionalidade do desenvolvimento, conforme compreensão declarada pelas Nações Unidas, de reconhecimento do ser humano como sujeito direito, cabendo garantia de ampla participação em todas as fases do planejamento de políticas de desenvolvimento.

Assim, reitera-se que concepção de empoderamento precisa ser articulada como modos de gestão e de planejamentos participativos. Essa é a construção de empoderamento a ser utilizada por esse trabalho. Entretanto, antes, é preciso fazer uma análise do comportamento e normatização da UNESCO sobre educação em direitos humanos, no curso das últimas quatro décadas, a fim de identificar se ocorreram alterações e se a proposta freiriana pode ou não ser encontrada, como fundamento dessa possível mudança.

Ao tentar construir arranjos teóricos e práticos da atuação das Nações Unidas para educação em direitos humanos com a perspectiva crítica de Paulo Freire é preciso considerar essencialmente o empoderamento de classes excluídas do desenvolvimento humano.

Deve ser dito que apesar de manter duras críticas às Nações Unidas, que pode ser desprendidas no discurso de Paulo Freire204, em 1986, na UNESCO em desfavor da

204 Neste sentido: “[...] De anônimas gentes, sofridas gentes, exploradas gentes aprendi, sobretudo, que a paz é fundamental, indispensável, mas que a paz implica lutar por ela. A paz se cria, se constrói na e pela superação de realidades sociais perversas. A paz se cria e se constrói na superação na construção incessante da justiça social. Por isso não creio em nenhum esforço chamado de educação para a paz que, em de desvelar o mundo das injustiças o torna opaco e tenta manipular suas vítimas. Pelo contrário, a educação pela que me bato é a que rigorosa, séria, substantivamente democrática ou progressista, preocupada com que os educandos aprendam, os desafios e os criticiza. Não quero dar a impressão aos que me ouvem agora e aos que amanhã talvez me possam ler que eu escondo ou nego as marcas tantas que recebi e que continuo a receber de um sem número de intelectuais, cientistas, filósofos, pedagogos, políticos de diferentes tempos e espaços. Creio que não seja difícil encontra-los e encontrá-las em meus trabalhos, ora explicitamente, ora permeados por minhas análises. De uma coisa estou certo, sem muitos dos meus primeiros referidos e sem muitos dos segundos mencionados dificilmente estaria aqui agora. A todos o meu reconhecimento [...]”(FREIRE, Paulo. Discurso para Prêmio UNESCO da Educação para a Paz. São Paulo, Setembro de 1985. Disponível em http://acervo.paulofreire.org/xmlui/handle/7891/1022#page/6/mode/1up. Consulta realizada em 30 de março de 2014.)

Declaração sobre os princípios fundamentais relativos à contribuição dos meios de comunicação de massa para o fortalecimento da Paz e da compreensão internacional para a promoção dos Direitos Humanos e a luta contra o racismo, o apartheid e o incitamento à

guerra – 1978, a questão é saber se não houve um aprimoramento das ações da ONU para

educação em direitos humanos no curso das últimas duas décadas. No âmbito científico, não é possível reproduzir-se um discurso de décadas, sem verificar se ocorreram alterações de realidade.

Nos onze artigos que compõem o referido documento205 encontra-se uma

preocupação acentuada com a liberdade de comunicação e a circulação de informações, centrando-se praticamente todo o documento nesses esforços. Nos artigos 1°, 2° e 10° reconhece que o fortalecimento da paz, na luta contra o racismo, contra “apartheid” e contra incitação da guerra exige-se a garantia do exercício da liberdade de opinião, da liberdade de expressão e da liberdade de informação, bem como a circulação livre e uma difusão mais ampla e equilibrada da informação. Isso requer contribuição dos órgãos de comunicação, fundamentais para dar voz ao povo oprimido, que lutam contra o colonialismo, o neocolonialismo, a ocupação estrangeira e todas as formas de discriminação racial e de opressão, sendo alimentados e difundidos os intercâmbios de informações.

Não é de se surpreender as críticas traçadas por Paulo Freire. O documento pela paz demonstra uma acentuada e exclusiva preocupação com a garantia da liberdade de imprensa e com liberdades de expressão e de opinião, como instrumento de luta pela paz e contra a opressão. Entretanto, conforme os vários escritos analisados do educador, não esta a concepção que ele adota para o alcance de libertação da opressão, instrumentalizado no empoderamento de classes.

Conforme analise anterior, a perspectiva freiriana para empoderamento é um fato social, envolve uma compreensão coletiva da classe oprimida, bem como revelação dessa realidade de opressão, que é alcançada de forma comunitária, passando por um estágio de libertação individual, que, entretanto, é convertido em multiplicador, para o alcance de resultados coletivos de emancipação.

205ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Declaração sobre os princípios fundamentais relativos à contribuição dos meios de comunicação de massa para o fortalecimento da Paz e da compreensão internacional para a promoção dos Direitos Humanos e a luta contra o racismo, o apartheid e o incitamento à guerra. Proclamada em 28 de novembro de 1978 na vigésima reunião da Conferência Geral da organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e à Cultura, celebrada em Paris.

Esse processo envolve, portanto, liberdade de expressão e de opinião, cujos instrumentos de comunicação de massas podem realizar importante papel, mas não basta. Nesse intuito, há a defesa de garantias abstratas de direito, que apenas reforçam a manipulação das massas e, portanto, desumanizam-na por retirar-lhes a possibilidade de construção própria de pensamento. Por outro lado, se partir do conhecimento de que em vários locais do homem, essa liberdade de expressão não era garantida, então, de fato, a declaração significou um avanço, um primeiro passo.

Ao analisar os documentos relacionados à educação em direitos humanos, principalmente a partir da década de 2000, notam-se um grande avanço sobre a atuação da UNESCO para os processos de empoderamento. As Nações Unidas declararam a Década das Nações Unidas para a Educação em Direitos Humanos no período compreendido entre 1º de janeiro de 1995 a 31 de dezembro de 2004. Além disso, através da resolução N° 53/25, de 10 de novembro de 1998, as Nações Unidas proclamou o período 2001-2010 como "Década Internacional para uma Cultura de Paz e não violência para as crianças do mundo",

Em 1999, ocorreu a Declaração e o Programa de Ação sobre uma Cultura de Paz206, através da Resolução 53/243, de 6 de outubro de 1999. O documento assenta que o caminho até o alcance de uma cultura de paz é conquistado através de valores, atitudes, comportamentos e estilos de vida voltados ao fomento da paz entre as pessoas, entre os grupos e entre as nações.

O empoderamento de grupos oprimidos pode ser incluso, portanto. Entretanto, para não se desvirtuar a perspectiva freiriana, é necessário reiterar que as pessoas são responsáveis pela libertação de grupos e que as nações são resultados desse processo, no qual, entretanto, é construído por diálogo e é aqui que se verifica um encontro mais acentuado de fundamentos.

O artigo 3° do referido documento207 vincula o desenvolvimento de uma cultura de paz para a promoção da democracia, do desenvolvimento humano, das liberdades fundamentais e a oportunidade para que pessoas em todos os níveis possam desenvolver aptidões para o diálogo, negociação e formação de consenso. Além disso, atrela também ao fortalecimento das instituições democráticas e a garantia de participação plena no processo de

206 ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Declaração e o Programa de Ação sobre uma Cultura de Paz. Resolução 53/243, de 6 de outubro de 1999.

207 ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Declaração e o Programa de Ação sobre uma Cultura de Paz. Resolução 53/243, de 6 de outubro de 1999.

desenvolvimento econômico e social sustentável e a erradicação da pobreza e do analfabetismo, bem como à redução das desigualdades entre as nações.

Verificou-se, assim, a constatação que uma cultura de paz está atrelada à construção de um diálogo democrático e alcance do desenvolvimento humano pleno, o que se encontram na construção de empoderamento freiriano.

O Documento das Nações Unidas208 por uma cultura de paz também se autodeclara

crítico. Afirma-se essa condição, não só pelas condicionantes estabelecidas, conforme explanação acima, mas também por expressamente reconhecer que a paz não significa ausência de conflitos, porém que requer um “processo positivo, dinâmico e participativo em que se promova o diálogo e se solucionem os conflitos dentro de um espírito de entendimento e cooperação mútuos”.

Percebe-se nessa Declaração um encontro com a proposta de Paulo Freire e um avanço com relação à teoria de Jürgen Habermas por não negar a existência de relações conflitosas, mas para a compreensão de que para superação destas é necessário um processo dinâmico e participativo, o que retira a qualidade de passividade da sociedade civil na busca de concretização de direitos.

Por outro lado, no ano de 2000 houve a promulgação do Manifesto 2000 por uma Cultura de Paz e Não violência209, que não foi dirigido aos Estados nem a Autoridades superiores, mas aos indivíduos, propondo a “responsabilidade de cada ser humano traduzir os valores, atitudes e padrões de comportamento que inspiram a Cultura de Paz em realidades da vida diária”. Desse modo, o manifesto listou seis compromissos individuais (1. respeitar a vida; 2. rejeitar a violência; 3. ser generoso; 4. ouvir para compreender; 5. preservar o planeta; 6. redescobrir a solidariedade), almejando colher cem milhões de assinaturas.

Apesar da iniciativa ser bastante nobre, reforça a tomada de conscientização individualista por reforçar comportamentos individuais, indo expressamente de encontro à perspectiva de empoderamento freiriana, na qual há necessidade de um aprendizado voltado para atitudes comunitárias. Além disso, tal manifesta denota um caráter eminentemente e

208 ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Declaração e o Programa de Ação sobre uma Cultura de Paz. Resolução 53/243, de 6 de outubro de 1999. Artigo 9º. As Nações Unidas deveriam seguir desempenhando uma função crítica na promoção e fortalecimento de uma Cultura de Paz em todo o mundo.

209 ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Manifesto 2000: Por uma Cultura de Paz e Não-Violência. Proposto em Paris, 2000. Disponível em http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/UNESCO- Organiza%C3%A7%C3%A3o-das-Na%C3%A7%C3%B5es-Unidas-para-a-Educa%C3%A7%C3%A3o-

expressamente simbólico, tendo o condão de desviar a atenção para lutas e ações que realmente pudessem surtir efeito para transformação social das realidades do mundo.

Com o fim do período declarado como Década das Nações Unidas para a Educação em Direitos Humanos, em 10 de dezembro de 2004, A Assembleia Geral das Nações Unidas criou o Programa Mundial de Educação em Direitos Humanos210, proposto pela UNESCO, visando apresentar aos gestores públicos e militantes de direitos humanos subsídios e orientações para a construção de programas educacionais baseados no respeito aos direitos humanos, sendo concebido em duas fases: a primeira para os anos de 2005 a 2009, reunindo recomendações para o ensino primário e secundário; e a segunda para o ano de 2010 a 2014, voltado para o ensino superior e à formação em direitos humanos para professores, servidores públicos, forças de segurança, agentes policiais e militares. Para o Brasil, as consequências resultaram na elaboração, pelo MEC, da Política Nacional em Educação em Direitos Humanos, em 2012.

Programa Mundial das Nações Unidas para os Direitos Humanos211 declara ter por objetivo promover o entendimento aproximadamente metodologias e de princípios básicos em educação em direitos humanos, a fim de construir um marco concreto para a ação, reforçando oportunidades de cooperação e de associação, desde o nível internacional até o nível das comunidades.

A obra de Jürgen Habermas, principalmente a teoria da ação comunicativa, é fortemente influenciadora da atuação mais recente das Nações Unidas, conforme se demonstrará mais a frente. Além disso, quando se estuda mais profundamente a vida e obra de Paulo Freire, por exemplo, constata-se que ele atuou na UNESCO durante parte de sua carreira, contribuindo para o avanço desta entidade sobre limites e aberturas de mecanismos para alcance da alfabetização em lugares extremamente marginalizados212.

210 ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Programa Mundial das Nações Unidas para os Direitos Humanos. Disponível em: http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/about-this-office/single-view/news/plan_of_ actionworld_programme_for_human_rights_education_first_and_second_phases_in_portuguese

_pdf_only/#.Uzlv5vldVp0. Consulta realizada em 23 de março de 2014.

211 ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Programa Mundial das Nações Unidas para os Direitos Humanos Disponível em: http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/about-this-office/single- view/news/plan_of_action_world_programme_for_human_rights_education_first_and_second_phases_in_portu guese_pdf_only/#.Uzlv5vldVp0. Consulta realizada em 23 de março de 2014.

212 Quando exilado trabalhou como assessor especial da Oficina Regional da Unesco. Foi nomeado especialista da UNESCO em 1969, passando a dar aulas na Universidade de Harvad, nos EUA. E em 1970, mudou-se para Genebra, exercendo atividades de consultor do Conselho Mundial de Igrejas, dando assessoria a diversos países africanos, desenvolvendo programas de alfabetização e de apoio a reconstrução desses países, entre eles Guiné- Bissau e Cabo Verde (GERHARDT, Heinz-Peter. Paulo Freire (1921-1997). Perspectivas: revista trimestral de

Porém, o mais importante para desvendar esse problema recai na questão sobre a atuação da ONU estar embasada, ou não, em um universalismo abstrato, problema que será enfrentado ao final deste trabalho. Apesar disso, neste capítulo será dado enfoque a atuação das Nações Unidas no tocante à educação em direitos humanos, que é um importante instrumento de empoderamento. Assim, é preciso entrelaçar mais profundamente o empoderamento à emancipação: tem-se como o pressuposto que o segundo decorre do primeiro.

Em uma posição crítica, a emancipação poderá ocorrer subjetivamente, por meio do processo de construção participativa e reivindicatória para concretização do direito ao desenvolvimento. Neste tocante, Joaquín Herrera Flores213 tenta responder a três questões básicas sobre direitos humanos: o que são; o porquê protegê-los; e para quê servem. Responde que no seu ponto de vista, partindo do pressuposto que Direitos Humanos são produto da cultura, estes direitos constituem um processo dirigidos à obtenção de resultado provisório, alcançado pelas lutas sociais. Devem ser estudados, porque preservam valores mais importantes para sociedade e servem para empoderar e fortalecer pessoas e grupos que sofrem violação de direitos.

Desse modo, entende este autor214 que os seres humanos nascem e vivem com a necessidade de satisfazer conjuntos culturalmente determinados de bens materiais e imateriais, em processos sociais que impõe aos grupos sociais um acesso restrito, desigual e hierarquizado a esses bens, que leva esses grupos a uma luta permanente por uma vida digna, por meio da generalização dos processos igualitários. Então, se há o reconhecimento, por parte do Estado, do poder político e de representatividade legislativa, é necessário estabelecer sistemas e garantias econômicas, políticas e sociais, que façam com que as instituições cumpram o que foi conquistado por essas lutas.

educacióncomparada. París, UNESCO: Oficina Internacional de Educación, vol. XXIII, n° 3, 1993, págs. 463- 484). Disponível em http://www.ibe.unesco.org/publications/ ThinkersPdf/freires.pdf). Em 1996, recebeu o “Prêmio UNESCO da Educação para a Paz” e em 1992 o “Prêmio Andres Bello” da Organização dos Estados Americanos, como Educador do Continente. Em seu discurso na UNESCO em 1986 afirmou que “ao ressaltar o que homenageiam, para que continuem fazendo cada vez melhor”. (FREIRE, Paulo. Discurso para Prêmio UNESCO da Educação para a Paz. São Paulo, Setembro de 1985. Disponível em http://acervo.paulofreire.org/xmlui/handle/7891/1022#page/6/mode/1up. Consulta realizada em 30 de março de 2014.)

213 FLORES, Joaquín Herrera. A (re)invenção dos Direitos Humanos. Traduzido por Carlos Roberto Diogo Garcia. Florianópolis: Fundação Boiteux, 2009, p. 22-38.

214 FLORES, Joaquín Herrera. A (re)invenção dos Direitos Humanos. Traduzido por Carlos Roberto Diogo Garcia. Florianópolis: Fundação Boiteux, 2009, p. 22-38.

Assim, de forma sucinta, há a identificação do empoderamento como um processo emancipatório, por levar à compreensão do papel político que indivíduos e comunidade exercem na sociedade, através do conhecimento sobre o direito, bem como por meio de práticas de transformação social, que conduzam à busca por um viver digno e, portanto, ao próprio desenvolvimento humano.

Desse modo, conclui-se que a legitimação democrática depende do empoderamento, o qual é tido como um processo de aprendizado em direitos humanos, bastante complexo. Além disso, pode ser confirmada a hipótese freiriana de que no diálogo existe um aprendizado mútuo entre o que se propõe a ensinar e o que se coloca para aprender pela própria evolução da atuação e das declarações das Nações Unidas, que caminhou de um universalismo abstrato à concretização, cada vez maior, dos direitos, dentre eles o desenvolvimento.

No documento Open Empoderamento e planejamento para o . (páginas 98-105)