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SUMÁRIO

FONTE: IBGE 2012,

2.2.1.3 Ensino Fundamental

O Ensino Fundamental constitui-se como uma das principiais etapas do ensino sistematizado, tendo em vista que é o que tem a maior durabilidade e é o que forma a base para que o ser humano prossiga com sucesso sua formação profissional. Com destaque será analisado o que tem sido inquietante para organização da

política de educação municipal que é a implantação do ensino fundamental de nove anos, conforme a Lei 11.274/2006.

Este capítulo irá apontar todos os dados do Ensino fundamental, desde o ponto de vista da oferta, das matrículas dos educandos que devem ser articuladas com as modalidades de ensino, uma vez que as modalidades se caracterizam por atender as especificidades de uma parcela significativa de cidadãos que estão nos municípios que não acessaram serviços públicos da educação durante sua trajetória de formação.

Entre outros aspectos, dará atenção à articulação das políticas de inclusão educacional. Esta é compreendida nas suas múltiplas dimensões: educação especial, educação para as comunidades remanescentes de quilombos, educação para os territórios étnicos educacionais das comunidades indígenas, a educação para os povos e comunidades do campo e educação de jovens e adultos que do ponto de vista das políticas, possui um caráter de transversalidade quanto à organização e às modalidades.

De acordo as Diretrizes Curriculares para Educação Básica, no Cap. I Etapas de Educação Básica, no Art. 21, II prever o Ensino Fundamental obrigatório e gratuito com duração de nove anos é organizado em duas fases: dos 5 (cinco) anos iniciais e dos 4 (quatro) finais.

As iniciativas para estabelecer uma educação plural e inclusiva resultaram em diversas bases legais que definiram políticas públicas educacionais para garantir o acesso a uma educação plural e inclusiva que respeite as peculiaridades dos povos tradicionais e étnicos. De esse modo os sistemas de ensino devem promover uma educação que incorpore no cotidiano escolar, princípios da equidade educacional para uma sociedade justa e antirracista bem como do reconhecimento à participação sociocultural, econômica, política, religiosa e científica do negro e do índio na formação do Brasil.

Nesse sentido faz-se necessário ressaltar a articulação das políticas de inclusão educacional conforme as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica e neste documento define ações educacionais para a próxima década.

O município de Camamu tem o total de 86 escolas municipais do Ensino Fundamental, delas 11 (onze) estão situadas na zona urbana e 75 (setenta e cinco) na zona rural, com o total de mais de 8 mil crianças matriculadas. A tabela abaixo demonstra a evolução pelos últimos anos.

Tabela 10. Evolução das matrículas do Ensino Fundamental no Município de Camamu, por dependência administrativa e localização (2010/2013)

Anos Municipal Estadual Particular Total

Urbana Rural Urbana Rural Urbana Rural

2010 4.943 3.995 573 - - - 9.011

2011 4.854 3.505 575 - - - 8.934

2012 4.636 3.383 500 - - - 8.519

2013 3.807 3.976 427 - - - 8.210

Fonte: MEC/INEP. Censo Escolar – Disponível em:<http://www.inep.gov.br>. Acesso em: 16 jan. 2014.

Diante do demonstrativo da tabela acima é perceptível o declínio nas matriculas nos últimos 4 anos. Apesar de a cidade ter uma extensão territorial no campo maior do que na sede, o número de alunos é elevado porque do ensino fundamental dos anos finais que só abre matrícula na sede e no distrito de Travessão, os jovens das demais localidades vão para o centro da cidade.

Não tendo como afirmar a causa especifica da redução da matricula apresentada nos dados, há alguns indicativos que influenciam nessa situação, tais como: na Zona Urbana há um número expressivo de alunos que migram para escolas particulares, assim como na Zona Rural acontece o êxodo das famílias para outras regiões devido a falta de oportunidade de trabalho no Município.

Tabela 11. Nível Educacional da População de 06 a 14 anos, 1991, 2000 e 2010

Faixa etária (anos)

Taxa de analfabetismo % de alunos na escola

1991 2000 2010 1991 2000 2010

06 a 14 anos

11 a 14 anos 51,30 6,26 10,22 44,47 82,40 96,03 Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil. Disponível em: < http://www.atlasbrasil.org.br/2013>. Acesso em: 16 jan. 2014

torna perceptível um aumento de 3,24% entre 2000 e 2010. A partir do ano de 2007, as crianças com 06 (seis) anos de idade são matriculadas na escola, porém os professores e as unidades escolares ainda não estavam preparados para o trabalho de alfabetização, por isto, aumentou a quantidade de alunos na escola, mas aumentou o índice de analfabetismo.

Tabela 12. Matrícula do Ensino Fundamental do Município Camamu, por idade e ano, Rede Municipal, (2013) Idades ano ano ano ano ano ano ano ano ano Total 6 anos 789 7 anos 1.158 8 anos 1.074 9 anos 900 10 anos 828 11 anos 975 12 anos 921 13 anos 680 14 anos 497 15 anos + de 16 anos 7.822 Nº de alunos total em defasagem % em defasagem

Fonte: Secretaria Municipal de Educação, 2014.

A tabela 12 revela que a maioria dos alunos que foram inseridos no Ensino de 9 (nove) anos não completam os anos finais do ensino fundamental, isto por muitos fatores sociais externos e internos como: gravidez precoce na adolescência, exploração do trabalho infantil, mudanças constantes do trabalho dos pais ou responsáveis, falta de estímulos por parte da escola, o bullyng, violência sexual e física, drogas, dentre outros. É possível observar também o grande número de crianças do ciclo de alfabetização.

Tabela 13. Taxas de Rendimento - Rede Estadual

SÉRIE / ANO Ano

Taxa de Aprovação Taxa de Reprovação Taxa de Abandono Urbana Rural Urbana Rural Urbana Rural

5ª Série / 6º ano do EF

2008

2010 72,4 - 22,40 - 5,20 - 6ª Série / 7º ano do EF 2008 2009 2010 82,70 - 14,40 - 2,90 - 7ª Série / 8º ano do EF 2008 2009 2010 85,10 - 10,30 - 4,60 - 8ª Série / 9º ano do EF 2008 2009 2010 91,70 - 2,80 - 5,50 -

Fonte: Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/ide/2008,2009, 2010/gerar Tabela. php >. Acesso em: 16 jan. 2014.

Diante dos dados apresentados acima, há uma progressão na taxa de rendimento da Rede Estadual entre os anos iniciais e os anos finais, contudo, o percentual das taxas de reprovação e abandono no 5º, 6º e 7º ano ainda é alto.

Tabela 14. Taxas de Rendimento - Rede Municipal

SÉRIE / ANO Ano

Taxa de Aprovação Taxa de Reprovação Taxa de Abandono Urbana Rural Urbana Rural Urbana Rural

1ª Série / 2º ano do EF 2008 2009 2010 65,10 67,20 29,60 26,30 5,30 6,50 2ª Série / 3º ano do EF 2008 2009 2010 72,90 66,80 21,10 26,70 6,00 6,50 3ª Série / 4º ano do EF 2008 2009 2010 83,20 69,70 12,20 23,90 4,60 6,40 4ª Série / 5º ano do EF 2008 2009 2010 89,70 84,40 5,60 11,90 4,70 3,70 5ª Série / 6º ano do EF 2008 2009 2010 64,20 63,40 20,60 15,90 15,20 20,70 6ª Série / 7º ano do EF 2008 2009 2010 65,20 70,90 29,70 18,20 5,10 10,90 7ª Série / 8º ano do EF 2008 2009 2010 66,70 83,90 22,00 6,50 11,30 9,60 8ª Série / 9º ano do EF 2008

2009

2010 61,40 87,50 27,5 8,90 11,10 4,20 Fonte: Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/ide/2008,2009, 2010/gerarTabela.php> Acesso em: 16 jan. 2014.

Esta tabela traz muitas informações importantes:

- Ainda existe taxa de reprovação no ciclo de alfabetização;

- O índice de reprovação aos finais dos ciclos é alto, impedindo o avanço dos estudantes;

- As turmas do 7º ano são as que apresentam a maior taxa de reprovação; - As escolas da zona urbana reprovam mais do que as escolas da zona rural;

- A taxa de abandono é maior no período da adolescência, devido a vários motivos já citados acima.

O Município estruturou o Ensino Fundamental conforme as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos, abrangendo a população na faixa etária dos 6 aos 14 anos de idade, estendendo-se a todos que não tiveram condições de frequentar a idade certa.

Regulamentou também que a matricula seja feita de acordo a referida Diretriz, sendo obrigatório a matricular todas as crianças com 6 anos completos ou a completar até dia 30 de março do ano em que ocorre a matricula no Ensino Fundamental e as crianças que completarem 6 anos após essa data são matriculadas na Educação Infantil (Pré Escola).

Na educação municipal têm escolas que ficam localizadas em Comunidades Indígenas, Quilombolas e do Campo com supremacia na oferta do ensino fundamental dos anos iniciais. Entretanto, não há uma proposta significativa para o estimulo da oferta que comtemplem as necessidades especificas, desses Povos Tradicionais. Vale ressaltar ainda a ausência do Ensino Fundamental dos anos finais, fazendo com que esses alunos desloquem-se para a Sede do Município, muitas vezes em veículos em situações precárias pelo Código Nacional de Trânsito, infringindo os direitos de todos os alunos em serem transportados com segurança.

Ocasionalmente o Município recebe grupos sociais de circo, trabalhadores itinerantes ou de parques de diversão, que procuram as escolas para requerer a

matricula de crianças, adolescentes e jovens. De acordo as Diretrizes para o Atendimento de Educação Escolar a para a População neste contexto, o Art.1º diz que: ”As crianças , adolescentes e jovens em situação de Itinerância deverão ter garantido o direito à matricula em escolas públicas gratuita, com qualidade social e que garanta a liberdade de Consciência e de crença”. E ainda no parágrafo único do artigo citado acima, define que: “ são considerados crianças , adolescentes e jovens em situação de itinerância aquelas pertencentes a grupos sociais que vivem em tal condições por motivos culturais, políticos, econômicos, de saúde, tais como os ciganos, indígenas”, trabalhadores itinerantes, circense , operadores de parque de diversão dentre outros.

As escolas públicas do município garantem a matrícula dos estudantes em situação de intinerância, no entanto no que compreende a lei, não desenvolvem estratégias pedagógicas adequadas às necessidades de aprendizagem. Isso porque é uma modalidade pouco conhecida pelos profissionais de ensino, para que se possa garantir não só a matrícula, mas também a permanência e quando for o caso a conclusão dos estudos aos estudantes.

Como toda a população na faixa etária de ensino obrigatório deve frequentar o Ensino Fundamental, para garantir o ensino a toda a população de 6 a 14 anos o município implantou em 2008 o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos previstos nos capítulos I e II do Art. 8º das Diretrizes Curriculares para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos. Essa implantação não resolveu o problema da defasagem, fazendo com que o Sistema Municipal de Ensino aderisse a novos programas através do Governo Federal e Instituições filantrópicas, a exemplo dos Projetos: Se Liga, Acelera e Escola Ativa, os quais também não deram resultados qualitativos para minimizar a grande quantidade de alunos em distorção idade-ano.

Ainda hoje há um número expressivo de discentes que não conseguem concluir as etapas escolares na idade recomendada, não só nos anos iniciais, como na EJA e nos anos finais, comprometendo a carreira escolar, resultando que muitos acabam evadindo das salas de aula sem perspectivas de vida ficando a margem de uma sociedade capitalista e competitiva.

A Secretaria da Educação dispõe uma gestora local que cuida das informações à respeito da frequência escolar e do Bolsa Família dos alunos beneficiários. Segundo os dados coletados, é preocupante perceber que os alunos são faltosos e que as famílias na maioria das vezes não se preocupa em ir à escola dar satisfações sobre a ausência ou transferência dos filhos, muitas vezes ocasionando transtornos quanto ao recebimento do benefício do Programa Bolsa Família, que é quando os pais e/ou responsáveis aparecem.

Apesar das escolas municipais precisarem de ajuda profissional de psicólogos, psicopedagogos, em se tratando dos índices de reprovação, evasão, dentre outros problemas sociais que fazem parte da educação, infelizmente, o município não dispõe destes profissionais para atender as necessidades psicológicas e cognitivas, bem como orientar os profissionais de educação em suas práticas pedagógicas que levem em conta estas variantes.

Ainda analisando esta etapa da Educação Básica de forma interdisciplinar, é possível dizer que embora o Município tenha um grande potencial cultural, com muitas manifestações culturais e artísticas, não há uma proposta sólida e continua, que estreite as ações com as Instituições Culturais e o Sistema de Ensino do Município. Todavia, as Unidades de Ensino desenvolvem atividades envolvendo a participação de alunos em manifestações artísticas e culturais no espaço escolar.

Muitos estudantes apresentam diversas habilidades culturais e artísticas, entretanto existe pouca oportunidade oferta de atividades extracurriculares que os estimulem a participar de concursos nacionais e municipais, exceto por meio de projetos esporádicos e por meio do Programa Mais Educação, onde eles têm condições de aprimorar tais habilidades.

O município oferece atividades de desenvolvimento e estímulo a habilidades esportivas nas escolas, interligadas a um plano de disseminação do desporto educacional. Realiza aula de Educação Física, campeonatos, os alunos também fazem atividade esportiva no Programa Mais Educação e anualmente atividades de Atletismo, Corrida e Salto à distância com o poio do Programa Federal Atleta na

Escola.

Os estudantes participam ainda de campeonatos intermunicipais e estaduais com o apoio da Secretaria da Educação, porém, o município é carente de quadras esportivas, campos de futebol nas comunidades rurais, não tem um ginásio e estas iniciativas se acumulam em uma quadra da Escola Pirajá da Silva e no único estádio que existe na sede.

A Secretaria da Educação através do Plano de Ações Articuladas (PAR), tem três quadras esportivas em construção nas localidades de Travessão, na sede, na comunidade do Garcia, ainda estão com problemas e logística e orçamento, mas uma vez concluídas, serão de grande importância para o incentivo ao esporte e ao lazer da comunidade.

No tocante da proposta curricular e das demais ações normativas obrigatórias do ensino, os profissionais consultam os documentos oficiais como os Parâmetros

Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental, as Diretrizes Nacionais da Educação Básica, as Diretrizes Nacionais do Ensino Fundamental de Nove Anos e

os Direitos de Aprendizagens para o Ciclo de Alfabetização, contudo não há um domínio destes pela falta de estudos aprofundados que validem o processo de construção e aplicação dos mesmos.

Conforme a Lei nº 9.394/96 da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) estabelece no Art. 28 e a Lei Orgânica Municipal também citar nos Arts. 165 e 166, que deve ocorre flexibilidade na organização do trabalho pedagógico, incluindo adequação do calendário escolar, de acordo com a realidade local, identidade cultural e condições climáticas de região, o município ainda não se adequou a esta prerrogativa. No entanto, o calendário escolar é único devido às dificuldades de logística e orçamento, os repasses do transporte e da alimentação são subsidiados pelo Governo Federal nos 10 meses do ano e com a grande extensão do território de Camamu, fica difícil disponibilizar, por exemplo, os transportes para poucos professores e alunos em outros períodos do ano, diferentes do estabelecido no calendário letivo.

Apesar de muitas escolas em comunidades do campo, indígenas, quilombolas terem energia elétrica, o uso de novas tecnologias ainda é escasso e muitos laboratórios de informática ainda estão sem qualificação e sem condições de uso. Essa realidade não assegura aos alunos o acesso a outros bens culturais que por sua vez permitiriam aos estudantes o contato com outros modos de vida e outras formas de conhecimento ancorado na resolução Nº 07, de 14 de dezembro de 2010 para o ensino fundamental de 9 (nove) Anos que diz:

Art. 28. A utilização qualificada das mídias como recurso aliado do desenvolvimento do currículo contribui para o importante papel que tem a escola como ambiente de inclusão digital e de utilização critica das tecnologias da informação requerendo o aporte dos sistemas de ensino que se refere a:

I. Proveção de recurso midiático atualizados e em numero suficiente para o atendimento aos alunos

II. Adequada formação do professor e demais profissionais.

Seis escolas do centro da cidade e vinte e quatro da zona rural receberam computadores e equipamentos para implantar o laboratório de informática, porém muitas ainda estão sem instalar os equipamentos na maioria delas não tem internet ainda. A Prefeitura Municipal, por sua vez, contratou uma empresa com esta finalidade, de tornar os laboratórios funcionáveis e capacitar os profissionais para o uso da tecnologia na educação.

Faz-se mister considerar o apoio do Governo Federal neste sentido, pois as escolas vem recebendo não só equipamentos como recursos através do Programa Dinheiro Direto na Escola que possibilita a compra de material didático e equipamentos que ajudam a prática pedagógica e o processo ensino e aprendizagem, o que necessita é operacionalizar estes investimentos.

Partindo do cenário que se vivencia nos espaços escolares, de indisciplina, falta de compromisso de muitos pais e responsáveis no acompanhamento das atividades didáticas e pedagógicas, transferindo muita vezes a educação familiar para as escolas, o município sempre realiza ações de incentivo a participações dos mesmos como o projeto Família Escola: Uma parceria que da certo, por meio da qual a família era convidada a refletir sobre sua participação e a responsabilidade com a

formação dos filhos no ambiente escolar.

Além do Projeto realizado, as escolas realizam os encontros periódicos realizados nos espaços escolares para o acompanhamento dos estudantes que não tem surtido efeito, pois muitas famílias só procuram as escolas em casos de corte do beneficio Bolsa Família ou a chamado da gestão por alguma infração indisciplinar cometida pelos seus filhos.

O Ensino Fundamental é uma etapa do percurso escolar prioritária e responsável pela formação básica que dará condições para fases mais complexas da jornada educacional do individuo, em vista disto, que foi pertinente conhecê-la profundamente em suas necessidades para que possam ser minimizadas e/ou sanadas através das metas e estratégias que este plano irá traçar para os próximos dez anos da educação do município.