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Fonte: IIRSA (2010b).

Em comparação entre as Carteiras de 2004 e 2010, o número de projetos de natureza nacional aumentou 80%, enquanto os transnacionais caíram em torno de 4%, o que representa uma fragilidade em termos de integração física coordenada, mas torna o processo mais factível.

Em termos de caracterização dos investimentos, os públicos se elevaram em mais de 80%, os privados se mantiveram estáveis e os público-privados aumentaram em quase 24%.

Tabela 6 – Caracterização da Carteira IIRSA (2010)

Fonte: Elaboração própria a partir de dados da IIRSA (2010b).

Conforme já discutido, o papel das agências de financiamento tinha um papel central na IIRSA. BID, CAF e FONPLATA compunham o cerne do comitê técnico que geria o próprio desenho dos projetos. Padula (2010) pontua que, por mais que esses bancos de fomento fossem regionais, estavam sob grande influência do capital monopolista internacional, especialmente do Banco Mundial e do projeto da ALCA.

Já o BID atua na América Latina como braço do Banco Mundial (Bird) e tem 47 países membros (de todo o mundo), dos quais apenas 26 são latino-americanos, e sua gestão é predominantemente conduzida pelos países desenvolvidos, onde os EUA sozinho possui 30% do capital e conseqüentemente de peso nas votações – nesta instituição a participação de um país no seu aporte total de capital lhe confere peso equivalente nas votações. Assim, é altamente influenciado pelos EUA. É interessante notar que as mesmas instituições financeiras que compõem o CCT promoveram a ALCA (Área de Livre Comércio das Américas), impulsionada pelos EUA (PADULA, 2010, p. 178).

No que diz respeito ao BID, em 2005 foi criado o Fundo de Infraestruturas de Integração (FIRII) para a preparação de projetos da IIRSA. Um total de 15 projetos da Carteira de 2010 estavam sob esse fundo de financiamento na sua etapa de estudo técnica, com um aporte de 12,6 milhões de dólares (IIRSA, 2010b). No caso da CAF, os recursos para elaboração de projetos foram direcionados ao desenvolvimento de componentes de viabilidade técnica, ambiental e social, além de projetos de engenharia, com foco em corredores rodoviários. Em junho de 2010, o valor aprovado para recursos ultrapassava 4,5 milhões de dólares destinado a 15 projetos da IIRSA (IIRSA, 2010b). Em relação ao FONPLATA, foi criado o Fundo de Desenvolvimento de Projetos de Integração Regional (FONDEPRO), com o objetivo de funcionar como mecanismo financeiro por meio da alocação de recursos para cooperação técnica. Embora o FONDEPRO ainda não estivesse operacional em 2010 como mecanismo financeiro, o FONPLATA financiou até aquele ano estudos relacionados a projetos de integração pertencentes à Carteira IIRSA no valor de 3,3 milhões de dólares.

Já em termos de resultados das etapas de conclusão dos projetos IIRSA, a Tabela 7 abaixo apresenta as informações do período entre 2003 e 2010. De acordo com os dados, 10% das obras foram concluídas:

Tabela 7 – Etapa de conclusão dos projetos IIRSA (em 2010)90

Fonte: Elaboração própria a partir de dados da IIRSA (2011).

O gráfico a seguir apresenta uma descrição quantitativa da evolução que a Carteira de Projetos IIRSA teve desde sua formação original até o seu encerramento, em 201091. Em termos agregados, é possível verificar um crescimento significativo, tanto em número de projetos como em estimativa de investimentos. Vale destacar que, embora de 2009 a 2010 tenha havido um crescimento de apenas 2,7% no número de projetos, o investimento estimado aumentou em 29%, já que foram incorporadas mais informações devido à atualização do Banco de Dados de Projetos (IIRSA, 2010b).

Gráfico 3 – Evolução da Carteira IIRSA (2003-2010)

Fonte: Elaboração própria a partir de dados das Carteiras IIRSA/COSIPLAN.

90 Na etapa de perfil são incluídos os projetos em fase preliminar ou sendo idealizados. Na etapa de pré-execução

são incluídos os projetos em fase de pré-factibilidade, factibilidade e investimento.

Outro âmbito a ser analisado é a implementação e os resultados da AIC, com projetos definidos como prioritários, muitos a partir de Projetos-Âncora. A tabela 8 abaixo visa sintetizar a AIC e sua evolução entre os anos de 2005 e 2010.

Tabela 8 – Caracterização e evolução dos projetos estruturados AIC (2005-2010)92

Fonte: Elaboração própria a partir de dados da IIRSA (2010a).

Conforme é possível observar acima, dos 31 projetos estruturados AIC, 28 fazem parte do setor de transportes (rodovias, pontes, postos de fronteira, navegabilidade, pavimentações). Dois deles foram concluídos no período 2005-2010 (projetos nº 25 e 27)93. Há somente um projeto do setor energético (nº 7, Gasoduto do Nordeste Argentino), mas que concentra um dos maiores investimentos estimados dentre os projetos AIC (1 bilhão de dólares). Nesse primeiro momento, dois dos 31 projetos são de ordem regional: os do setor de Telecomunicações (projetos nº 30 e 31), devido ao seu planejamento estratégico integrado.

Em termos de investimentos estimados da Carteira AIC, elevou-se de 5,8 bilhões de dólares em 2005 para 14 bilhões em 2010, representando um aumento de 141% (IIRSA, 2010a).

93 Quanto aos prazos de execução e conforme a estimativa vigente no VI Relatório da AIC de 2010, esperava-se

que, em 2014, 77% dos projetos da Agenda estivessem concluídos. Isso se refere à expectativa de 14 projetos concluídos no final de 2011, 19 no final de 2012, 21 no final de 2013 e 24 no final de 2014 (IIRSA, 2011).

Além disso, dos 31 projetos, o Brasil é parte direta de sete deles, enquanto investidor e beneficiário (projetos nº 3, 4, 9, 11, 25, 26, 27). Em outros seis, o Brasil aparece enquanto parte beneficiada, mas não investidora (projetos nº 1, 2, 10, 21, 22, 24) - ou seja, a obra não é projetada para o território brasileiro, mas beneficia o país por facilitar uma ligação com a fronteira brasileira. O Brasil, portanto, era o país mais beneficiado pela AIC, fazendo parte (direta ou indiretamente) de 13 projetos. Em segundo lugar, a Bolívia, em nove projetos. Em último, o Equador, que aparece em apenas um. O Mapa 6 abaixo ilustra as localidades dos projetos AIC.