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EXCLUSÃO, INTEGRAÇÃO E INCLUSÃO: SIGNIFICADOS EM JOGO

Ainda que seja uma garantia legal o direito da inclusão da criança com deficiência na escola regular, entendo ser primordial contemplar acerca da preparação destas instituições para receber este novo alunado em suas salas e classes de forma plena e efetiva.

Segundo Carneiro (2008) é importante conhecer e entender os significados de determinados termos quando se pretende discutir acerca da inclusão de pessoas com deficiência na escola de ensino regular. Sendo assim, entendo ser relevante discutir o uso dos termos: exclusão, integração e inclusão, com ênfase nos dois últimos, destacando que ainda que sejam expressões parecidas não são sinônimos e não devem ser confundidas.

Stella e Sequeira (2013) assinalam que apesar da inclusão estar acontecendo de forma lenta, porém contínua, ainda é comum nos discursos dos docentes a presença de contradições quanto aos significados atribuídos à inclusão. Em pesquisa realizada pelas autoras, elas relatam um fato alarmante que se refere à prática educativa excludente não apenas de alunos com deficiência, mas de outros alunos com dificuldades de aprendizado decorrentes de diversas origens.

As autoras destacam que ainda é realidade, apesar dos avanços legais, a existência de práticas educativas fundamentadas em preconceitos, que não se expressam apenas em atos negativos, mas também em conceitos e estigmas formulados previamente quanto à capacidade deste alunado, com maior ênfase, muitas vezes, para suas dificuldades e limitações do que das inúmeras possibilidades de superação. Acentuando que tais práticas contrariam tudo o que está estabelecido nas diretrizes propostas para a Educação Inclusiva.

Carvalho (2005, p. 2) afirma que a exclusão não deve ser entendida como o oposto da inclusão, considerando as possíveis manifestações desta, a exemplo da “inclusão marginal”, a qual, segundo a autora, consiste numa:

Medida em que a sociedade capitalista desenraiza, exclui, para incluir de outro modo, segundo suas próprias regras, segundo sua própria lógica. Estão neste caso aqueles aprendizes em situação de deficiência que aparecem fisicamente presentes nas turmas do ensino comum, mas que não participam das mesmas atividades propostas aos demais colegas e que, em muitos casos, nem recebem apoio especializado. (CARVALHO, 2005, p. 2)

Sassaki (1997, p. 3, grifos meus) refere-se à inclusão como um “processo pelo qual a

sociedade se adapta para poder incluir, em seus sistemas sociais gerais, pessoas com

necessidades especiais e, simultaneamente estas se preparam para assumir seus papéis na sociedade”. Sendo assim a inclusão social forma um sistema bilateral onde “as pessoas, ainda excluídas, e a sociedade buscam, em parceria, equacionar problemas, decidir sobre soluções e efetivar a equiparação de oportunidades para todos.”.

Segundo Lopes (2008, p. 123) o termo inclusão escolar refere-se “à prática de ensino para crianças com deficiência, em uma sala de aula regular, com apoio de todos os membros da classe”.

O verbete “inclusão”, encontrado no Dicionário Aurélio (1999, p.1093), define esta palavra como: “ato de incluir pessoas com deficiência na plena participação de todo processo educacional, laboral, de lazer, etc., bem como em atividades comunitárias e domésticas”. Já a palavra “integração”, de acordo com Lopes (2008, p. 126), é definida como “incorporar partes distintas em um conjunto”. Desta forma é importante perceber que ainda que sejam termos similares não são sinônimos, e por isso, a mera “integração” da criança com deficiência na escola de ensino regular não deve ser entendido como “inclusão”.

Rios e Novaes (2009) argumentam que de modo distinto da integração, a inclusão implica alterações sociais e, portanto está enraizada no modelo social, que de acordo com as autoras, refere-se ao fato de que para incluir a escola deve:

Levar em consideração a necessidade do aluno, ocorrendo adaptação do ambiente físico e dos procedimentos educacionais, sendo que todas as pessoas devem ter a oportunidade de serem incluídas na escola comum. (RIOS; NOVAES, 2009, p. 2)

Vieira (2014, p. 3) aborda a necessidade de uma melhor compreensão e entendimento acerca das deficiências como um dos aspectos positivos para que a inclusão ocorra. A autora enfatiza que as mudanças devem ser algo mais significativo que apenas executar orientações e técnicas, exigindo “reflexões complexas da comunidade escolar e humana, pois os princípios da Educação Inclusiva estão embasados na aceitação das diferenças e na acessibilidade”.

Para Rios e Novaes (2009, p. 7) a inclusão não deve ser entendida apenas como uma obrigação legal, mas também e principalmente como uma demanda dos direitos humanos e uma oportunidade de aprendizado para todos os envolvidos no processo. As autoras enfatizam que esta não é, muitas vezes, uma questão facilmente compreensível, mas sim um desafio que exige uma transformação em diversos contextos tanto administrativos, quanto sociais e culturais. Ou seja, modificações metodológicas nos procedimentos educativos, na formação docente para a prática inclusiva e “ações compartilhadas e práticas colaborativas que respondam às necessidades de todos os alunos.” As autoras destacam que:

É preciso mergulhar nas bases da inclusão, analisar as necessidades das crianças e adaptar projetos para que se tornem compatíveis com as condições educacionais de cada uma delas. Só assim poderemos transformar a realidade, em que muitos são chamados, mas poucos incluídos. (RIOS; NOVAES, 2009, p. 16)

Enfim, gostaria de salientar o quanto é importante entender que incluir o aluno com deficiência nas classes comuns não é um ato que se refere apenas a garantir sua presença física no recinto escolar. De acordo com Carvalho (2005), a presença da criança com deficiência na escola regular não se configura instantaneamente como garantia de aprendizagem, participação e acessibilidade tanto aos itens físicos quanto humanos que compõem o ambiente escolar. Neste sentido entendo ser necessário pensar a inclusão considerando inúmeros aspectos, dentre os quais se destaca a formação docente para a prática da Educação Inclusiva.