• Nenhum resultado encontrado

Embargos à execução de título extrajudicial

Diferentemente dos embargos à execução de título judicial, no que diz respeito à abrangência de questões que podem ser levantadas, estes podem trazer à tona matérias diversas das elencadas no artigo 52, inciso IX, da Lei 9099/95, considerando-se o fato de não ter ocorrido o processo prévio de conhecimento, sendo este o momento pelo qual ao devedor é dado o direito do exercício ao contraditório e à ampla defesa.189

Quanto à forma de apresentação ele é semelhante, visto que poderá por meio oral ou escrito, devendo sua propositura se dar na Audiência de Tentativa de Conciliação.

Nesse sentido, a lei prescreve que, “efetuada a penhora, o devedor será intimado a comparecer à audiência de conciliação, quando poderá oferecer embargos...”.

Outro ponto de destaque é a questão da necessidade ou não de a parte embargante estar assistida por advogado; nesse ponto também existem divergências, pois existem juizes adotando o procedimento de que é necessária a _______________

189 BRASIL. Lei 9099/95. Art. 52. A execução da sentença processar-se-á no próprio Juizado, aplicando-se, no que couber, o disposto no Código de Processo Civil, com as seguintes alterações [...] IX - o devedor poderá oferecer embargos, nos autos da execução, versando sobre; a) falta ou nulidade da citação no processo, se ele correu à revelia; b) manifesto excesso de execução; C) erro de cálculo; d) causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação, supervieninte à sentença.. CHIMENTI, Ricardo Cunha. op. cit. p.259/260.

assistência, exigindo que a peça dos embargos venha assinada por um advogado; no entanto, outros entendem que não há necessidade, bastando a vontade do devedor de querer se opor ao relatado pelo exeqüente.

Considerando-se que no processo de conhecimento a contestação pode ser apresentada pelo réu de forma oral ou escrita, independentemente de estar ou não assistido por advogado, por analogia deveria aceitar-se os embargos sem a obrigatoriedade da assistência, obviamente naqueles casos em que a lei permite, ou seja, para ações de até vinte salários mínimos.

Destarte, outro fator favorável à tese da não obrigatoriedade da assistência é o próprio fato de a lei permitir o recebimento dos embargos nos próprios autos de execução, inexistindo a obrigação de formar processo “em apenso”, como previsto no CPC. Sendo assim, agir contrariamente a esse pensamento seria contemplar a desigualdade de tratamento das partes, visto que, como ao exeqüente, no momento da propositura da ação, não lhe foi exigida a assistência; desigual é exigir do executado tal representação, haja vista ser o mesmo processo e, ainda, considerando-se que este é o ato pelo qual ele exercerá o direito do contraditório e da ampla defesa.

Ricardo Cunha Chimenti indica que os embargos são processados nos próprios autos do processo de execução, e nas causas de até vinte salários mínimos a assistência por advogado é facultativa, observada a regra geral do artigo 9º da lei especial.190

Nesse sentido, fica clara a necessidade de se estabelecerem procedimentos únicos para todos os juizados do Estado (enquanto Poder Judiciário), preenchendo _______________

as lacunas existentes de tal forma que sejam evitados problemas dessa natureza, os quais só contribuem para dificultar o entendimento do juizado e para a falta de sincronia entre tais órgãos.

4 JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE PIRACICABA/SP

Este capítulo reveste-se de especial importância, pois é aquele que fornecerá os subsídios históricos necessários para uma interpretação mais ampla do que até agora foi discutido, bem como é o momento em que finalmente poder-se-á expor as informações quantitativas utilizadas como base referencial em muitas das afirmações até aqui transmitidas.

O objetivo da presente pesquisa é traçar um perfil do Poder Judiciário no que tange a criação dos juizados, que surgiram no Brasil na década de 80, quando foi criado e instalado no Rio Grande do Sul o primeiro Conselho de Conciliação e Arbitragem; em âmbito federal, a iniciativa de criação dos juizados partiu do Ministério da Desburocratização. Assim, em 1984 foi aprovada a criação dos juizados de pequenas causas, através da Lei 7244/84, que definiu seus procedimentos.

Relacionado à questão do acesso à justiça, os juizados surgem com a expectativa de contribuir para diminuição dos obstáculos de acesso ao Poder Judiciário, tais como: a morosidade e gratuidade e, ainda, em razão dos seus princípios norteadores.

A idéia de usar os dados do Juizado Especial Cível da Comarca de Piracicaba/SP originou-se em razão do pouco tempo para a realização de uma pesquisa empírica, já que todo o Curso de Mestrado em Direito, bem como a presente dissertação foram cumulativos com outras intensas atividades; uma delas é justamente o fato do autor do presente trabalho trabalhar no juizado em questão.

Não menos importante, a idéia também surge em vista da influência obtida em outros trabalhos já apresentados, como o artigo de Luciana Gross Siqueira

Cunha, com o tema “Juíza Especial: ampliação do acesso à Justiça?”191, fornecendo importantes dados em sua pesquisa sobre o Juizado Central da Cidade de São Paulo, o que também a motivou em nova pesquisa para sua tese de Doutorado com o tema “Juizado Especial: criação, instalação e funcionamento e a democratização do acesso à justiça”.192

Alcir Desasso, em trabalho intitulado “Juizado Especial Cível: um estudo de caso”, também levanta dados sobre o Juizado Especial Cível de Carapicuíba, fazendo um estudo comparado entre a realidade daquele juizado e das varas cíveis, analisando sua a evolução e verificando os efeitos de sua implementação.193

Outra pesquisa importante com relação à questão do juizado, e que também chamou a atenção para a escolha do presente trabalho, foi a de Rosangela Batista Cavalcanti194 que, objetivando identificar o perfil e averiguar alcances e limites da experiência de se estabelecer convênios, como ocorrido no estado de São Paulo entre o Tribunal de Justiça e universidades que oferecem cursos de Direito, estudou casos de cinco juizados anexos da cidade de São Paulo, vinculados ao cursos de graduação em Direito, a saber: Universidade Cidade de São Paulo; Universidade São Judas Tadeu; Universidade Presbiteriana Mackenzie; Universidade Santo Amaro e Universidade Unip-Objetivo.

Foi com o interesse despertado por tais pesquisas, aliado à exigüidade de tempo, que surgiu a idéia de trabalhar a presente dissertação de conclusão de curso, utilizando-se como campo de pesquisa o Juizado Especial Cível da Comarca

_______________

191 CUNHA, L. G. S. apud SADEK, Maria Tereza (org.).op. cit. p.43. 192 CUNHA, Luciana Gross Siqueira. op. cit., 2004. p.64

193 DESASSO, A. apud SADEK, Maria Tereza (org.).op. cit. p.75. 194 CAVALCANTI, R. B. apud SADEK, Maria Tereza (org.).op. cit. p.123.

de Piracicaba, pois pesquisas dessa natureza são interessantes em função do aprofundamento do tema, trazendo nos trabalhos a peculiaridade e a forma de atuação de cada um dos juizados existentes no estado de São Paulo, e objetivando contribuir cada vez mais para a distribuição de uma Justiça mais igualitária, a fim de que o acesso à justiça possa realmente ser efetivado.

Dessa forma, as informações expostas neste capítulo, fazem parte de dados colhidos desde 1992, e que foram trabalhados para estatística do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, considerando que, até 1999, este autor era o responsável pela organização da planilha e mantendo contato direto com os processos para facilitar o fim ora exposto, ou seja, a elaboração da estatística.

A elaboração da planilha é mensal e exige da pessoa responsável um trabalho diário no sentido de coletar os dados referentes as decisões proferidas nos processos, para, no início do mês seguinte, preencher os campos necessários e atender à determinação especifica para o fim desejado.