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Equilíbrio de custos sob a ótica da Logística

No documento Livro de Operações e Logística - EAD_UFMS (páginas 185-193)

A Logística para ser realizada gera diversos custos. Para fazer- mos uma análise destes custos, eles podem ser divididos nos custos das atividades Primárias, desconsiderando para efeito de custo operacional a atividade de Localização.

O que buscamos na Logística não é somente minimizar o custo de transporte, ou de estoque, ou de processamento de pedido, mas sim minimizar, a soma dos três custos. Invariavelmente os custos de trans- porte e estoque se comportam de maneira inversa, quando um aumen- ta, o outro diminui. Veremos isto nas próximas seções.

BUSCAMOS, sempre, minimizar o custo global da Logística.

Desta forma, a empresa deve trabalhar para buscar este equilí- brio de custos. Várias análises de custos podem ser feitas e devem ser analisadas. A seguir apresentamos as análises de equilíbrio de custos, ressaltando que os gráficos que apresentamos a seguir são hipotéticos e representam um comportamento das curvas de forma genérica, e que cada mercadoria precisa ser analisada criteriosamente.

Relação de custo entre número de armazéns e transporte

Para facilitarmos a análise, apresentamos de forma clara no grá- fico da Figura 53 a necessidade do equilíbrio de custos entre as ativi- dades Primárias.

Como vemos no gráfico da Figura 53, invariavelmente os custos de transporte e de estoque se comportam de maneira inversa, quando um aumenta, o outro diminui.

Figura 53: Equilíbrio de custos logísticos.

Fonte: adaptada de Ballou (1993).

No gráfico da Figura 53, o eixo vertical representa os custos e o eixo horizontal representa a quantidade em estoque/número de arma- zéns. Existem quatro curvas de custos representadas:

Custo de Transporte Custo de Estoque

Custo de Processamento do Pedido Custo Global.

A curva de Custo de Processamento do Pedido está representa- da no gráfico porque compõe o Custo Global, no entanto, o valor do Processamento de Pedido frente ao Custo de Transporte e do Custo de Estoque pode ser considerado zero.

Analisando as duas curvas mais relevantes, a de Transporte e de Estoque, podemos notar que à medida que se aumenta o número de

Em contrapartida, com o aumento dos armazéns, há a tendência a aumentarmos a quantidade em estoque, pois o estoque está distribu- ído geograficamente. Com o aumento de armazéns e com o aumento da quantidade em estoque, a curva de Custo de Estoque tende a au- mentar os custos.

Analisando o gráfico da Figura 54 podemos perceber, ainda, o comportamento das duas curvas. Como o custo global é a soma dos três custos, precisamos procurar o menor custo global. O menor Custo Glo- bal não é o menor Custo de Transporte, nem o menor Custo de Estoque e, sim, usualmente, quando as duas curvas de custo se encontram.

Relação de custo em função do modal escolhido

A primeira análise é relativa às características do modal de trans- porte. Para análise, consideraremos as seguintes características: a ve- locidade e a confiabilidade do modal de transporte escolhido, Figura 54.

Figura 54: Equilíbrio de custos em função do modal de transporte.

Fonte: adaptada de Ballou (2006).

Analisando o gráfico da Figura 54 no eixo horizontal temos o nível das características do modal de transporte e no eixo vertical te- mos o custo.

As três linhas do gráfico representam o Custo de Estoque, o Custo de Transporte, e o Custo de Estoque mais o de Transporte, que representam os custos significativos logísticos.

O transporte marítimo e o ferroviário para justificarem a sua cir- culação (navegação) transportam grandes volumes de carga. Desta forma, é necessário que seja formado um grande estoque para encher os navios e vagões e, assim sendo, o custo do material estocado mais o custo de armazenagem fazem o Custo de Estoque subir. Em contrapartida, como o transporte é realizado com maior volume de carga e uma maior eficiência energética, conseguimos custos de frete menores.

No caso do transporte rodoviário, o volume de carga movimen- tado é menor e, portanto, o volume de estoque formado para que os caminhões circulem também é menor, o que consequentemente reduz o Custo de Estoque. No entanto, como transportamos menos volume de carga por veículo, existe a tendência de o frete rodoviário ser mais caro que o frete marítimo e o ferroviário, fazendo a curva de transporte subir. No transporte aéreo, como o volume transportado é usualmente menor que os outros modais, o volume de estoque é baixo, e o Custo de Estoque reduz muito. Mas como as aeronaves consomem muito combustível, e existem ainda as tarifas aeroportuárias e o custo de pes- soal especializado, o frete é muito mais caro do que o dos outros modais, fazendo, assim, com que a curva de Custo de Transporte aumente muito. Fizemos essas análises desconsiderando o valor do produto. Olhando sob a ótica do valor do produto, podemos entender, então, que os produtos de baixo valor tendem a ser transportados por via marítima ou ferroviária, pois mesmo tendo que formar estoques maio- res, a formação destes não impacta tanto o custo de estoque e reduz significativamente o custo do transporte.

Produtos de alto valor agregado, por sofrerem um impacto mui- to grande com o aumento do estoque em função do seu valor, tendem a aceitar um valor de frete maior, aeroviário, em detrimento de ter que

nas distâncias, sobretudo, no mercado interno. Apesar desta análise, percebemos no Brasil um grande uso do modal rodoviário para qual- quer tipo de carga, o que não é, provavelmente, uma boa opção Logística.

Em função da curva de Custo de Estoque e da curva de Custo de Transporte, chegamos a curva de Custo de Transporte mais Estoque, que é a que se deseja minimizar. Para minimizá-la, temos que achar o equilíbrio entre o estoque e o transporte em função da escolha do modal. O ponto mínimo de custo, então, dependerá das características do modal influenciado pelo valor do produto e não é possível dizer, a princípio, que existe um ou outro modal que sempre leva ao custo mínimo.

Por exemplo, o transporte marítimo tem um frete com custo me- nor do que os outros, no entanto, ele exige maiores volumes de esto- que, pois eles transportam grandes volumes, o que faz o frete ficar reduzido.

Para se ter uma ideia da grandeza: um navio transporta de 100.000 a 450.000 toneladas de carga; um trem de minério da empre- sa Vale do Rio Doce transporta de 20.000 a 30.000 toneladas (um trem de carga geral transporta aproximadamente 7.000 toneladas) e um caminhão transporta de 27 a 72 toneladas. Dá para perceber a di- mensão do volume de estoque que é necessário ter para podermos usar corretamente cada meio de transporte?

Relação de custo em função do Nível de Serviço

Analisando o gráfico da Figura 54, vemos que no eixo horizon- tal está a medição da qualidade do Nível de Serviço que cresce da esquerda para a direita (menos qualidade à esquerda e mais qualidade à direita) e no eixo vertical temos o custo.

As três linhas do gráfico representam os custos referentes à Per- da de Venda (estimada), o Custo Logístico para a movimentação da mercadoria, e o Custo Total, que representa todo o Custo Logístico.

Na medida em que a curva de Perda de Venda tende a zero, o Custo Logístico aumenta significativamente, e na medida em que a curva de Perda de Venda vai aumentando, a curva de Custo Logístico vai decrescendo.

Como o marketing tende sempre a oferecer um melhor Nível de Serviço a fim de conquistar novos mercados, e a Logística tende a reduzir os Custos Logísticos, então, o que buscamos nesta análise é uma negociação entre o marketing e a Logística. Esta negociação deve resultar em um custo mínimo que contemple um nível de Perda de Venda aceitável para o marketing e que ainda mantenha um Custo Logístico razoável.

Figura 55: Relação de custo em função da melhoria do Nível de Serviço.

As três linhas do gráfico representam o Custo referente à Perda de Venda (estimada), o Custo de Manutenção do Estoque, e o Custo de Estoque mais o custo da Perda de Venda.

Figura 56: Relação de custo em função da melhoria do Nível de Estoques.

Fonte: adaptada de Ballou (2006).

Para que a curva de Perda de Venda tenda a zero, devemos au- mentar em muito o volume do estoque para manter, sempre, todos os pontos de venda abastecidos e, assim, não haver a Perda de Venda.

Assim, percebemos que quando o custo da Perda de Venda ten- de a zerar, o custo de estoque tende a aumentar. Em contrapartida, caso o estoque e, consequentemente, o custo de manter este estoque diminua, há uma tendência ao custo de Perda de Venda aumentar sig- nificativamente.

Como vimos no caso anterior, o que buscamos nesta análise é uma negociação entre o marketing e a Logística, ou seja, um custo mínimo que contemple um nível de Perda de Venda aceitável para o marketing e que ainda mantenha um custo de manutenção de estoque em patamares razoáveis.

Relação de custo em função do tamanho do lote de produção

Analisando o gráfico da Figura 57, temos que o eixo horizontal representa o lote de produção que a empresa está produzindo e o eixo vertical o custo.

As três linhas do gráfico representam o Custo de Produção, o Custo de Manutenção do Estoque, e o Custo de Estoque mais o Custo da Produção.

Quando uma indústria aumenta o lote de produção da fábrica, há uma tendência natural para se reduzir os custos de produção. Isto se deve, principalmente, à redução do tempo de setup entre as mudan- ças dos produtos fabricados.

No entanto, ao se produzir mais do que um produto por vez, pode ser que não seja possível, imediatamente, repassar todo o esto- que para as vendas, necessitando que o nível de estoque aumente.

Assim, à medida que se reduz o Custo de Produção pelo aumen- Figura 57: Relação de custo em função do tamanho do lote de produção.

de estoque. Então, se ambos cederem, é possível que cheguem a um custo mínimo para a empresa.

No documento Livro de Operações e Logística - EAD_UFMS (páginas 185-193)