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Foto 4 Sintese dos desafios apresentados pelos professores oficina 2

2.5 Educação, Trabalho e NTICE

Em publicação recente (2013)23 a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE24 divulgou resultados da pesquisa de competências de

23Este estudo pode ser encontrado em www.oecd.org e foi consultado em 31 de outubro de 2013. 24

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) na Internet se descreve como uma organização internacional composta por 34 países que aceitam os princípios da democracia representativa e da economia de livre mercado, que procura fornecer plataformas de comparação de políticas econômicas,

adultos, denominado Programa para a Avaliação Internacional das Competências dos Adultos (PIAAC), que oferece uma visão geral anual de como as habilidades estão sendo desenvolvidas, ativadas e usadas em toda a OCDE e nos países parceiros.

O estudo avaliou as competências adquiridas pelos adultos em vinte e quatro países, o qual fornece insights sobre a disponibilidade de algumas das principais habilidades necessárias para o século 21 e sobre os seus respectivos usos, tanto no gerenciamento de suas vidas profissionais, como na vida pessoal. Um componente importante contido no mencionado estudo é a avaliação direta de competências-chave de processamento de informação: alfabetização e matemática para a resolução de problemas no contexto de ambientes ricos em tecnologia.

Na opinião da OCDE (2013, p 46) não seria considerado um exagero“(...) usar a palavra "revolução" quando se fala sobre como nossas vidas mudaram ao longo das últimas décadas. Hoje contamos com tecnologias e dispositivos que ainda não haviam sido imaginados de informação e comunicação”.

Pode-se afirmar que a maneira como se vive e se trabalha hoje, comparativamente aos anos de 1980, por exemplo, mudou profundamente. Dessa forma há um conjunto de habilidades que são necessárias e que devem ser desenvolvidas para que se possa participar plenamente das atuais sociedades hiperconecta das e cada vez mais caracterizadas como economias baseadas no conhecimento.

Segundo a OCDE (2013), é notório que os governos detêm uma imagem clara, não só de como os mercados de trabalho e as economias estão mudando, mas também em que medida seus cidadãos estão se equipando com as habilidades exigidas no século 21. Há consenso que as pessoas com baixas qualificações enfrentam um risco muito maior de desvantagem econômica, e, consequentemente, uma maior probabilidade de desemprego, visto que o emprego nos serviços e ocupações altamente qualificados está crescendo.

No referido estudo foi identificado que os salários médios por hora dos trabalhadores que são capazes de fazer inferências e avaliações ou interpretações de argumentos em textos de caráter complexo são superiores a 60 % em relação aos demais trabalhadores que não

educacionais, entre outras, com vistas a busca de soluções aos problemas comuns e a coordenação das políticas domésticas e internacionais. A maioria dos membros da OCDE são economias com um elevado PIB per capta e índice de desenvolvimento humano e são considerados países desenvolvidos, à exceção do México, Chile e Turquia.

detêm tal habilidade. Aqueles com baixas competências de leitura têm o dobro da probabilidade de estarem desempregados.

A pesquisa também mostra que a forma como as competências – advindas da proficiência em alfabetização – estão distribuídas em uma população tem implicações importantes sobre como os resultados econômicos e sociais são distribuídos na sociedade. A OCDE (2013) argumenta ainda que se grandes proporções dos adultos têm baixa leitura e habilidades matemáticas, a introdução e a disseminação de produtividade, a melhoria de tecnologias e as práticas de trabalho e organização podem, portanto, ser prejudicadas.

Ademais, o impacto das competências vai muito além de ganhos e emprego. Em todos os países, as pessoas com baixa proficiência em alfabetização são as que apresentam maiores probabilidades em relatar problemas de saúde, comparadas àquelas com melhor nível de alfabetização. Além disso, a OCDE aponta em seu estudo a crença de que os que apresentam baixa proficiência em alfabetização exercerão pouco impacto sobre os processos políticos, e que não participam de atividades associativas ou de voluntariado. Na maioria dos países, eles também são menos propensos em depositar confiança em outras pessoas, de maneira geral.

Segundo o estudo da OCDE (2013, p.47) a introdução das NTIC no local de trabalho promoveu mudanças não apenas nos tipos e nos níveis de competências exigidas dos trabalhadores. Em muitos casos, houve mudanças na própria estrutura de como o trabalho está organizado. Entre as mudanças apontadas pelo estudo destaca-se o aumento de postos de trabalho altamente qualificados, observada na maioria dos países. É menos evidente o crescimento de empregos para pessoas com baixas e médias qualificações nos países vinculados à OCDE.

Por outro lado, os dados contidos no estudo da OCDE demonstram que, ao longo das últimas quatro décadas, naqueles países, foi detectado que o declínio do emprego no setor produtivo foi compensado pelo crescimento do setor de serviços. Neste sentido, serviços que exigem os mais altos níveis de habilidades, tais como finanças, imobiliário, seguros, entre outros, estão crescendo mais rápido. Estes serviços são baseados na análise e na transformação de informação e, como tais, são altamente dependentes de computadores e das NTIC. Não obstante, apesar do relativo declínio na atividade industrial, a participação do emprego na indústria de alta tecnologia continua crescente.

Segundo os dados contidos no mencionado documento em mais da metade dos países da OCDE, pelo menos um terço da atividade econômica está concentrada na produção de alta tecnologia, comunicações, finanças, imobiliários e seguros. Desta forma, não se pode mais

subestimar o impacto das novas tecnologias sobre a economia, uma vez que muitos setores tradicionalmente pouco qualificados, como a produção primária e indústrias extrativas, também estão usando tecnologias avançadas. A agricultura, por exemplo, está sendo transformada por meio das biotecnologias e pela utilização de tecnologias como o GPS e o uso de NTIC para o gerenciamento de mercados com vistas ao monitoramento das vendas, entre outros.

Quanto ao nível de capacitação dos trabalhadores o referido estudo aponta que as mudanças na estrutura ocupacional ocorridas na maioria dos países da OCDE demonstram que mais de um quarto dos trabalhadores são profissionais tecnicamente qualificados. Entre 1998 e 2008, o número de pessoas empregadas nessas categorias cresceu mais rapidamente que as taxas de emprego global. Por outro lado, a evolução das quotas de emprego para ocupações com trabalhadores de níveis educacionais menos elevados tem se mostrado bem mais complexa.

No mencionado estudo também foram observadas as tendências no longo do período 1998-2008, no que diz respeito aos percentuais de emprego voltados para ocupações que exigiam três níveis de escolaridade, a saber: alta, média e baixa. Os resultados da pesquisa mostraram que em média, a parte de trabalhadores com ocupações altamente qualificadas cresceu, enquanto a parcela de trabalhadores com ocupações menos qualificadas, isto é, média e baixa escolaridade, diminuiu (OCDE, 2013, p. 48).

Em metade dos países da OCDE25 para os quais existem dados disponíveis, foi constatada a perda de postos de trabalho associada a um nível médio de escolaridade, maior do que a perda associada ao baixo nível educacional. Não obstante, no restante dos países, a proporção de empregos que exigem um nível médio de educação cresceu ou tem diminuído em menor grau do que a proporção de empregos que exigem um baixo nível de educação (OCDE, 2013, pg. 49).

Para a OCDE (2013, pg. 51) as novas tecnologias têm desempenhado papel central na viabilização da globalização dos mercados, principalmente por intermédio da velocidade de comunicação, contribuindo para a redução dos custos, os quais têm facilitado o fluxo de bens, capitais, pessoas e informações através das fronteiras. Por sua vez, a globalização tem tido um forte impacto sobre as oportunidades de emprego e a demanda por habilidades nos mercados de trabalho locais. Em suma, o comércio pode desempenhar um papel importante na criação

25Esses dados podem ser vistos na Tabela B1.6 no Anexo B do estudo OCDE (2013)disponível em www.ocde.org.

de melhores postos de trabalho, aumento dos salários, tanto nos países ricos e pobres, quanto na melhoria das condições de trabalho.

Na avaliação da OCDE (2013, p. 51) as pressões competitivas e as mudanças tecnológicas podem significar a sinalização de que o trabalho moderno necessite estar em estado de constante mudança, por meio da introdução de novas tecnologias, quer seja para apoiar a redução dos custos, quer seja para o aumento da produtividade. O referido estudo apontou, ainda, que substancial proporção dos trabalhadores se encontra hoje em locais de trabalho que introduziram novas tecnologias e/ou que sofreram significativas reestruturações. Nesse contexto, independentemente da sua origem, as alterações na forma como o trabalho é organizado contribuem para o surgimento de uma demanda por mudanças de competências, o que tem exigido dos indivíduos que se adaptem e que busquem o contínuo aprendizado de coisas novas.

Numa comparação com a década de 1990 – na qual a maior parte da discussão política centrava-se na necessidade de formação e atualização de recursos humanos e bem menos atenção foi dada aos baixos níveis de qualificação, gerando desequilíbrios e atrofias no que tange às competências e às habilidades – mais recentemente, os países têm desenvolvido uma visão mais abrangente da demanda em termos da utilização de habilidades.

Assim, atualmente há uma preocupação com a inclusão de práticas organizacionais de trabalho como forma de perpetuar ou eliminar desequilíbrios em termos de competências e de habilidades. Enquanto alguns países focam nos desequilíbrios entre os níveis de educação e requisitos, em outros é dada maior ênfase em se garantir que as mudanças organizacionais resultem em práticas inovadoras de trabalho, por meio do uso mais eficaz das competências dos trabalhadores altamente qualificados, os quais, por sua vez, vão limitar a ocorrência de atrofias em suas habilidades e o consequente desperdício de oportunidades voltadas para o aumento da produtividade.

Outro desafio apontado pela OCDE (2013, p. 51) diz respeito à coexistência de altos níveis de desemprego, diretamente ligados à escassez de competências e dos chamados gaps ou inadequações de competências. Desajustes de competências manifestam-se em situações nas quais trabalhadores com baixos níveis de habilidades são contratados para se ocuparem com trabalhos que exigem níveis relativamente altos de habilidades (underskilling); ou em que os trabalhadores altamente qualificados são subutilizados em termos de suas habilidades (overskilling).

Outra Agência no cenário internacional diz respeito à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – UNESCO, cujas diretrizes têm priorizado o planejamento de programas educacionais e treinamento de professores para o desempenho de seu papel na formação de alunos com habilidades em tecnologia. Dessa forma, elaborou estudo intitulado ‘Padrões de Competência em TIC para Professores’ no qual foi dada ênfase ao fato de que

Para viver, aprender e trabalhar bem em uma sociedade cada vez mais complexa, rica em informação e baseada em conhecimento, os alunos e professores devem usar a tecnologia de forma efetiva, pois em um ambiente educacional qualificado, a tecnologia pode permitir que os alunos se tornem: usuários qualificados das tecnologias da informação; pessoas que buscam, analisam e avaliam a informação; solucionadores de problemas e tomadores de decisões; usuários criativos e efetivos de ferramentas de produtividade; comunicadores, colaboradores, editores e produtores; cidadãos informados, responsáveis e que oferecem contribuições (UNESCO, 2008, p. 1).

A UNESCO (2008, p. 1) enfatizou, ainda, que “por intermédio do uso corrente e efetivo da tecnologia no processo de escolarização, os alunos têm a chance de adquirir complexas capacidades em tecnologia, sob orientação do principal agente, que é o professor”. Assim, destaque importante é conferido ao papel do professor, uma vez que

Em sala de aula, ele é responsável por estabelecer o ambiente e preparar as oportunidades de aprendizagem que facilitem o uso da tecnologia pelo aluno para aprender e se comunicar. Conseqüentemente, é essencial que todos os professores estejam preparados para oferecer essas possibilidades aos alunos (idem).

Por outro lado, a UNESCO entende que tanto “os programas de desenvolvimento de profissionais na ativa” quanto “os programas de preparação dos futuros professores devem oferecer experiências adequadas em tecnologia em todas as fases do treinamento”. Como resultado dessas premissas aquela organização espera que em resposta aos padrões e aos recursos investidos nos “programas educacionais e treinamento de professores” alcancem desempenho de alto nível, sobretudo “na formação de alunos com habilidades em tecnologia. Os professores na ativa precisam adquirir a competência que lhes permitirá proporcionar a seus alunos oportunidades de aprendizagem com apoio da tecnologia” (UNESCO, 2008, p.1).

Um dos pressupostos da UNESCO diz respeito diretamente aos professores e à sua formação

Estar preparado para utilizar a tecnologia e saber como ela pode dar suporte ao aprendizado são habilidades necessárias no repertório de qualquer profissional docente. Os professores precisam estar preparados para ofertar autonomia a seus

alunos com as vantagens que a tecnologia pode trazer. As escolas e as salas de aula, tanto presenciais quanto virtuais, devem ter professores equipados com recursos e habilidades em tecnologia que permitam realmente transmitir o conhecimento ao mesmo tempo em que se incorporam conceitos e competências em TIC (UNESCO, 2008, p. 1).

Quanto à infraestrutura, o programa da UNESCO menciona que são oferecidas simulações interativas em computação, recursos educacionais digitais e abertos e às sofisticadas ferramentas de levantamento de dados e análise. Estes são apenas alguns dos recursos que permitem aos professores oportunidades antes inimagináveis para o entendimento conceitual. Segundo a UNESCO as práticas educacionais tradicionais já não oferecem aos futuros professores todas as habilidades necessárias para a capacitação dos alunos para que sobrevivam no atual mercado de trabalho.

Em que pesem as grandes evoluções tecnológicas, culturais e socioeconômicas, as diferentes teorias sobre o campo educacional, e o desenvolvimento das NTICE, apontadas como força motriz para uma revolução da pedagogia da autonomia, no entanto, é preciso que se indague como está a educação no Brasil nestas questões. Indaga-se, ainda, se têm sido atendidos os diferentes interesses da sociedade (estudantes, trabalhadores, mercado de trabalho e Estado).

No Brasil, o Comitê Gestor da Internet no Brasil– CGI.br (2013, p. 1) tem buscado contribuir para o debate sobre os impactos das NTICE na sociedade brasileira entre os diversos atores dos setores publico, privado e acadêmico por meio da publicação uma serie histórica de indicadores sobre as praticas pedagógicas nas escolas públicas e privadas brasileiras26.

Segundo informações do Comitê Gestor referido, no âmbito escolar as iniciativas de aplicação das tecnologias de informação e comunicação estão apoiadas na expectativa de mudanças dos processos pedagógicos, sobretudo na busca da transformação do processo de ensino-aprendizagem e no aumento do desempenho escolar. Foi mencionado, ainda, que a discussão sobre os impactos sociais das NTICE no sistema escolar e nos seus atores não é recente e tem alimentado debates em relação às políticas publicas e as pesquisas acadêmicas.

26Conforme já explicitado o objetivo principal desta tese diz respeito à discussão do uso das NTICE no âmbito do ensino superior. Contudo, após exaustiva pesquisa no site http://www.cgi.br/ não foi possível a localização de estudos e/ou publicações sobre uso das NTICE especificamente no ensino superior. Em geral, tanto neste como em outros domínios, as discussões têm sido travadas tão somente relacionadas às escolas públicas e privadas brasileiras. A decisão por aportar aqui o referido estudo, assim como outros, diz respeito às inúmeras contribuições neles contidas acerca do papel que exercem hoje as NTICE no âmbito das políticas públicas da área de educação e o papel que se espera do professor no atual contexto social.

O referido Comitê Gestor entende “que o acesso às NTICE e o seu uso proficiente pelos cidadãos são condições essenciais para o desenvolvimento da sociedade da informação e do conhecimento”. Ademais, acredita que

A relevância de se medir o avanço do acesso e do uso das TIC na sociedade e em particular nas escolas advêm do fato de que essas tecnologias vêm produzindo – cada vez mais e com maior clareza – impactos sociais relevantes. No caso dos jovens em idade escolar, tais impactos são ainda mais notáveis: as novas tecnologias digitais e, sobretudo, as mídias sociais tem transformado profunda e rapidamente seus processos de socialização e a forma como eles se relacionam com o mundo a sua volta. As novas gerações chegam às escolas com competências e habilidades para realizar com desenvoltura atividades no computador e conviver com naturalidade no ambiente virtual (COMITÊ GESTOR DA INTERNET, 2013, p. 1). No Brasil, alguns programas e ações governamentais de incentivo à utilização das NTICE na Educação vêm sendo implantados. Segundo o Comitê Gestor da Internet (2013, p. 1) é este o caso

(...) do Proinfo, inicialmente denominado Programa Nacional de Informática na Educação, que tem como objetivo levar as escolas computadores, laboratórios de informática e recursos digitais educacionais. Por outro lado, há também programas mais recentes que partem de objetivos mais arrojados, como o de levar banda larga nas escolas e também o de levar um computador para cada aluno.

Na avaliação do CGI (2013), embora esses programas tenham sido elaborados com objetivos similares, isto é, voltados para propiciar infraestrutura de NTICE, no entanto ainda revelam propostas limitadas no que envolve o desenvolvimento de competências e habilidades junto aos professores para o uso pedagógico. Assim como em outras ações similares, o resultado mais evidente dessas iniciativas é a dificuldade da integração efetiva das NTICE aos processos pedagógicos.

A intenção do Brasil com tais iniciativas é a de se promover a mudança de paradigma do modelo de escola que temos hoje para um modelo baseado no uso intensivo das NTICE com propósito pedagógico ainda e um desafio para muitas nações. E, no discurso daquele Comitê Gestor (2013), o monitoramento dos impactos se mostra uma atividade fundamental para os processos de elaboração e monitoramento de políticas publicas voltadas ao fomento das NTICE na educação, para as pesquisas acadêmicas e para os mecanismos de controle social (...).

Desde 2010 foi implantada pesquisa com vistas à avaliação: (i) da infraestrutura de NTICE disponível nas escolas; (ii) da apropriação das NTICE nos processos educacionais;(iii) das habilidades de professores e alunos no uso da tecnologia; (iv) das principais barreiras que

impedem o seu uso pelos atores do sistema educacional;(v) das motivações que levam muitos professores a integrar as NTICE em suas praticas pedagógicas (CGI, 2013, p. 1).

Os dados da ‘TIC Educação 2012’caracterizam um perfil de um professor

(...) cada vez mais conectado as oportunidades oferecidas pelas TIC. As proporções de acesso ao computador e a Internet são superiores a media da população. O acesso a Internet esta em 93% dos domicílios dos professores, proporção muito superior ao da população geral, com 40%. Entre os alunos das escolas publicas 54% possui acesso a Internet em seus domicílios, proporção que chega a 91% dos domicílios de alunos das escolas particulares. (COMITÊ GESTOR DA INTERNET, 2013, p. 1)

Tais iniciativas indicam a preocupação do Brasil em refletir sobre essas questões ainda que limitadas ao ensino fundamental e ao ensino médio. Neste sentido, conforme apontam Papert (1986) e Valente (2007) os problemas crônicos da educação brasileira não se resolvem apenas com a introdução de computador nas escolas, pois seria tão somente a informatização do paradigma instrucionista, ou seja, uma educação que tem como processo o foco no ensino, na restrição, na regulação e na medição do aprendizado de forma linear.

Ao contrário, o paradigma construcionista tem seu foco no desenvolvimento do ser humano, na aprendizagem continuada, no desenvolvimento da capacidade de pensar, de descrever fenômenos e processos, na reflexão, na depuração de ideias, na capacidade de expressar por meio de diferentes formas de conhecimento e de pensamentos as ideias novas, diferenciadas, enfim, criativas. Assim sendo, segundo Papert (1986) e Valente (2007) sair do paradigma instrucionista para o construcionista depende principalmente da ruptura

cultural dos formadores de formadores (grifo meu), isto por que no Brasil o professor

ainda é formado para atuar no paradigma instrucionista.

Se for considerado que o professor é o gestor curricular, e que, portanto, é o detentor de autonomia para planejar, propor, e implantar novas práxis, por meio do uso de NTICE que resultem no paradigma construcionista é possível se pensar em ruptura do modelo e no avanço para uma educação mais adequada ao novo contexto societário. O problema está situado no cerne de sua formação como mencionado e, assim, ele reproduz um processo formativo ineficaz também no profissional que ele está formando, criando, por sua vez, um círculo