• Nenhum resultado encontrado

Outro tipo de exibição transnacional é buscado no âmbito alternativo, pela produção independente de filmes de arte alterna­ tivos com o apoio moral e financeiro dos festivais de cinema inter­ nacionais e das empresas estrangeiras sem fins lucrativos. Assim como os filmes de sucesso almejam capital transnacional, os direto­

da exibição transnacional de seus filmes desafiadores, às vezes sub­ versivos. Na pista do sucesso dos primeiros cineastas da sexta geração, na década de 1990, novos talentos chineses surgem qua­ se todo ano em festivais de cinema internacionais, em filmes de

ficção (por exemplo, Enter the Clowns [200 \], de Cui Zi’en, Blind

Shañ [2001 ], de Li Yang, e Red Snow [2006], de Peng Tao), assim

como em documentários (por exemplo, Along the Railroad\2000\,

de Du Haibin, West o f the Track [ 2001 ], de Wang Bing, e The Box

[2001] de Ying Weiwei).

Entretanto, a mudança recente mais importante na produ­ ção de filmes alternativos é a via de mão dupla entre o alternativo e o sucesso comercial. Depois de lançar dois filmes aprovados pelo

estado em 1999, Zhang Yuan se tornou comercial e dirigiu I Love

You (2002) e Chá Verde (2003), este último trazendo as grandes

estrelas Jiang Wen e Zhao Wei e o fotógrafo de fama internacional Christopher Doyle. Wang Xiaoshuai, por outro lado, prefere se mo­ vimentar entre o alternativo e o comercial. Depois de seu sucesso

com uma coprodução transnacional, Bicicletas de Pequim (2001),

Wang dirigiu um filme alternativo, À Deriva (2003), e retornou

para um projeto aprovado pelo estado, Sonhos com Shangai

(2005). Seguindo seus passos, Jia Zhangke completou sua trilogia

alternativa de Shanxi com Plataforma (2000) e Prazeres Desco­

nhecidos (2002) e, então, inesperadamente, lançou O Mundo

(2004), aprovado pelo estado, e Em Busca da Vida (2006). Ambos

os filmes, entretanto, conseguiram manter sua solidariedade ca­ racterística pelas pessoas necessitadas. Todavia, a reputação desses diretores ainda tem mais peso no exterior que na China, embora

Zhang Yuan tenha gradualmente perdido sua posição vanguardista no exterior.

O novo século é testemunha de uma produção esporádica daqueles diretores da sexta geração que ficaram no sistema estatal e dirigiram filmes de arte de baixo orçamento. Antes de Feng Xiaogang se interessar por coproduções de sucesso, ele se apresentava como

um diretor informal e foi o produtor executivo de Cala, My Dog

(2003), de Lu Xuechang, que foi elogiado pelos críticos como urna alternativa para os sucessos comerciais de Zhang Yimou, ao enfocar a vida cotidiana, ordinária, de um anti-herói. Os companheiros de Lu da sexta geração, diretores, tais como, Guan Hu e Li Xin, também dirigiram filmes com visões autorais persistentes, mas seu impacto sobre o mercado é mínimo.

Outro novo desenvolvimento é a tentativa de direção pelos

famosos cineastas da quinta geração: o début da direção de Gu

Changwei, Peacock (2004), oferece um olhar idiossincrático so­

bre uma cidade provinciana e pequena na década de 1970, en­

quanto Mulheres de Jasmim (2004), de Hou Yong, registra as mu­

danças culturais em Shangai desde a década de 1930 até a de 1980, através de quatro gerações de relacionamentos entre mães e filhas. O tema “memória” é igualmente forte em uma nova diretora, Xu

Jinglei, cujos Meu pai e eu (2003) e Carta a uma mulher desco­

nhecida (2004) estabelecem-na como uma diretora versátil que

escreveu seus próprios roteiros e atuou como atriz principal. Uma outra diretora jovem é Li Yu, que segue a trajetória recente de di­

retores independentes ao dirigir O peixe e o elefante (2001), um

filme alternativo sobre um casal de lésbicas, e Dam Street (2005),

em cores locais. Duas diretoras veteranas continuaram suas car­

reiras: Li Shaohong passou de sua interpretação realista em The

RedSuit{2000) para um filme de fantasia, Baober in Love(2004),

enquanto Ning Ying expandiu suas aventuras urbanas em Eu amo

Pequim (2000) e em Movimento Perpétuo (2005).

Entre outros diretores famosos, Huo Jianqi impressionou

críticos com seus filmes de alta qualidade: Amor azul (2000), Life

Show(2002) e Nuan (2003). Os dois primeiros tratam da mudan­

ça do éthos urbano, e o último atinge uma bilheteria impressio­

nante no Japão. Consciente ao experimentar a mistura de gêneros e a fertilização intermidiática, Lu Chuan brinca com histórias de

detetive e suspense em A arma perdida (2002) e, subsequentemente,

com aventura e meio ambiente em Kekexili (2004), um filme de

tirar o fôlego, parcialmente patrocinado pela National Geographic;

Li Xin brinca com a fantasia urbana no multissegmentado Dazzling

(2002); Meng Jinghui integra o teatro do absurdo, humor negro e

sequências animadas em Chicken Poets (2002); e Ning Hao mes­

cla ação, comédia e história de detetive em Pedra Louca (2006),

um filme surpreendentemente popular coproduzido pela Focus Film, de Andy Lau (Hong Kong) e pela Warner China Film HG Corporation, o primeiro empreendimento comercial de produ­ ção conjunta da China envolvendo diretamente um investimento de Hollywood.

Enquanto a quarta geração gradualmente desapareceu da li­ nha de frente da produção de filmes no novo século, nem todos os diretores da quinta geração foram atrás do gênero “sucesso comer­ cial”. Huang Jianxin, por exemplo, continua sua exploração urbana

sátira amarga característica de seus filmes do início da década de 1990 e optado pelo humor suave e sentimental, o que provavel­ mente ajudou o filme a chegar ao sexto lugar entre os dez maiores sucessos do ano. A carreira de Tian Zhuangzhuang é mais com­ plicada, mas, como vários dos protegidos da sexta geração, ele pre­ feriu ficar dentro do sistema estatal após ter sido banido da dire­

ção devido a The Blue Kite (1993). Ele só voltou a dirigir filmes

em Springtime in a Small Town (2002), uma refilmagem do clás­

sico homônimo de Fei Mu. Depois disso, dirigiu um documentário

financiado pelo Japão, Delamu (2004), que rastreia uma rota de co­

mércio feita a cavalo através das montanhas no sudoeste da China.