O processo de identificação e compreensão do problema, primeira etapa da metodologia representado na figura 9, iniciou com a realização de um levantamento bibliográfico. Neste levantamento foram analisadas obras relacionadas ao tema “Design de interiores para crianças do espectro do autismo”.
Objetivo
Geral Objetivos específicos
Explicação das aprendizagens
Discussão dos resultados Validação do framework, por meio de entrevistas com especialistas quanto à
aplicabilidade
Resultados da pesquisa, principais decisões tomadas, limitações da pesquisa e sugestões
para futuros trabalhos
Proposição de artefatos para resolver o problema específico
Conclusões
Elaboração do framework Definição de escopo do framework a partir
da base teórica
Estabelecer requisitos de projeto a partir da base teórica e da análise de similares
Entrevistas e observações
Documentação do processo de projeto e desenvolvimento do framework Análise de similares Levantamento bibliográfico Etapas da metodologia P ro p o r u m f ra m e w o rk p a ra e st a b e le ce r o s re q u isi to s d e p ro je to d e i n te ri o re s p a ra cr ia n ça s co m T E A , q u e a te n d a à s n e ce ssi d a d e s d e st a s cr ia n ça s e m r e la çã o a o s e st ím u lo s d o a m b ie n te co n st ru íd o .
Conhecer a sensibilidade das crianças com TEA em relação aos estímulos do ambiente construído e
identificar os comportamentos desencadeados em resposta à sensibilidade.
Propor um instrumento que possibilite a identificação das necessidades da criança com
TEA, em relação aos estímulos do ambiente construído, a partir do conhecimento da
sensibilidade, do reconhecimento dos comportamentos e dos fundamentos da TIS.
Propor um framework para obtenção dos requisitos de projeto de interiores, a partir das necessidades identificadas e do tipo do ambiente a ser projetado,
com base no QFD. Conscientização do problema Revisão sistemática da literatura Identificação do problema
Verificar a metodologia proposta quanto a sua aplicabilidade.
Desenvolvimento do artefato Identificação dos artefatos e configuração das
classes de problemas
Projeto do artefato selecionado
Aplicabilidade do artefato
Ferramentas
Formulação do problema Contextualização / problematização /
Figura 9 – Primeira etapa da metodologia.
(fonte: Adaptado de Dresch; Lacerda e Antunes Jr. (2015).
O método adotado foi uma revisão da literatura, no portal de periódicos CAPES/MEC, que conta com um acervo de mais de 45 mil títulos com texto completo e 130 bases referenciais. A busca por publicações foi realizada através da combinação das palavras- chaves listadas a seguir:
− "autism-friendly" + environments; − autism + "built environment";
− autism + attributes + "built environment" + emotions; − autism +"interior design";
− autism + "interior architecture"; − autism + "design considerations".
Os resultados encontrados na busca inicial foram refinados por pares e por tópicos, ferramentas de refinamento de busca oferecidos pelo portal CAPES/MEC, e assim, foram excluídas publicações de outras áreas de conhecimento (Quadro 7). A partir da análise dos títulos e resumos das 179 publicações encontradas nesta etapa de busca, foram selecionadas 23 publicações.
Identificação do problema Conscientização do problema Revisão sistemática da literatura
Quadro 7 - Busca por publicações.
(fonte: Elaborado pela Autora).
Com o auxílio da ferramenta Mendeley (https://www.mendeley.com), foi realizada uma
segunda busca por publicações a partir da análise das referências dos artigos selecionados na primeira etapa de busca, que resultou na seleção de mais 15 publicações.
No total foram selecionadas 38 publicações, apresentadas no Quadro 8, nelas os autores abordam a relação das sensibilidades dos indivíduos com TEA com os estímulos do ambiente construído.
No Quadro 8, é possível observar que, a maioria destas publicações, 17 delas, são trabalhos relacionados a ambientes de aprendizagem e como os aspectos físicos do ambiente construído podem influenciar no desempenho acadêmico das crianças com TEA.
Somente onze, dentre as 38 publicações selecionadas, tratam diretamente de moradias para indivíduos com TEA, sendo que, apenas quatro são especificamente sobre as residências onde vivem crianças com TEA. Quatro autores aparecem repetidos, porém apenas dois deles falam sobre as residências de indivíduos com TEA.
Palavras-Chave 1º resultado
2º resultado
revisados por pares Refinados pelo tópicos:
3º resultado analisados
"autism-friendly" + environment 102 89
Inclusion + architecture + autism spectrum disorders + autistic disorder + psychology + autistic children + autistic spectrum disorders +
autism spectrum disorder + children + autism
17
autism + "built environment" 211 106 Built Environment + Architecture + Autism + Children 58 autism + attributes + "built
environment" + emotions 9 8 Sem 4 autism + "interior design" 90 58
Built Environment; Facility Design and Construction; Autistic Children; Architecture;
Design; Autism.
22 autism + "interior architecture" 15 11 Sem 2 autism + "design considerations" 192 185 Research Design + Child + Children + Autism 76
Quadro 8 - Autores e conteúdos selecionados na revisão de literatura.
(fonte: Elaborado pela Autora).
AUTORES USUÁRIOS AMBIENTES CONTEÚDOS
AHRENTZEN, S.; STEELE, K.;
CHRISTENSEN, T., 2009. Adultos Residencial Diretrizes para residências de adultos TEA.
AMOR; ELSOTOUHY, 2016 Adultos e crianças Comercial, educacional, saúde Iluminação fluorescente influência sobre o desempenho de atividades para populações neurodiversal (ADD / TDAH / TEA)
ASHBURNER; ZIVIANI; RODGER, 2010 Crianças Ensino Dificuldades comportamentais e emocionais (atenção, ansiedade, depressão, comportamentos inapropriados) de alunos TEA nas salas de aula tradicionais.
ATMODIWIRJO, 2014 Crianças Sala de terapia de integração sensorial Inter-relação entre espaço, ações corporais e integração sensorial de crianças TEA, usando o conceito de “affordances”. Considerações sobre o layout do ambiente projetado.
BAUMERS, 2012 Adultos e crianças Residencial Relações entre as pessoas e o ambiente construído. Linhas de pesquisa de abordagem no estudo do autismo e no design do ambiente construído.
BEAVER, 2006 Crianças Ensino
Briefing para projetos de arquitetura para TEA. Características do ambiente: Acústica, ventilação, aquecimento, iluminação, cor, planejamento e layout, manutenção, limpeza,
espaços ao ar livre.
BONIS; SAWIN, 2016 Crianças Residencial Revisão de literatura. Riscos e fatores de proteção para a autogestão do estresse em pais de crianças TEA.
BOYLE, 2016 Adultos Residencial Características do autismo e modificações no ambiente construído em tópicos.
BRADDOCK, G., ROWELL, 2011 Adultos e crianças Residencial Orientações relacionadas ao ambiente construído residencial, para famílias que vivem com indivíduos TEA.
BRAND; GHEERAWO; VALFORT, 2010 Adultos Residencial Orientações para o planejamento, projeto e alocação de habitações, considerando as necessidades do TEA.
CHERRY, 2012 Crianças Residencial Orientações para alterações de ambientes construídos residenciais para crianças TEA e seus familiares.
DEOCHAND; CONWAY; FUQUA, 2015 Adultos e crianças Tratamento do Autismo Design de ambientes e a influência no comportamento indivíduos ASD.
DOENYAS, 2016 Crianças Diversos Apresentação de um complexo de vida social para crianças TEA e seus pais.
DUIGNAN; CONNELL, 2015 Adultos e crianças Residencial Cuidados com as pessoas TEA; relação dos atributos dos ambientes domésticos e as atividades dos membros da família em relação a esses atributos.
DUNN; LITTLE, 2015 Crianças Diversos Considerações sobre o projeto Ambientes "Sensory Friendly" para crianças com TEA.
GOODALL, 2015 Crianças Ensino Possíveis de desencadeadores de ansiedade em crianças TEA nos ambientes escolares. HEYLIGHEN; VAN DER LINDEN; VAN
STEENWINKEL, 2017
Adultos e
crianças Diversos Dez perguntas e respostas sobre o design inclusivo do ambiente construído JORDAN, 2013 Adultos e crianças Diversos Definição de: Deficiência Sensorial no Autismo
KANAKRI, 2017 Crianças Ensino Relação do comportamento repetitivo da criança TEA e a condição acústica do ambiente construído.
KANAKRI et al., 2017a Crianças Ensino O impacto do ruído em crianças com TEA e fornece recomendações sobre características do projeto que podem contribuir para a redução do ruído.
KANAKRI et al., 2017b Crianças Ensino Como as características do ambiente construído podem ser usadas para apoiar as necessidades de aprendizagem e desenvolvimento de crianças TEA.
KHARE; MULLICK, 2013 Crianças Ensino Descrição de ambientes favoráveis às crianças TEA em espaços educacionais e avaliação do impacto do ambiente em seu desempenho.
KINNAER; BAUMERS; HEYLIGHEN, 2016 Adultos Diversos Estudo exploratório de conceitos e de diretrizes de projeto de arquitetura amigável ao autismo, baseado em seis autobiografias de autistas.
KINNAER; BAUMERS; HEYLIGHEN, 2014 Adultos Diversos Relação entre como os adultos TEA gostariam de viver e os conceitos de arquitetura amigável ao autismo.
MARTIN, 2016 Crianças Ensino Revisão da literatura sobre o impacto do design do ambiente físico de sala de aula em crianças TEA.
MCALLISTER; SLOAN, 2016 Crianças Ensino Comparação de diretrizes de projeto amigáveis ao autismo e a percepção do que é importante para alunos TEA dentro do ambiente escolar.
MCALLISTER; MAGUIRE, 2012a Crianças Ensino Desafios e as dificuldades inerentes ao processo de design ao projetar para pessoas com ASD.
MCALLISTER; MAGUIRE, 2012b Crianças Ensino Considerações de design para a sala de aula para crianças TEA de cinco a oito anos.
MOSTAFA, 2008 Crianças Ensino Elementos que influenciam o projeto arquitetônico em relação ao comportamento autista e estratégias de design para TEA.
MOSTAFA, 2014a Crianças Ensino
Aplicação do “ASPECTSS ™ Design Index “ e seus sete princípios - Acústica, Sequenciamento Espacial, Escape, Compartimentalização, Espaços de Transição,
Zoneamento Sensorial e Segurança - design de uma escola TEA. MOSTAFA, 2014b Adultos e crianças Residencial Aplicação do “Autism ASPECTSS ™ Design Index” em ambientes residenciais.
MOSTAFA, 2015 Crianças Ensino ambientes construídos existentes, e explora sua correlação com o desempenho do projeto.Aplicação do “Autism ASPECTSS ™ Design Index” como ferramenta de avaliação para
NAGIB, 2014 Crianças Residencial Modificações do ambiente residencial em um cenário terapêutico de cura amigável ao autismo.
REEVES, 2012 Crianças Ensino Apresentação de um centro de aprendizagem para a vida TEA, proposto para Durban.
SÁNCHEZ; VÁZQUEZ; SERRANO, 2011 Adultos e crianças Diversos Compreensão do modo como as pessoas TEA se relacionam com ambientes construídos. Necessidades e dificuldades que encontram em sua vida diária
TUFVESSON, 2007 Crianças Ensino Fatores ambientais que afetam a capacidade de concentração das crianças com TEA, TDAH e síndrome de Down no ambiente de aprendizado na escola.
TUKIMAN et al., 2015 Crianças Residencial Atributos do ambiente construído que afetam as questões da vida diária da criança TEA. Reconhecer projetos residenciais "amigáveis ao autismo".
O resultado da revisão da literatura foi determinante para definição do problema de pesquisa, a identificação das lacunas e a construção do framework.
3.2 CONHECER SENSIBILIDADES E IDENTIFICAR COMPORTAMENTOS DAS