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PARTE III CONTEXTO DO ESTUDO, MÉTODO E DADOS

4. Contextualização do estudo

5.5 Recolha e tratamento de dados

Após a preparação da pesquisa, ou seja, após a seleção, definição e delimitação do problema da pesquisa bem como o planeamento dos aspetos lógicos para a realização deste trabalho, a etapa seguinte diz respeito ao trabalho de campo, onde está incluída a recolha de dados, que também deve ser planeada (Prodanov & Freitas, 2013). Não existe um método melhor que o outro para a recolha dos dados, a escolha desse método vai depender dos objetivos definidos, da metodologia adotada e da própria amostra da população.

Depois de escolhido o método de recolha dos dados, os elementos recolhidos podem dividir-se em duas categorias: primários ou secundários. Os dados primários, geralmente, são recolhidos de forma direta, usando, por exemplo, entrevistas, enquanto os dados secundários são previamente recolhidos por terceiros e com objetivos diferentes da nossa investigação (Barañano, 2008). Existem quatro formas de recolha de dados segundo Quivy e Campenhoudt (2005): inquérito por questionário, entrevista, observação direta e

Analisadas estas opções e tendo em conta o problema de investigação, é possível concluir que o método de investigação mais indicado é a entrevista. A principal caraterística da entrevista, para Wahyuni (2012), é abordar os entrevistados para compartilharem as suas perspetivas, histórias e experiências sobre um fenómeno social particular observado pelo entrevistador. Este método destaca-se pela aplicação dos processos fundamentais de comunicação e de interação humana.

“Instaura-se assim, em princípio, uma verdadeira troca, durante a qual o interlocutor do investigador exprime as suas perceções de um acontecimento, ou de uma situação, as suas interpretações ou as suas experiências, ao passo que, através das suas perguntas abertas e das suas reações, o investigador facilita essa expressão, evita que ela se afaste dos objetivos da investigação e permite que o interlocutor aceda a um grau máximo de autenticidade e profundidade.” (Quivy & Campenhoudt, 2005, p. 192).

A entrevista oferece, assim, uma maior flexibilidade ao entrevistador, um maior grau de profundidade e permite ainda captar a expressão corporal do entrevistado. Uma entrevista semiestruturada é um tipo híbrido de pesquisa que se encontra entre a pesquisa estrutura e a pesquisa aprofundada, ou seja, tem a vantagem de utilizar uma lista de temas predeterminados como nas entrevistas estruturadas, e, por outro lado, mantem a flexibilidade que permite ao entrevistado conversar livremente sobre qualquer tópico. Como este tipo de entrevista semiestruturada é muito flexível, permite ao investigador poder ajustar questões ao longo da própria entrevista caso seja necessário.

Na tabela seguinte é possível analisar a relação entre os objetivos definidos para a realização deste estudo de caso e as questões pertencentes ao guião de entrevista.

Tabela 4 – Tópicos e questões do guião da entrevista

Objetivos da investigação

Tópico Questões do guião

Objetivo 1: analisar a estrutura do turismo na cidade.

Principal motivo de atração turística. Questão 1.1. Questão 1.2. Impacto do turismo espanhol. Questão 2.1.

Lacunas existentes. Questão 3.1. Questão 3.2. Objetivo 2: aumentar a

atratividade da cidade a nível turístico.

Potencialidade turística existente. Questão 4.1. Questão 4.2.

Objetivo 3: analisar a estrutura relacional dos atores turísticos.

Influência dos atores. Questão 5.1. Envolvimento cooperativo. Questão 6.1. Questão 6.2. Questão 6.3. Questão 6.4. Objetivo 4: compreender a importância da colaboração em rede para a competitividade turística e para o desenvolvimento da cidade e da região, bem como detetar restrições encontradas na formação e evolução de redes;

Importância das redes na atratividade turística.

Questão 7.1.

Questão 7.2. Questão 7.3. Percalços existentes nas redes. Questão 8.1.

Depois de selecionadas as organizações que iriam ser entrevistadas, procedeu-se à realização de um primeiro contacto, via telefone, com cada um deles, no sentido de solicitar a colaboração no estudo, indicar resumidamente a sua importância, qual a informação pretendida e agendar uma hora e data para proceder à realização da entrevista. Depois de estabelecidos os primeiros contactos, a recolha de dados teve início em 27 de novembro de 2017 e terminou a 12 de janeiro de 2018.

Na tabela seguinte é possível consultar informação detalhada sobre cada uma das entrevistas.

Tabela 5 - Identificação das entrevistas realizadas

Entrevistado Idade Habilitações Organização Função Anos na

organização entrevista Data da Duração da entrevista

Nº de palavras Jorge Leite 52 Ensino

Superior Município de Chaves Entre 2003 e 2014 – coordenador da rede de museus da região Flaviense; desde 2014 – técnico superior da

área cultural

15 27-11-2017 22:22 3265

Filipa Leite 42 Ensino

Superior Município de Chaves superior da área do turismo e Entre 2002 e 2015 – técnica termalismo; desde 2015 responsável

do setor de marketing, gestão comercial e turismo nas termas de Chaves e Balneário Pedagógico de

Vidago

16 30-11-2017 15:17 2026

João Guedes 49 Ensino

Superior Petrus Hotel Diretor 10 30-11-2017 47:54 6952 Marta Costa 27 Ensino

Superior Associação Indieror Produtora cultural 2 30-11-2017 1:16:07 9108 Luis

Fernandes 43 Superior Ensino Fernandes e Filho, Lda Gerente comercial 19 30-11-2017 1:06:26 9912 Tânia Ramos 29 Ensino

Superior Associação de ADAF - desporto Aquae

Flaviae

Vice-presidente 2 21-12-2017 13:24 1536

Ana Coelho 40 Ensino

Superior Associação ACISAT – Empresarial do

Alto Tâmega

Secretária geral 12 12-01-2018 32:34 3676

As entrevistas foram realizadas presencialmente e gravadas através da aplicação Smart Recorder para smartphones, para posteriormente ser mais fácil a análise dos dados. Os entrevistados foram previamente informados que a entrevista iria ser gravada, e foi- lhe pedido que preenchessem um formulário de apoio com alguma informação pessoal e organizacional, onde igualmente autorizaram a utilização da entrevista para fins académicos (Apêndice II). Foram então realizadas sete entrevistas, no local de trabalho do entrevistado. Em relação ao tempo de entrevista, este variou em função do tipo de discurso de cada um dos entrevistados. Num dos extremos temos o entrevistado com as respostas mais curtas com a duração de 15 minutos e 17 segundos, e, no outro extremo, a entrevista mais longa com1 hora, 16 minutos e 7 segundos, resultando num tempo médio de entrevistas de cerca de 39 minutos e 6 segundos. Este tempo de entrevista diz respeito somente ao tempo de gravação, contudo o tempo de conversação foi superior uma vez que antes da gravação houve um momento de apresentação entre o entrevistador e o entrevistado bem como a explicação da importância do tema. No final de cada entrevista foi preenchido o formulário de apoio. Em relação ao número de palavras, foram em média, 5210. Em relação aos entrevistados, a média das suas idades é de 40 anos, sendo que o mais novo tem 27 anos e o mais velho 52 anos. A média de anos a colaborar na organização é de 11 anos, variando entre um mínimo de 2 e um máximo de 19 anos.

Quivy e Campenhoudt (2005) apresentam dois métodos possíveis para a análise da informação: a análise de conteúdo e a análise estatística de dados. Tendo em conta toda a metodologia, o método utilizado neste estudo de caso foi a análise de conteúdo. A análise do conteúdo é feita através de mensagens tão variadas, como obras literárias, artigos de jornais, documentos oficiais, programas audiovisuais, declarações políticas, atas de reuniões ou até mesmo relatórios de entrevistas pouco diretivas. Segundo os mesmos autores, há imensas fontes a partir das quais o locutor pode tentar construir um conhecimento, desde a escolha que irá utilizar, a sua frequência e até mesmo o modo como são dispostos, a forma como é construído o “discurso” e o seu desenvolvimento.

O próximo passo, numa investigação qualitativa, após a recolha de dados, passa por uma gestão correta dos mesmos. Os dados provenientes das entrevistas devem ser registados por escrito, ou transcritos, caso tenha havido gravação áudio, e reduzidos (codificados, formatados) para posteriormente serem tratados (Lessard-Hébert, Goyette, & Boutin, 2008).

5.6 Síntese e conclusão

O presente capítulo explicou qual a metodologia adotada na realização desta dissertação. Após definida a área de estudo, a pergunta de partida, as questões e os objetivos a serem cumpridos, foi mais fácil definir qual seria a técnica mais aconselhada para a realização desta pesquisa.

Este estudo assumiu um formato qualitativo. Os dados foram recolhidos através da realização de entrevistas às entidades com maior impacto na atividade turística da cidade. Estas entrevistas foram semiestruturadas tendo em conta os objetivos da pesquisa e os recursos disponíveis para a realização do estudo, salientando que o contacto com a população alvo foi feito pessoalmente.

PARTE IV – APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS