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O apoio a políticas de empreendedorismo no Brasil é relativamente recente. De acordo com Dornelas (2001) a criação de instituições como o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) ocorreu apenas na década de 1990.

Antes não havia amparo e nem ambientes político e econômico, no país propícios ao empreendedorismo. O Sebrae democratizou o conhecimento e é uma entidade de suporte extremamente conceituada no auxílio da jornada empreendedora. A Sociedade Brasileira para Exportação de Software (SOFTEX), também, possibilitou a criação de programas para facilitação de todo o processo empreendedor.

Para Barros Neto (2018) o verdadeiro "sopro empreendedor" veio no governo do Juscelino Kubitschek (1956-1960) que permitiu a abertura econômica para o capital estrangeiro isentando o pagamento de tributos de importação para máquinas e equipamentos, permitindo uma maior industrialização e aumento dos empreendimentos em todo país. Apesar da pouca ajuda e interesse governamental nos governos seguintes José Sarney (1985-1990) e Fernando Collor (1990-1992), e mesmo no de Itamar Franco (1992-1995), era de conhecimento geral a importância do empreendedorismo, tanto que surgiram cursos relacionados ao empreendedorismo nas faculdades de Administração.

A partir de meados da década de 1990, por fim, o empreendedorismo no Brasil começa a obter o reconhecimento e destaque que merece, principalmente devido à abertura da economia nacional aos mercados externos e aos programas de desestatização levados a cabo nos dois mandatos do Presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2003), que abriram muitas oportunidades de novos empreendimentos para empreendedores dispostos a assumir riscos. (BARROS NETO, 2018, p. 164)

Dornelas (2013) menciona em sua obra “Empreendedorismo para Visionários - Desenvolvendo Negócios Inovadores para um Mundo em Transformação” a crescente participação das mulheres no mercado empreendedor:

Um aspecto positivo do empreendedorismo brasileiro tem sido a efetiva participação das mulheres na criação e gestão de negócios. As brasileiras estão à frente praticamente da metade das iniciativas empreendedoras no Brasil (GEM Brasil, 2012), e pesquisas internacionais cada vez mais mostram maior participação das mulheres no empreendedorismo do próprio negócio.

Isso se deve não só ao seu perfil empreendedor, mas a uma mudança de comportamento e da realidade das famílias. No mundo (com raras exceções) e também no Brasil, as mulheres já têm plena inserção no mercado de trabalho, e o empreendedorismo do próprio negócio naturalmente se apresenta como opção de carreira. (DORNELAS. 2013, p. 28)

Atualmente, de acordo com os dados disponibilizados pela Receita Federal do Brasil compilados pelo SEBRAE, no município de São Paulo, há 1,23 milhões de microempreendedores e microempresas, das quais 858,7 mil são de setores vulneráveis como serviços e comércio (dados atualizados até 08/08/21).

De acordo com relatório do Global Entrepreneurship Monitor (GEM) (2020/2021), a taxa total de empreendedorismo da população adulta – de 18 a 64 anos – no Brasil em 2020 foi de 31,6%, isto é, estimadamente, 44 milhões de brasileiros adultos realizavam alguma atividade empreendedora, como o envolvimento na criação ou na consolidação de um novo negócio ou na manutenção

de um empreendimento já estabelecido, 20% a menos que em 2019. Mais da metade dos brasileiros, adultos (18 anos a 64 anos), entrevistados conhece alguém que começou um negócio por conta da pandemia e mais de 60% dos entrevistados conhecem alguém que tenha parado um negócio por conta da pandemia. Na mesma pesquisa, a percepção de oportunidade para abertura de um novo negócio aumentou em 2020 em comparação a 2019 e por volta de 40% dos entrevistados tem a intenção de iniciar um novo negócio nos próximos 3 anos.

Para cinco economias, a pandemia parece ter tido pouca influência na intenção de iniciar um negócio, com dois em cada cinco adultos ou menos relatando alguma influência em Angola, Burkina Faso, Brasil, Noruega e Estados Unidos. Por outro lado, para 32 das 43 economias, mais da metade dos adultos relataram que a pandemia havia influenciado sua intenção de começar um negócio, incluindo mais nove em cada 10 adultos na Índia, Indonésia e a Federação Russa. Esta influência pode refletir novas oportunidades devido à pandemia e a resposta a ela, ou a diminuição das perspectivas de emprego. (GLOBAL ENTREPRENEURSHIP MONITOR, 2021, p. 35)

A pandemia levou milhares de brasileiros ao empreendedorismo, conforme cita Carlos Melles (2021), diretor-presidente do Sebrae: “O desemprego está levando as pessoas a se tornarem empreendedoras. Não por vocação genuína, mas pela necessidade de sobrevivência”. Contudo, Melles ressalta, também, que:

A taxa total de empreendedorismo no Brasil sofreu uma redução nunca vista antes. A pandemia do coronavírus veio e derrubou o mercado todo, em especial os mais antigos. Por outro lado, por causa do desemprego, entrou muita gente nova e inexperiente que tenta sobreviver, por meio de um pequeno negócio. O mundo inteiro sentiu esse impacto, mas, no Brasil, os efeitos sobre o empreendedorismo foram mais fortes ainda. (MELLES, 2021, não paginado)

A fala de Melles é endossada se compararmos os dados estatísticos do Global Entrepreneurship Monitor (GEM) de 2019 e 2020. A taxa de empreendedorismo total reduziu de 38,7%, 53,4 milhões de empreendedores, para 31,6%, 44 milhões de empreendedores. No entanto, a taxa de empreendedores iniciais subiu de 23,3% para 23,4%, isto é, de 32,2 milhões para 32,6 milhões, sendo que os empreendedores por necessidade representam 50,4%, ao contrário de 2019 onde representavam 37,5%.

Aqui é importante ressaltar que a taxa de empreendedores já estabelecidos, em atividade a mais de 3,5 anos, despencou durante a pandemia. Em 2019 os negócios estabelecidos representavam 16,2% da taxa de empreendedorismo, em 2020 essa taxa caiu para 8,7%, o que reduziu a taxa total de empreendedorismo.

Ou seja, muitos negócios que já eram estabelecidos antes da pandemia, fecharam. Outro dado importante que vale ser ressaltado é a intenção de empreender:

a pesquisa de 2019 indica que 30,2% tinham intenção de empreender, já em 2020 essa porcentagem sobre para 52,7.

Segundo dados da Receita Federal (2022), a quantidade de empresas registradas como microempreendedores nas três primeiras semanas de janeiro de 2022 foi 40% maior que o mesmo período em 2020. O perfil do empreendedor vem mudando e cada vez mais brasileiros pretendem empreender.

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