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Queria lhe perguntar, caso tivesse que convencer alguém a visitar Chaves pela primeira vez, quais seriam os argumentos que iria utilizar para convencer essa pessoa?

A qualidade do destino primeiro de tudo, baseado na qualidade dos nossos produtos gastronómicos, na natureza, no segmento da saúde e bem-estar dos balneários termais, e por exemplo no golfe. Temos dois campos de golfe no concelho.

Ok, muito bem! E quais acha que são os principais motivos que levam os viajantes a visitar a nossa cidade?

O reconhecimento de ser uma cidade histórica, com muito património histórico, neste momento com o museu de Arte Contemporânea Nadir Afonso que atrairá outros públicos que até agora não temos sido capazes de atrair e sem dúvida uma cidade transfronteiriça muito próxima aqui da vizinha Galiza.

Exatamente, essa é mesmo a minha questão que vem a seguir. É muito notória a existência de bastantes espanhóis aqui na nossa cidade… tem uma ideia da percentagem de espanhóis que frequenta as termas, mais ou menos?

Sim, tenho aqui dados, tenho que consultar. É assim, só para ter uma noção, sem particularizar para já por países, a nível de frequência de termas, naquilo que diz respeito à cura termal, certo? Ao segmento de termalismo terapêutico, 2,5% dos clientes termais são estrangeiros. E aqui o conceito de estrangeiros tem todas as nacionalidades, sendo que, de facto, deste valor aqui, o maior peso é de espanhóis. Vamos cá ver se eu consigo particularizar isto…

Mas mesmo assim é uma percentagem bastante pequena de estrangeiros.

Exatamente, é uma percentagem bastante pequena! Mas desses estrangeiros, mais de 1% são espanhóis, portanto a maior fatia é de espanhóis.

Relativamente à criação da eurocidade. Acha que ela contribuiu para o aumento de visitantes na nossa cidade e para o aumento do número de visitantes nas termas em particular?

É assim, sem dúvida que a eurocidade cria sinergias entre os dois municípios. A nível de aumento de visitantes nas termas, nós tivemos ao longo de uns anos uns protocolos a vigorar em que de facto vinham vizinhos Verinenses ao abrigo do protocolo da eurocidade frequentar as termas, mas nos últimos anos isso já não estava a acontecer. Portanto é assim eu acho que o fluxo de espanhóis e de muito concretamente de Verinenses aqui em Chaves sempre aconteceu ao longo dos anos. A eurocidade de facto foi um reforço de comunicação e uma proximidade entre estas duas realidades transfronteiriças.

Então concorda que este tipo de cooperação é importante e que deve continuar? Não só a nível transfronteiriço, mas a nível de cidades vizinhas, regiões?

Sim, sim! Exatamente. Eu acho que de regiões. Eu acho que o passo mais importante seria de regiões. Nós, é lógico, que aqui ao lado no concelho vizinho somos conhecidos, como eles são conhecidos por nós aqui também. Eu acho que o passo seria passar para um âmbito regional e poderia ser por aí, e fazer um crescimento desse ponto de vista, promoção turística e por aí fora.

E a nível da cidade. Que medidas acha que devem ser tomadas para melhorar um bocadinho mais o turismo aqui?

É assim, a cidade, e isto está a ser trabalhado nesse sentido neste momento, tem que haver um claro posicionamento de Chaves enquanto destino por si só, certo? Não é descartar o projeto da eurocidade mas nós não podemos perder aquilo que é a nossa identidade enquanto território, e com sinergias e caraterísticas únicas muito particulares e todas elas com muitas mais valias associadas, por isso, aquilo que se está a fazer agora é pensar numa estratégia de promoção do destino com idas a feiras, melhoramentos de equipamentos, produções de linhas e desenvolvimentos de material promocional em que Chaves seja vista enquanto território com uma identidade própria.

Muito bem! E acha que todos os recursos da cidade estão a ser bem aproveitados? Há algum produto que acha que não tenha o devido destaque e devia ser mais trabalhado? Algum serviço que esteja assim mais “parado” e que deveria ter outro destaque?

Estamos sempre a falar na ótica do turismo, certo? Sim.

Sim. É assim neste momento como é de conhecimento público temos um equipamento que vai trazer, julgo eu, uma mais valia no futuro que é o balneário termal das termas romanas que está, portanto, como toda a gente conhece e que se já tivesse sido concluído de certeza que seria um salto qualitativo para que as termas conseguissem acolher mais turistas. Será certamente pelas caraterísticas únicas e singulares que lhe estão associadas, um produto diferente. Um produto turístico diferente do que se conhece no território nacional e mesmo em Espanha porque há poucos balneários com aquele estado de conservação e com aquele potencial de promoção.

A cidade é pequena, facilmente se vê isso. Se nós não criarmos mecanismos diferenciados e fixadores de turistas e não lhe criarmos uma apetência e uma memória que os faça dizer: “eu vou a Chaves agora, mas vou lá voltar por isto ou por aquele (com os argumentos que nós considerarmos mais válidos), não será fácil… Eu acho que é por aí que temos que trabalhar. Criar experiências únicas, seguir uma tendência atual e mundial do turismo criativo e proporcional aquilo que os millennials, as novas tendências, que aqueles jovens sobretudo que agora viajam e que têm oura perspetiva do turismo, que estão à procura e anseiam, e nós neste momento em Chaves ainda não temos esse tipo de oferta!

Relativamente à organização dos grandes eventos. Não só na organização, mas também na própria realização. Como o caso da Feira dos Santos, Sabores e Saberes e agora da recente festa dos Povos, o que é que mudaria? Localização por exemplo?

Sim, sobretudo eu acho que essas feiras que enunciou, eu acho que do ponto de vista de dinâmicas e estruturas estão bem organizadas. Falta se calhar arranjar, não será fácil, mas o nosso pavilhão municipal que é onde se realizam as feiras, e a feira do fumeiro nomeadamente, não tem as condições que permitam que a feira cresça. E se compararmos com os concelhos vizinhos menos ainda. Portanto se calhar não é fácil agora, e mesmo a feira dos santos cria algumas limitações como toda a gente sabe, se calhar devia ser por aí uma deslocalização, um repensar e reposicionar essas feiras.

Relativamente às empresas da cidade em geral e às organizações. Quais acha que são as que tem um maior impacto atrativo para os visitantes?

Deixe-me pensar, não é fácil! É assim, nós temos a academia de artes de Chaves que oferece espetáculos e que é um potencial atrativo no ponto de vista cultural e turístico quando promove os eventos. Sendo parte do município, o museu, tudo o que são as estruturas de oferta cultural eu julgo que são pontos atrativos para os visitantes. Depois temos a ACISAT que dinamiza ações com os comerciantes e lá está, pode tornar o centro histórico e a parte empresarial mais atrativa e basicamente assim que me ocorram serão essas associações ou organismos que podem ter esse potencial.

Muito bem! Relativamente às termas em particular. A nível de fornecedores e parceiros. Costumam ser somente locais ou costumam trabalhar em função de vários fatores, como por exemplo o preço? É assim, as termas é uma realidade à parte, é um mundo muito singular e trabalha tanto com fornecedores locais, maioritariamente locais, mas há questões que tem que ser de concursos públicos, inclusive que são lançadas, e pela especificidade dos produtos que têm que ser utilizados no complexo termal, estou a falar numa água mineral natural, vêm de fora, apesar de nacionais não são locais. Maioritariamente as compras são aqui locais.

E costumam trabalhar com outras empresas ou organizações?

Sim. As termas têm protocolos, nomeadamente com o setor da hotelaria, como as termas não tem um hotel próprio, portanto sendo um setor estruturante para o concelho e para a região, é logico que as termas precisam dos hotéis para hospedar os seus termalistas, assim como os hotéis precisam das termas para terem clientes. E, portanto, sim, há protocolos que estão disponíveis na página, inclusive no site das termas, que são celebrados com organizações. Também fazemos parcerias, nomeadamente há intercâmbio com empresas do setor termal, com a eurocidade também já houve projetos, com a ACISAT também é possível e preciso também se criam essas sinergias.

Os hotéis com que tem cooperações são específicos, não é? Em geral dá para escolher um hotel qualquer ou tem um pacote já com os hotéis definidos?

As termas não se impõem no negócio dos hotéis. As termas têm o seu próprio negócio que não é a hotelaria. O que as termas têm com os hotéis protocolados, pode consultar no site. Nós temos programas sobretudo na vertente do bem-estar termal, nós não temos protocolos com os hotéis diretamente naquilo que diz respeito à cura termal, ao termalismo terapêutico, se bem que os hotéis, mesmo sem protocolo, têm em consideração que as pessoas em tratamento permanecem aqui no destino 10 a 12 dias, não são um visitante corrente, e como tal tem preços diferentes para um termalista ou para um visitante. Até porque normalmente são clientes que repetem, que vem todos os anos e há, portanto, já ali uns laços afetivos e portanto, para termalistas, há preços na hotelaria especiais. As termas, contudo, o que é que têm? Têm protocolos específicos no âmbito sobretudo do bem-estar com as práticas que estão definidas e que os próprios hotéis fixaram, aqueles que se quiseram associar, fixaram preços, para quarto single e duplo, em que para cada um destes programas eles fixaram o seu valor. Na página pode consultar tudo o que está incluído, as reservas são feitas diretamente nos hotéis escolhidos, porque nós não somos nenhuma central de reservas e, portanto, não sabemos a disponibilidade de cada unidade hoteleira e, portanto, há estas sinergias que nós criamos com os parceiros da hotelaria local.

Muito bem e que tipo de restrições encontra nas cooperações que as termas realizaram? Existe assim algum nível de conflito? Falta de confiança?

Não, nunca me apercebi. Aliás no setor termal, por exemplo, nós temos uma associação que nos representa a nível nacional que é a associação de termas de Portugal, tem uns órgãos próprios onde há vários

publico, voltaram finalmente ao fim de seis anos, a ser recompartecipados os tratamentos, não na totalidade mas na percentagem definida pelo serviço nacional de saúde, isso é uma mais valia para as termas a nível nacional e só foi possível precisamente pelo trabalho conjunto de todas as termas e a cooperação que se tem verificado ao longo dos anos, não teria de todo sido impossível porque já muitos contratempos, quer dizer eles foram tirados, estivemos seis anos, e isso aí sim foi um golpe duro para as termas porque todas as pessoas que tinham serviço nacional de saúde, algumas delas com menos recursos económicos, tiveram que deixar de fazer termas, não comparticipam tudo mas é uma ajuda grande para quem tem dificuldades e tem necessidade em frequentar as termas para tratar problemas de saúde.

Então de uma forma geral acredita que a cooperação empresarial poderá aumentar o desenvolvimento turístico da cidade? E de que forma? Tem alguma sugestão por exemplo de pacotes que poderiam ser criados?

Eu acho que se devem envolver todos os agentes locais possíveis, sem particularizar nenhum deles, porque no mercado competitivo onde estamos sozinhos não somos nada nem ninguém, e portanto, só criando estas forças comuns e que lutem todos para o mesmo lado e para que se possa promover de uma forma digna a cidade, só teremos todos a ganhar se forem criados protocolos e forem feitos acordos com diversos agentes locais.

Quando as organizações se unem todas e cooperam para desenvolver o concelho neste caso, qual acha que deve ser o principal objetivo de desenvolvimento?

Na minha perspetiva o fim último será sempre tornar o destino mais apetecível, mais reconhecido, mais diferenciador e que sobretudo que aumentem os fluxos turísticos.