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A FORMAÇÃO CONTINUADA NA PERSPECTIVA DOS ASSISTENTES TÉCNICOS PEDAGÓGICOS

5 A PESQUISA DE CAMPO E SUAS NUANCES

5.3 A FORMAÇÃO CONTINUADA NA PERSPECTIVA DOS ASSISTENTES TÉCNICOS PEDAGÓGICOS

O segmento Assistente Técnico-Pedagógico, também fizeram parte dessa pesquisa, sendo que dos cinco profissionais de carreira pertencentes às três escolas onde ocorreu a pesquisa, três se prontificaram em responder o questionário sugerido pelo pesquisador e dois profissionais optaram por não participar. No quadro 04, segue o perfil dos três Assistentes Técnico-Pedagógicos / Coordenadores Pedagógicos que realizaram a pesquisa.

Quadro 04 – Perfil dos Assistentes Técnico-Pedagógicos

Idade Número de Profissionais Tempo no Magistério Número de Profissionais Formação Acadêmica Número de Profissionais 18 a 30 anos 0 01 a 10 anos 0 Graduação 0 30 a 45 anos 1 10 a 20 anos 1 Especialização 3 45 a 60 anos 2 20 a 30 anos 2 Mestrado / Doutorado 0

Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.

A partir do perfil exposto acima, é interessante apontarmos os registros feitos por esses três profissionais do segmento Assistentes Técnico-Pedagógicos/Coordenadores Pedagógicos. Este que é um segmento fundamental na organização e efetivação dos encontros de formação continuada nas instituições escolares. Nesse sentido, os registros feitos por esses profissionais no questionário que se encontra nos apêndices dessa dissertação, aplicado pelo pesquisador

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Procuramos destacar que os formadores entendidos aqui como os responsáveis em coordenar e efetivar os encontros de formação continuada nas escolas, os quais podem ser: gestores, coordenadores pedagógicos, assistentes técnico-pedagógicos ou professores.

são: na primeira questão que apontava quem é (são) o (s) responsável (is) em organizar os encontros de formação nas escolas, dois desses profissionais citaram que o gestor e a equipe pedagógica organizam e coordenam os encontros e um profissional apontou que os responsáveis são todos os envolvidos no processo ensino e aprendizagem (gestores, professores e equipe pedagógica).

Nesses apontamentos realizados por esse segmento notamos que a gestão escolar e o setor pedagógico das escolas estão imbuídos em efetivar e organizar os encontros de formação nas escolas, a partir dos materiais recebidos da Secretaria Estadual de Educação e da ADR de Concórdia. Percebemos a importância do papel da gestão escolar no movimento de incorporar os encontros de formação no cotidiano das escolas, mas é fundamental que os docentes sejam os protagonistas desse processo, os seja, a partir das reais necessidades do grupo de professores é que a formação continuada deve ser percebida como umas das alternativas para melhorar o fazer pedagógico e constituir-se em uma ferramenta de identificação como profissional da educação. Acerca disso, Dewey (1959a, p. 340) afirma que

Uma ocupação é a única coisa que estabelece equilíbrio entre a capacidade distintiva de um indivíduo e os serviços sociais do mesmo. Descobrir aquilo que uma pessoa está mais apta a fazer, e assegurar uma oportunidade para fazê-lo, é a chave da felicidade. Não há maior tragédia para um indivíduo do que deixar-se de descobrir sua verdadeira aptidão na vida, ou verificar-se que houve desvio dessa aptidão, e que as circunstâncias o forçaram a um trabalho em desacordo com as próprias inclinações.

Por isso, as atividades docentes necessitam ir além da prática educativa da sala de aula. O profissional da educação é um indivíduo que se identifica com seu ofício, que erra, aprende e se reconstrói diariamente, nas mais diversas situações que surgem no cotidiano escolar.

Com relação à segunda pergunta do questionário que enfatizava qual (is) o (s) objetivo (s) em participar dos encontros de formação na escola, os três profissionais registraram a opção que aborda a reflexão acerca do processo ensino e aprendizagem. Essa reflexão acerca das práticas diárias pode aflorar nos encontros formativos no educandário, pois

A formação centrada na escola pretende desenvolver um paradigma colaborativo entre os profissionais de educação, [...] baseia-se na reflexão deliberativa e na pesquisa-ação, mediante as quais os professores elaboram suas próprias soluções em relação com os problemas práticos com que se confrontam. (IMBERNÓN, 2011, p. 91).

Na pergunta de número três, o mestrando questionou qual a metodologia e a linha teórica que fundamenta os encontros de formação continuada nas escolas. Com relação à metodologia, os três profissionais citaram as discussões em grupo e trabalhos em pequenas equipes como a principal metodologia utilizada pelos formadores. Quanto à linha teórica que fundamenta a formação, os três profissionais apontaram para a linha do materialismo histórico dialético.

Enfatizamos na observação desse segmento da pesquisa, o trabalho em grupo como uma metodologia bastante usada nos encontros formativos. Essa forma de trabalho é muito interessante na medida em que todos possam contribuir com suas experiências cotidianas, anseios, sugestões, leituras realizadas e inteirar-se do que Dewey (1959a) chama de conhecimento técnico. Para esse autor, além das matérias ensinadas, o professor necessita conhecer a psicologia, a história da educação, os métodos que a experiência alheia aconselha para o ensino das várias disciplinas. Para Dewey (1959a) apropriar-se do conhecimento técnico é uma forma de habilitar-se a perceber, nas respostas dos alunos, aspectos que para um leigo passaria despercebido, além de poder dar pronto e adequado auxílio aos estudantes quando necessário. Isso também é uma forma de valorização do profissional e uma oportunidade de se identificar como professor, aspecto enfatizado anteriormente.

Observamos que os formadores e a gestão das escolas procuram efetivar os encontros formativos, tendo como linha teórica: o materialismo histórico dialético17, também citado pela Supervisora de Ensino da ADR Concórdia e que norteia a Proposta Curricular de Santa Catarina. Porém, é importante que os professores conheçam e consigam diferenciar as vertentes educacionais que surgiram a partir do materialismo histórico dialético para que não comentam equívocos na organização e efetivação do seu planejamento educacional, levando em consideração os princípios que norteiam a prática pedagógica de cada docente.

Em seguida, os profissionais da equipe pedagógica das escolas apontaram os seus registros com relação à participação nos encontros de formação e os três profissionais afirmaram que sempre participam dos encontros que acontecem nas escolas. Além disso, esses profissionais enfatizaram em suas respostas que percebem mudanças significativas na prática pedagógica diária, após a participação dos encontros de formação. É importante destacarmos a importância desse segmento no incentivo junto aos professores, no sentido de

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A Proposta Curricular de Santa Catarina (2014) enfatiza que as características humanas se constituíram historicamente por intermédio de processos de homonização, ou seja, os processos por intermédio dos quais cada sujeito singular produz a sua própria humanidade, [...] e em um movimento dialético, é preciso reafirmar que todo conceito é uma generalização, consequência de outros processos de elaboração que se articulam. Essa relação é viável por estabelecer semelhanças e diferenças entre si e as condições de estabelecer elos totais e parciais entre eles.

colaborar para coletividade, a interdisciplinaridade e o compromisso em assumir com os docentes a proposta pedagógica da escola e buscar efetivá-la com êxito.

Na sequência, esses profissionais citaram que os principais temas e/ou assuntos de debates e discussões que acontecem nos encontros de formação são: avaliação, metodologias diferenciadas, inclusão e planejamento. Os mesmos apontaram como sugestões que poderiam agregar na efetivação dos encontros de formação continuada nas escolas, sendo: encontros por área, avaliação do processo ensino e aprendizagem e valorização do coletivo para selecionar os temas dos encontros de formação continuada. Aqui é pertinente refletirmos sobre a importância do grupo de professores de cada escola promover ou elencar assuntos ou temas pertinentes para serem problematizados nas formações. Talvez, como é realizado atualmente, no qual os assuntos ou temas são sugeridos pela Agência Regional que seleciona os temas vindos das diversas escolas, perde-se um pouco da identidade dos problemas que surgem em cada instituição escolar.

Notamos que os assuntos sugeridos para os encontros formativos nas escolas, se esvaziam na medida em que se distanciam das reais necessidades de cada grupo de docentes. Ao discutirmos e lermos acerca das defasagens que são constatas no cotidiano escolar, no qual se está inserido, aproximamo-nos de possíveis soluções a muitas dessas situações, pois

As escolas são, com efeito, um meio importante de transmissão para formar a mentalidade dos imaturos; mas não passam de um meio e, comparadas a outros agentes, são um meio relativamente superficial. Somente quando nos capacitamos da necessidade de modos de ensinar mais fundamentais e eficazes é que podemos ficar certos de dar ao ensino escolar seu verdadeiro lugar. (DEWEY, 1959a, p. 04).

A citação de Dewey revela o quanto se faz necessário a aquisição de novas informações e conhecimentos para nos capacitarmos como professores e tentar aproximar-nos dos anseios e expectativas dos estudantes. Para tanto, “a escola deve deixar de ser um lugar, para ser uma manifestação de vida em toda sua complexidade, em toda sua rede de relações e dispositivos com uma comunidade educativa, que mostra um modo institucional de conhecer e de querer ser”. (IMBERNÓN, 2011, p. 108).