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BRASIL GOVERNO DE

2.4 Contexto de Parques Tecnológicos na América Latina

2.4.3 Histórico de Parques Tecnológicos na Argentina

A Argentina é o terceiro país com maior número de Parques Tecnológicos (PTs) na América Latina, depois do Brasil e do México. O contexto argentino caracteriza-se por apresentar forte influência do modelo de Parques Industriais (PIs). Na década de 1970, esse modelo foi desenvolvido como oportunidade imobiliária de valorização de terrenos geralmente próximos a centros de urbanos com infraestrutura para funcionamento de indústrias. Assim, os primeiros serviços oferecidos por esses tipos de Parques foram: (i) infraestrutura de rodovias; (ii) segurança; (iii) maquinaria industrial; (iv) esgoto e (v) energia (OBSERVATORIO DE POLÍTICAS PÚBLICAS, 2007).

Em 1980, sob esse modelo de PIs começaram-se a desenvolver propostas de Parques Tecnológicos. A principal característica dos primeiros PTs foram agregar valor em serviços e criar unidades para a geração e transferência de conhecimento ao sistema produtivo da Argentina (OBSERVATORIO DE POLÍTICAS PÚBLICAS, 2007).

No Quadro 14 apresentam-se a definição e características de Parques Industriais.

Quadro 14 – Descrição de Parques Industriais.

Elementos Parque Industrial

Definição

Terreno urbanizado e subdivido conforme plano geral do parque, com ruas internas e serviços públicos, acesso a transporte, infraestrutura para empreendimentos e empresas já consolidadas no mercado para atender demanda industrial.

Objetivo

-Instrumento de desenvolvimento econômico, diversificação industrial e aumento de empregos.

-Elemento de ordenamento territorial e de desenvolvimento regional e urbano.

Serviços

Restaurantes; serviços de catering; armazenagem centralizada para produtos e equipamento; salas de conferências; segurança privada; bancos; laboratórios; serviços médicos; administração centralizada; consultório e treinamento em gestão empresarial; energia, água, esgoto, área de estacionamento; zonas verdes e espaços para esporte. Fonte: Elaborado pela autora com dados extraídos de Observatório de Políticas Públicas, 2007.

Conforme a Asociación de Incubadoras de Empresas, Parques y Polos Tecnológicos

de la República Argentina (AIPyPT) (2015), os Parques Industriais são conjuntos de

empresas que compartilham serviços e infraestrutura para a geração de empregos. Na Argentina, os Parques Tecnológicos e Parques Industriais compartilham características, tais como: (i) vinculação com centros tecnológicos e/ou universidades; (ii) equipamento permanente para gestão, utilização de critérios de seleção de empresas residentes e (iii) utilização e promoção de incentivos para promover a transferência de tecnologia (GIACONE, 2003).

Levando em conta o anterior, na Argentina, os municípios frequentemente nomeiam Parques Industriais como Parques Tecnológicos ou Polos Tecnológicos, isso devido à proximidade com seus objetivos. Todos esses casos ainda estão em fase de transição, portanto, eles ainda não possuem todas as características que representam o conceito de PTs de acordo com as definições e instâncias internacionalmente reconhecidas pelo IASP (GIACONE, 2003).

Em dezembro de 2002, foi realizado o relatório “Revelamiento Periódico de

Incubadoras, Parque e Polos Tecnológicos del País”, pelo Observatório Econômico

Territorial, com apoio da AIPyPT e a Universidade Nacional del Litoral (UNL). Essa pesquisa visou descrever os aspectos relevantes das Incubadoras, Parques e Polos Tecnológicos argentinos, bem como fomentar políticas para promoção e fortalecimento desses tipos de organizações.

Conforme o estudo, nesse país identificam-se: 36 Incubadoras, 6 Parques Industriais, 9 Polos Tecnológicos e 10 Parques Tecnológicos.

Quadro 15 - Habitats de Inovação Argentina.

No. Parque e Polos Tecnológicos Cidade Província

1 Parque Tecnológico Hurlingham. Hurlingham Buenos Aires 2 Parque Tecnológico del Litoral Centro S.A.P.E.M. Santa Fe Santa Fe

3 Cluster TICS Rosario. Rosario Santa Fe

4 Parque Tecnológico de la Universidad Nacional de

Quilmes. Florencio Varela Buenos Aires

5 Polo Tecnológico Bahia Blanca. Bahia Blanca Buenos Aires

6 Cluster Córdoba Technology. Córdoba Córdoba

7 Polo Tecnológico de Rosário. Rosario Santa Fe

8 Fundación Parque Tecnológico de Misiones. Misiones Misiones

9 Polo IT La Plata. La Plata Buenos Aires

10 Parque Industrial Gualeguaychú. Gualeguaychú Entre Ríos 11 Parque de Servicios e Industrias Palmira (PASIP). Mendoza Mendoza 12 Parque Industrial de Sauce Viejo. Sauce Viejo Santa Fe

13 Parque Austral. Pilar Buenos Aires

14 Universidad Católica de Córdoba. Córdoba Córdoba 15 Parque Industrial de Avellaneda. Avellaneda Santa Fe 16 Área de Promoción Industrial y de Servicios de

Sunchales. Sunchales Santa Fe

17 Parque Industrial COMIRSA Ramallo. San Nicolás Buenos Aires 18 Fundación Facultad Regional Santa Fe / UTN. Santa Fe Santa Fe

19 Parque Tecnológico Salta. Salta Salta

20 Parque Tecnológico Pergamino. Pergamino Pergamino

21 Polo Tecnológico de la Semilla. Buenos Aires /

Santa Fe / Córdoba 22 Parque Tecnológico de Mendoza (PTMSA). Lujan de Cuyo Mendoza

23 Polo TIC Mendoza. Mendoza Mendoza

Conforme Quadro 15, há uma quantidade significativa de Parques em Buenos Aires, Santa Fé e Rio Negro. Essas regiões possuem alto níveis de atividade comercial e interesse em atividades tecnológicas, o que faz com que os Parques Tecnológicos e Polos Tecnológicos possam estabelecer vínculos empresariais para promoção de suas atividades. Além disso, essas iniciativas aparecem como instrumentos geradores de empregos e renda na região (OET, 2012).

Conforme Giacone (2003), esses Habitats de Inovação apresentam foco em atividades agroindustriais, computação e eletrônica, como consequência à concentração da produção agrícola e serviços. As atividades de computação e eletrônica têm ganhado espaço nesses tipos de empreendimentos para atender seus objetivos estratégicos e promover a produção técnico-científica em suas regiões.

Segundo estudo realizado pelo Observatório Econômico Territorial (2012), a seguir apresentam-se algumas características desse Habitats de Inovação –Figura 7.

Figura 7 - Origem de Habitats de Inovação na Argentina.

Fonte: Elaborado pela autora com dados extraídos de Observatório Econômico Territorial – OET, (2012).

Nota-se a participação relevante do setor privado para a criação de PTs e Polos Tecnológicos. Por sua vez, o setor público apresenta participação só em Parques Industriais e Aglomerados Industriais. Convém destacar as atividades realizadas em conjunto pelas indústrias e governo -setor misto-, em todas as unidades estudadas por meio de alianças com empresas, prefeituras e universidades (OET, 2012). Dentro do contexto da Tríplice Hélice, a proximidade desses agentes com Parques Tecnológicos propicia um ambiente favorável ao desenvolvimento de inovações e melhora a competitividade de produtos, processos e serviços (GIACONE, 2003).

Figura 8 - Caráter jurídico de Habitats de Inovação na Argentina.

Fonte: Elaborado pela autora com dados extraídos de Observatório Econômico Territorial – OET, (2012).

O levantamento realizado pelo OET (2012) mostra que grande quantidade de Polos Tecnológicos apresentam como figura jurídica a Associação sem fins lucrativos. Os Parques Tecnológicos caracterizam-se por utilizar a figura de sociedade anônima e de fundação para aproveitar os benefícios tributários que os governos municipais e da província promovem por meio dessas pessoas jurídicas. Só no caso de Parques Industriais e Aglomerados Industriais apresenta-se uma mistura de opções de figuras jurídicas, em correspondência da diversidade de atividades desses empreendimentos.

Figura 9 - Localização de Habitats de Inovação na Argentina.

Fonte: Elaborado pela autora com dados extraídos de Observatório Econômico Territorial – OET, (2012).

Quando à localização, mostra-se relevante o número de PTs, Polos Tecnológicos, Parques Industriais e Aglomerados Industriais em zonas urbanas. Isso devido à consolidação dessas iniciativas em espaços próximos de cidades e de setores comerciais para dar respostas

às demandas de centros de serviços, transporte e sinergia com empreendimentos com iguais objetivos.

Conforme o OET (2012) os desafios no caso argentino para desenvolvimento de Habitats de Inovação são: (i) aumentar o financiamento para esse tipo de iniciativas; (iii) incrementar o número de empresas instaladas em Parques; (iv) melhorar a sinergia com o sistema científico tecnológico; (v) incrementar a competitividade e o valor agregado em produtos por meio de inovação; (vi) consolidar as relações entre o setor público e privado; (vii) aumentar o espaço disponível para empresas residentes; (viii) conseguir maior integração entre as empresas e aglomerados produtivos; (ix) aprimorar a infraestrutura e (x) fomentar políticas adequadas para o estímulo e crescimento de EBTs.