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Pesquisadora: Quais são as principais dificuldades em sala de aula com relação ao aluno com

deficiência?

Professora Eliane: São as atividades. Como a gente trabalhar, aonde a gente chegar, as

dificuldades são várias. A gente tem um preparo, mas não é um preparo completo, porque são muitas deficiências, aí fica difícil. Aí eu vejo assim, a gente dá carinho, tenta ajudar, mas preparado, em si, eu acho que não tá. Deveria ter mais coisas, mais apoio, pra gente tá trabalhando, porque o aluno com deficiência não tem só uma deficiência, e às vezes a gente nem sabe totalmente o que tem. Ás vezes os pais nem percebem. Às vezes a gente vê mas não pode nem questionar nada. Às vezes a direção chama, conversa, mas tem pais que não aceitam. É difícil para trabalhar. Aqui mesmo tem um que tem dificuldade na fala: entende, ouve... Mas como trabalhar com aquela criança? Até na escrita, tá trabalhando né. É muito difícil. Como professora, acredito que os professores e futuros professores já estão sendo capacitados. Mas é difícil.

Pesquisadora: Em sua opinião as escolas regulares estão preparadas para receber crianças

com deficiência em sala de aula?

Professora Eliane: Acho que não. Precisa muito, deveria ter mais cursos, deveria ter mais,

assim, aulas onde a gente está, oficinas... A gente precisa correr atrás também, não é só a escola.

Pesquisadora: Em sua opinião qual seria o espaço educacional mais apropriado para a pessoa

com deficiência?

Professora Eliane: Não respondeu.

Pesquisadora: Como professora você acredita que os professores e os futuros professores

estão sendo capacitados para atuarem no contexto da educação inclusiva?

Professora Eliane: Como professora, acredito que os professores e futuros professores já

estão sendo capacitados. Mas é difícil.

Pesquisadora: Você considera que possui conhecimento suficiente para selecionar recursos

educativos, proporcionando melhor aprendizado de alunos com necessidades educacionais especiais em sua classe?

Professora Eliane: Não tenho, porque a demanda é muito grande. A gente tenta, corre atrás,

mas não é suficiente, é muito pouco. Tem o suporte, tem a professora, mas precisamos mais.

Pesquisadora: Você tem alguma especialização na sua formação na área de educação

inclusiva?

Professora Eliane: Não. Não tenho. Eu mesma não parei para procurar uma coisa para fazer

mesmo, para ajudar. Quer dizer, a preocupação não é tanta. Quer dizer assim: da minha parte não. Porque a gente pensa que tem a maioria e não corre atrás da minoria, mas a gente precisa, porque tem muitas crianças com muitas deficiências e a gente precisa também tá se informando, procurando melhorar para poder trabalhar. Há falta de formação específica, de cursos gratuitos, de recursos didáticos para o professor. Seria mais fácil. Seria. Seria bem melhor se a gente tivesse assim... porque a gente não tem nem tempo para essas coisas. Fazer um curso a noite para poder se especializar. Às vezes a gente tem oficinas, às vezes dá suporte, mas pouco. Precisamos de mais.

Pesquisadora: O que você acha/entende da inclusão?

Professora Eliane: Acho muito bom porque eles precisam estar dentro desse contexto. Não é

só porque tem alguma deficiência que não pode estar no meio, entre os outros. A gente é que tem que estar capacitado para aceitar.

Pesquisadora: Quais são as principais preocupações quanto ao aluno com deficiência na

escola regular quanto as práticas pedagógicas?

Professora Eliane: O aprendizado. Quer dizer, às vezes o aprendizado não é tudo, quer dizer

os conteúdos. E eles estão se relacionando com outros, aceitação, respeito por cada um.

Pesquisadora: Em sua opinião o que seria necessário para o aprendizado do aluno com

deficiência nas escolas regulares ocorra da melhor forma possível?

Professora Eliane: A capacitação do professor. A busca do professor. O professor tem que

estar buscando sempre o que a escola tem para a gente se aprimorar. Aqui mesmo tem vários alunos com dificuldade. Todo ano tem aluno com dificuldade, agora que dificuldade tem? A gente deveria estar buscando mais. Não em uma só, mas em várias deficiências, porque tem vários alunos, com várias dificuldades.

Pesquisadora: Como é a participação de alunos com deficiência nas atividades propostas

numa sala de aula? Por quê?

Professora Eliane: Alguns participam. Eu tive dois autistas. É aquela coisa que a gente sabe

que não é no momento que a gente faz que eles participam. Eles vão fazendo depois. Mas eu incluo todos, quando tem alguma dificuldade boto para fazer, boto para ajudar quando tem alguma atividade. Sempre eu tô colocando um ajudante. Não é porque tem uma deficiência que eu vou deixar na sala só, vou deixar sozinho... Incluo sim, em tudo que eu faço.

Pesquisadora: Você acha que aparelhos como muletas, cadeira de rodas, aparelho auditivo

(…) dificulta ou facilita a participação do aluno com deficiência nas atividades propostas em sala de aula?

Professora Eliane: Acho que não. Porque a escola aqui sempre procura um meio para que

não demonstre essa dificuldade. E, assim, tem alunos com dificuldades visuais, a gente percebe, os pais não percebem em casa. Eu tenho um aluno que eu percebi a dificuldade dele. Que a gente quando está assim na sala, não é só passar atividade e virar as costas no primeiro ano. A gente vai vendo a escrita, como é a questão do quadro, eu paro muito para pensar nisso. Aí vejo aquele aluno que fica assim, demora muito para escrever... Porque demora? Ele tinha essa prática. Aí quando vejo isso, apertando o olho, registro logo na agenda: mãe já visitou o oftalmologista? Já foi alguma vez? Agora mesmo tenho um aluno que tem dificuldade, um problema grave, que aí vai ter que fazer vários exames para ver qual é o tipo de grau que ele vai usar. Ele tem 5 anos e nunca se queixou e ele não tinha nem como. Acho que ele já tinha essa deficiência, como se fosse perdendo aos poucos... Ela (a mãe) fez um “jornal” para mim falando das coisas que eu tinha que fazer ali. Quer dizer, a gente tem que estar atenta a essas mínimas coisas, que às vezes no dia a dia é difícil perceber certas coisas. E a gente passa mais tempo com eles, a gente vai percebendo algumas coisas e às vezes é até difícil chegar para o pai e falar que a gente não tem essa capacidade de estar avaliando nada.

Pesquisadora: Você acha necessária uma modificação na formação do docente para atuar na

inclusão da criança com deficiência?

Professora Eliane: Acho que sim, mas é difícil porque são tantas deficiências. Não é uma

várias deficiências né. Auditiva, tinha uma que tinha visual... Então a gente tinha que tá todo ano se preparando porque são muitas. E do bairro é a escola que tem mais alunos com deficiência. Aí é difícil.

Pesquisadora: Você acha que a multidisciplinaridade pode favorecer o trabalho do professor

da escola regular quanto a inclusão do aluno com deficiência nessas escolas?

Professora Eliane: Acho que sim. É muito importante. Porque como uma da área específica,

se tivesse essa interação, esse apoio, seria bem melhor. Se essa criança tivesse mesmo esse acompanhamento, viessem conversar com a gente, para fazermos um trabalho paralelo, seria bem melhor. Fluiria bem melhor as coisas, porque não adianta estudar, mas a gente não tem aquela formação concreta. A gente vai fazer um curso, tipo assim, mas aquele da área de saúde mesmo, diagnóstico, aí seria bem melhor o contato.

Pesquisadora: Quais os conhecimentos que você acredita que seriam mais relevantes se

acrescidos no currículo do docente que realiza atividades com crianças com deficiência?

Professora Eliane: Professora Eliane: O estudo. Que a gente tem que estar sempre

buscando, estudando os conhecimentos, e não só aquela direção da pedagogia normal. Acho que temos que correr atrás.

Pesquisadora: Você sabe o que é Tecnologia Assistiva? Acha que o uso da TA no ambiente

escolar pode facilitar a realização de atividades com alunos com deficiência?

Professora Eliane: Não conheço. Pesquisadora: Expliquei o que é TA

Professora Eliane: É isso mesmo, eu faço assim. É uma coisa que facilita o aprendizado,

uma coisa simples, para poder dar segmento. Eu tinha um aluno assim, todo lápis quebrava. Ele pegava o lápis com a força que ele tinha. Ele pegava e ficava escondendo. Não tinha coordenação motora, até que no final do ano foi melhorando. Ainda tô assim né. Querendo associar as coisas. Tem uns recursos, umas tintas, talvez brinquedos a gente faz, como o jogo da memória, que é um jogo que facilita o trabalho. O alfabeto móvel... Tudo isso facilita né. Eu vou deixar isso passar. Vou procurar mais informações sobre isso.

Pesquisadora: Como profissional tem esses recursos de TA em sua sala de aula? Professora Eliane: Não. Não específico.

Pesquisadora: Você foi orientada, ensinada a adaptar instrumento de avaliação para alunos

com deficiência? Você acha importante?

Professora Eliane: Não. Porque sempre que eu pego os alunos com deficiência, ainda tenho

que rever isso.

Pesquisadora: Você considera importante o docente ter conhecimento mais aprofundado

acerca da deficiência?

Professora Eliane: Com certeza. Porque do jeito que a gente tem que trabalhar com a

inclusão... Não é a escola tal procurando para a gente. Já que a gente sabe que a escola é uma escola inclusiva, temos que correr atrás também. Mas o tempo é tão curto que às vezes não dá nem para a gente parar não. Eu tenho que fazer isso por eles ou uma formação para eles.

Pesquisadora: Como profissional de educação você se sente preparada para atuar na inclusão

escolar com alunos com deficiência?

Professora Eliane: Não. Porque falta conhecimento. Às vezes tem a prática, tem um jeitinho,

conhecimento para lidar com certas coisas. Uma reação, por exemplo, como fazer para a gente acalmar. A gente até pode conseguir quando a gente faz com amor, mas não é a mesma coisa. Acalmar, ter aquele jeitinho para poder tá ajudando, ter mais conhecimento, se aprofundar mais nas coisas né?

Pesquisadora: Você tem alguma sugestão de mudança com relação a formação docente e a

prática docente que a senhora gostaria de deixar registrada?

Professora Eliane: Mudar eu acho que cada um deve procurar a mudança. Melhorar a

didática. Procurar mais informações, correr atrás, porque o mundo taí né. Outras crianças com problemas, com problemas não, com dificuldades, e é a escola que recebe esses alunos... Aí a gente tem que correr atrás.

Pesquisadora: Como a senhora definiria a Fisioterapia?

Professora Eliane: Fisioterapia eu acho que é uma atividade física, não é só uma atividade

mental, mas física.

Pesquisadora: Expliquei o que é a fisioterapia.

Pesquisadora: A senhora acha que a fisioterapia poderia trabalhar com qualquer deficiência? Professora Eliane: Pelo que eu entendi acho que com todas. Motora, mas na fisioterapia você

pode trabalhar com a mente, o movimento.

Pesquisadora: O que a senhora acha da interação entre a fisioterapia e o professor? Professora Eliane: Acho que seria bom.

ANEXO 6