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Analisando o sistema processual civil em comparação a “Lei do Juizado”, também no processo de execução, verifica-se a mudança de procedimento, decorrendo daí a necessidade de expor o funcionamento deste processo nos juizados.

Considerando que em alguns pontos a Lei 9099/95 contribui de maneira explicita para diminuir os obstáculos de acesso à justiça, como, por exemplo a gratuidade do processo e a não exigência de advogado nos casos com o valor da causa de até vinte salários mínimos, no processo de execução também fica demonstrado a preocupação em diminuir esses obstáculos; isso porque tal processo é o instrumento pelo qual se busca a efetividade do cumprimento de uma obrigação, seja decorrente de um título judicial ou extrajudicial.

O título judicial tem origem no processo cognitivo, ocasião em que se busca a verdade dos fatos e do direito, surgindo o referido título a partir da sentença transitada em julgado. Já, o título extrajudicial decorre de lei, previsto no artigo 585 e incisos do CPC.

No processo comum, regido pela lei processual civil, a execução é unificada e não permite procedimentos difereciados, seguindo o mesmo rito tanto a execução de título judicial como a de título extrajudicial, havendo variação apenas no âmbito dos embargos do devedor; porém, conforme será exposto mais adiante, em razão da Lei 11232, de 22 de dezembro de 2005, a execução de título judicial sofreu alterações que entrarão em vigor em junho de 2006, sendo a partir de então diferenciado o procedimento.

que na execução de título judicial os embargos poderão versar apenas sobre o que está estabelecido nos incisos daquele artigo.

Por outro lado, na execução de título extrajudicial, nos termos do artigo 745 do mesmo diploma legal, o devedor poderá alegar, em embargos, além das matérias previstas no artigo 741, também qualquer outra que seja lícito deduzir como defesa no processo cognitivo.

Todavia, o que traz contribuição ao nosso trabalho é o processo de execução de título extrajudicial, visto que no procedimento comum o devedor, seja na execução de título judicial ou extrajudicial, é citado para, no prazo de 24 horas, efetuar o pagamento ou nomear bens a penhora, sob pena de serem penhorados tantos bens quantos bastem para a garantia da execução.

Realizada a penhora, seja com a nomeação de bens ou de forma forçada, juntado o termo aos autos é aberto o prazo de dez dias para oferecimento, pelo devedor, de embargos à execução.

De forma bastante simplificada é assim que funciona o processo de execução regido pelo CPC, mas sofre tal processo modificações no âmbito da Lei 9099/95.

A primeira das modificações é que no processo regido pela “Lei dos Juizados” não há unificação de execuções, ou seja, até o momento para apresentação de embargos, os procedimentos são diferenciados em relação a uma e a outra execução.

A execução fundada em título judicial, inicia-se no momento em que o juiz profere a decisão em audiência, visto que nessa oportunidade o vencido é instado a cumprir a sentença tão logo ocorra o trânsito em julgado.

momento em que o vencido fica ciente da decisão, já que também fica intimado a cumpri-la voluntariamente após o trânsito em julgado, sendo advertido dos efeitos de seu não cumprimento.

Dessa forma, não respeitando a determinação judicial, é expedido pela secretária do juizado o mandado de penhora, que depois de cumprido é juntado aos autos, aguardando-se o prazo de dez dias para o devedor apresentar embargos, caso ele queira.

É relevante destacar que a Lei 9099/95 prevê que a execução, no que couber, seguirá o que disposto no CPC, respeitando as suas alterações, como a retro citada.

Por outro lado, a execução de título extrajudicial inicia-se com a vinda do possuidor do título em cartório e, elaborada a sua reclamação em forma de execução, expede-se mandado de citação e penhora.

Diferente do processo de execução judicial, aqui o devedor é citado para, no prazo de 24 horas, efetuar o pagamento ou nomear bens a penhora, sob pena de penhorar tantos bens quantos bastem para a garantia do juízo, ou seja, a execução de título extrajudicial pertinente ao juizado segue a forma estabelecida no processo de execução do CPC, com pequena diferenciação exposta no parágrafo a seguir.

Uma vez realizada a penhora, diferentemente do processo comum ou, ainda, da execução de título judicial no juizado, o devedor é intimado a comparecer a uma Audiência de Tentativa de Conciliação, Instrução e Julgamento, oportunidade em que poderá oferecer embargos à execução.

É nesse ponto que surge a preocupação e, também, verifica-se a importância da figura do conciliador ou mediador no sentido de propiciar o acesso à justiça, posto que na execução de título judicial as partes já tiveram um primeiro

contato, na presença de um conciliador, para tentar um acordo satisfatório para ambas, após esclarecer o direito de um e de outro, quando da citação do processo de conhecimento, o que ainda não ocorreu no processo de execução de título extrajudicial.

Dessa forma, no processo de execução de título extrajudicial, após a penhora, as partes são intimadas a comparecer em audiência que, na presença do conciliador, tentam acordo satisfatório para os envolvidos, e que consiga efetivar a justiça compreendendo a ordem de valores e direitos fundamentais.

A partir desse procedimento pode ser constatado que teoricamente a Lei 9099/95 contempla o acesso à justiça em seus dois significados, tanto no aspecto de facilitar o acesso ao Judiciário, haja vista a gratuidade do processo e a não exigência de advogado até o limite de vinte salários mínimos e, ainda, a uma ordem jurídica justa, uma vez que as partes tentam, de forma deliberada e na presença de conciliador, resolverem conflitos de interesses no qual estejam envolvidas.

Mas com a finalidade de esclarecer cada uma dessas execuções (judicial e extrajudicial) torna-se necessário abordar cada uma delas e seus resectivos procedimentos no juizado.