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BRASIL GOVERNO DE

3 MODELO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA PARA ANÁLISE DE PARQUES TECNOLÓGICOS NA AMÉRICA LATINA

3.3 Elementos de Governança Corporativa e suas caraterísticas

Os elementos escolhidos por Chiochetta (2010) para análise da GC de Parques Tecnológicos são: (i) inovação; (ii) infraestrutura; (iii) viabilidade institucional; (iv) identidade organizacional do parque tecnológico; (v) ambiente organizacional e (vi) cultura local.

Chiochetta (2010) encontrou esses elementos na gestão dos Parques Tecnológicos que pesquisou. Somente o elemento de identidade organizacional não foi encontrado, mas ele foi mantido por ser responsável pelas diretrizes estratégicas de PTs.

A seguir, são apresentadas as características e a justificativa da utilização desses elementos no modelo:

3.3.1 Inovação

A Governança Corporativa em Parques Tecnológicos é importante para catalisar a inovação por meio da integração e cooperação entre as empresas partícipes. Segundo Chiochetta (2010), a inovação de Parques Tecnológicos se dá por meio de: (i) instituições de ensino superior e centros de pesquisa ligados ou não às universidades; (ii) proximidade das empresas residentes de PTs e (iii) contatos formais ou informais, criados entre as empresas do mesmo segmento ou similares. Dessa maneira, o processo de aprendizagem das empresas desenvolve-se sob evolução técnica e gerencial, relacionamento com empresas similares e proximidade com a comunidade em geral (HELMSING, 2001).

Além das Universidades, centros de pesquisa e incubadoras como incentivadores de inovação, Chiochetta (2010) ressalta a importância da participação do Setor Público e dos Órgãos Governamentais, uma vez que auxiliam projetos inovadores por meio de financiamentos ou políticas para o setor. Exemplo disso é o Zhongguancun Science Park, na China. Nesse parque, as empresas classificadas como de alta tecnologia, ganham três anos sem impostos e uma redução de 50% para os próximos três anos (WRIGHT ET AL., 2008).

3.3.2 Infraestrutura

A infraestrutura de um Parque Tecnológico refere-se à disponibilidade de espaço previsto para acomodar as necessidades de potenciais inquilinos e de serviços de infraestrutura urbana, incluindo estacionamento, saneamento básico, urbanismo, disponibilização de equipamentos, laboratórios, formação de mão de obra qualificada, serviços em geral, que vislumbram

possibilidades de sucesso ao empreendimento (CHIOCHETTA, 2010; VEDOVELLO, 2000). Ademais, estão inclusas nesse elemento as instalações sociais como o campo de esportes, centro médico, centro de resposta de emergência, ginásio, jardim de infância, centro de compras, praça de alimentação, clube e dormitórios, que podem ajudar a elevar o valor da marca do Parque.

A infraestrutura influencia o desenvolvimento dos negócios em Habitat’s de Inovação. Ela permite ter diversas alternativas de distribuição de bens e produtos ampliando também a possibilidade das boas relações de cooperação, integração e participação entre os atores (ANGULO; CAMACHO; CHARRIS; ROMERO, 2014). Os PTs com setores baseados em recursos naturais, a transformação e a existência de sistemas de transporte eficiente é fundamental para inserção competitiva. No setor de tecnologia da informação, há maior necessidade da existência de mão de obra, desenvolvimento de tecnologias e de sistemas de comunicação eficientes (CHIOCHETTA, 2010).

3.3.3 Viabilidade institucional

Este elemento nomeado por Chiochetta (2010) segue o modelo de Spolidoro e Audy (2008). Para esses autores, a viabilidade institucional trata da captação, da gestão e da aplicação dos recursos necessários para implantação e manutenção das atividades realizadas pelas entidades gestoras de Parques Tecnológicos. Esse elemento também indica como direta ou indiretamente todos os atores e projetos de PTs dependem de recursos financeiros, do fortalecimento de capital social para o desenvolvimento de suas atividades individuais e dos objetivos estabelecidos em conjunto (CHIOCHETTA, 2010).

As condições políticas, técnicas, ambientais e econômico-financeiras do ambiente também condicionam o dinheiro ou ativos que esses empreendimentos podem obter durante seu desenvolvimento e sua operação. (SPOLIDORO; AUDY, 2008). Dentre os tipos de capital estão o capital semente e o venture capital. O capital semente pode ser adquirido a partir de doações, empréstimos, leasing, entre outros. Já o venture capital, em geral, é obtido por empresas novas de alta tecnologia com grande potencial para um crescimento rápido (LARSEN; ROGERS, 1988) e envolve taxas de risco elevadas, bem como retornos econômicos maiores do que em qualquer outra atividade econômica (VEDOVELLO, 2000).

Alguns Parques geram capital com os serviços ou incentivos oferecidos por meio de suas atividades, como é o exemplo do Surrey Research Park, que aluga terrenos como opção para

obter ingressos (PARRY, 2012). Outra opção de adquirir capital é por meio de fundos federais, disponibilizados pelo governo. Exemplo disso é o Research Park, em Monterrey, que utiliza os incentivos fiscais para investir em P&D (WESSNER, 2009).

As políticas ambientais também fazem parte desse elemento. Eles descrevem a relação entre um Parque Tecnológico e o meio ambiente. Os chamados Parques Verdes, priorizam atividades e políticas favoráveis ao meio ambiente, de acordo com as normas ambientais locais, para reduzir o consumo de energia e água com o uso de fontes renováveis (CHEN; CHIEN; HSIEH, 2013; YAN; CHIEN 2013). O Hong Kong Science Park (2012) é um exemplo desse modelo, pois ele utiliza a energia solar para iniciativas de construção verde. O Parque possui um sistema integrado fotovoltaico, que converte a energia solar em eletricidade, torneiras de água controladas eletronicamente, sensores e estações meteorológicas para controlar o sistema de irrigação.

3.3.4 Identidade organizacional do Parque Tecnológico

Esse elemento é considerado por Chiochetta (2010) como um conjunto de mecanismos de cooperação e integração entre os atores de um Parque Tecnológico a partir do planejamento estratégico. Assim, nesse elemento analisam-se a missão, a visão, os objetivos estratégicos, a estrutura organizacional, a instituição gestora (tutela), as empresas-âncora que participam dos empreendimentos e os procedimentos utilizados para integrar os atores do PT para estabelecer mecanismos de controle e gerenciamento. Além disso, são analisados os fatores críticos de sucesso apontados para a gestão de Parques Tecnológicos (CHIOCHETTA, 2010). No final do capítulo, são descritas a tutela, a estrutura de GC e a composição, competências e atribuições dos conselhos, diretor presidente e gerências que integram o modelo.

3.3.5 Ambiente organizacional

Neste elemento, Chiochetta (2010) identifica os mecanismos de inserção e qualificação de mão de obra, legislação, acesso e prospecção de mercados, envolvimento mercadológico em geral. O elemento indica como direta ou indiretamente todos os atores e projetos do Parque dependem de infraestrutura, recursos financeiros e fortalecimento de capital social para o desenvolvimento de suas atividades individuais e dos objetivos estabelecidos em conjunto (CHIOCHETTA, 2010).

Faz parte desse elemento também a qualificação do pessoal do Parque que permite ter serviços de apoio às empresas em relação a operações de negócios (CHIOCHETTA, 2010; BERBEGAL-MIRABENT et al., 2012;. VANDERSTRAETEN; MATTHYSSENS, 2012; HU et al., 2013). Esses serviços incluem: (i) incubação; (ii) desenvolvimento e formação de negócio; (iii) gestão de pessoal; (iv) transferência de tecnologia; (v) apoio financeiro; (vi) manejo de assentamentos e (vii) consultoria de investidores. As relações com Universidades, Órgãos Governamentais, Setor público, Institutos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação e sociedades empresariais são importantes para a promoção de um ambiente organizacional que estimule e difunda o espírito empreendedor e auxilie as atividades desenvolvidas pelas empresas (VEDEVELLO, 2000).

3.3.6 Cultura local

Refere-se às características culturais e sociais do pessoal do Parque e da região onde está localizado. Chiochetta (2010) indica que Parques Tecnológicos incorporam-se na cultura local por meio do desenvolvimento de atividades que envolvam a comunidade. Essas atividades permitem estreitar relações entre a comunidade e empresas residentes, setor público, universidades, investidores e incorporadores. Para analisar esse elemento são identificados: barreiras culturais que obstaculizam a criação de novas empresas e a geração de inovação, eventos e parcerias para promover as atividades do PT bem como a cultura empreendedora na região.