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SUMÁRIO

Tabela 22 Nível Educacional da População Adulta com mais de 25 anos, 1991, 2000 e

2.6 GESTÃO DEMOCRÁTICA DO ENSINO PÚBLICO

Este capítulo tem como objetivo explicar como está estruturada a Educação do município de Camamu, se já instituiu o Sistema Municipal de Ensino ou se continua vinculada ao sistema Estadual de Ensino, bem como, fazer referencia a criação, estruturada e funcionamento dos principais conselhos existentes (Conselho Municipal de Educação, Conselho da Alimentação Escolar, Conselho de Controle e Acompanhamento Social de FUNDEB, Conselhos Escolares, etc.).

educação (Plano de Cargos, Carreira e Remuneração dos Profissionais da Educação, Lei de Criação do Fundo Municipal de Educação, Regimento Escolares e outras normas que regulam a gestão democrática da educação, etc.), destacando, suscintamente, suas características e eventuais problemas quanto à aprovação, aplicação e conteúdo; mencionar os critérios para acesso aos diversos cargos ou funções do magistério, inclusive os cargos de diretor, vice-diretor e coordenador pedagógico; e ainda explicar como está organizada a Secretaria Municipal de Educação, incluindo seu funcionamento.

A gestão democrática é fundamental para a definição de políticas educacionais que orientam a prática educativa, bem como revitaliza os processos de participação, dentro dos parâmetros definidos no “chão” da escola pública e é um canal no processo de democratização, na medida em que reúnem diretores, professores, funcionários, estudantes, pais e outros representantes da comunidade para discutir, definir e acompanhar o desenvolvimento da Educação que se e precisa ter no Município.

Nesse pensamento e compondo mais um capítulo de análise do Diagnóstico da Educação Municipal de Camamu que as informações abaixo acerca da Estruturação do Sistema Municipal de Educação darão base para elaborar o Plano Municipal da Educação e traçar diretrizes que venham melhorar a gestão educacional que precisa de conhecimento legal, coerência e compromisso com a sociedade no desenvolvimento e gestão de uma educação de qualidade.

A Lei Orgânica do Município de Camamu Bahia, sofreu ementa no ano de 2008 no que tange a Educação. A emenda provada na Câmara de Vereadores define como o Município proverá a Educação no Sistema Municipal de Ensino, e conforme parágrafo 9º do Art. 162º - A atuação do Município dará prioridade ao ensino fundamental e de educação infantil.

A emenda em seu artigo 161º, parágrafo 3º ainda define as diretrizes para elaboração do PME. Diz que “O Plano Municipal de Educação será elaborado pelo Poder Executivo com o Conselho Municipal de Educação, consultados os órgãos descentralizados de gestão do Sistema Municipal de Ensino, a comunidade educacional do referido sistema, sendo ouvidos os órgãos representantes da

comunidade e considerada as necessidades das diferentes regiões do município”. A lei traça as diretrizes do município na administração educacional, no tocante dos deveres, da organização, do funcionamento, da execução de recurso público destinado para os fins educacionais, do tratamento com os profissionais, do apoio pedagógico, da relação com a sociedade, e, também do incentivo ás manifestações culturais e esportivas que estão vinculadas á educação.

Outro problema é a Lei de Reorganização da Estrutura Administrativa da Prefeitura (Lei nª 606/2006) em que não contempla as necessidades do real funcionamento da SEMEC (Secretaria Municipal de Educação e Cultura) e causa distorções no pagamento dos funcionários. Existem departamentos e setores que não delineiam a necessidade de um fluxo de organograma que faça funcionar da melhor maneira a Secretaria.

O Plano Plurianual da gestão municipal, para o quadriênio 2014 a 2017 prevê os programas com objetivos e montantes de recursos; as ações necessárias á execução dos programas, com seus objetivos específicos, produtos, metas e custos definidos para o período; a agregação de ações e programas em funções e subfunções; as diretrizes orientadoras da gestão do PPA. O plano atual contempla ações necessárias para o desenvolvimento e qualidade da educação, ações essas que estão sinalizadas no PME.

Com o fortalecimento do sistema federativo brasileiro e a institucionalização da redemocratização o tema das relações intergovernamentais e a descentralização das unidades de governos provocaram uma tensão sem precedentes no desempenho dos municípios brasileiros. Boa parte das razões para isso é o fato de que a descentralização mudou a forma de acesso aos bens locais, afetando a agenda da despesa pública, especialmente no campo educacional.

O Sistema Municipal de Ensino – SME vem considerar todas as leis que regem sobre essa descentralização:

CONSIDERA, portanto, que é função institucional do Ministério Público “ zelar pelo efetivo respeito dos poderes públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessário a sua

garantia”;

CONSIDERA, que a Constituição Federal afirma que a educação é um direito social universal (art. 6º), portanto de todos os brasileiros (art. 205);

CONSIDERA, que a Constituição Federal, em seu art. 211, trás regra segundo a qual os Municípios deverão organizar seus SISTEMAS DE ENSINO;

CONSIDERA, sobretudo que a Lei 9 394, de 20 de dezembro de 1996 (LDB), regulamenta a criação do SISTEMA MUNICIPAL DE ENSINO (art. 8º e seguintes); A criação do Sistema Municipal de Ensino legitima a autonomia do ente federado e representa um avanço na Educação Municipal, pois agiliza os processos relacionados ao funcionamento das instituições educacionais, aproxima a realidade funcional da realidade educacional, cria normas mais adequadas ao contexto sociocultural local, permite o acompanhamento mais efetivo a partir da realidade onde se inseri a entidade educacional, exercendo assim o controle social, estima e desencadeia um processo de forma mais efetiva junto aos agentes educacionais. Além disso, facilita o estabelecimento de parcerias com diferentes instituições, ampliando e qualificando a ação educativa e rede de atendimento. E uma descentralização com poder decisório para que se planeje com autonomia a partir da realidade local.

O Sistema Municipal de Ensino significa maior autonomia para o órgão normatizado – o Conselho Municipal de Educação, possibilitando a criação de normas próprias de acordo com as construções sociais e culturais do município. Significa também maior grau de autonomia para o órgão administrador executivo do sistema – a Secretaria Municipal de Educação, que irá executar e aplicar estas normas.

Em Camamu, a Lei Nº 640/2007 DE 20 DE SETEMBRO DE 2007 institui o SME e deu autonomia municipal para pensar, regimentar e regularizar suas ações no âmbito municipal.

Sabe-se que para o Sistema Municipal de Ensino dar certo e acontecer da melhor maneira faz-se necessário que os Conselhos da Educação também funcionem da melhor maneira.

O Sistema Municipal de Ensino abre uma fecunda possibilidade para esta democratização, tendo o CME – Conselho Municipal de Educação como órgão colegiado com pluralidade cuja presença da sociedade materializa-se através da incorporação de categorias e grupos sociais envolvidos direta ou indiretamente neste processo.

Segundo a Lei 630 de Fevereiro de 2007, o CME de Camamu foi reestruturado e sua Lei de criação dispõe dos seus objetivos, funcionamento e composição, quando junto a implantação do Sistema Municipal de Ensino foi composto e legitimado através do Decreto Nº 163/2008 e capacitado.

Seu Regimento Interno define como suas atribuições:

- Promover a participação da sociedade civil no planejamento, no acompanhamento e na avalição da educação municipal;

- Realizar estudos e pesquisas necessárias ao embasamento técnico-pedagógico normativo das decisões do Conselho;

- Assessorar os demais órgãos e instituições do SME;

- Emitir pareceres, indicações, instruções e recomendações sobre convenio, assistência subvenção a entidades públicas e privadas filantrópicas, confessionais e comunitárias, bem como seu cancelamento;

- Solicitar, analisar e dar parecer quanto a avaliação da ação pedagógica do SME; - Manter intercâmbio com os demais Sistemas de Educação dos Municípios, Estado da Bahia;

- Analisar estatística da educação municipal anualmente, oferecendo subsídios aos demais órgãos e instituições do SME;

- Acompanhar o recenseamento e a matricula da população em idade escolar para a educação infantil ensino fundamental, em todos os seus níveis e modalidades;

- Mobilizar a sociedade civil e o Estado para inclusão de pessoas com necessidades educacionais especiais, preferencialmente, no sistema regular de ensino;

- Dar publicidade quanto aos atos do CME;

- Mobilizar a sociedade civil e o Estado para garantia da gestão democrática nos órgãos e instituições publica do SME.

O Regimento Interno do Conselho Municipal de Camamu ainda esclarece as finalidades das Câmaras que o compõe que são as Câmaras de Educação Básica e Câmara de Legislação e Normas que é a do FUNDEB (levando em consideração que fundiu o conselho e não existe apenas o Conselho do FUNDEB).

Além do CME – Conselho Municipal de Educação, existe o CAE – Conselho de Alimentação Escolar, recém estruturado em março de 2009, conforme Decreto Nº 29/2009. Ambos os conselhos se reúnem mensalmente, tem nomeado um secretário executivo e ficam organizados e sediados em um prédio público da Secretaria Municipal de Educação.

O município ainda não tem os Conselhos Escolares formados, nem colegiados e Grêmios Estudantis. Em 2013, foi realizada uma parceria para capacitar dois profissionais da SEMEC para realizar a formação e a capacitação dos Conselhos Escolares de todas as Unidades de Ensino, tanto zona urbana como na zona rural. Porém, a capacitação ainda não aconteceu.

Outro documento que compõe e fortalece o desenvolvimento de uma educação de qualidade é o Plano de Cargo e Carreira dos Profissionais da Educação. O Plano de Camamu foi reformulado com base na Lei Nº 714/11 de 1º de julho de 2011. A Prefeitura Municipal de Camamu contratou Consultoria Jurídica que deu suporte para essa necessidade e que certamente garantiu a viabilidade da construção desse documento, que aconteceu de forma participativa e discutida conforme os anseios e necessidades dos profissionais da educação. Foi uma Lei elaborada ainda em consonância com a Lei do FUNDEB, porém no momento não está adequado ao contexto orçamentário do município, comprovado por estudo de impacto financeiro realizado no ano de 2015 (dois mil e quinze). Dessa forma, presume-se que o mesmo não foi precedido de um estudo de impacto e viabilidade econômica.

Existe também o Estatuto dos Servidores do Magistério Público (lei nº480 /98), estabelece critérios de acordo o que emana a Lei Constitucional de acesso aos

cargos como o de direção e vice-direção. Poderão ser nomeados se tiverem dois anos de efetivo exercício e formação em nível médio (magistério) ou superior na área de educação. Não cita o cargo de coordenação e supervisão pedagógica, ou seja, não contempla o que rege a Lei do FUNDEB e outras Leis já sancionadas pelo Governo Federal, como a eleição do Gestor Escolar, Piso Salarial Nacional para os Profissionais do Magistério e outros. O mesmo encontra-se desatualizado, precisando imediatamente ser reestruturado.

Apesar de Camamu já constituir Sistema próprio de Ensino, a Prefeitura e suas Secretárias, em particular a da Educação e Cultura mantém uma boa relação com a NRE-06 (Núcleo Regional de Educação), com a Secretaria de Educação do Estado e busca respeitar o regime de colaboração entre eles. A Secretaria busca subsídios na ampliação, oferecimento e melhoria do Transporte Escolar com o Programa Estadual de Transporte Escolar (PETE).

Em 2013 fez adesões a Programas de Capacitação como o PROGESTÃO (Programa de Formação para Gestores Escolares), para Capacitação de Gestores, Coordenadores Pedagógicos, Vice-diretores, e Secretários escolares, aderiu também o Programa PACTO (Programa de alfabetização na idade certa), para formação de professores dos anos iniciais nas áreas de língua portuguesa, matemática e ciências. Em 2014 foi realizado o PROGESTÃO capacitando 80% dos Gestores, Vice-diretores, Coordenadores e Secretários. Também aconteceu nesse mesmo ano a capacitação através do IAT- Instituto Anísio Teixeira, tendo aulas presenciais aos sábados com certificados de 120 horas para professores nas áreas específicas de atuação no fundamental, participações em videoconferência de orientação. Fez adesão à Coordenação de Apoio ao Município (COAM), para orientar e apoiar nas ações educacionais como: elaboração do PME (Plano Municipal da Educação), Formação pela Escola, entre outros já citados. Outrossim é o TOPA (Todos pela Alfabetização) que visa alfabetizar jovens, adultos e idosos, o Universidade Para Todos (UPT) cursinho pré-vestibular para alunos da rede pública. Existe outro programa que foi implantado com a parceria do SENAR (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), voltado para a Educação do Campo que é o

PROGRAMA DESPERTAR, contemplando 10 escolas em diferentes locais na zona rural, buscando dar apoio as turmas multisseriadas, bem como a capacitação para algumas merendeiras existente no município. Dentre outros programas temos o Navegando no Saber, que em 2013, foi implantado com objetivo de fortalecimento da leitura e escrita através da parceria da Petrobrás, convênios esses que respeitando o regime de colaboração favorece para a melhoria da educação do SME.

Vale ressaltar que o município vem construindo suas Diretrizes Educacionais da Educação Quilombola para manter viva a cultura bem como valorização da Identidade Afro e a manutenção da memória da ancestralidade através da linguagem oral. A secretaria se relaciona bem com a Direção das Escolas do Ensino Médio Estadual e apoia à medida do possível, principalmente no que se refere à concessão de funcionários e apoio ao transporte escolar.

4.2 Organização e Funcionamento da Educação Municipal

Tabela 27 – Número de Escolas por Etapa de Ensino – Rede Estadual

Ano Educação Infantil Ensino Fundamental Ensino Médio

Urbana Rural Total Urbana Rural Total Urbana Rural Total

2010 - - - 1 - 1 1 - 1

2011 - - - 1 - 1 1 1 2

2012 - - - 1 - 1 1 1 2

2013 - - - 1 - 1 1 1 2

Tabela 28 – Número dos Estabelecimentos de Ensino por localização Rede Municipal 2015

Ano Educação Infantil Ensino Fundamental Ensino Médio

Urbana Rural Total Urbana Rural Total Urbana Rural Total

2010 3 47 50 11 75 86 - - -

2011 3 47 50 11 75 86 - - -

2013 3 47 50 11 75 86 - - -

Tabela 29. Número dos estabelecimentos escolares de Educação Básica do município de Camamu, por dependência administrativa e etapas da Educação Básica.

Etapas da Educação Básica

Dependência Administrativa

Estadual Municipal Particular Filantrópica

2012 2013 2012 2013 2012 2013 2012 2013 Educação Infantil - Creche - - 3 3 3 3 - 1 Educação Infantil - Pré-

escola

- - 7 7 3 3 - -

Ensino Fundamental Anos Iniciais

- - 81 81 3 3 - -

Ensino Fundamental Anos Finais

1 1 5 5 2 2 - -

Ensino Médio 2 3 - - 1 1 - -

Total 3 4 92 92 12 12

4.3 Apoio ao educando

A qualidade educacional do ensino oferecido a crianças, jovens e adultos brasileiros constitui um desafio prioritário para o sistema educacional. Esse desafio se justifica porque, no Brasil, já “atingimos escolas para todos com a universalização da educação, mas não educação para todos”. Isto é, ainda existe nas escolas brasileiras um alto índice de fracasso, exclusão e evasão escolares.

Construir qualidade nas escolas brasileiras significa hoje, ao mesmo tempo, assegurar que o processo de escolarização seja efetivo em termos de aprendizagem para todo (a)s os que chegam às escolas na idade compatível e corrigir a defasagem idade-série, representada por um alto contingente de estudantes, através de programas, tais como de alfabetização de jovens e adultos (EJA) e turmas de aceleração.

O aumento na qualidade da educação oferecida nas escolas representa a melhoria na aprendizagem de todo (a)s os educando(a)s e, consequentemente, o aumento dos índices de aprovação. Portanto, a melhoria na qualidade de ensino representa, inversamente, o combate à exclusão através da redução do fracasso e evasão escolar. Salienta-se que o problema da evasão escolar, na maioria das escolas é característico do turno noturno.

No contexto da urgência na promoção de mudanças nos sistemas educacionais do país, a escola tem um papel e uma função social fundamental para romper com a desigualdade educacional e social, isso se pensarmos nos educandos como centro prioritário desse processo e darmos a eles o apoio necessário para o seu desenvolvimento.

Nesse sentido, vale analisar como o Município de Camamu-Bahia vem oferecendo aos alunos da Rede Municipal de Ensino o atendimento mínimo necessário para seu processo de escolarização e aprendizado.

Pode-se fazer essa análise segundo vários prismas: