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BRASIL GOVERNO DE

2.4 Contexto de Parques Tecnológicos na América Latina

2.4.1 Histórico de Parques Tecnológicos no Brasil

No Brasil, o CNPq, em 1984, criou um programa de apoio à instalação de parques tecnológicos e incubadoras de empresas (ANPROTEC, 2008). Esse programa federal foi uma tentativa de recriar um sucesso alcançado por PTs nos Estados Unidos e na Europa, para fomentar o empreendimento e promover a aproximação entre Universidades e empresas.

No início, sete cidades foram contempladas: Petrópolis (RJ), São Carlos (SP), Campina Grande (PB), Manaus (AM), Joinville (SC), Santa Maria (RS) e Florianópolis (SC). Os locais escolhidos foram em razão da familiaridade com novas tecnologias e a oportunidade de ter universidades como âncoras. Entre as primeiras iniciativas brasileiras encontram-se (MEDEIROS et al., 1992): (i) A Fundação Parque Tecnológico de Paraíba – PAQTC-PB, em Campina Grande; (ii) A Companhia de Desenvolvimento do Polo de Alta Tecnologia de Campinas (CIATEC), em São Paulo; (iii) o Parque de Software de Curitiba da Companhia de Desenvolvimento de Curitiba (CIC); (iv) o Parque Alfa, Conselho das Entidades Promotoras do Polo Tecnológico da Grande Florianópolis (CONTEC), em Santa Catarina; (v) o Parque de Desenvolvimento Tecnológico (PADETEC), da Universidade Federal do Ceará (UFC), em Fortaleza; (vi) a Fundação Parque de Alta Tecnologia de São Carlos (PARQTEC-SCAR), em São Carlos.

A seguir apresentam-se no Quadro 11 e 12 o Parque Tecnológico de Campinas e o Parque Tecnológico de São Carlos, para enunciar os parques pioneiros ainda em operação no Brasil.

Quadro 11 - Parque Tecnológico de Campinas.

Denominação Descrição

Localização Estado de São Paulo. Criação 1985.

Recursos

Recursos humanos qualificados, oriundos dos programas de pós-graduação da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-CAMPINAS).

Sinergia

-Apoio do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento (CpQD), da antiga Companhia Brasileira de Telecomunicações (TELEBRÁS), o Centro Tecnológico de Informática (CTI) e o Laboratório Regional de Luz Síncroton (LNLS), importantes na consolidação desse parque;

-Forte influência da UNICAMP e acesso a seus laboratórios de pesquisa de excelência.

Fonte: Elaborado pela autora com dados extraídos de Santos e Parejo (2005).

Quadro 12 - Parque Tecnológico de São Carlos.

Denominação Descrição

Localização São Carlos, a 230 km da capital do Estado de São Paulo. Criação 1984.

Recursos Concentração de mestres e doutores e da estrutura científica e tecnológica, com laboratórios e centros de pesquisa especializados.

Sinergia Forte influencia acadêmica da Universidade Federal de São Carlos (UFSC) e da Universidade de São Paulo (USP), campus São Carlos.

Fonte: Elaborado pela autora com dados extraídos de Santos e Parejo (2005).

O Brasil possui atualmente 94 iniciativas. Na última pesquisa realizada pelo Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Universidade de Brasília (CDT/UnB), em 2013, 80 desses parques responderam de maneira voluntária o questionário formulado por essa entidade. Como resultado, 28 parques estavam em estágio de operação, 28 em processo de implantação e 24 deles em fase de projeto –Figura 2.

Figura 2 – Parques Tecnológicos do Brasil em números / Junho 2013.

Fonte: CDT/UnB (2013).

Os 28 parques brasileiros em operação abrigam 939 empresas, responsáveis por empregar mais de 32 mil profissionais, com destaque para os 4 mil mestres e doutores, que encontram nos parques ambientes propícios de absorção de recursos humanos altamente qualificados (CDT/UnB, 2013).

Figura 3 - Número de iniciativas de Parques Tecnológicos brasileiros por região.

Fonte: CDT/UnB (2013).

Na Figura 3, aponta-se a forte concentração nas regiões Sudeste e Sul (84%) provavelmente devido à produção técnico-científica dessas regiões. Isso reforça o caráter ainda incipiente da região Norte e Centro-Oeste no que se refere ao desenvolvimento de parques tecnológicos como instrumentos geradores de empregos e renda no Brasil (CDT/UnB, 2013).

Figura 4 – Foco de atuação de Parques Tecnológicos brasileiros.

Fonte: CDT/ UnB (2013).

As principais áreas de atuação desses PTs são os setores de tecnologia da informação, energia, biotecnologia, saúde e petróleo e gás natural, consideradas como estratégicas para o Brasil. 36 27 26 20 19 16 11 9 7 6 6 5 4 4 4 40 Tecnologia da Informação Setor de Energia Setor de Biotecnologia Setor de Saúde Setor de Petróleo e Gás Natural

Setor de Telecomunicações Agronegócio Recursos Hídricos Meio Ambiente Setor Aeronático Transporte Terrestre e Hidroviário Transporte Aquaviário e Construção Naval

Setor Mineral Setor Espacial Economia Criativa Outros

Figura 5 – Fontes de financiamento por fase de desenvolvimento dos Parques Tecnológicos brasileiros em milhões de reais.

Fonte: CDT/UnB (2013).

Conforme CDT/UnB (2013), 30% dos recursos destinados pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), por meio de Editais que fomentam a implantação e a consolidação de parques científicos e tecnológicos, foram direcionados para as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, induzindo uma maior homogeneização entre as diversas regiões do país.

Durante 2013, os recursos para financiamento de PTs distribuíram-se dependendo de sua fase: maior participação de caráter empresarial na fase de operação; maior participação estadual e municipal na fase de implantação e maior participação federal na fase de projeto (CDT/UnB, 2013). Assim, conforme Figura 5, o montante de recursos aportados em parques é considerável, pois ultrapassa R$ 5,8 bilhões com destaque para os recursos de fontes estaduais e municipais, adotados na viabilização de empreendimentos locais.

Figura 6 – Fontes de recursos para os Parques Tecnológicos brasileiros em milhões de reais.

Fonte: CDT/UnB (2013).

Os Parques Tecnológicos brasileiros caracterizam-se por ter empresas, laboratórios e centros de serviços. Alguns possuem também condomínio empresarial e pré-incubadora. A transferência de tecnologia não ocorre de forma sistemática, e cada parque adota um modelo de acordo com seu contexto. Já os Parques de iniciativa universitária, demonstram maior preocupação no desenvolvimento de programas específicos para a interação com as empresas residentes. Contudo, ainda há muitas dificuldades, tais como barreiras culturais vigentes no meio empresarial e acadêmico, a legislação, o registro das patentes e as formas de remuneração de pesquisadores (CDT/UnB, 2013).

Conforme a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (ANPROTEC) (2015), 55% de Parques Tecnológicos ainda não possuem um modelo de gestão claramente definido e consolidado, tanto para a fase de operação como para a fase de implantação. Os demais 45% contemplam de alguma maneira um modelo de gestão, porém, cada um com formas diferenciadas para os mesmos objetivos. Além disso, o CDT/UnB (2013) ressalta a necessidade de maiores esforços nas ações de definição, contratação e capacitação de equipe gestora, já que em grande parte desses parques apresentaram-se lacunas nessas áreas.