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As tabelas que passam a ser mostradas apresentam os resultados obtidos com a pesquisa jurisprudencial realizada no Tribunal de Justiça de Santa Catarina.

As jurisprudências inseridas nas tabelas foram chamadas de “casos”, e sendo numeradas de um até cinco, como se observa nas fichas de catalogação que se encontram no apêndice do presente trabalho. Esse procedimento foi adotado porque foram pesquisadas cinco jurisprudências por Câmara, como já foi informado.

Ressalta-se que o objetivo das tabelas é mostrar o quantum indenizatório nas ações por danos morais no transcorrer dos últimos seis anos, bem como a variação dos valores referente às diferentes Câmaras pesquisadas.

A seguir, passa-se à análise das tabelas.

4.3.1 – Casos das empresas de telefonia

Tabela 1 - Quantum Indenizatório em Decorrência de Inscrição Indevida no SPC por Empresas de Telefonia nos Acórdãos do TJSC - Primeira Câmara de Direito Civil

Ano Caso 1 Caso 2 Caso 3 Caso 4 Caso 5

2005 R$15.000,00 R$5.200,00 R$15.000,00 R$7.800,00 R$5.000,00 2006 R$15.000,00 R$9.000,00 R$6.000,00 ________ ________ 2007 R$4.000,00 R$18.000,00 R$12.000,00 R$12.000,00 R$5.000,00 2008 R$25.000,00 R$ 8.000,00 R$ 10.000,00 R$5.000,00 R$18.000,00 2009 R$ 24.000,00 R$18.000,00 R$20.000,00 R$8.000,00 R$25.000,00

Fonte: Pesquisa realizada pelo acadêmico.

Na Primeira Câmara de Direito Civil vê-se que a predominância dos valores referentes à indenização por danos morais fica estabelecida na faixa de R$10.000,00 à R$25.000,00, isso porque a referida Câmara entende que nos casos de inscrição indevida no SPC, de uma forma geral, tem-se aplicado indenizações parecidas, para os casos análogos, conforme dispõe o Desembargador Moacir de Moraes Lima Filho, senão vejamos:

Ademais, observa-se que o quantum arbitrado em primeiro grau está aquém dos valores fixados por esta Câmara, em casos assemelhados. Veja-se:

- Agravo na Apelação Cível n. 2003.018723-5 (Art. 557, §1º, do CPC), de Joinville., Rel. Des. Carlos Prudêncio, julgada em 25 de abril de 2006: R$ 10.000,00.

- Apelação Cível n. 2004.012569-0 - Araranguá, Rel. Des. Maria do Rocio Luz Santa Ritta, julgada em 24 de abril de 2007: R$ 17.000,00.

- Apelação Cível n. 2003.020339-7, de Turvo, Rel. Des. Subst. Joel Dias Figueira Júnior, julgados em 06 de março de 2007: R$ 15.000,00. 5(grifo nosso)

No ano de 2006, não aparecem jurisprudências nos casos 4 e 5, pois naquele ano só foram encontrados três casos de inscrição indevida no serviço de proteção ao crédito (SPC) por empresas de telefonia na Primeira Câmara de Direito Civil no Tribunal de Justiça de Santa Catarina.

Tabela 2 - Quantum Indenizatório em Decorrência de Inscrição Indevida no SPC por Empresas de Telefonia nos Acórdãos do TJSC - Segunda Câmara de Direito Civil

Ano Caso 1 Caso 2 Caso 3 Caso 4 Caso 5

2005 R$ 3.000,00 R$ 8.000,00 R$ 2.000,00 R$ 5.000,00 R$4.000,00 2006 R$ 3.500,00 R$ 7.000,00 R$ 4.500,00 R$ 4.000,00 R$3.000,00 2007 R$ 4.555,00 R$ 3.517,40 R$ 4.000,00 R$ 9.000,00 R$5.000,00 2008 R$ 9.000,00 R$ 8.000,00 R$ 5.000,00 R$ 5.000,00 R$4.000,00 2009 R$ 4.000,00 R$ 4.000,00 R$ 8.500,00 R$ 4.000,00 R$5.000,00

Fonte: Pesquisa realizada pelo acadêmico.

Na Segunda Câmara já podemos observar que os valores pagos a título de indenização por danos morais são bem menores se comparados com os valores da Primeira Câmara de Direito Civil, embora os critérios para a fixação do valor sejam os mesmos, ou seja, em grande parte da jurisprudência pesquisada, os argumentos encontrados nas fundamentações basicamente são de que o valor deve ser arbitrado de forma a servir de lenitivo ao lesado e de servir como caráter pedagógico-desestimulador para o ofensor, mas que não seja muito gravosa ao lesante e nem seja fonte de enriquecimento sem causa do lesado. Vejamos um exemplo:

Entretanto, tem-se fixado o quantum indenizatório de acordo com as peculiaridades de cada caso concreto, levando em consideração, principalmente: o dolo ou o grau

5SANTA CATARINA, Tribunal de Justiça. Apelação Cível n. 2007.045200-4, de São João Batista. Relator:

Des. Moacyr de Moraes Lima Filho. Florianópolis, 12 de dezembro de 2007. Disponível em:

<http://app.tjsc.jus.br/jurisprudencia/acnaintegra!html.action?parametros.frase=&parametros.todas=dano+mora l+ssp+empresa+telefonia&parametros.orgaoJulgador=Primeira+C%E2mara+de+Direito+Civil&parametros.pa geCopag=10&parametros.dataFim=20%2F05%2F2010&parametros.dataIni=01%2F01%2F2005&parametros.u ma=arametros.ementa=&parametros.juiz1GrauKey=&parametros.cor=FF0000&parametros.tipoOrdem=releva ncia&parametros.juiz1Grau=&parametros.foro=&parametros.relator=&parametros.processo=&parametros.nao =&paparametr.classe=&parametros.rowid=AAARykAAIAAA7XOAAD>. Acesso em: 02 jun. 2010.

de culpa daquele que causou o dano; as condições pessoais e econômicas das partes envolvidas; a intensidade do sofrimento psicológico causado pela humilhação sofrida; a finalidade admoestatória da sanção, para intimidar novas condutas ofensivas; e o bom senso, para que a indenização não seja muito gravosa, descartando um enriquecimento sem causa à vítima, nem irrisória, que não compensa os danos por si sofridos [...]. 6 (grifo nosso)

Pelo que se extrai dos argumentos apresentados neste acórdão e com os valores constantes na tabela, verifica-se que, mesmo diante da reincidência, os valores da indenização ficam em torno de cinco mil reais.

Tabela 3 - Quantum Indenizatório em Decorrência de Inscrição Indevida no SPC por Empresas de Telefonia nos Acórdãos do TJSC - Terceira Câmara de Direito Civil

Ano Caso 1 Caso 2 Caso 3 Caso 4 Caso 5

2005 R$15.000,00 R$5.200,00 R$6.000,00 R$ 4.000,00 R$6.000,00 2006 R$9.000,00 R$10.000,00 R$9.000,00 R$ 9.000,00 R$3.000,00 2007 R$20.000,00 R$5.000,00 R$10.000,00 R$10.000,00 R$10.000,00 2008 R$12.000,00 R$20.000,00 R$ 8.000,00 R$20.000,00 R$5.000,00 2009 R$6.000,00 R$11.400,00 R$60.000,00 R$10.000,00 R$12.450,00

Fonte: Pesquisa realizada pelo acadêmico.

Aqui, antes de qualquer argumentação, uma ressalva deve ser apontada, referente ao Caso 1 do ano de 2007. O valor da indenização desta jurisprudência corresponde ao valor arbitrado para duas empresas de telefonia, ou seja, houve sucumbência de duas empresas, sendo condenada cada uma a pagar R$10.000,00 a título de indenização por danos morais ao indivíduo que fora inscrito indevidamente no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC).

Nesta Câmara, percebe-se também certa padronização dos valores referentes à indenização por danos morais, ficando os valores concedidos por volta dos dez mil reais.

O que chama a atenção é o Caso 3 do ano de 2009, em que o valor arbitrado fora bastante alto, em comparação a todos os demais casos. Isso ocorreu por fato restrito ao caso (que não é pertinente ao presente trabalho), sem ter qualquer ligação com critérios comumente adotados pela Câmara, o que se percebe pela média dos valores arbitrados.

6 SANTA CATARINA, Tribunal de Justiça. Agravo (§ 1º art. 557 do CPC) em Apelação Cível n.

2006.049070-2/0001.00. Relator: Des. Carlos Prudêncio. Florianópolis, 12 de dezembro de 2007. Disponível em:<http://app.tjsc.jus.br/jurisprudencia/acnaintegra!html.action?parametros.frase=&parametros.todas=dano+ moral+spc+empresa+telefonia&parametros.orgaoJulgador=Primeira+C%E2mara+de+Direito+Civil&paramet ros.pageCount=10&parametros.dataFim=31%2F12%2F2008&parametros.dataIni=01%2F01%2F2008&para metros.uma=&parametros.ementa=&parametros.juiz1GrauKey=&parametros.cor=FF0000&parametros.tipoO rdem=relevancia&parametros.juiz1Grau=&parametros.foro=&parametros.relator=Carlos+Prud%EAncio&par ametros.processo=&parametros.nao=&parametros.classe=&parametros.rowid=AAARykAAIAAA7WpAAG> . Acesso em: 20 maio 2010.

Tabela 4 - Quantum Indenizatório em Decorrência de Inscrição Indevida no SPC por Empresas de Telefonia nos Acórdãos do TJSC - Quarta Câmara de Direito Civil

Ano Caso 1 Caso 2 Caso 3 Caso 4 Caso 5

2007 R$20.000,00 R$ 6.000,00 R$ 6.000,00 R$ 5.000,00 ________ 2008 R$4.000,00 R$10.000,00 R$6.000,00 R$ 7.600,00 R$ 18.518,00 2009 R$5.000,00 R$11.400,00 ________ ________ ________

Fonte: Pesquisa realizada pelo acadêmico.

Na quarta Câmara de Direito Civil, encontra-se jurisprudência somente a partir do ano de 2007, no qual, apenas quatro jurisprudências acerca do tema foram encontradas e no ano de 2009 apenas duas, haja vista que a competência das ações envolvendo empresas de telefonia no caso de responsabilidade civil passou a ser das Câmaras de Direito Público, como foi visto.

Em relação aos valores arbitrados pela Quarta Câmara de Direito Civil, não se percebem grandes diferenças dos valores arbitrados pelas outras Câmaras de Direito Civil.

Tabela 5 - Quantum Indenizatório em Decorrência de Inscrição Indevida no SPC por Empresas de Telefonia nos Acórdãos do TJSC - Primeira Câmara de Direito Público

Ano Caso 1 Caso 2 Caso 3 Caso 4 Caso 5

2008 R$10.000,00 R$10.000,00 R$5.000,00 R$6.000,00 R$6.000,00 2009 R$10.000,00 R$8.000,00 R$10.000,00 R$9.509,50 R$5.000,00 2010 R$8.000,00 R$10.000,00 R$10.000,00 R$10.000,00 R$10.000,00

Fonte: Pesquisa realizada pelo acadêmico.

A tabela referente às jurisprudências da Primeira Câmara de Direito Público mostra bem a ocorrência de certo tabelamento dos valores arbitrados referentes à indenização por danos morais, que, no caso, fica em torno de dez mil reais.

Tabela 6 - Quantum Indenizatório em Decorrência de Inscrição Indevida no SPC por Empresas de Telefonia nos Acórdãos do TJSC - Segunda Câmara de Direito Público

Ano Caso 1 Caso 2 Caso 3 Caso 4 Caso 5

2008 R$10.000,00 R$3.000,00 R$10.000,00 R$3.000,00 R$5.000,00 2009 R$7.600,00 R$15.000,00 R$10.000,00 R$15.000,00 R$12.450,00 2010 R$15.000,00 R$15.000,00 R$23.250,00 R$20.000,00 R$ 10.000,00

Não há grandes diferenças também nos valores arbitrados pela Segunda Câmara de Direito Público quando comparadas com os valores arbitrados pelas demais Câmaras, podendo ser observada a prevalência de valores que ficam, em média, entre dez mil reais a doze mil reais, embora seja possível observar a incidência de valores bastante baixos no ano de 2008.

Tabela 7 - Quantum Indenizatório em Decorrência de Inscrição Indevida no SPC por Empresas de Telefonia nos Acórdãos do TJSC - Terceira Câmara de Direito Público

Ano Caso 1 Caso 2 Caso 3 Caso 4 Caso 5

2008 R$3.000,00 R$3.000,00 R$3.000,00 R$5.000,00 R$5.000,00 2009 R$10.000,00 R$5.000,00 R$5.000,00 R$6.282,40 R$5.000,00 2010 R$5.000,00 R$4.000,00 R$8.000,00 R$5.000,00 R$5.000,00

Fonte: Pesquisa realizada pelo acadêmico.

Nesta Câmara pode ser percebida uma diminuição dos valores arbitrados à título de danos morais.

O que chama atenção é o Caso 2 do ano de 2008, em que a relatora Desembargadora Substituta Sônia Maria Schmitz, ao fundamentar sua decisão em arbitrar a quantia de R$ 3.000,00 pelos danos morais experimentados pelo lesado por ter seu nome inserido indevidamente no serviço de proteção ao crédito (SPC), argumentou que o quantum arbitrado revestia-se do caráter pedagógico e compensatório que deve ter os danos morais, senão vejamos suas palavras:

Vai daí que, diante das minudências do caso, revela-se adequado o quantum arbitrado na r. sentença, o qual atende aos critérios da razoabilidade e proporcionalidade, revestindo-se plenamente do caráter compensatório, pedagógico e punitivo. 7 (grifo do autor)

Entende a relatora que a quantia reveste-se também de caráter punitivo, diante de reiteradas lesões cometidas pelas empresas de telefonia sobre o mesmo ato lesivo, qual seja, inscrição indevida no SPC.

7 SANTA CATARINA, Tribunal de Justiça. Apelação Cível n. 2008.026400-0, de Lages. Relatora: Des. Substituta Sônia Maria Schmitz. Florianópolis, 28 de outubro de 2008. Disponível em: <

http://app.tjsc.jus.br/jurisprudencia/acnaintegra!html.action?parametros.frase=&parametros.todas=dano+mora l+spc+empresa+telefonia&parametros.orgaoJulgador=Terceira+C%E2mara+de+Direito+P%FAblico&param etros.pageCount=10&parametros.dataFim=31%2F12%2F2008&parametros.dataIni=01%2F01%2F2008&par ametros.uma=&parametros.ementa=&parametros.juiz1GrauKey=&parametros.cor=FF0000&parametros.tipo Ordem=relevancia&parametros.juiz1Grau=&parametros.foro=&parametros.relator=&parametros.processo=& parametros.nao=&parametros.classe=&parametros.rowid=AAARykAAKAAAAS%2FAAE>. Acesso em: 30 maio 2010.

Tabela 8 - Quantum Indenizatório em Decorrência de Inscrição Indevida no SPC por Empresas de Telefonia nos Acórdãos do TJSC - Quarta Câmara de Direito Público

Ano Caso 1 Caso 2 Caso 3 Caso 4 Caso 5

2008 R$5.000,00 R$3.000,00 R$5.000,00 R$8.000,00 R$10.000,00 2009 R$10.000,00 R$8.000,00 R$8.000,00 R$ 7.000,00 R$5.000,00 2010 R$5.000,00 R$6.000,00 R$10.000,00 R$10.000,00 R$10.000,00 Fonte: Pesquisa realizada pelo acadêmico.

Por fim, observa-se que também não há grandes diferenças dos valores arbitrados pela Câmara em evidência quando comparada com às demais.

Interessante se faz trazer à baila um trecho da jurisprudência correspondente ao Caso 4 do ano de 2009, no qual o relator esclarece quais os valores que a Quarta Câmara vem entendendo serem razoáveis para arbitrar nos casos de inscrição indevida no SPC:

Ainda que o abalo moral seja presumível, no caso, porque a autora se viu constrangido perante terceiros, ante o fato de ter seu nome incluído no cadastro de pessoas inadimplentes do órgão de proteção/restrição ao crédito, observa-se que o "quantum" arbitrado em primeiro grau demonstra-se adequado em relação às circunstâncias do presente caso e compatível com os valores que vêm sendo arbitrados por esta Corte de Justiça, ao menos pelas Câmaras de Direito Público, em valores que giram entre R$ 2.000,00 e R$ 3.000,00. Outros julgados apontam R$ 5.000,00 e até R$ 10.000,00, quando o prejudicado for pessoa física. Ressalta- se que a empresa Brasil Telecom (outra operadora de telefonia) tem feito transações médias de R$ 10.000,00 a R$ 12.000,00. 8

Na mesma Câmara, encontram-se jurisprudências que mencionam o trecho aqui citado, fazendo menção aos valores que aparentemente costumam arbitrar nos casos em se focou a presente pesquisa.

4.3.2 – Casos das empresas bancárias

8 SANTA CATARINA, Tribunal de Justiça. Apelação Cível n. 2006.031352-7, de Rio do Sul. Relator: Des. Jaime Ramos. Florianópolis, 30 de abril de 2009. Disponível em: <

http://app.tjsc.jus.br/jurisprudencia/acnaintegra!html.action?parametros.frase=&parametros.todas=dano+mor al+spc+empresa+telefonia&parametros.orgaoJulgador=Quarta+C%E2mara+de+Direito+P%FAblico&param etros.pageCount=10&parametros.dataFim=31%2F12%2F2009&parametros.dataIni=01%2F01%2F2009&par ametros.uma=&parametros.ementa=&parametros.juiz1GrauKey=&parametros.cor=FF0000&parametros.tipo Ordem=relevancia&parametros.juiz1Grau=&parametros.foro=&parametros.relator=&parametros.processo= &parametros.nao=&parametros.classe=&parametros.rowid=AAARykAAKAAAAhCAAA>. Acesso em: 30 maio 2010.

Tabela 9 - Quantum Indenizatório em Decorrência de Inscrição Indevida no SPC por Empresas Bancárias nos Acórdãos do TJSC - Primeira Câmara de Direito Civil

Ano Caso 1 Caso 2 Caso 3 Caso 4 Caso 5

2007 R$12.000,00 R$18.000,00 R$8.000,00 R$18.000,00 R$12.000,00 2008 R$18.000,00 R$18.000,00 R$18.000,00 R$18.000,00 R$2.000,00 2009 R$10.000,00 R$40.000,00 R$23.250,00 R$18.000,00 R$25.000,00 2010 R$9.000,00 R$35.000,00 R$35.000,00 R$4.000,00 R$20.000,00

Fonte: Pesquisa realizada pelo acadêmico.

O que se constatou foi que a Primeira Câmara de Direito Civil têm entendido aplicar nos casos de inscrição indevida no SPC um valor que fique em torno de cinquenta salários mínimos, conforme se extrai do acórdão do Caso 1 do ano de 2009, por exemplo:

A Primeira Câmara de Direito Civil, contudo, em conformidade com o art. 944 do CC, fixou o entendimento no sentido de arbitrar, em casos como o dos autos, o montante aproximado de cinquenta salários mínimos, ou seja, o valor de R$ 18.000,00 (dezoito mil reais), como medida compensatória e ao mesmo tempo inibitória de novas atitudes reveladoras de total descaso e desrespeito perante os consumidores. 9

É por esse motivo que os valores referentes ao quantum indenizatório na Primeira Câmara de Direito Civil tem ficado em torno de dezoito mil reais, já que os Tribunais não podem fixar valores em salário mínimo, como o próprio Tribunal esclarece: “[...] foi vincular a atualização da condenação à variação do salário mínimo, prática absolutamente vedada pelos Tribunais superiores” 10.

9 SANTA CATARINA, Tribunal de Justiça. Agravo (§ 1º art. 557 do CPC) em Apelação Cível n.

2008.006255-4/0001.00, da Capital. Relator: Des. Carlos Prudêncio. Florianópolis, 09 de fevereiro de 2009. Disponível em: <http://app.tjsc.jus.br/jurisprudencia/acnaintegra!html.action?parametros.frase=&parametros.todas=dano+mor al+spc+banco&parametros.orgaoJulgador=Primeira+C%E2mara+de+DireiDi+Civil&parametros.pageCount= 10&parametros.dataFim=31%2F12%2F2009&parametros.dataIni=01%2F01%2F2009&parametros.uma=&pa rametros.ementa=&parametros.juiz1GraGrau=&parametros.cor=FF0000&parametros.tipoOrdem=relevancia &parametros.juiz1GraG=&parametros.foro=&parametros.relator=&parametros.processo=&parametros.nao= &paraparame.classe=&parametros.rowid=AAARykAAIAAAAsHAAC>. Acesso em: 02 jun. 2010.

10 SANTA CATARINA, Tribunal de Justiça. Agravo (§ 1º art. 557 do CPC) em Apelação Cível n. 2007.041123-5/0002.00, de São Miguel do Oeste. Relator: Des. Carlos Prudêncio. Florianópolis, 5 de agosto de 2008. Disponível em:

<http://app.tjsc.jus.br/jurisprudencia/acnaintegra!html.action?parametros.frase=&parametros.todas=foi+vinc uvin+a+atualiza%E7%E3o+da+condena%E7%E3o+%E0+varia%E7%E3o+do+sal%E1rio+m%EDnimo%2 C+pr%E1tica+absolutamente+vedada+pelos+Tribunais+superiores&parametros.orgaoJulgador=&parametro s.pagepageC=10&parametros.dataFim=&parametros.dataIni=&parametros.uma=&parametros.ementa=&par ametros.juiz1GrauKey=&parametros.cor=FF0000&parametros.tipoOrdem=relevancia&parametros.juiz1Gra u=&paramparam.foro=&parametros.relator=&parametros.processo=&parametros.nao=&parametros.classe= &parametros.rowid=AAARykAAHAAAAITAAC>. Acesso em: 06 jun. 2010.

O valor de R$ 40.000,00 do Caso 2 do ano 2009, fica extremamente fora do certo “tabelamento” da Primeira Câmara de Direito Civil, pois no caso específico ocorreu um grande prejuízo ao lesado, além da inscrição indevida no spc, vejamos:

Frise-se o fato de ter ocorrido duas publicações dos nomes dos apelados/autores, no jornal como inadimplentes, em datas posteriores ao deferimento da medida liminar. Some-se a isso, a elevada capacidade ecônomica e técnica do banco apelante em detrimento à hipossuficiência dos apelados, beneficiários da assistência judiciária gratuita. 11

Como se percebe o Caso 2 do ano de 2009 é uma exceção, mas por um motivo especialmente particular daquele caso.

Quanto aos valores de R$ 35.000,00 dos Casos 2 e 3 do ano de 2010, verifica-se uma rara preocupação dos desembargadores com a reiterada reincidência, arbitrando um valor mais alto do que o de costume, com intuito de inibir essas reiteradas praticas lesivas, como se pode constatar nas palavras do desembargador substituto Carlos Adilson Silva:

Portanto, considerando que a lesante é uma instituição financeira, capaz de arcar com a indenização sem sofrer nenhum abalo econômico e como base em recentes julgados desse órgão fracionário em contexto análogo aos dos presentes autos, eleva-se a verba compensatória para R$ 35.000,00 (trinta e cinco mil reais), por figurar-se adequada à finalidade a que se propõe, mormente de evitar reiteradas afrontas aos direitos dos consumidores por parte de instituições financeiras de grande porte. 12

11 SANTA CATARINA, Tribunal de Justiça. Apelação Cível n. 2005.039937-3, da Capital. Relator: Desa.

Substituta Denise Volpato. Florianópolis, 28 de agosto de 2009. Disponível em:

<http://app.tjsc.jus.br/jurisprudencia/acnaintegra!html.action?parametros.frase=&parametros.ttoda=dano+m oral+spc+banco&parametros.orgaoJulgador=Primeira+C%E2mara+de+Direito+Civil&parametros.pageCou nt=10&parametros.dataFim=31%2F12%2F2009&parametros.datdata=01%2F01%2F2009&parametros.uma =&parametros.ementa=&parametros.juiz1GrauKey=&parametros.cor=FF0000&parametros.tipoOrdem=rele vancia&parametros.juiz1Grau=&parparamet.foro=&parametros.relator=&parametros.processo=&parametro s.nao=&parametros.clclas=&parametros.rowid=AAARykAALAAAA3xAAD>. Acesso em: 02 jun. 2010.

12 SANTA CATARINA, Tribunal de Justiça. Apelação Cível n. 2008.039704-8, de Joinville. Relator: Des.

Subst. Carlos Adilson Silva. Florianópolis, 11 de março de 2010. Disponível em:

<http://app.tjsc.jus.br/jurisprudencia/acnaintegra!html.action?parametros.frase=&parametros.ttoda=dano+m oral+spc+banco&parametros.orgaoJulgador=Primeira+C%E2mara+de+Direito+Civil&parametros.pageCou nt=10&parametros.dataFim=20%2F05%2F2010&parametros.datdata=01%2F01%2F2010&parametros.uma =&parametros.ementa=&parametros.juiz1GrauKey=&parametros.cor=FF0000&parametros.tipoOrdem=rele vancia&parametros.juiz1Grau=&parparamet.foro=&parametros.relator=&parametros.processo=&parametro s.nao=&parametros.clclas=&parametros.rowid=AAARykAAHAAABSOAAD>. Acesso em: 02 jun.2010.

Mesmo sendo um valor mais alto do que costumamente vêm arbitrando o TJSC, pode-se claramente notar que o valor de R$ 35.000,00 não é um valor tão distante do que já vinha sendo arbitrado e, também, trata-se de dois casos isolados, como se percebe nos valores constantes nas tabelas.

Tabela 10 - Quantum Indenizatório em Decorrência de Inscrição Indevida no SPC por Empresas Bancárias nos Acórdãos do TJSC - Segunda Câmara de Direito Civil

Ano Caso 1 Caso 2 Caso 3 Caso 4 Caso 5

2007 R$13.000,00 R$20.000,00 R$9.000,00 R$4.000,00 R$7.000,00 2008 R$5.000,00 R$15.000,00 R$2.977,80 R$8.000,00 R$5.000,00 2009 R$5.000,00 R$3.000,00 R$10.000,00 R$5.000,00 R$2.460,60 2010 R$10.000,00 R$5.000,00 R$8.000,00 R$7.300,00 R$5.000,00

Fonte: Pesquisa realizada pelo acadêmico.

O que se pode perceber é que em relação a Primeira Câmara de Direito Civil os valores arbitrados pela Segunda Câmara são bem menores.

Fato um tanto curioso na Segunda Câmara de Direito Civil é o Caso 4 do ano de 2009, vejamos:

O Banco ABN AMRO Real S/A, por sua vez, é empresa bem estabelecida e não enfrentará dificuldades em arcar com a verba indenizatória arbitrada, que deverá exemplificar sua atuação desidiosa. Ademais, entregando-se ao mercado financeiro, sabe que o crédito é indispensável para realização do mais singelo negócio e se, por qualquer razão, veio a motivar a inscrição e a manutenção indevida do nome do autor nos cadastros de inadimplentes, por mais de nove meses, tem a obrigação de compensar a humilhação e a posterior perturbação anímica causada. Destarte, arrimado em tais considerações e sem perder de vista o critério da razoabilidade, entende-se que a indenização fixada pelo Dr. Juiz de Direito em R$ 4.000,00 é pequena, não servindo para mostrar ao ofensor o caráter propedêutico da reprimenda monetária. 13

O juiz a quo havia arbitrado valor de quatro mil reais à título de indenização por danos morais, porém, o Desembargador Luis Carlos Freyesleben entendeu que o valor arbitrado não era suficiente para atingir a função pedagógica, mas entendeu que o valor de

13 SANTA CATARINA, Tribunal de Justiça. Apelação Cível n. 2008.001581-6, de Içara. Relator: Des. Luiz

Carlos Freyesleben. Disponível em:

<http://app.tjsc.jus.br/jurisprudencia/acnaintegra!html.action?parametros.frase=&parametros.totod=dano+m oral+spc+banco&parametros.orgaoJulgador=Segunda+C%E2mara+de+Direito+Civil&parametros.pageCou nt=10&parametros.dataFim=31%2F12%2F2009&parametros.datadat=01%2F01%2F2009&parametros.uma