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Encontros formativos podem promover o desenvolvimento pessoal e profissional

5 A PESQUISA DE CAMPO E SUAS NUANCES

6 A FORMAÇÃO CONTINUADA NAS ESCOLAS COM ÊNFASE NO PROFESSOR REFLEXIVO

6.1 SUGESTÕES PARA CONTRIBUR NA ORGANIZAÇÃO E EFETIVAÇÃO DA FORMAÇÃO CONTINUADA NO CONTEXTO ESCOLAR

6.1.6 Encontros formativos podem promover o desenvolvimento pessoal e profissional

Os professores ao ingressarem no magistério possuem uma carga pedagógica advinda de sua vida educacional e também impregnada de características influenciadas pela vivência em determinado meio social. Dessa forma, a formação continuada torna-se um viés muito interessante para o desenvolvimento pessoal e profissional.

Para os professores de carreira os encontros formativos podem fomentar o repensar da profissão, bem como fortalecer a articulação entre os saberes educacionais e os objetivos da escola. Com isso,

Os processos de formação implicam num processo pessoal, de questionamento do saber e da experiência numa atitude de compreensão de si mesmo e do real que o circunda. É efetivamente a postura de questionamento que caracteriza o pensamento reflexivo. Nenhuma estratégia formativa será produtiva se não for acompanhada de um espírito de investigação no sentido de descoberta e envolvimento pessoal. (ALARCÃO, 1996, p. 181).

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Cada indivíduo se educa na medida em que tenha oportunidades de contribuir de alguma forma com sua própria experiência pessoal, sem considerar o nível de escassez ou de abundância desta, fortalecendo assim o intercâmbio de experiências e ideias. Traduçãodo autor dessa dissertação, 2018.

A importância dos formadores conhecerem aspectos da trajetória pessoal e profissional dos professores é imprescindível para a organização e efetivação de encontros formativos nos educandários, pois, a partir desse conhecimento é possível elaborar materiais, organizar estratégias de grupo, encaminhar textos para leituras prévias, preparar determinados procedimentos, entre outros. Nesse sentido, Perrenoud (2002, p. 186) enfatiza:

Para desenvolver uma postura reflexiva nos professores, não basta que os formadores adotem-na intuitivamente em seu próprio trabalho. Eles devem conectar essa intuição a uma análise do ofício de professor, dos desafios da profissionalização e do papel da formação inicial e permanente na evolução do sistema educativo.

Dessa forma, o conhecimento de aspectos da trajetória profissional dos professores, articulada com os objetivos da escola possibilita aos formadores e aos docentes uma aproximação real e necessária para o desenvolvimento da formação contínua de ambos.

A trajetória profissional dos professores aqui entendida como aspectos de sua formação inicial e suas experiências em sala de aula potencializam de forma relevante a importância dos encontros formativos. No que tange os aspectos da formação inicial, os encontros formativos nas escolas são oportunidades de conexão entre os professores e as situações de cunho pedagógico e administrativo dos educandários, pois é muito interessante refletirmos e entendermos acerca dos objetivos e fins da educação, para melhor compreendermos os mais distintos acontecimentos que acontecem nas escolas. Com relação a isso, Dewey (1959a, p. 108), destaca:

O objetivo da educação é habilitar os indivíduos a continuar sua educação, ou que o objeto ou recompensa da educação é a capacidade para um constante desenvolvimento, mas isto se aplica a todos quando há mútua cooperação entre homens e existem convenientes e adequadas oportunidades para a reconstrução dos hábitos e das instituições.

Observamos que no processo educacional a reconstrução de hábitos, o intercâmbio cultural, o repensar estratégias pedagógicas, a socialização de experiências, constituem-se em alguns dos mecanismos que potencializam a importância da formação continuada no contexto escolar. A formação permanente dos professores no contexto atual está se tornando um requisito básico para o exercício da profissão docente, devido às situações complexas e desafiadoras que emergem no dia a dia das escolas e também para tentar desmistificar algumas características da racionalidade técnica que são praticadas nas instituições de

formação inicial e aproximar os professores de características de uma racionalidade prática nos encontros formativos.

A necessidade de aproximar os aspectos da formação inicial e da formação continuada poderá ser superada a partir do momento que os formadores das duas instâncias destacadas promovam práticas de formação que integrem aspectos como: diversidade, qualidade de educação, inclusão, conhecimento específico de sua área, saberes acerca da educação em geral, respeito às características dos sujeitos, debate sobre as lutas ou reivindicações da categoria e da sociedade para a melhoria da qualidade de vida, entre outros. Esses aspectos necessitam ser discutidos nos programas de formação, porque interferem diretamente na melhoria do processo ensino e aprendizagem.

Os professores são profissionais que devem desempenhar um papel ativo na formulação tanto dos propósitos e objetivos do seu trabalho, como dos meios para os atingir; isto é, o reconhecimento de que o ensino precisa de voltar às mãos dos professores [...] e a produção do conhecimento sobre o que é ensino de qualidade não é propriedade exclusiva das universidades e centros de investigação e desenvolvimento e de que os professores também tem teorias que podem contribuir para uma base cotidiana de conhecimentos dos ensino. (ZEICHNER, 1993, p. 16).

A concretização dos aspectos destacados por Zeichner é um processo a ser construído e pode se solidificar definitivamente se houver uma conexão ou articulação entre o conhecimento e saberes que os professores possuem, com os objetivos que almejam na carreira docente e com suas perspectivas educacionais para que possam estar conectadas com as finalidades das instituições escolares.

É também interessante destacarmos que as perspectivas e trajetória pessoal dos docentes na área educacional, em muitas situações, influenciam positivamente ou negativamente no fazer pedagógico, pois podem ocorrer decepções ou desilusões por parte dos professores acerca de encaminhamentos pedagógicos dos educandários, sobre a estrutura e materiais oferecidos pelas escolas, além de dificuldades de aproximação ou compartilhamento de ideias ou experiências pedagógicas. Nesse sentido, é imprescindível que a formação continuada exerça o papel de articulação desses diferentes aspectos e, principalmente, considere a trajetória pessoal e profissional dos professores como uma forma de incentivar a autonomia dos mesmos, no sentido de serem protagonistas de suas próprias carreiras profissionais, utilizando o conhecimento científico e as diferentes experiências (expectativas, anseios, necessidades), como artífices dessa prospecção, pois,

Investir na formação continuada de docentes é investir no professor, que se faz e se refaz a cada dia em sua prática pedagógica. É viabilizar momentos coletivos, forjas da identidade de grupo e momentos em que se privilegia o cotidiano, o campo de atuação do professor. É, em suma, investir na autoria, no protagonismo do professor, nas suas possibilidades de atuação intelectual, não mero tarefeiro. Afinal, a formação é condição e estatuto para a docência. (ESQUINSANI, 2009, p. 373).

Acerca disso, Dewey (1959a) destaca que os aspectos da ciência devem exercer funções que possam emancipar perspectivas intelectuais, de hábitos e de predileções pessoais no currículo educacional.

Nesse sentido, é fundamental destacarmos que os formadores não podem ser os protagonistas dos encontros de formação, pois se estes se colocarem nesse patamar estarão se distanciando do grupo e não conseguirão o engajamento dos participantes. Os formadores possuem o papel principal de conduzir o processo de organização e efetivação dos encontros de formação, ou seja, os mesmos são responsáveis em alicerçar os momentos e espaços para que ocorra a interação e envolvimento efetivos dos professores.

6.1.7 Aspectos de autonomia e democracia tendem a fortalecer os encontros formativos e