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Os danos morais são classificados pela doutrina, de maneira geral, como: dano moral objetivo e subjetivo, dano moral individual e coletivo, dano moral transitório e permanente, dano moral imediato e em ricochete e, por fim, o chamado dano moral direto e indireto ou ainda dano moral puro e reflexo.40 Este último é o que merece melhor atenção, pois os “danos diretos/indiretos ou puros/reflexos” 41 possuem conceitos diferentes quando

38 RESEDÁ, 2009, p. 148.

39 Ibid, p. 149-150. 40 Ibid, passim.

41 BITTAR, Carlos Alberto. Reparação civil por danos morais. 3 ed. ver., atual. e ampl. São Paulo: Revistas

diante de dano moral e dano patrimonial. As demais espécies de dano, o conceito é aplicado tanto aos danos morais quanto aos danos patrimoniais.

3.4.1 Dano moral objetivo e dano moral subjetivo

O dano moral objetivo pode ser compreendido como aquele que afeta o indivíduo perante toda a sociedade.

Andrade, sobre o dano moral objetivo diz: “o dano moral será objetivo quando afetar em sua dimensão social, em seu conceito perante os demais membros da comunidade”

42 e acrescenta: “no dano objetivo é atingido bem da personalidade não relacionado com

estado anímico da vítima”. 43

O dano moral subjetivo é o que atinge o indivíduo na sua consciência psíquica, ou, como melhor esclarece Gisele Leite: “o dano moral subjetivo se correlaciona com o mal sofrido pela pessoa em sua subjetividade, em sua intimidade psíquica. É a pretium Doloris, o sofrimento d’alma”.44

3.4.2 Dano moral individual e dano moral coletivo

Esta classificação do dano moral é feita levando-se em consideração a extensão subjetiva do dano.

O dano moral individual é aquele que atinge o patrimônio imaterial de uma pessoa específica, seja ela pessoa física ou jurídica.

Nas palavras de Andrade, o “dano moral individual é o consistente na lesão ao patrimônio ideal de uma pessoa determinada”. 45

Dano moral coletivo é aquele que atinge o patrimônio imaterial de toda uma coletividade ou um grupo de indivíduos.

42 ANDRADE, 2009, p. 66-67. 43 Ibid., p. 67.

44 LEITE, Gisele. Culpa e dano: os mais complexos conceitos do Direito Civil. Jus Vigilantibus. Disponível em:

<http://jusvi.com/artigos/19710>. Acesso em: 29 de maio de 2010.

Bittar Filho, elucidando melhor o assunto, expõe:

[...] o dano moral coletivo é a injusta lesão da esfera moral de uma dada comunidade, ou seja, é a violação antijurídica de um determinado círculo de valores coletivos. Quando se fala em dano moral coletivo, está-se fazendo menção ao fato de que o patrimônio valorativo de uma certa comunidade (maior ou menor), idealmente considerado, foi agredido de maneira absolutamente injustificável do ponto de vista jurídico; quer isso dizer, em última instância, que se feriu a própria cultura, em seu aspecto imaterial.46

O dano moral coletivo pode ser vislumbrado, entre outras hipóteses, nos danos causados ao meio ambiente e nos danos causados aos patrimônios de valor histórico. 47

3.4.3 Dano moral transitório e dano moral permanente

Esta classificação na verdade é quanto aos efeitos que o dano pode ocasionar. Deste modo, o dano moral transitório é aquele em que o dano causa sentimentos negativos à vítima, como uma ofensa a sua honra, por exemplo, mas que depois de certo lapso temporal deixa de atormentar a vítima, sem lhe deixar grandes marcas.48

Já o dano moral permanente é aquele em que o dano causa marcas que nem o tempo permite apagar, como, por exemplo, o dano que ocasiona a retirada de um membro do corpo da vítima. 49

3.4.4 Dano moral imediato e dano moral em ricochete

Dano moral imediato, ou direto, pode ser entendido como aquele que atinge a vítima que possui uma relação direta com o evento danoso. Como exemplo, cita-se o caso apontado por Andrade, para definir o que venha a ser dano moral imediato: “constituiria dano

46 BITTAR FILHO, Carlos Alberto. Do dano moral coletivo no atual contexto jurídico brasileiro. Jus

Navegandi, 1994. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=6183>. Acesso em: 29 de maio de 2010.

47 ANDRADE, 2009, p. 66. 48 Ibid, p. 68.

moral direto, por exemplo, o experimentado por aquele que, em um acidente de veículos, é atingido diretamente em sua integridade corporal ou em sua vida”. 50

Já o dano moral em ricochete é aquele capaz de atingir um terceiro que não está diretamente ligado ao evento danoso, mas que por reflexo sofre lesões de ordem imateriais.

Ibiapina elucida que “o dano moral em ricochete é aquele que, embora decorrente de um fato ocorrido com determinada pessoa, possui o condão de atingir o patrimônio moral de terceiros, notadamente daqueles que possuem vinculação afetiva mais estreita com a vítima direta”. 51

Como exemplo, cita-se o caso de morte de um filho provocado por um indivíduo. Embora os pais não estavam diretamente ligados ao evento danoso a lesão reflexivamente os atinge, surgindo a possibilidade de indenização por danos morais.52

3.4.5 Dano moral puro ou direto

O dano moral puro ou direto pode ser entendido como aquela lesão que atinge diretamente um bem tutelado pelos direitos da personalidade.

Para Diniz:

O dano moral direto consiste na lesão a um interesse que visa a satisfação ou gozo de um bem jurídico extrapatrimonial contido nos direitos da personalidade (como a vida, a integridade corporal e psíquica, a liberdade a honra, o decoro, a intimidade, os sentimentos afetivos, a própria imagem) ou nos atributos da pessoa (como o nome, a capacidade, o estado de família). Abrange, ainda, à dignidade da pessoa humana (CF/88, art. 1°, III). 53 (grifo do autor)

No dano patrimonial, em contrapartida, o dano direto consiste na lesão que “atinge imediatamente bem econômico”. 54

50 ANDRADE, 2009, p. 72.

51 IBIAPINA, Márcio Antônio Pontes. Reflexões sobre o dano moral em ricochete decorrente de acidente de

trabalho. Jus Navegandi, 2007. Disponível em: < http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=11715>. Acesso em: 29 maio de 2010.

52 RESEDÁ, 2009, p. 154.

53 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: responsabilidade civil. 24 ed. v. 7. São Paulo:

Saraiva, 2010, p. 94.

3.4.6 Dano moral indireto ou reflexo

Diz-se dano moral indireto ou reflexo quando o ocasiona uma lesão de caráter patrimonial e indiretamente ou reflexivamente tem repercussão a um direito da personalidade.

Segundo Diniz:

O dano moral indireto consiste na lesão a um interesse tendente à satisfação ou gozo de bens jurídicos patrimoniais, que produz um menoscabo a um bem extrapatrimonial, ou melhor, é aquele que provoca prejuízo a qualquer interesse não patrimonial, devido a uma lesão a um bem patrimonial. 55 (grifo do autor)

Já no dano patrimonial, este será indireto quando “este constitua decorrência de ataque a bem da personalidade (v.g., o dano estético sofrido por modelo fotográfico)”. 56