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3.1 Caracterização da pesquisa

Essa pesquisa é caracterizada como qualitativa, que, segundo Taquette e Minayo apud Minayo (2015, p. 408) é “aquela que se ocupa do nível subjetivo e relacional da realidade social e é tratada por meio da história, do universo, dos significados, dos motivos, das crenças, dos valores e das atitudes dos atores sociais.”.

Yin (2016) diz que a pesquisa qualitativa se difere pois além dos dados quantitativos, leva em consideração a narrativa dos entrevistados e todo o ambiente.

“Seu objetivo é coletar dados suficientemente ricos para que seu estudo aprecie plenamente e compreenda melhor o contexto para os eventos que você está estudando”. (YIN, 2016, 2016, p. 312)

Neste estudo será utilizado, a história de vida dessas empreendedoras a fim de entender melhor o contexto de suas vidas no empreendedorismo. De acordo com Becker:

A história de vida não é um "dado" para a ciência social convencional, embora tenha algumas de suas características por se constituir numa tentativa de reunir material útil para a formulação de teoria sociológica geral. Tampouco é ela uma autobiografia convencional, ainda que compartilhe com a autobiografia (BECKER,1993, p. 101).

Conforme MARCONI et al, 2017, p. 135, na técnica história de vida, “o investigador, por meio de uma série de entrevistas, procura fazer a reconstituição global da vida desse indivíduo, tentando evidenciar aqueles aspectos em que está mais interessado.” Neste trabalho o foco será no momento da vida na pandemia e o impacto no dia a dia do trabalho e das relações familiares.

Yin (2016, p. 31), descreve a técnica história de vida em coletar e narrar a história de vida de alguém, capturando seus pontos de virada e temas importantes.

3.1.1 Tipos de dados

Os dados que serão utilizados e explorados nesta pesquisa serão de origem primária, obtidos por meio de entrevistas, visitas de acompanhamento e compreensão das técnicas utilizadas e secundários, sobre o papel do empreendedorismo, indicadores sociodemográficos e dados estatísticos sobre a pandemia de COVID-19 e outros dados decorrentes de pesquisas sobre o tema

3.1.2 Tipo de pesquisa

O tipo de pesquisa a ser abordado nesta pesquisa será exploratória e descritiva. Vergara (2013, p. 42) define que "investigação explicativa tem como principal objetivo tornar algo inteligível, justificar lhes os motivos". Gil (2002) relata:

"têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses" e afirma que "esse é o tipo de pesquisa que mais aprofunda o conhecimento da realidade, porque explica a razão, o porquê das coisas" (GIL, 2002, p. 41)

Assim, será utilizada a história de vida que é uma técnica que permite interpretar e reinterpretar os eventos a fim de compreender as ações, conceitos e valores adotados por um grupo e/ou indivíduo em pauta. É também:

Uma técnica de campo que permite ao pesquisador maior controle sobre a situação ou as motivações do entrevistado. Tem como função básica estimular a pessoa, visando conseguir respostas claras e precisas sobre determinado estudo. (MARCONI; LAKATOS 2017 p.136).

3.1.3 Quanto aos meios

Os meios utilizados para a obtenção dos dados serão: pesquisa de campo, documental, bibliográfica e entrevistas em profundidade.

3.1.4 Técnicas de análise de dados

A técnica a ser utilizada para coleta dos dados serão entrevistas semiestruturadas e etnográficas. O roteiro da entrevista será norteado pelas pautas:

motivações para abrir uma microempresa, se houve impacto da pandemia nessa decisão, como a pandemia afetou o negócio e como afetou a vida pessoal no geral, se há histórico desse negócio no pré pandemia para comparação, quais atores ajudaram, fizeram parte, quais prejudicaram, como e foi conciliar com família e demais trabalhos que não são remunerados, tais como: cuidar da casa, dos filhos, entre outros, e quais os sentimentos nesse cenário.

As entrevistadas foram abordadas por WhatsApp e Instagram por meio do modelo de texto a seguir:

Olá! Meu nome é Lorrane e estudo na Universidade Federal De São Paulo.

Estou pesquisando sobre os impactos da pandemia de COVID-19 na vida das microempreendedoras da zona sul de São Paulo para o meu trabalho de conclusão de curso e gostaria de te entrevistar para esse estudo! Para participar é simples: Me informe o melhor dia e horário para conversarmos e eu vou até você ou conversamos remotamente por vídeo. Entender os impactos é muito importante para estudarmos melhorias e saídas para retomarmos a economia e nossa saúde mental. Gostaria de me ajudar? Fico no seu aguardo! (2021)

A entrevista com as mulheres empreendedoras levou em média 25 minutos e foi dividida em duas partes. Uma mais aberta onde a entrevista conta, livremente, a sua história de vida e como chegou ao momento de empreendedora e outra, onde foram feitas perguntas orientadas pelos seguintes roteiros:

Perguntas às microempreendedoras sobre o trabalho:

1) Quando você criou a sua empresa?

2) Quais as principais motivações para empreender?

3) Com o que você trabalhava antes de decidir empreender?

4) Como foi empreender na pandemia?

5) A demanda foi afetada por conta da pandemia?

6) Seu negócio melhorou ou piorou? Seu negócio fechou por conta da pandemia? O seu negócio cresceu durante a pandemia?

7) Você tem funcionários e/ou ajudantes?

8) A pandemia afetou o faturamento?

9) Consequentemente, a pandemia afetou a remuneração dos funcionários e/ou ajudantes? (se houver)

10) Como era o seu negócio antes da pandemia? Foi necessário alterar processos e formas de trabalho devido à pandemia?

Perguntas às microempreendedoras sobre a vida pessoal:

1) Qual é o seu estado civil?

2) Você tem filhos(as)?

3) Se sim, como têm sido os cuidados? Houve alguma dificuldade causada pela pandemia e medidas de restrição?

4) Como tem sido a sua vida fora do trabalho?

5) Você recebeu algum tipo de auxílio do governo federal e/ou estadual?

6) Como tem sido a vida em casa? Há quem te ajude nas tarefas diárias?

7) Você trabalha no mercado formal?

8) Como você tem administrado a vida pessoal e o empreendedorismo?

9) Você é a principal provedora de renda na sua casa?

10) Como você tem se sentido durante a pandemia?

3.2 Entrevistas semiestruturadas

Para Marconi et al. (2017, p. 337) “o objetivo da entrevista é obter informações importantes e compreender as perspectivas e experiências das pessoas entrevistadas.”.

A entrevista semiestruturada, é quase uma conversa, porém com o objetivo de recolher dados e são recomendadas para estudos exploratórios. Esta auxilia o pesquisador a obter informações para sua investigação que ajudarão no diagnóstico do problema social.

A entrevista é um encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas, mediante conversação, obtenha informações a respeito de determinado assunto. É um procedimento utilizado na investigação social, para a coleta de dados, ou para ajudar no diagnóstico ou no tratamento de um problema social. (MARCONI et al. 2017, p. 213)

De acordo com Yin (2016, p.62) “os pesquisadores precisam demonstrar que não há coações implícitas sobre a decisão de um participante em participar e que a decisão é verdadeiramente voluntária.”

As diretrizes para o comitê institucional de ética (CIE) abrangem quatro procedimentos principais que as submissões devem abordar:

1. obter consentimento informado voluntário dos participantes, geralmente fazendo-os assinar uma declaração escrita (“informado” indica que os participantes compreendem o propósito e a natureza da pesquisa);

2. avaliar os danos, os riscos e os benefícios da pesquisa, e minimizar qualquer ameaça de dano (dano físico, psicológico, social, econômico, legal e dignitário) aos participantes; selecionar os participantes equitativamente, de modo que não haja grupos de pessoas que sejam injustamente incluídos ou excluídos da pesquisa; e

3. assegurar o sigilo das identidades dos participantes, inclusive daquelas que aparecem em registros em computador e em gravações de áudio e vídeo.

(NATIONAL RESEARCH COUNCIL apud YIN, 2016, p. 62)

O questionário foi avaliado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal de São Paulo e foi aprovado em 30 de setembro de 2021 sob o Certificado de Apresentação de Apreciação Ética (CAAE) número 51390621.2.0000.5505.

Para atestar a participação voluntária das entrevistadas, todas assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido e o projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal de São Paulo. Foi utilizado o Software de análise de dados Atlas Ti para análise das entrevistas e classificação das respostas.

Com esta metodologia procurou-se entender quais foram as consequências causadas pela pandemia na vida das mulheres como empreendedoras e em seus negócios e entender como tem sido a administração entre vida pessoal, empreendedorismo e rotina doméstica.

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