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4.1 IDENTIFICAR E COMPREENDER O PROBLEMA

4.1.2 Análise dos dados das entrevistas com especialistas e mães

4.1.2.3 Entrevistas com as mães

As entrevistas com as mães e com o casal de pais, possibilitaram à pesquisadora obter informações sobre a percepção destes cuidadores sobre à sensibilidade das crianças com TEA aos estímulos do ambiente construído. As respostas abordaram os comportamentos, a relação dos filhos com os diferentes cômodos da casa e a necessidade da adaptação dos ambientes.

Na percepção das mães e do pai entrevistado, a sala de estar é o local onde os filhos se sentem mais confortáveis, pois o espaço é mais amplo e tem o sofá e a TV. Estes cuidadores citaram e descreveram sensibilidades dos seus filhos, relacionadas aos estímulos do ambiente construído e à aspectos sensoriais. Os entrevistados disseram não haver ambientes na casa onde eles percebessem desconforto do filho.

As cinco famílias fizeram adaptações nas suas casas para atender necessidades dos filhos. De acordo com as respostas dadas nas entrevistas, todas as famílias fizeram alterações relacionadas aos sistemas sensoriais dos filhos.

A organização das informações sobre aspectos dos ambientes construídos que influenciam no funcionamento e no desenvolvimento de crianças com TEA, coletadas nas entrevistas com as mães e o pai, estão organizadas junto com os dados coletados nas observações diretas dos indivíduos com TEA, apresentadas nos Quadros 18 e 19.

4.1.3 Observação de indivíduos com TEA

Com as observações foi possível identificar alguns comportamentos resultantes da dificuldade na percepção sensorial, através do contato mais direto com a realidade de cada participante (MARCONI; LAKATOS, 2003 - p. 1) e características do ambiente construído relacionadas a sensibilidade destas crianças e do adulto aos estímulos do ambiente construído.

Nas visitas feitas à quatro crianças e um adulto com TEA em suas casas, foram observados comportamentos resultantes de sensibilidades aos estímulos sensoriais do ambiente construído de baixa ou de média intensidade. Não foram observados comportamentos extremos. Foi possível observar comportamentos relacionados à sensibilidade vestibular, proprioceptiva, tátil e visual em todos os participantes. Apenas um participante não demonstrou sensibilidade auditiva e apenas dois demonstraram sensibilidade olfativa.

As informações relacionadas ao processamento sensorial coletadas nas observações estão organizadas nos Quadros 18 e 19.

As residências onde vivem as crianças e o adulto observados apresentam poucas características em comum. Cada família fez adaptações para atender as demandas do filho ou da filha com TEA de acordo com a identificação das necessidades, o poder

aquisitivo e o estilo de vida.

As mães entrevistadas confirmaram a necessidade de adaptações nas casas onde vivem crianças com TEA. Elas colocaram que o designer de interiores pode conhecer as necessidades das crianças com TEA através de entrevistas com os pais e com o contato direto com as crianças.

Quadro 18 - Organização dos dados coletados nas entrevistas com as mães e nas observações de indivíduos com TEA.

(fonte: Elaborado pela Autora).

1 - MÃE e MENINO 2 - MÃE e MENINO 3 - MÃE e MENINA

Apartamento grande, com poucas luzes, cores neutras e muitos estímulos. Quarto com poucos

estímulos.

Casa pequena (cinco cômodos). Sala com estímulos visuais e proprioceptivos. Pátio grande (aproximadamente 4x o tamanho da

casa)

Apartamento térreo com pátio pequeno. Muitas adaptações na

casa.

Vestibular

Cama, cadeira que gira, móveis com quina (vidro). Prateleira sobre a cama.

Cama elástica.

Balanço, rede Espaço na sala, pátio. Cama elástica. Balanço.

Proprioceptivo

Protetor de colchão, almofada (lombrigas) de pluma de ganso.

Cadela para dormir na cama.

Sofá, cama, cobertas pesadas, pufe,

chão (brita, areia). Sofá, cama elástica.

Tatil

Texturas macias, suaves (veludo, brim, pele), tapete peludo. Texturas não melequentas (massinha, argila).

Banho de espuma.

Texturas melequentas, ventilador de chão (vento). Manta, malha, balanço

apertadinho, almofada "cobra". Temperatura da água.

Texturas melequentas. Areia e grama.

Auditivo

Ruído (shopping, pessoas). Acústica (cortina, persiana). Música. Ruídos externos fortes e imprevisíveis (moto acelerando). Casa sem barulho alto. Voz de menina (desenho animado).

Ruído de fundo (geladeira).

Secador de cabelo e o aspirador

Barulho de gente. Ruído externo. Sons graves e agudos. Interfone.

Fogos de artifício.

Visual

Luz (cortina blackout), sem luz de cabeceira, luz azul ou âmbar, dimmer. Secadora de roupas, ventilador, TV 120 Hz. Poucas informações. Cores neutras. Lâmpadas fluorescente e excesso de

informações (farmácia).

Televisão, janela, ventilador de teto, lâmpadas (brancas e amarelas), cortina blackout. Muitos brinquedos

soltos e em caixas.

TV. Quarto escuro. Luzinha de aprelhos elétricos. Água escorrendo.

Luz natural.

Olfato

Perfumes. Cheiro de cremes de morango (hidratante). Lavanda, calêndula (no banho). Incenso (bom).

Comida (ânsia de vomito), cheiro da linguiça ou da omelete (repulsa).

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A mãe considera a casa uma bagunça, com a "cara da criança", com "atividades" dele espalhadas (a caligrafia, as canetinhas, a massinha).

Tem uma bateria na sala. Tirou a cadeira que gira. Tirou os tapetes da sala (para ter cachorro). Uma vez por

semana lava o travesseiro.

Organização da casa (tudo meio escondido). Bola (pilates) e pufe na

sala.

Quarto só com brinquedos. Cama no quarto do casal. Cama de casal em outro quarto. Cama elática na sala.

Prateleiras altas. Bi-cama. Adaptações na casa SI ST EM A S EN SOR IA L Aspectos gerais

Atributos do ambiente relacionadas ao processamento sensorial, citados nas entrevistas com as mães e observados nas visitas ENTREVISTAS e OBSERVAÇÔES

Quadro 19 - Organização dos dados coletados nas entrevistas com as mães e nas observações de indivíduos com TEA.

(fonte: Elaborado pela Autora).

Os conhecimentos obtidos na revisão da literatura somados as informações obtidas nas entrevistas, ao reconhecimento das sensibilidades e a identificação dos comportamentos das crianças com TEA visitadas, fundamentaram a elaboração de um protocolo para a identificação das necessidades da criança com TEA.