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O que o Espírito Santo realiza? O que acontece com o povo, após receber o Espírito Santo? Que bênçãos estão vinculadas a esta dádiva do Espírito? A profecia afirma, no v. 28: “[...] profetizarão, [...] sonharão, e [...] terão visões”. Eu entendo que a maior parte do que eu afirmei até agora, seria bem-recebido pela maioria dos crentes evangélicos. No entanto, diante desta questão — o que o Espírito Santo realiza — nós nos dividimos muito. De fato, muitas divisões entre igrejas evangélicas acontecem por causa de respostas diferentes a esta

pergunta: O que o Espírito Santo realiza? Se você é um presbiteriano de algum tempo de caminhada, talvez você já tenha passado pela experiência, desconfortável, de conhecer outro crente e, depois de identificar-se, ouvir: “Ah, você é presbiteriano? Que pena! Ouvi dizer que em sua igreja as pessoas não creem no Espírito Santo”. Quantas divisões ao longo da história! O Que o Espírito Santo realiza?

Joel diz: O Espírito será derramado. O povo de Deus profetizará. Sonhará. E terá visões. De onde vem a confusão? O ponto é: Ao longo da história, esta passagem tem sido entendida de duas maneiras. A primeira maneira é a mais popular. Se você veio de outra igreja evangélica, não é difícil que você tenha aprendido esta primeira versão. Esta primeira interpretação, apesar de ser mais popular, é errada (e isso não deve nos causar surpresa, porque, grosso modo, as coisas erradas são mais populares do que as certas).

Deixe-me tentar explicar esta primeira interpretação que, como eu digo, é errada. Depois eu apresentarei a interpretação correta e menos popular. Comecemos com a interpretação errada. Alguns olham para esta passagem e dizem: “Vejam bem! Deus está

dizendo que o Espírito Santo nos conduzirá utilizando profecias, sonhos e visões. Está aqui, escrito

no texto, “preto no branco”; “vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos velhos sonharão, e vossos jovens terão visões” (v. 28). “Eu sou um crente orientado pela Palavra. E a Palavra de Deus diz que eu devo ser orientado por profecias, sonhos e visões”. Esta é a

doutrina pentecostal.416 E quando eu explico esta doutrina eu não estou criticando os que

creem assim; apenas estou afirmando que a doutrina, em si, é errada, e explicarei a razão. Mas antes deixe eu dizer outra coisa. Esta é também a doutrina da Igreja Católica Apostólica Romana.

A Igreja Católica Apostólica Romana produziu um documento intitulado Dei Verbum,

e nele consta que o Espírito Santo continua dando revelações à igreja por meio de visões,

sonhos e outras experiências místicas.417 Alguém questiona: Por que vocês adoram a Maria

neste santuário, em Fátima? E a resposta será: Algumas crianças tiveram uma visão de Maria. Esta é a doutrina oficial da igreja Católica. Ela ensina que o Espírito Santo continua falando por meio de visões e sonhos. Ou se você conversar com um morador de Belém do Pará, e perguntar porque eles cultuam o Círio de Nazaré, eles responderão: Aconteceu um milagre — um sinal sobrenatural envolvendo um pescador e a estátua da virgem Maria. É nesta base — de experiências místicas — que estas crenças são estabelecidas. E seguindo

esta direção, osCatólicosterminam assumindo crenças e práticas quenão estão na Bíblia.

Mas entre os evangélicos pentecostais, neopentecostais, terceira onda e até entre o

grupo mais recente denominado “abertos, mas cautelosos”,418 não é muito diferente. Um

pastor foi visitar uma igreja pentecostal e viu que naquela igreja, na porta, os diáconos paravam todos os homens e mediam os cintos. Nenhum homem podia entrar com um cinto medindo mais do que dois centímetros de largura, porque o pastor da igreja recebeu uma “revelação”: Deus ordenou que não queria que os homens usassem cintos mais largos do que dois centímetros. Último exemplo. Uma irmã de uma igreja que liderei me disse que teve um sonho. Ela se via andando em uma estrada de areia muito fofa e profunda. E o Espírito disse a ela que isso significava que a igreja estava se afundando. Ela perguntou por 416 E também daqueles que se assumem como “carismáticos”. O pentecostalismo ensina que “novas

revelações proféticas” são dadas no uso dos dons de “palavra de sabedoria e palavra de conhecimento” (WILLIAMS, op. cit., p. 660-670), “profecia” (ibid. p. 691-699), “variedade de línguas” e “interpretação de línguas” (ibid., p. 704-718). Interessados em conhecer o ponto de vista dos evangélicos carismáticos (ou pelo menos teologicamente abertos à leitura carismática), podem conferir: DEERE, op. cit.; GRUDEM, op. cit.; CARSON, op. cit.; STORMS, op. cit.; RUTHVEN, 2017. Para uma leitura da posição deste pregador, cf. BRUNER, op. cit.; ROBERTSON, op. cit.

417 CONCÍLIO VATICANO II, op. cit.

que, e Deus disse que os crentes não deveriam mais consagrar seus dízimos e ofertas. Que é errado entregar dízimos e ofertas.

Então vejam, o problema desta ideia — de que nossa vida deve ser guiada por novas profecias, sonhos e revelações —, é que dizendo que cremos no que está escrito na Bíblia (eu só sigo a Bíblia; eu sigo exatamente o que está escrito em Joel 2.28), nós terminamos sendo afastados da Bíblia, e passamos a seguir experiências místicas pessoais; e ao fazer isso, começamos mesmo a afundar na areia de nossos próprios delírios e imaginações, além de abrir espaço para todo tipo de ensino de demônios. É por isso que, em nosso meio, hoje, se conhece tão pouco o evangelho. Muitos correm atrás de superstições, penduricalhos e gurus que dizem “Deus falou comigo”. E se Deus falou com ele, quem pode contradizê-lo? Como questionar o “ungido de Deus”? Tais líderes dizem “faça isso” e “faça aquilo”, de modo que temos uma geração de líderes manipuladores, tratando o povo de Deus, como lemos em Zacarias 11.7, como “ovelhas destinadas para a matança”. E o povo de Deus definha porque lhe falta “conhecimento” (Os 4.6).

Resumindo, esta interpretação — de que Joel 2.28-29 significa que nós devemos ser guiados por novas profecias, sonhos e visões — é muito popular, mas é errada. Ela conduz você a uma caminhada de subjetividade, de modo que não conseguirá mais dizer com segurança se determinada coisa é a vontade de Deus ou não. Dependerá de seu sentimento, ou do que o anjo falou; ou você terá de pedir informação adicional no próximo sonho. As coisas ficarão bem confusas para você.

É por isso que, no século 16, os fundadores de nossa igreja rejeitaram esta interpretação popular da profecia de Joel. Eles resumiram a rejeição a esta interpretação com uma frase: “Somente a Escritura”. Vamos tentar entender isso melhor. Qual é a interpretação certa? Em

primeiro lugar, a interpretação correta atenta para a estrutura do texto da Bíblia Hebraica.

Nesses termos, estamos diante de uma poesia. Joel é conduzido pelo Espírito Santo a usar um recurso da língua dos judeus, chamado paralelismo. Um paralelismo é a expressão de uma mesma ideia usando duas linhas de poesia. Isso quer dizer que, em Joel 2.28, “profetizarão” equivale a “sonhar” e “ter visões”:

Vossos filhos e vossas filhas profetizarão, [primeira linha do paralelismo] vossos velhos sonharão, e vossos jovens terão visões. [Segunda linha]

Vamos entender melhor. Na Bíblia, “sonhos” e “visões” são os meios estabelecidos por Deus para usar profetas para revelar sua Palavra inerrante e infalível. Isso é explicado em Números 12.6:

Então, disse: Ouvi, agora, as minhas palavras; se entre vós há profeta, eu, o SENHOR, em visão a ele, me faço conhecer ou falo com ele em sonhos.

Por que Deus dava sonhos e visões? Para que alguém trouxesse a Palavra infalível dele, uma palavra que se cumpriria com exatidão — como “Palavra de Deus”. Foi assim que Deus formou o AT. Ele falou diretamente a Moisés, ele falou usando profetas, com sonhos e visões. E foi dessa maneira que Deus usou seus instrumentos de revelação no NT. Ele falou diretamente e também lhes deu sonhos e visões, ao fornecer a profecia definitiva sobre a pessoa e obra de Jesus Cristo. Se isso é assim, o que Deus está prometendo por meio de Joel? Que no contexto do derramamento do Espírito Santo, Deus dará ao seu povo a revelação plena do evangelho — a profecia final; aquilo que faltava para que assegurar o sustento pleno de nossa vida espiritual. E como Deus nos sustenta espiritualmente? Com experiências místicas? Com delírios? O que sustenta nossa vida espiritual é o evangelho aplicado em nossos corações pelo poder do Espírito Santo. Deus está prometendo as duas coisas: O Espírito Santo e o evangelho. O evangelho é a plenitude; o clímax, o ponto alto de toda profecia. Como lemos em Hebreus 1.1-2:

1 Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, 2 nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo.

Cristo é o ponto alto desta revelação. Tudo aponta para ele; tudo encontra sua plena realização nele. Nós não precisamos de nada além do conhecimento de Cristo no evangelho. É por isso que os reformadores disseram “somente a Escritura, somente Cristo”. A doutrina aqui é simples: Deus está prometendo não apenas sustento material ao seu povo. Ele promete também sustento espiritual, ou seja, o evangelho. O evangelho é profecia derradeira. O evangelho é profecia definitiva. Como eu disse, esta é a interpretação correta de Joel 2.28-29, e também a interpretação menos popular.

O que nos dá segurança sobre esta interpretação de Joel? Simples: Ela é confirmada pelo NT. De acordo com Atos 2.11, os que receberam o Espírito no dia de Pentecostes falaram das “grandezas de Deus”. Eles fizeram isso de modo que os estrangeiros compreenderam em seus próprios idiomas maternos (At 2.8). O resultado do Pentecostes: Pedro outrora inseguro, o mesmo que negou o Senhor no pátio da casa de Caifás, se levanta cheio do Espírito Santo e prega o evangelho (Mc 14.66-72; At 2.37-41). O Pentecostes traz revelação plena do evangelho. Pedro se torna instrumento poderoso de pregação do evangelho. Cumpre-se Atos 1.8. Resumindo, “profetizarão”, em Joel 2.28, abrange a experiência de conhecer a Deus (desfrute da fé salvadora) e, como consequência, pregar o evangelho, ou, usando a terminologia do próprio Senhor Jesus Cristo, ser uma “testemunha” (Lc 24.48-49; At 1.8).

E eu sei que o argumento está longo, mas preciso dizer duas coisas antes de terminar. Primeira, os fenômenos cósmicos, relatados em Joel 2.30-31 não se relacionam com o fim do mundo (porque eles acontecerão antes do fim do mundo, como vimos). Na verdade, eles estão vinculados ao evangelho. Joel usa figuras que, para os judeus de seu tempo, remetiam aos atos salvadores de Deus na redenção de Israel do cativeiro egípcio. O “sangue” indicaria

Êxodo 7.17: “Assim diz o SENHOR: Nisto saberás que eu sou o SENHOR: Eis que eu com esta

vara, que tenho em minha mão, ferirei as águas que estão no rio, e tornar-se-ão em sangue”. O “fogo”, Êxodo 9.23-24:

23 E Moisés estendeu a sua vara para o céu, e o SENHOR deu trovões e saraiva, e fogo corria pela terra; e o SENHOR fez chover saraiva sobre a terra do Egito. 24 E havia saraiva e fogo misturado entre a saraiva, mui grave, qual nunca houve em toda a terra do Egito, desde que veio a ser uma nação.

E as “colunas de fumaça”, Êxodo 19.18: “E todo o monte Sinai fumegava, porque o SENHOR descera sobre ele em fogo; e a sua fumaça subia como fumaça de um forno, e todo o monte tremia grandemente”. Tais figuras se cumprem no Redentor, uma vez que, na ocasião de sua morte, houve trevas e terremoto (Mt 27.45, 54). Ademais, imediatamente após citar a profecia de Joel, Pedro apresenta Cristo, como se dissesse: “Isso tudo tem a ver com Jesus”! (At 2.22-36). Paulo explica que houve um embate cósmico na cruz, cujo resultado foi o triunfo sobre os “principados e potestades” e consequentemente, seu “despojamento” e exposição “ao desprezo” (Cl 2.15). Como evento de consequências cósmicas, a morte de Jesus teve por finalidade destruir “aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo” (Hb 2.14). Visto desta forma, o “derramamento” do Espírito citado nos v. precedentes tem a ver com a obra redentora. O ato dramático no qual o Filho de Deus enfrentou o inimigo e submeteu-se às angústias do inferno a fim de resgatar os crentes (Mc 15.34; Jo 19.30; Cl 1.13-14). Daí a

declaração do Credo Apostólico: “desceu ao Hades”.

Por fim, todas estas figuras mencionadas em Joel 2.30-31 evocam, também a ideia de imperfeição e sofrimento do mundo — o caos reinante na era presente, antes da

consumação do reino. Joel está dizendo que mesmo depois de receber o Espírito Santo, a igreja continuará enfrentando tribulações, como diz Calvino:

O profeta não pretende ameaçar os fiéis, mas sim adverti-los, para que não se iludam com sonhos vazios, esperando desfrutar de um descanso feliz neste mundo. [...] Como assim? Haverá prodígios no céu e na terra, o sol se converterá em trevas e a lua em sangue; todas as coisas estarão em desordem e horrível escuridão. O que seria dos homens se Deus, pela graça do seu Espírito, não brilhasse sobre eles, apoiando-os em tal confusão no céu e na terra e mostrando-se como Pai?419

E agora o último detalhe. A era de derramamento do Espírito será, também a era da salvação:

32 E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do SENHORserá salvo; porque, no monte Sião e em Jerusalém, estarão os que forem salvos, como o SENHOR

prometeu; e, entre os sobreviventes, aqueles que o SENHOR chamar.

Os ouvintes (ou leitores) da mensagem de Joel foram motivados a “invocar o nome do SENHOR”. O termo traduzido por “invocar” (qārā’, na Bíblia Hebraica) tem o sentido de “chamar”. Ainda que tal invocação não os livre do sofrimento cotidiano, como vimos acima, eles serão salvos da ira divina no juízo final (cf. v. 31; Jo 5.24).

Esta promessa é qualificada. Cumprir-se-á “no monte Sião e em Jerusalém”. Joel cita o “monte Sião” ou o “santo monte” nove vezes (Jl 2.1, 15, 23, 32; 3.16, 17, 21). Jerusalém aparece seis vezes (Jl 2.32; 3.1, 6, 16, 17, 20). Tais vocábulos nos remetem ao rei Davi e seu descendente eterno, o Messias (2Sm 5.7; 7.13; Sl 2.6; 14.7; 48.2; 50.2; 53.6; 110.2; 146.10; 149.2). Por esta razão

Paulo entendeu a invocação do SENHOR como confissão da fé em Cristo, e João viu os salvos

reunidos ao “Cordeiro”, no “monte Sião” (Rm 10.9-13; Ap 14.1; cf. Sl 84.7; 87.5; Ez 37.14). Quem

são estes salvos? Repetindo, eles são “os sobreviventes” (śārîdh, “poupados de uma

catástrofe”, na Bíblia Hebraica). Em outras palavras, o remanescente. Eles são aqueles a quem

Deus quis “chamar” (o mesmo vocábulo traduzido antes por “invocar”). Isso indica que eles são um “pequeno número” e que sua redenção e sustento dependem somente da graça divina. Aqui temos a garantia de preservação da verdadeira igreja, composta dos eleitos de Deus.

Na verdade, todos nós somos, indistintamente, dignos de morte. É, portanto, somente a eleição de Deus que faz a diferença entre uns e outros. Assim, vemos que a bondade gratuita de Deus é exaltada pelo Profeta, quando ele diz que um

remanescente será salvo e que serão chamados pelo Senhor, pois não está no poder dos homens manter-se a menos que sejam eleitos, e a bondade de Deus é a

segurança de sua salvação. João Calvino.420

Por isso, no Dia de Pentecostes, o derramamento do Espírito Santo foi acompanhado de testemunho sobre a salvação. E aqui finalizo esta terceira e mui longa divisão.

Respondendo à pergunta — O que o Espírito Santo realiza? — Ele traz a profecia definitiva,

que é o evangelho de Jesus Cristo. E nós não apenas desfrutamos deste evangelho, como também, somos feitos testemunhas dele. Dito isto, podemos concluir.

A1. Conclusão

Os benefícios mencionados há pouco foram desfrutados por aqueles que receberam o Espírito Santo, no Dia de Pentecostes. E eles são desfrutados por aqueles que recebem Cristo

419 CALVIN, John. Commentaries on the Twelve Minor Prophets. Bellingham, WA: Logos Bible Software, 2010, p. 99, v. 2. Tradução nossa.

hoje. Os que creem em Jesus acolhem o evangelho, recebem a Palavra de Deus que provê segurança e força para o enfrentamento dos embates da vida.

O povo que sofria debaixo da praga dos gafanhotos olharia para frente e receberia alento. Os crentes do tempo de Joel podiam estar certos de que as devastações trazidas pelos gafanhotos e seca não eram definitivas. Deus garantiria o pacto restaurando-os integralmente e habitando entre eles (Jl 2.27). O Espírito que seria “derramado” e a unção do

Espírito daria a eles um “conhecimento”, ou seja, uma comunhão com Deus diferenciada (1Jo

2.20, 27; cf. Jr 31.34). Ele invocariam o SENHOR e seriam salvos. E poderiam caminhar com

Deus sendo sustentados pelo Espírito Santo. Esta interpretação combina com o NT, ela nos

conduz ao evangelho. Então preste atenção: Rejeite qualquer doutrina que lhe conduza para

esquisitices, ao mesmo tempo em que o afasta do evangelho. É muito bom poder ler o AT sabendo que ele aponta para o evangelho.

“E acontecerá, depois, que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne” (v. 28). Quando isso aconteceu? No Dia de Pentecostes. E isso acontece pode acontecer hoje, em sua vida, se você crer em Jesus Cristo. Acontece quando pessoas entregam suas vidas a Cristo. Esses são os beneficiários: Os que creem em Deus; o povo de Deus de todos os tempos.

Desde o Pentecostes Deus está fazendo algo maravilhoso — dando o seu Espírito a todos os que o invocam. Esta é uma promessa grandiosa. O Cristianismo não nos promete apenas uma crença ou uma ideologia. Nem apenas uma estrutura sociológica de apoio, sugerindo que não ficaremos mais sozinhos porque temos uma irmandade ou igreja. Isso é precioso, mas esta não é a única promessa. A promessa do Cristianismo não é apenas te dar um passaporte para a eternidade. Sem dúvida, isso consta no Cristianismo e é maravilhoso, mas entendamos que o Cristianismo vai além disso.

O Cristianismo afirma que o Deus vivo habita dentro de nós. Não apenas Deus junto de nós, ou aproximando-se de nós. É Deus fazendo morada em nós. Nós, a igreja, como santuário de Deus. E nós somos ligados a ele, e sustentados, santificados e consolados por ele à medida que ele mesmo aplica o evangelho em nós. O Espírito Santo nos é dado para que desfrutemos da derradeira profecia, o evangelho, que é “o poder de Deus” (cf. Rm 1.16).

Estas verdades nos ajudam a compreender que, firmados em Deus, podemos continuar caminhando. Os ouvintes de Joel podiam saber disso: A situação está difícil, mas Deus enviará ajuda material e espiritual. Acima de tudo, Deus nos dará Cristo, ele nos dará dele mesmo — seu Espírito será derramado sobre nós! Não apenas ele derramará chuva para fazer crescer a relva e alimentar os animais, mas também o Espírito Santo, para revitalizar nosso coração com fé, devoção e certeza de vida eterna.

Sendo assim, cada tribulação abre espaço para a invocação. Assim como, nos tempos de Joel, a nuvem de gafanhotos fomentou uma busca renovada de Deus, depois do derramamento do Espírito Santo, ainda há circunstâncias em que temos de clamar pelo socorro de Deus. Como disse um servo de Deus, “a fé é sempre a mãe da oração”. E entre a primeira e a segunda vindas de Cristo, temos o evangelho que nos sustenta e, ao mesmo tempo, impulsiona ao testemunho. O desfrute do Espírito Santo, como lemos em Atos, produz expansão missionária. A obra de evangelização é levada adiante com a consciência de que Deus é quem chama o seu remanescente – somente os eleitos serão salvos.

Assegurados no amor de Deus, continuemos a invocá-lo de todo nosso coração. Amém. Vamos orar.

Apêndice 2. Áreas de interesse e possível chamado

O formulário a seguir auxilia na identificação de áreas de interesse e possível chamado para o serviço na igreja.421

O chamado de Deus pode se revelar imediata e claramente ou aos poucos e gradativamente. Isso significa que tentar identificar o chamado por meio de um teste pode parecer inadequado para alguns. De fato, as perguntas a seguir não são uma ferramenta infalível, mas podem servir de auxílio à reflexão e tomada de posição diante de alguns grupos humanos e áreas de atividades.

Aqueles que estão iniciando a carreira cristã e conhecem pouco a igreja talvez tenham mais dificuldade em responder algumas questões. Apesar disso, é útil tentar preencher este questionário observando o seguinte:

Ore enquanto considera suas respostas. Complete o questionário sozinho. Não há respostas certas nem erradas.

1. No final de minha vida eu gostaria de saber que fiz algo em prol de:

_______________________________________________________________________________ 2. Se alguém mencionasse seu nome para um grupo de amigos seus, o que eles diriam ser o

seu maior interesse?

_______________________________________________________________________________ 3 Tenho opiniões/sentimentos fortes sobre esses assuntos/causas:

Meio-ambiente. Discipulado. Violência. Educação. Economia. Saúde. Aborto. Igreja. Cuidar de crianças. AIDS. Injustiça. Vícios. Alcançar os perdidos. Pobreza. Fome. Ideologia de gênero. Política. Racismo. Tecnologia. Família. Alfabetização

Outros:

_______________________________________________________________________________ 4. Observe a lista de tipos ou grupos humanos abaixo. Marque com um traço aqueles com os quais você se identifica, para os quais gostaria de realizar um serviço cristão ou que exigem