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A pesquisa documental realizada teve por escopo analisar dois aspectos primordialmente: o primeiro, verificar se há a ocorrência de reiteradas ações lesivas e repetitivas por parte das grandes corporações contra os usuários de seus serviços; segundo, avaliar o quantum indenizatório contido nos acórdãos do Tribunal de Justiça de Santa Catarina e se a fixação, nos moldes atuais, tem contribuído para a reiteração das práticas.

Antes de falar-se do procedimento da pesquisa, algumas considerações preliminares devem ser informadas. Uma delas é referente ao termo “grandes corporações”, que aqui deve ser entendimento como grandes empresas prestadoras de serviços como, por exemplo, empresas de telefonia e empresas bancárias.

Outra consideração que deve ser apontada é o fato de que, diante do curto lapso temporal para a realização da pesquisa documental e das inúmeras hipóteses de pesquisa que poderiam ser realizadas referentes a fatos lesivos, foi inviável fazer pesquisas jurisprudenciais nos vários Tribunais de Justiça estaduais.

Feitas essas breves considerações, a pesquisa ficou focada na eleição de um fato, qual seja a inscrição indevida no SPC feita pelas empresas de telefonia e empresas bancárias no Estado de Santa Catarina.

Desse modo, para a realização da pesquisa, buscaram-se acórdãos na página de pesquisa eletrônica do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC), sendo que, para tanto, foi selecionado o modo de pesquisa avançado para que alguns parâmetros pudessem ser inseridos.

O primeiro parâmetro da pesquisa foi estabelecer as expressões que deveriam ser inseridas na opção de busca e, para se conseguir buscar o objetivo da pesquisa, foi estabelecido que deveria ser inserida onde aparece a opção “todas as palavras” a expressão “dano moral spc empresa telefonia”, sendo omitidas as expressões “e” e “de” para que o sistema não buscasse acórdãos apenas contendo estas palavras. Em relação a pesquisa realizada com os bancos, o procedimento foi o mesmo, sendo que a expressão adotada para a realização da pesquisa foi “dano moral spc banco”, onde omitiu-se a palavra “e” da pesquisa.

Uma vez determinado qual o âmbito da pesquisa, foi estabelecido em buscar-se acórdãos do TJSC desde a data de 01/01/2005 até 20/05/2010 em relação as empresas de telefonia e, desde a data de 01/01/2007 até 20/05/2010 em relação as empresas bancárias, para que se pudesse constatar se nas decisões emanadas pelo Egrégio Tribunal teria havido uma diferença nos valores referentes ao quantum indenizatório do dano moral no decorrer dos anos e em relação as diferentes Câmaras.

Através desses parâmetros, foram encontradas trezentas jurisprudências (trezentas em relação as empresas de telefonia e trezentas em relação as empresas bancárias), mas nem todas elas interessavam à pesquisa, uma vez que em algumas o sujeito lesado perdera a ação e, portanto, não havia valor referente ao quantum indenizatório para servir de análise.

No intuito de tornar a pesquisa ainda mais refinada, além dos critérios de pesquisa já informados, buscaram-se cinco jurisprudências de cada Câmara de Direito Civil e Público, em cada ano que foi determinado como parâmetro de pesquisa, ou seja, no ano 2005 foram pesquisadas cinco jurisprudências na Primeira Câmara de Direito Civil, depois mais cinco no ano de 2006 e assim, sucessivamente, até chegar em 2010. Então, iniciou-se a busca na Segunda Câmara de Direito Civil, seguindo a mesma ordem.

Aqui algumas considerações também devem ser informadas: existem no Tribunal de Justiça de Santa Catarina quatro Câmaras de Direito Civil (Primeira Câmara de Direito Civil, Segunda Câmara de Direito Civil, Terceira Câmara de Direito Civil e Quarta Câmara de Direito Civil) e quatro Câmaras de Direito Público (Primeira Câmara de Direito Público, Segunda Câmara de Direito Público, Terceira Câmara de Direito Público e Quarta Câmara de Direito Público).

Durante a pesquisa, foi constatado que do ano de 2005 até o ano de 2009 há jurisprudências sobre o assunto pesquisado nas quatro Câmaras de Direito Civil. No entanto, no ano de 2010, as jurisprudências acerca do parâmetro de pesquisa (“dano moral” “spc”

“empresa telefonia”) não aparecem. O que se encontra são apenas jurisprudências sobre o tema da pesquisa entendendo pelo não reconhecimento do recurso. Isso ocorre devido ao Ato Regimental n°. 41/00 do TJSC, que estabeleceu no seu artigo 3°, parágrafo único, que a matéria envolvendo responsabilidade civil de concessionárias de serviço público a competência passa a ser das Câmaras de Direito Público. Vejamos o que dispõe o referido artigo do Ato Regimental 41/00:

Art. 3° - As Câmaras de Direito Público serão competentes para o julgamento dos recursos ou ações originárias de Direito Público em geral, em que figurem como partes, ativa ou passivamente, o Estado, Municípios, autarquias, empresas públicas, fundações instituídas pelo Poder Público ou autoridades do Estado e de Municípios, bem como os feitos relacionados com atos que tenham origem em delegação de função ou serviço público, cobrança de tributos, preços públicos, tarifas e contribuições compulsórias do Poder Público e, ainda, questões de natureza processual relacionadas com as aludidas causas, bem como as ações populares e as civis públicas.

Parágrafo único. Na competência estabelecida neste artigo, ficam incluídos os recursos referentes às ações de responsabilidade civil que objetivam a indenização de danos morais e materiais pela prática de ato ilícito relacionado aos serviços públicos, tarifas e contribuições compulsórias do Poder Público ou pelas concessionárias de serviço público e as que envolvam outros entes federados. 4

Dessa maneira, os parâmetros para a realização da pesquisa foram: o termo “dano moral spc empresa telefonia”; período de 01 de janeiro de 2005 a 20 de maio de 2010; nas Câmaras de Direito Civil e também de Direito Público.

Em relação as empresas bancárias, o procedimento também foi mesmo, com diferenças apenas nos fatos de que a pesquisa foi realizada nas quatro Câmaras de Direito Civil, já que em relação aos bancos são as Câmaras de Direito Civil os órgãos competentes para julgar os recursos e, pelo fato de que, em relação aos bancos, a pesquisa se iniciou no ano de 2007.

Para a extração dos dados necessários, foi elaborada uma ficha de catalogação (conforme apêndice constante no trabalho), onde foram anotados o número do acórdão, relatoria, câmara, empresa, data da decisão e o valor da indenização por danos morais.

Foi através das fichas de catalogação que se montaram as tabelas que sequencialmente serão analisadas.

4SANTA CATARINA, Tribunal de Justiça. Ato regimental n° 41/00. Florianópolis, 09 de agosto de 2000. Disponível em: < http://www.tj.sc.gov.br/institucional/normas/atos/atosregimentais.htm#41/00>. Acesso em: 1 jun. 2010.