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De acordo com Dornelas (2015), o empreendedorismo é extremamente importante, não só no Brasil como no mundo, pois é um dos principais motores de aceleração econômica de um país. O autor menciona que o é essencial para o desenvolvimento econômico, uma vez que o empreendedorismo não está relacionado apenas com a criação de novos negócios, mas também com o perfil empreendedor de otimizar os processos e nortear inovações dentro das empresas.

“Empreendedorismo e inovação estão intimamente ligados e são ingredientes fundamentais para o desenvolvimento econômico” DORNELAS (2015, p. 8).

Muitos motivos levam os brasileiros ao empreendedorismo, por não concordarem ou não se adaptarem aos modelos tradicionais das organizações e, principalmente, pelo crescente índice de desemprego. Em pesquisa publicada em março de 2020, 66,3% dos entrevistados decidiram empreender para realizar um sonho, 22,6% para ganhar mais dinheiro, 16,5% para fazer algo que possa mudar o mundo (AZULIS, 2020). Com a pandemia, surgiu um novo motivo... que está ligado a necessidade de sobreviver, mas também, em alguns casos, ao vislumbramento de oportunidades.

A pandemia de COVID-19 foi declarada pela Organização Mundial de Saúde em 11/03/2020 (OMS, 2020) e o primeiro caso no Brasil foi identificado em 26/01/2020, em São Paulo, de acordo com o Ministério da Saúde. Até 31 de dezembro de 2021 foram: 285.674.370 casos e 5.430.057 óbitos no mundo de acordo com a OMS, sendo 22.287.521 casos e 619.056 óbitos no Brasil de acordo com o Ministério da Saúde do Brasil. Em São Paulo, foram 4.456.108 casos confirmados e 155.205 óbitos, de acordo com o governo do estado.

Para conter a pandemia, o governo do estado de São Paulo determinou medidas de distanciamento social, fechamento parcial dos negócios e aumento no contingenciamento médico com a abertura de hospitais de campanha para pronto atendimento dos milhares de casos.

Atualmente, com o avanço da vacinação, o governo do estado flexibilizou medidas, retirando as restrições de abertura de negócios e aumentando o fomento das empresas para retomada da economia: “Oferta de R$ 2,3 bilhões de crédito

subsidiado a empresas pela Desenvolve SP, Banco do Povo e Sebrae” durante o período de 13/mar, 18/mar, 02/abr e 10/ago/2020, 3 e 8/fev e 17/mar/2021; “Oferta de crédito, suspensões, isenções e empreendedorismo” e “anuncio da doação de 500 mil cestas básicas por empresas integrantes do Comitê Empresarial Solidário, ação realizada em 7/abr/2021 etc. (Governo do Estado de São Paulo, 2020-2021), entre outras iniciativas.

No Brasil, o impacto da crise da COVID-19 é bastante agravante, dada a imensa desigualdade social do país, são 66 milhões de pessoas pobres e extremamente pobres, e apenas 40% da população possui ocupação formal (ARAÚJO; BRANDÃO, 2021, p. 101).

Com base nos dados do IBGE, a taxa de desemprego – comparando de 2019 a 2021 – subiu de 11% para 12,6%, isto é, 2021 fechou com 13.453 milhões de brasileiros desempregados, sendo 54,8% mulheres. Em levantamento da agência de classificação de risco, Austin Rating, o Brasil ocupa o 4º lugar no ranking no quesito taxa de desemprego comparado com as principais economias mundiais (a média da taxa de desemprego, de acordo com o relatório, é de 6,5%).

De acordo com o SEBRAE em pesquisa realizada em 2020, 31% das microempresas no Brasil tiveram que mudar seu funcionamento, adotar novos modelos de negócio e 58,9% interromperam suas atividades por conta da pandemia.

Criar um negócio, se reinventar, inovar, nada mais é que a principal arma de sobrevivência do(a) brasileiro(a) que, desempregado(a), precisa pagar suas contas.

Dentro deste cenário, há um público que sempre trabalhou em tempo integral, formal e informalmente: as mulheres. Muitas dessas mulheres perderam seus empregos, não tiveram com quem deixar os filhos por conta das políticas de distanciamento social que ocasionaram o fechamento de creches e escolas, como tentativa de frear a pandemia. De acordo com a pesquisa Gênero e Número, realizada pela organização não governamental (ONG) Sempreviva Organização Feminista (SOF), em 2020, 65,4% das mulheres entrevistadas disseram que a responsabilidade com o trabalho doméstico e de cuidado dificultava a realização do trabalho remunerado. Segundo o IBGE, “as mulheres dedicam mais horas aos afazeres domésticos e cuidado de pessoas” - 18,5 horas – “mesmo em situações ocupacionais iguais que a dos homens”. (IBGE, 2019). Algumas delas buscaram novas formas de

sobreviver na pandemia, seja empreendendo ou adiando seus planos de empreender para retornar ao trabalho formal.

Nos próximos capítulos deste trabalho serão apresentados os objetivos dessa pesquisa de forma detalhada, a revisão bibliográfica e momentos da história de vida de cinco microempreendedoras da zona sul de São Paulo, por meio de entrevistas semiestruturadas, a fim de entender quais os principais desafios enfrentados por elas durante a pandemia. Posteriormente será a apresentada a análise e as principais conclusões do trabalho.

1.1 Objetivos

Os objetivos deste trabalho serão apresentados abaixo.

1.1.1 Objetivo geral

O objetivo deste trabalho é analisar o impacto da pandemia de COVID-19 na vida e nos negócios de mulheres empreendedoras de pequeno porte e de baixa renda na zona sul da cidade de São Paulo.

1.1.2 Objetivos específicos

● Compreender as motivações, dificuldades e desafios enfrentados por mulheres empreendedoras;

● Analisar semelhanças e diferenças entre as microempreendedoras entrevistadas;

● Compreender como a pandemia tem afetado o comércio e as microempreendedoras.

1.2 Hipótese

A principal hipótese é de que a pandemia impactou negativamente a vida pessoal e os negócios das mulheres empreendedoras e que, também por conta da pandemia,

foram desenvolvidos problemas secundários de origem psicológica tais como burnout, ansiedade e depressão.

1.3 Justificativa

O empreendedorismo é entendido neste trabalho como bem explicita a definição do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE):

A capacidade que uma pessoa tem de identificar problemas e oportunidades, desenvolver soluções e investir recursos na criação de algo positivo para a sociedade. Pode ser um negócio, um projeto ou mesmo um movimento que gere mudanças reais e impacto no cotidiano das pessoas” (SEBRAE, 2021)

Por meio do empreendedor surgem inovações e mudanças importantes para a sociedade. Além de possibilitar criações que podem revolucionar a forma como vivemos e ditar o futuro, o empreendedorismo possibilita oportunidades e empregos.

Também, o empreendedorismo pode possibilitar a criação de renda em meio a um cenário de recessão com o qual convivemos atualmente. O perfil empreendedor dos(as) brasileiros(as), segundo o Global Entrepreneurship Monitor (GEM), ocupa a 16ª posição de potenciais empreendedores, entre as 50 economias mundiais. Trata-se de um terreno fértil para mudar a economia, hábitos e a vida em sociedade.

O empreendedorismo feminino por sua vez, além de gerar renda a mulheres que podem estar impossibilitadas de trabalhar no mercado formal por conta das inúmeras responsabilidades atribuídas no lar, como cuidar dos filhos, da casa, entre outros, é empoderador e aumenta a autonomia dessas mulheres em uma sociedade patriarcal e machista, onde as mulheres têm sido cada vez mais reduzidas a funções subordinadas e domésticas.

A pandemia de COVID-19 impactou muito a vida e a atividade econômica das famílias em geral, no entanto, no cenário empreendedor esses impactos são incalculáveis pois, sem e/ou com pouco auxílio governamental, muitas empresas não sobreviveram. Nestes casos o impacto é em cadeia: o negócio fecha, pessoas ficam

desempregadas, famílias ficam sem renda, sem possibilidade de manter a casa e filhos(as).

Estudar esses impactos é importante para nortear empreendedoras para que possam sobreviver em cenários adversos e continuar contribuindo com a evolução da sociedade com seus negócios.

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