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4 FORMAÇÃO E ATUAÇÃO DOCENTE NO CONTEXTO ESCOLAR: LUGARES,

4.2 EDUCADOR 01: quando a aula se faz no dedilhado do violão

A prática criativa do Educador 01 tem como foco a produção de composições. Sua atuação foi observada no ambiente real da sala de aula, onde ao todo foram observadas oito aulas na terça-feira, dia 05 de setembro de 2017, numa escola da rede particular de ensino no município de Natal/RN. Cada aula teve a duração de 30 minutos, e por este motivo as oito aulas que estavam previstas para serem assistidas foram apreciadas em uma única manhã, abrangendo o turno que iniciou às 7h30min e concluiu às 12h00min, tendo um intervalo de 30 minutos para descanso do professor. As turmas que foram observadas distribuíram-se da seguinte maneira:

Quadro 06 - Turmas do Educador 01 que foram observadas

ANO QUANTIDADE DE TURMAS MÉDIA DE FAIXA ETÁRIA QUANTIDADE DE AULAS OBSERVADAS

Estágio III (Educação Infantil) 02 04 anos 02 Estágio IV (Educação Infantil) 03 05 anos 03 1º ano (Ensino Fundamental I) 03 06 anos 03 Fonte: a autora (2017).

No dia em que as aulas foram observadas, os Estágios III e IV apresentaram uma média de 10 a 15 crianças presentes. Já nas turmas de 1º ano, a média foi de 20 a 25 alunos. A proposta pedagógica planejada para a Educação Infantil é a mesma para todas as turmas desse nível de ensino, apresentando o mesmo formato de aula e abordando o mesmo conteúdo principal, que na ocasião das observações era a Araruna9, dentro do tema “FOLCLORE”. Apesar da proposta ser a mesma, a metodologia utilizada se difere de uma turma para outra, dependendo do perfil do grupo e como o comportamento e a emoção das crianças estão expressas naquele dia.

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A Araruna é compreendida como uma dança de salão, que reúne vários números coreográficos. Como uma das Danças Populares do Rio Grande do Norte, Câmara Cascudo (1954) classifica-a como única, exceção às outras danças folclóricas. O acompanhamento musical é feito normalmente ao ritmo de sanfona (acordeom), viola/violão, e pandeiro ou outro instrumento de percussão. Disponível em: http://beta.wikidanca.net/wiki/index.php/Araruna. Acesso em: 25 de outubro de 2017.

Através das observações, foi possível perceber que o formato das aulas do Educador 01 na Educação Infantil estrutura-se basicamente em: 1) Acolhimento; 2) Movimento corporal; 3) Aquecimento vocal; 4) Conteúdo principal/Desenvolvimento; 5) Canção10; e 6) Despedida. Essa ideia de formato não significa que será reproduzido em todas as aulas, pois muitos elementos devem ser considerados, como o tempo de aula, o ritmo da turma em determinados dias, e o desenvolvimento do conteúdo principal, por exemplo. Esses e outros aspectos interferem na estrutura da aula, e o Educador 01 demonstrou estar atento a esses elementos, moldando seu planejamento de acordo com cada turma.

O repertório didático utilizado também varia bastante de uma turma para outra, pois o educador possui uma gama de canções em mente – que já são do conhecimento das crianças –, executando-as de acordo com os elementos da rotina já citados. Por exemplo: se estão no momento de acolhimento e a turma se apresenta com o comportamento agitado, o educador escolhe uma música de cumprimento que seja mais calma e não sugere muito movimento corporal; ou então, uma música que seja possível cantá-la em pé, dançando e gesticulando, com um andamento mais acelerado, caso as crianças apresentem-se desanimadas ou indispostas.

Com relação ao material autoral, foi possível presenciar a execução de algumas das canções de autoria do professor, as quais já estão inseridas na chamada rotina. Segundo o Educador 01, quando há uma nova canção a ser ensinada, e que ele queira que ela faça parte do cotidiano do aluno, primeiramente a ensina em uma aula, e a repete por, em média, quatro a cinco aulas seguidas. Depois de uma completa assimilação, o educador a insere no repertório de rotina, entrando no leque de opções para execução, como já mencionado.

No dia em que houveram as observações, o professor executou as composições “Bom dia, com alegria” e “Dê-me um sorriso” no momento de acolhimento em algumas turmas, intercalando com músicas que não eram de sua autoria. Tal repertório sugere certa movimentação corporal, e com isso foi possível presenciar o envolvimento das crianças com as canções, onde em algumas turmas grande parte dos alunos as executaram, e em outras, a execução foi realizada em sua totalidade.

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Nesse momento, as crianças tem a oportunidade de pedir canções de acordo com suas preferências.

Outra canção autoral foi utilizada para o relaxamento, intitulada “Chuvinha,

chuvona”. O educador sempre a executava de maneira calma, dedilhando

cuidadosamente as cordas de seu violão, cantando com a voz suave, o que influenciava a execução musical das crianças, as quais também cantavam suavemente. Eis um trecho da música:

Chuvinha, chuvona Você é bem legal

Caindo aos pouquinhos, vai molhando o meu quintal [...]

Trecho da música “Chuvinha, chuvona”, autoria do Educador 01

Foi perceptível o envolvimento dos alunos com essa canção, pois quase todos – se não, todos – cantavam do início ao fim da música, e alguns chegavam a demonstrar uma expressividade corporal espontânea. Nesse caso, foi possível perceber que o educador conseguiu atingir diretamente seu objetivo com a composição, pois ficou nítido o relaxamento das crianças na ocasião. Outro momento que está incluso na rotina da aula de música do Educador 01, é o aquecimento vocal. Para isso, além de utilizar canções de outros educadores/artistas, o professor utiliza bastante uma canção de sua autoria intitulada “Minha motoca”, onde os alunos realizam o aquecimento de forma lúdica, pois na canção o educador instiga as crianças a executarem onomatopeias que induzem o aquecimento vocal, como por exemplo:

Fui viajar na minha motoca (vruuum) E de repente furou o pneu (fuuuu) [...]

Trecho da música “Minha motoca”, autoria do Educador 01

Desta forma, o professor possibilita o aquecimento vocal objetivado, porém, de uma forma espontânea, usando a canção como ferramenta. As crianças também demonstraram bastante interesse em cantá-la e a produzir os sons propostos. Por fim, o educador também compôs uma música de despedida sob o título “Até logo”, a qual possui uma letra curta e melodia de fácil aprendizagem, pois assemelha-se com as linhas melódicas das cantigas de roda. Sua letra estrutura-se da seguinte maneira:

Até logo, até logo, vou embora (2x) Volto terça-feira, terça-feira a mesma hora (2x)

Música “Até logo”, autoria do Educador 01

Levando em consideração minhas reflexões empíricas sobre a educação infantil, considero que, as músicas com letras curtas e melodias familiares, tornam a assimilação das canções por parte das crianças muito mais rápida. O Educador 01, com sua considerável experiência no ensino de música para essa faixa etária – como foi visto em seu perfil profissional –, também demonstrou compreensão sobre essa questão, e a considera nos momentos de composição, como veremos em sua fala, coletada na ocasião da entrevista.

Um momento relevante que ocorreu em uma das aulas11 foi quando a professora pedagoga responsável pela turma estava presente, e perguntou ao professor se ele se lembrava de alguma música que abordava os meios de transporte, tendo em vista que as crianças haviam começado a estudar esse tema. De imediato o professor começou a cantar uma canção de sua autoria intitulada

“Carro de corrida”:

Era uma vez um carro de corrida Que andava bem rápido na pista E olha a curva para o ladoooo... E olha a curva para o outroooo... [...]

Trecho da música “Carro de corrida”, autoria do Educador 01

Tal canção sugere movimentos corporais de acordo com a letra, como por exemplo, na frase: “E olha a curva para o lado...”. Na ocasião, o professor mostrou como seria o movimento, e todas as crianças se curvaram para a lateral, como se estivessem dentro de um carro realizando uma curva. Com isso, as crianças interagiram com o tema proposto em sala, de forma lúdica e corporalmente ativa. Posteriormente, o educador lembrou-se de outras canções infantis relacionadas ao tema; porém, é importante ressaltar que, a primeira canção que veio em sua mente foi uma de sua própria autoria, demonstrando versatilidade em seu repertório autoral, sendo possível apresentar prontamente uma canção que foi pedida com um tema específico.

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Nas aulas das turmas de 1º ano, a estrutura do planejamento pedagógico altera-se, devido à proposta de ensino diferenciar-se daquela para educação infantil, tendo em vista o uso da flauta doce. Porém, o momento de acolhimento ainda é preservado, cantando as canções de cumprimento, algumas vezes acompanhados pelo violão, e outras vezes acompanhados pela melodia realizada na flauta doce, executada pelo professor. Posteriormente, as crianças realizaram exercícios respiratórios de forma lúdica, de acordo com as orientações do professor; uma das turmas chegou a cantar a música “Minha motoca” – aquela realizada na Educação Infantil. Em seguida, cantaram a seguinte música:

Gosto de tocar a minha flautinha O som dela é suave

Música “Minha flautinha”, autoria do Educador 01

Logo após, o educador pediu às crianças para tocarem a melodia da canção na flauta doce. Tal música abarca do Sol3 ao Dó4 – notas realizadas somente pela mão esquerda no instrumento –, levando em consideração o nível de conhecimento da turma, já que eles iniciaram a prática do instrumento no início do ano corrente. Sendo assim, as crianças conseguiram executar a digitação, tocando de forma lenta e acompanhadas pelo violão. No decorrer da aula, o professor deu continuidade ao planejamento, trabalhando uma música do repertório folclórico brasileiro – “Balalão”.

Um ponto que quero ressaltar aqui é o acompanhamento harmônico e melódico que o educador realiza durante a execução das canções, o que facilita a afinação das crianças, já que uma referência é disponibilizada a elas enquanto cantam. A formação musical do professor é o que lhe possibilita essa facilidade na execução do instrumento, a qual compreenderemos mais a seguir. Outro ponto importante é com relação às características musicais de suas criações. Por uma questão de ética, não é possível disponibilizar partituras e cifras das composições, pois no atual momento esse acervo não é público, o que nos impossibilita de tal ação; porém, posso descrever que o repertório não possui um acompanhamento harmônico ou uma melodia rebuscada, pois foi perceptível o interesse do professor em atender os objetivos pedagógicos propostos. Todavia, as canções são escritas cuidadosamente, possuindo linhas melódicas de fácil aprendizagem e contando com uma estética que, aparentemente, agrada ao público infantil.

Para compreender melhor as escolhas e a trajetória desse educador, foi preciso a realização de mais uma etapa da pesquisa, que se deu através da entrevista semiestruturada, a qual foi iniciada por meio de um tema macro, que nos possibilitou aprofundar-nos mais sobre a sua prática pedagógica: a concepção sobre educação musical no contexto escolar. Para o Educador 01, a música na escola deve possibilitar aos alunos o contato com a música de diversas formas, e através desse contato, o desenvolvimento.

No caso, o desenvolvimento pessoal. O desenvolvimento da criança, do aluno como um todo, né? Num contexto maior, não só estritamente musical, não só o desenvolvimento musical, mas o desenvolvimento do aluno como um todo [...] Nas minhas aulas de música, tanto quando é de forma prática, com instrumentos, ou cantando, seja na educação infantil, no ensino fundamental ou no ensino médio, eu acho que é muito isso: possibilitar o contato, o conhecimento. (EDUCADOR 01).

Além disso, o educador também comentou que sempre procura encaixar a música dentro de um contexto mais amplo, fazendo uma ligação com outros conteúdos e disciplinas, a fim de enriquecer a vida do aluno:

Eu não vejo a aula de música na escola como algo assim, estritamente musical; pra aprender um instrumento, pra apender a cantar ou a tocar alguma coisa desse tipo. Ou pra aprender a linguagem musical ou só a história da música. Não! Eu vejo a música como parte de um contexto, que é o contexto escolar, e a música inserida dentro do ambiente escolar ela precisa tá ligada a esse contexto (EDUCADOR 01).

Pode-se considerar que tal concepção está diretamente ligada à sua maneira de estruturar o planejamento, como já vimos em sua resposta ao questionário na pergunta relacionada à autonomia na construção do planejamento pedagógico e no cronograma de conteúdos, onde o educador afirmou possuir autonomia, porém, contando com a orientação e a parceria da escola, tendo em vista sua concepção de que, a música não deve ser trabalhada isoladamente, mas articulada com outras áreas e com a proposta pedagógica da instituição.

Em relação ao início de sua prática criativa, o educador afirmou que a realiza desde quando começou a dar aula de música, há mais de 10 anos atrás, e declarou que se deu pela necessidade.

Se tinha sim um material já pra educação infantil, pra o ensino de música na escola, mas muitas vezes não encontrava nesses materiais o que eu queria. E aí surgiu a partir de uma necessidade. A necessidade de materiais para determinadas situações, determinados conteúdos, determinados contextos que eu me via assim, meio que sem material. E aí, por não ter material – ou às vezes até tinha um material, mas não me agradava – eu comecei a criar... A partir dessa necessidade (EDUCADOR 01).

Posteriormente, o educador declarou que, após o momento inicial da sua carreira como professor de música, no decorrer da prática pedagógica, a criação começou a ser espontânea, durante ou depois de uma aula, ou no momento de planejamento. Às vezes até tinha um material disponível, mas surgiu a inspiração, ou lembrou-se de alguma coisa, ou simplesmente porque quis criar. Desta forma, podemos perceber que construiu-se uma trajetória onde, inicialmente, se deu pela necessidade, e posteriormente, pela inspiração e pelo prazer.

Em se falando de processo criativo, ao responder a pergunta “Como se dá

seu processo criativo?” o educador respondeu que

Já aconteceu de surgir na aula. [...] Já aconteceu de surgir durante o planejamento. Tipo, eu tô planejando uma aula, e aí me vem a ideia, ou mesmo que não me venha a ideia eu digo: “Ah, não! Eu quero fazer uma música pra desenvolver tal conteúdo, pra fazer tal atividade”. Então, acho que das duas formas: se dá no planejamento [...], e também em momentos de aula (EDUCADOR 01).

O professor ainda comentou que publicou um artigo científico sobre a experiência de “composição coletiva” – termo utilizado pelo docente – que vivenciou com uma turma de 1º ano do Ensino Fundamental I. Na ocasião, o educador dividiu a turma em grupos, e cada grupo fez uma composição a partir de temas previamente escolhidos coletivamente, contando com a ajuda do professor na parte musical, onde as crianças também contribuíram com ideias. Outra experiência de composição em sala relatada por ele foi a que gerou a música “Chuvinha, chuvona” – presente no repertório das aulas observadas.

Essa música surgiu numa aula... Tipo assim: tava chovendo. Aí eu disse: “Bom dia, gente! Tá chovendo hoje...” Aí... Bem, começou a surgir ideias, aí comecei a tocar... “Chuvinha, chuvona... [cantarolando]”, na aula mesmo. Aí eu disse: “Olha como a chuva é legal!”. Aí veio: “Chuvinha, chuvona, você é bem legal. Caindo aos pouquinhos... [cantarolando]”. Aí depois as crianças foram dando ideias; uma professora que tava também deu uma ideia, e aí surgiu

essa música. Bem bonitinha ela ficou, e foi na aula; durante a aula mesmo! (EDUCADOR 01).

De fato, a música resultou numa canção bastante cativante. Prova disso foi o envolvimento e a participação das crianças demonstrada nos momentos de execução no período das observações. Pode-se dizer que a perceptível facilidade do educador em criar algo em poucos minutos durante uma aula – contando com as ideias das crianças –, deve-se à sua formação e trajetória como músico, o que lhe fornece autonomia no uso do material sonoro. O docente declarou que estudou violão clássico e guitarra no Instituto Waldemar de Almeida12 e, posteriormente, concluiu o Curso Técnico de guitarra e a Licenciatura em Música – ambos os cursos realizados na Escola de Música da UFRN. Além disso, ainda atua como músico, tocando em ocasiões diversas, as quais não foram especificadas pelo entrevistado. De acordo com o educador, a sua formação musical influencia quando se trata do repertório de acordes e melodias.

Eu acho que todo o repertório de acordes, todo o repertório melódico influencia na hora que você vai criar, né? Assim... Eu até tenho outras composições sem ser voltadas pra educação musical, e eu acho que utilizo um material muito mais denso, mais nessas composições. Nas composições pra educação musical eu procuro fazer algo mais simples, mais prático, até pelo nível musical. Geralmente as minhas composições são mais pra crianças mesmo, são bem infantis (EDUCADOR 01).

Apesar da nítida influência no processo criativo, e a afirmação do próprio professor quanto a isso, ele declarou que a sua formação como instrumentista influencia muito mais na execução das canções, tendo em vista que ele sempre toca executando acordes e melodia de forma simultânea, auxiliando as crianças a cantarem afinadas, de acordo com a tonalidade da música. De fato, isso ficou nítido durante as observações. Levando em consideração de que, na educação infantil, as vozes das crianças ainda encontram-se em desenvolvimento e demonstram uma tessitura aguda, a melodia executada no violão se tornou uma referência para a afinação do grupo. Tal ação não seria possível se o docente soubesse tocar apenas

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Instituição pertencente à Fundação José Augusto, a qual tem por finalidade promover o desenvolvimento sociocultural e científico do Estado (RN) mediante colaboração com o Poder Público.

Disponível em:

http://www.fja.rn.gov.br/Conteudo.asp?TRAN=ITEM&TARG=3523&ACT=&PAGE=0&PARM=&LBL=A +secretaria. Acessado em: 27 de outubro de 2017.

o básico em seu instrumento, já que se exige certa técnica para a execução da harmonia junto à melodia.

Sobre o acervo de músicas autorais com fins pedagógicos, o educador declarou que grande parte delas são canções, e “pouquíssimas” direcionadas à prática da flauta doce. Quando questionado se tinha alguma direcionada para bandinha rítmica, ele afirmou que já criou para esse conjunto, mas num formato de arranjo musical, acompanhando a execução vocal de uma de suas canções. Sobre a organização desse acervo, quando questionado se as composições são legalmente registradas, o educador afirmou que não. Além disso, pouquíssimas foram arquivadas digitalmente, e duas ou três escritas com cifra. Quando perguntei como ele arquiva essas composições, ele declarou a seguinte resposta:

Mais de cabeça... Às vezes eu gravo também. Gravo o áudio no celular, principalmente quando eu tô fazendo, eu gravo pra não esquecer, mas não tenho nada escrito em partitura... É ate uma coisa que eu preciso fazer (EDUCADOR 01).

Sobre o espaço que suas composições ocupam no planejamento da aula de música, o docente comentou que existem aquelas que estão sempre presentes nos momentos da chamada rotina – como, por exemplo, o acolhimento, o aquecimento vocal, a despedida, etc. O educador comentou que esses momentos da aula já são fixos no planejamento, mas que não delimita as canções que vai cantar naquele determinado dia.

[...] As crianças, principalmente as que já tem aula comigo assim, já tem um repertório. Músicas que eu já ensinei, né? Que eu vou ensinando durante o ano. Então, quando é música nova, é claro que eu vou planejar, vou ter o momento de ensinar e tudo mais. Mas tem aquele momento que é meio livre ali. É uma rotina planejada, mas não exatamente as músicas que vão ser naquele momento. Por exemplo, música da acolhida tem várias opções; tanto músicas minhas, como de outras pessoas. Então, essas músicas de rotina elas sempre estão presentes, então posso dizer que praticamente toda aula tem alguma música ali, nessa rotina (EDUCADOR 01).

Como essa rotina já é algo instituído para a educação infantil em geral, as professoras pedagogas – responsáveis pelas turmas – também se apropriam das canções, utilizando-as nos momentos rotineiros nos demais dias em que o educador não se encontra na escola.

Tem algumas dessas de acolhida, de “bom dia” e “boa tarde”, e tudo, que já é uma coisa assim, que todo mundo já sabe, porque já faz parte ali da rotina de todo mundo da educação infantil; não é nem só das minhas turmas (porque eu não dou aula pra todas as turmas da educação infantil). Mas até aqueles que eu não dou aula, os menorzinhos, eles já cantam, porque a música já pegou. As professoras já aprendem, aí já usam (EDUCADOR 01).

Além disso, o professor comentou que também existem aquelas composições