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2. AVALIAÇÃO DA QUALIDADE E EFICIÊNCIA HOSPITALAR NO SUS

2.5 Eficiência hospitalar: conceitos e definições

O sistema de serviços de saúde pode ser considerado, dentre os sistemas sociais, o de maior complexidade relativa. Um dos motivos dessa complexidade refere-se aos diversos objetivos estabelecidos para esse sistema: equidade, eficácia, eficiência, qualidade e satisfação dos usuários (MENDES, 1998).

No âmbito do sistema de serviços de saúde encontram-se os serviços hospitalares, os quais também pressupõem a eficiência como um dos seus objetivos.

De acordo com o CONASS (2006, p. 80), “a atenção hospitalar do SUS vive uma crise crônica que se arrasta por anos”, sendo a eficiência uma das facetas dessa crise. Diante disso, torna-se de grande importância a avaliação da eficiência hospitalar, a fim de verificar se este importante objetivo da atenção hospitalar está sendo alcançado.

Para introduzir esse assunto, é necessário apresentar a definição do termo eficiência, bem como diferenciá-lo de outros termos comumente usados no âmbito da saúde, os quais são: eficácia e efetividade.

De acordo com Maximiano (2006, p. 4), “eficiência é a palavra usada para indicar que a organização utiliza produtivamente, ou de maneira econômica, seus recursos. Quanto mais alto o grau de produtividade ou economia na utilização de recursos, mais eficiente a organização é”.

Para Padoveze (2002, p. 36) a eficiência pode ser definida como “a relação existente entre o resultado obtido e os recursos consumidos para conseguir esse resultado”. Para esse

autor, a eficiência também pode ser evidenciada pela seguinte operação matemática: (entradas ÷ saídas = eficiência).

Assim, uma organização eficiente é aquela capaz de maximizar os resultados mantendo o mesmo nível de consumo de recursos, minimizar o consumo de recursos mantendo o mesmo nível de produção, ou ainda, se possível, maximizar resultados e concomitantemente minimizar o consumo de recursos.

A eficiência geralmente é classificada em dois tipos: eficiência alocativa e eficiência técnica. A eficiência alocativa refere-se à distribuição dos recursos entre os diversos insumos necessários ao processo produtivo ou entre as alternativas possíveis para se atingir um determinado resultado. A eficiência alocativa é alcançada quando a distribuição dos recursos entre os insumos necessários à realização de um processo produtivo é próxima do tecnicamente ideal. Nesse caso, nenhuma alteração nessa forma de distribuição seria capaz de aumentar o resultado ou diminuir o custo (COUTTOLENC, 2002).

A eficiência técnica, segundo Pena (2008, p. 85), é obtida “quando se emprega o menor nível de insumos possível para produzir um nível dado de produção, ou quando se obtém o maior nível de produção possível com um dado nível de insumo”.

A eficiência técnica, de acordo com La Forgia e Couttolenc (2009), também pode ser chamada de eficiência técnica total, visto que a mesma tem dois principais componentes: a eficiência técnica pura ou eficiência técnica interna e a eficiência de escala. A eficiência técnica pura é chamada também de eficiência técnica interna em virtude de estar associada a fatores de natureza interna da organização, como práticas administrativas, estrutura organizacional e processo produtivo. Já a eficiência de escala está relacionada a fatores externos ou do ambiente, como políticas, demanda etc. Para esses autores, a combinação da eficiência técnica com a eficiência alocativa é denominada eficiência econômica total.

A eficácia é definida como “fazer as coisas certas, do modo certo, no tempo certo” (VIEIRA da SILVA, 2005, p. 20). Para essa autora, a eficiência refere-se à ação (processo) e a eficácia com aquilo que é obtido mediante a ação (resultado).

Ferreira e Gomes (2009) afirmam que a eficácia está relacionada ao atendimento dos objetivos que se deseja atingir, sem considerar os recursos utilizados. Assim, segundo os mesmos, se a produção almejada foi alcançada, a organização foi eficaz, ainda que os recursos não tenham sido utilizados adequadamente.

De acordo com Mendes (2008), na área da saúde, a eficácia demonstra a capacidade do sistema de saúde em atingir seus fins, seja em produtos ou em resultados.

A efetividade refere-se ao nível em que um determinado impacto, resultado, benefício ou efeito real é alcançado, decorrente da aplicação prática de uma ação sob condições habituais (RUBIO CEBRIAN, 1995). A efetividade é o grau em que uma determinada intervenção alcança o que se pretende. Em virtude de se referir aos resultados de ações em condições habituais, ou seja, não controladas, o nível de efetividade vai depender das condições da realização das ações.

Embora a eficácia e a efetividade também sejam objetivos estabelecidos para os serviços de saúde, este trabalho se detém na avaliação da eficiência dos hospitais vinculados aos SUS, dada a importância dessa avaliação na compreensão do modo como são utilizados os recursos nessas organizações.

Desse modo, este trabalho abordará a eficiência entendida como a busca pela melhor relação entre recursos empregados e resultados obtidos, com foco principalmente na maximização dos resultados com os mesmos recursos.

A avaliação da eficiência hospitalar se justifica por pelo menos quatro motivos. O primeiro se refere ao elevado custo da assistência hospitalar no âmbito da assistência à saúde em geral. O segundo relaciona-se com o primeiro e versa sobre o custo de oportunidade. A ideia é que a redução dos custos com a assistência hospitalar faz com que sejam reduzidos os custos com a assistência à saúde, sendo possível alocar estes recursos em outros segmentos do setor, dentre eles a promoção da saúde e a prevenção de doenças. O terceiro é a possibilidade dos gestores se utilizarem dos resultados de tais avaliações a fim de avaliar o impacto das políticas de saúde nos serviços hospitalares, planejar novas ações e estabelecer prioridades. O quarto motivo é que, de posse do resultado da avaliação da eficiência os gestores hospitalares podem monitorar suas ações, bem como comparar o desempenho do hospital com os demais hospitais integrantes do sistema de saúde (WOLFF, 2005).

Existem duas metodologias que podem ser aplicadas aos hospitais a fim de estimar sua eficiência técnica relativa, as quais são: Análise Envoltória de Dados (DEA) e benchmarking.