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CAPÍTULO 3. METODOLOGIA

3.5. Elaboração dos instrumentos para coleta e análise de dados

Assumindo que a percepção ambiental é o instrumento de estudo desta pesquisa, os métodos de coleta e interpretação dos dados são devidamente escolhidos e aplicados, a partir, das orientações metodológicas das Ciências Sociais.

Antes que fosse pesquisada e estruturada qualquer metodologia de coleta e análise de dados, o trabalho foi iniciado com observações livres durante as reuniões realizadas pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe no período de 26 de maio do ano de 2009 até a última reunião em 30 de novembro do ano de 2010.

A observação livre é uma importante técnica de pesquisa que não se traduz em um simples olhar, segundo Triviños (2009, p.153) “implica em uma vivência cotidiana da qual se extrai a essencialidade das experiências”, onde observar é:

[...] destacar um conjunto (objeto, pessoas, animais etc.) algo especificamente, prestando, por exemplo, atenção em suas características (cor, tamanho etc.). Observar um “fenômeno social” significa, em primeiro lugar, que determinado evento social, simples ou complexo tenha sido abstratamente separado de seu contexto para que, em

sua dimensão singular, seja estudado em seus atos, atividades, significados, relações etc. Individualizam-se ou agrupam-se os fenômenos dentro de uma realidade que é indivisível, essencial para descobrir seus aspectos aparenciais e mais profundos, até captar, se for possível, sua essência numa perspectiva específica e ampla, ao mesmo tempo, de contradições, dinamismos, de relações [...] (TRIVIÑOS, 2009, p.153).

Em seus estudos Triviños (2009) relata que a observação vai além do “olhar”, sendo demonstrado que é um “olhar” direcionado à pesquisa qualitativa, para compreender um determinado fenômeno em observação, e que o mesmo será para conhecer o seu grupo ou objeto de estudo, não se valendo apenas de materiais bibliográficos para tal fim.

Mucelin (2006, p. 107) complementa dizendo que “a observação adequada requer do pesquisador a convivência, uma vez que alheio aos valores, costumes e hábitos, as observações podem induzir o pesquisador, obviamente, a inferências inadequadas e até prejudiciais ao estudo”.

No entanto, para que não houvesse a possibilidade de acontecimentos semelhantes aos citados acima, foram planejadas observações durante as reuniões do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe, com o intuito de conhecer o grupo estudado em relação aos aspectos referentes aos membros como participação nas reuniões, freqüência, nível de conhecimento como gestor ambiental, funcionamento e andamento das reuniões. Sendo observada também uma rede de relações que possibilitariam o melhor entendimento sobre o Comitê e contatos para possível comunicação entre os membros, enfim, para o reconhecimento do grupo e funcionamento de todo o mecanismo. A observação livre também se deu durante as entrevistas realizadas nos locais de trabalho dos sujeitos selecionados.

Segundo Mucelin (2006, p. 108), “a observação é parcial e seletiva e tem limitações como o ângulo de visão e seus distintos aspectos, além do fato de que, quando um observador aparece em um determinado contexto, ele tende a prejudicar a espontaneidade da cena”. Lodi (1971) apud Mucelin (2006) acrescenta que “o observador em cena sofre pressões para participar e para observar e [...] poderá começar como observador não participante e terminar como participante não observador” (1971. p.14). Durante as reuniões e visitas para as entrevistas a pesquisadora, em algumas situações era interrogada e até mesmo, sua opinião e auxílio como técnica eram cobrados.

Os instrumentos de coleta e análise de dados foram aplicados por etapas, sendo que as viagens à campo iniciaram o processo. A ordem de coleta e análise dos dados foi: (i) questionário de perfil sócio-profissiográfico; (ii) Jogo das Percepções; (iii) entrevista semi- estruturada.

A pesquisa foi fundamentada nas bases teórico-conceituais da percepção ambiental, análise de conteúdo e estatística descritiva. O trabalho estruturou-se a permitir uma abordagem qualitativa e quantitativa com a utilização de técnicas de coleta em fontes primárias (entrevistas e pesquisas de campo) e secundárias, com ampla pesquisa bibliográfica. Utilizando também como material suporte, relatórios, Atas, mapas, resoluções, Plano de Bacia Hidrográfica enfim documentos referentes ao Comitê e a Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe.

3.5.1. Registro fotográfico em pontos da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe observando suas condições ambientais.

A ocupação da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe não ocorreu conforme o modelo sustentável, onde o crescimento e o desenvolvimento antrópico em seu entorno surgiu de forma rápida, ocasionando alguns problemas decorrentes da ocupação. Sendo assim, para corroborar com os resultados qualitativos do estudo da percepção, principalmente no auxilio da construção do Jogo das Percepções (uma adaptação realizada a partir de Mucelin e Bellini, 2007), que serviu de instrumento para a coleta de dados, foi realizado o registro fotográfico em pontos desta Bacia Hidrográfica.

O registro fotográfico deu suporte à pesquisa, auxiliando a pesquisadora a visualizar e conhecer os locais aos quais estava sendo direcionado o trabalho, ilustrar a pesquisa com as localidades visitadas, dar subsídio para a construção do Jogo das Percepções e observar in loco as reais condições ambientais presentes em alguns pontos da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe. As imagens e os resultados dessa etapa perpassam por todo o trabalho, não sendo realizado apenas um tipo de análise, mas sim a utilização desses dados de forma explícita e implícita.

Nesta etapa foram utilizados: máquina fotográfica digital, um receptor de sinais de satélite para posicionamento geográfico o GPS (Global Positioning System) e roteiro de campo para caracterização da área.

Os pontos visitados foram georreferenciados e plotados em mapas para melhor visualização no trabalho. As anotações de campo seguiram o padrão realizado por Araújo (2008), sendo observado também no Apêndice A:

1. Ponto: marcação como testemunha. 2. Fotografia: registrar com sim ou não.

4. Coordenada: georeferenciamento XY.

5. Dados altimétricos em metros: altitude do local visitado. 6. Presença de recursos hídricos: sim ou não.

7. Relevo: qual o tipo de relevo se colinoso ou convexo.

8. Lançamento de esgoto: se há lançamento, e qual o local se no solo ou na água. 9. Se há foco de lixo: no solo ou na água.

10. Disposição do lixo: qual a disposição do lixo se desordenado ou concentrado. 11. Vegetação: se existente, esparsa, concentrada ou inexistente.

12. Uso e ocupação do solo: se o solo é ocupado por pastagem, agricultura, irrigação ou outro tipo de ocupação.

13. Presença de animais: se há ou não presença de animais e quais são eles.

14. Quanto à existência de mata ciliar, se existente, exuberante, impactada ou inexistente e por último as observações do pesquisador a respeito da região visitada.

Os locais visitados na Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe foram escolhidos aleatoriamente, em um total de doze viagens iniciadas em 16 de outubro do ano de 2009 em sete pontos da cidade de Aracaju, por onde percorre o Rio Sergipe e alguns de seus afluentes, como pode ser observado na Figura 3.12.

As cidades visitadas por ordem das viagens foram Aracaju (16 de outubro de 2009); Nossa Senhora das Dores (16 de novembro de 2009); próximo às nascentes do Rio Sergipe nos povoados de Santa Helena e Cipó de Leite pertencente à cidade de Pedro Alexandre no estado da Bahia (13 de abril de 2010); Nossa Senhora da Glória (13 de abril de 2010); Carira (13 de abril de 2010); Nossa Senhora do Socorro (11 de maio de 2010); Areia Branca (12 de maio de 2010); Riachuelo (12 de maio de 2010); Malhador (12 de maio de 2010); Itabaiana (08 de junho de 2010); Barra dos Coqueiros (09 de agosto de 2010) e Santo Amaro das Brotas (09 de agosto de 2010).

As imagens fotográficas de todos os pontos visitados e suas descrições estão presentes em um Compact Disc - CD no Apêndice F.

3.5.2. Construção, teste, aplicação e análise dos instrumentos de coleta de dados - questionário do perfil sócio-profissiográfico, Jogo das Percepções e entrevista semi- estruturada.

O questionário de perfil profissográfico, o Jogo das Percepções e a entrevista semi- estruturada foram submetidos à testagem de sua objetividade, sendo avaliados em termos de estabilidade e validade, como sugerida por Kirk e Miller (1986) apud Jesus (1993) para pesquisa qualitativa. Para eles a estabilidade é a extensão na qual o procedimento da medida produz a mesma resposta em todas as vezes que seja aplicada, já a validade se refere à extensão na qual o instrumento de medida proporciona uma resposta.

Para a etapa de testagem da objetividade e estabilidade foi possível contar com a colaboração de quatro membros do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe, entre eles: representantes da sociedade civil (Organização Sócio-Cultural Amigos do Turismo e Meio Ambiente em Barra dos Coqueiros – OSCATMA); Poder Público Estadual e Federal (Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos Sergipe – SEMARH); usuários (Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados de Sergipe – FAFEN e a Associação Socorrense de Mariscultores Naturais e Ecológicos – ASMANE). Esses representantes deram sugestões para melhoria dos instrumentos de coleta, contribuindo para a construção da pesquisa. O período de coleta de informações, a partir, desta metodologia iniciou em 20 de abril com término em 26 de agosto, totalizando cinco meses de coleta.

As pessoas selecionadas para a coleta de informações foram contactadas por meio de carta do projeto de pesquisa (Apêndice E), pessoalmente ou via endereço eletrônico. Foram incluídos dois membros que não constavam na triagem realizada, um representante do Poder Público Municipal (Prefeitura de Nossa Senhora do Socorro) e da sociedade civil (Sociedade Semear).

Para nosso estudo foram utilizadas técnicas variadas para a coleta de informações, segundo Whyte (1978) o número de técnicas que têm sido desenvolvidas ou emprestadas para os estudos de campo em percepção ambiental tem aumentado significativamente. Estas técnicas tendem a ter a aura de complexidade e especialização disciplinar que muitas vezes é confuso em novos domínios de investigação transdisciplinar. É importante notar que todas as técnicas de campo são baseadas em uma combinação de três abordagens principais: observando, ouvindo e fazendo perguntas (Figura 3.13). Estes métodos são complementares e fundamentais para todas as pesquisas no campo.

Figura 3.13: Principais abordagens metodológicas (fonte: WHYTE, 1978).

Por ser uma modalidade de pesquisa que investiga considerações sobre a experiência vivenciada, um estudo de percepção ambiental pressupõe a utilização de um rigor metodológico construído com criatividade, sem ficar condicionado, necessariamente, à adoção de um modelo teórico, método ou técnica prefixada.

3.5.2.1. Questionário do perfil sócio-profissiográfico

O questionário do perfil sócio-profissiográfico foi elaborado no sentido de coletar informações referentes às características dos sujeitos entrevistados (Apêndice B). O tratamento preliminar dos dados comportou a ordenação das respostas dos questionários de maneira a dispor numa forma adequada. Sendo ordenadas em quadros, de acordo com a classe de dados obtidos. Tais como: a) dados pessoais - sexo, faixa etária, estado civil e escolaridade dos membros do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe; b) atividade profissional e faixa de renda; c) naturalidade; d) entidades, associações ou movimentos sociais que participa; e) classificação quanto à titulação dentro do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe. Estas informações foram quantificadas e os resultados dispostos em forma de números.

3.5.2.2. Jogo das Percepções

Mucelin (2006) em sua tese de doutorado intitulada “Estudo ecológico de fragmentos ambientais urbanos: percepção sígnica e pesquisa participante” trabalhou o Jogo das Percepções com os moradores locais da cidade de Medianeira – Paraná, com a pretensão de estimular os investigados e refletir sobre determinadas situações e fragmentos do ambiente urbano, utilizando-o como um instrumento estimulador e lúdico.

Neste trabalho foi utilizado com as mesmas pretensões, além de auxiliar para a coleta de dados, onde foi possível perceber uma maior participação e desenvoltura dos entrevistados durante esta etapa.

Mucelin (2006) pressupõe que o Jogo das Percepções estimula o entrevistado a refletir e perceber determinados fragmentos do ambiente, produzindo processos de conhecimento sobre a realidade do contexto estudado. As imagens fotografadas foram consideradas como instrumentos facilitadores da caracterização perceptiva das crenças, costumes e hábitos, modelando ou influenciando a percepção e conseqüentemente, estimulando reflexões das formas como o ambiente é reconhecido.

Para a realização do Jogo foram utilizadas fotografias digitais impressas (Quadro 3.5) com imagens de pontos da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe (25 imagens numeradas discretamente no verso), um aparelho gravador digital de MP3 player portátil para a gravação das falas e um roteiro para auxiliar as anotações das etapas do Jogo das Percepções. Os diálogos foram gravados e transcritos na íntegra para posterior análise.

Nossa pretensão com a utilização dessa metodologia foi observar a experiência do entrevistado quanto a Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe e sua gestão, respeitando suas diferentes histórias de vida. Alteração ou manipulação nas imagens trabalhadas não foi realizada, considerando as imagens fotográficas como um “instante congelado para sempre”.

O Jogo das Percepções foi utilizado de acordo com Mucelin (2006) com algumas adaptações (Apêndice C), conforme etapas abaixo:

1º Momento: apresentação da pesquisa e do pesquisador ao entrevistado. Logo após, eram entregues as fotografias e solicitado que o mesmo as visualizassem. Esta etapa consistiu na observação e gravação de falas e expressões dos entrevistados ao se deparar com as imagens das fotos. Após o primeiro momento de contato com as fotografias, foram realizadas algumas intervenções Com os seguintes objetivos, a saber:

1º - O que as imagens retratam para você?

Objetivo da questão: evidenciar a percepção do participante sobre o objeto de estudo. 2º - Sabe de onde são essas imagens?

Objetivo da questão: evidenciar a identificação do participante quanto ao local investigado.

Neste momento as falas eram gravadas e anotadas em uma tabela numerada, correspondendo ao número encontrado no verso de cada imagem.

2º Momento: objetivando auxiliar no reconhecimento dos pontos fotografados na Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe, foi proposto um segundo momento no Jogo das Percepções. Foi perguntado ao entrevistado se ele reconhecia os locais onde foram realizadas as imagens se em ambientes rurais ou urbanos. Posterior a pergunta, questionava-se seu reconhecimento das imagens com sendo da referida Bacia Hidrográfica. Caso uma ou mais imagens não fossem percebidas como da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe, solicitava-se a sua separação das demais fotos, visando evidenciar a percepção e reconhecimento da paisagem fotografada, para demonstrar o grau de interação do membro com a área de estudo.

3º Momento: foi solicitado ao participante que separasse as imagens em paisagem não impactada e impactada na Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe. Em seguida, foi solicitado que o mesmo organizasse as fotografias em tantos grupos quanto julgasse pertinente. Após, finalizada a organização dos grupos de imagens, questionava-se sobre:

1º - Quantos grupos foram organizados? 2º - Como você denomina cada grupo? 3º - O que cada grupo significa? 4º - Por que ocorrem?

Neste momento, foi realizada a gravação dos diálogos, sendo transcritos e analisados posteriormente. É importante o registro de cada grupo de imagens (anotando os números das fotografias agrupadas). Por meio da numeração previamente transcrita no verso das fotografias e sua disposição posterior, possibilita confrontar na análise dos resultados a percepção individual e coletiva dos grupos amostrais.

A utilização de imagens fotográficas nesse trabalho não buscou omitir a idéia de que ela sofre influências desde o momento em que é realizada, visto que, a imagem é uma interpretação que o autor faz da realidade. O receptor da imagem fotográfica, por sua vez, inserido em outro contexto social, faz a leitura de acordo a sua realidade e experiências. Independente da intenção do autor ao produzi-las, admite-se que um simples detalhe pode

atrair mais atenção do que o todo intencionalmente previsto dentro do campo visível exposto (DINIZ e VEIGA, 2010).

Neste contexto, foram analisadas as diferentes percepções ambientais dos entrevistados, respeitando a individualidade e o contexto social ao qual estão inseridos. Levando-se também em consideração sobre a idéia exposta acima, a análise dessas informações não foi quantificada, mas sim transcrita em idéias principais resumidas de cada discurso, conservando as características e riqueza de linguagem dos entrevistados.

As imagens selecionadas e utilizadas no Jogo das Percepções estão dispostas no Quadro 3.5 em ordem de apresentação segundo os Quadros 4.6, 4.7, 4.8, 4.9, 4.10, 4.11 e 4.12, sendo também apresentada a Figura 3.14, onde são demonstrados os pontos georreferenciados na Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe onde foram registradas as imagens utilizadas no Jogo das Percepções.

Foram apresentadas imagens que retratavam situações de ambiente impactado3 e não impactado da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe, classificadas e de acordo as condições ambientais visualizadas no local fotografado, tais como: vegetação exuberante e imagens paisagísticas (Quadro 4.6); imagens de poluição aérea, por resíduos sólidos e líquidos (Quadro 4.7); imagens com ausência de mata ciliar (Quadro 4.8); imagens de assoreamento (Quadro 4.9); imagens de impactos causados pelas construções humanas (Quadro 4.10); imagens de barramentos no Rio (Quadro 4.11); imagens de manutenção da mata ciliar (Quadro 4.12).

Quando se utiliza imagens, não devemos considerá-las como neutras, ou seja, simples documentos captados por uma lente, ao fazer isso, as limitamos a objetos “naturais”, quando de fato elas são socialmente construídas dentro de um contexto específico para a investigação. Pressupomos que as fotografias pudessem estimular a reflexão sobre os fenômenos culturais que engendram a percepção ambiental, individual e coletiva do grupo investigado. Neste contexto, é importante ressaltar que textos, palavras e imagens reforçam uns aos outros por meio de conexões fixas ou transparentes em interações dinâmicas (FISCHMAM, 2004).

Segundo Joly (1996) a análise pedagógica da imagem pode proporcionar algumas liberdades intelectuais, demonstrando que a imagem é de fato uma linguagem específica e heterogênea, que se distingue do mundo real e que, por meio de signos propõe uma representação escolhida e necessariamente orientada. Tentando com isso, distinguir as principais ferramentas dessa linguagem e o que sua ausência ou sua presença significam.

Finalmente, uma das funções da análise da imagem, pode ser a busca ou a verificação das causas do bom ou do mau funcionamento de uma mensagem visual.

O Jogo das Percepções em nosso estudo foi utilizado para estimular os atores investigados a observar e refletir sobre determinadas situações e fragmentos do ambiente em estudo, tendo também como propósito permitir a interação e leitura das imagens, por meio das quais os atores pudessem expressar suas percepções: quais as situações lhe eram alheias, como viam os fragmentos e como percebiam as imagens registradas. Sendo que este instrumento de coleta de dados foi utilizado para se trabalhar a variável experiência dos membros do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe para com seu objeto de gestão.

1 7 6 5 4 3 2 10 9 8 16 12 13 14 15 19 18 17 11 25 24 23 21 22 20

3.5.2.3. Entrevista semi-estruturada

Após o trabalho com o Jogo das Percepções, foi possível utilizar a técnica da entrevista semi-estruturada, deixando que os entrevistados se expressassem livremente sobre os tópicos da pesquisa. A pretensão de utilizar esta técnica foi superar a limitação implícita na compreensão dos campos por meio de dados quantitativos, pois, ao mesmo tempo, em que valoriza a presença do investigador, oferece perspectivas possíveis para que o informante alcance a liberdade e a espontaneidade necessárias enriquecendo a investigação (MINAYO, 2008; TRIVIÑOS, 2008).

Para a coleta de dados com a entrevista semi-estruturada, foram utilizados aparelho gravador digital MP3 player portátil para gravação das falas e um roteiro da entrevista semi- estruturada.

A entrevista semi-estruturada objetivou responder sobre a caracterização perceptiva do sistema de estudo. Esta variável relaciona-se à atribuição de significado, identidade, escolha de usos para a Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe, onde foi realizado o tratamento, análise, descrição e interpretação dos dados das respostas às questões da entrevista semi-estruturada (Apêndice D).

O roteiro e objetivos adotados para a entrevista semi-estruturada constou de cinco questões, a saber:

Primeira questão: O que você entende por Bacia Hidrográfica?

Objetivo da questão: devido à abstração desse conceito, pretendeu-se entender não só a definição de um conceito, como também a percepção e a identidade dos membros quanto a Bacia Hidrográfica, no contexto sociocultural de cada membro.

Segunda questão: O que significa para você o Rio Sergipe?

Objetivo da questão: identificar o significado do Rio Sergipe para os membros do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe.

Terceira questão: Qual a importância da mata ciliar para o Rio?

Objetivo da questão: buscar entender a percepção dos membros do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe, quanto às “funções ambientais” da mata ciliar para a manutenção e equilíbrio do ecossistema.

Quarta questão: Em sua opinião qual a melhor forma de utilização dos recursos naturais da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe?

Objetivo da questão: Avaliar a percepção sobre a escolha de uso dos recursos naturais da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe pelos membros do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe.

Quinta questão: O que o levou a participar do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe?

Objetivo da questão: Avaliar a relação de comprometimento do entrevistado com o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe.