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6. Profecia falada e escrita

7.2. Profecias na igreja até a volta de Cristo

É possível manter a dedução magisterial, mesmo diante do que Paulo ensina sobre profecias e a volta de Cristo? O que pode e deve ser dito aos pentecostais e carismáticos que dizem que profecias extrabíblicas têm lugar na igreja até a parusia?

7.2.1. A lacuna da leitura cessacionista de 1Coríntios 13.8-13

Começamos admitindo uma lacuna. Alguns intérpretes usam 1Coríntios 13.8-13 para tentar “provar biblicamente” que determinados dons cessaram. A explanação sugerida por eles não deixa de ser interessante, mas não é exegeticamente sólida.

Entendamos o argumento. Com base em 1Coríntios 13.8, afirma-se que profecias, línguas e a ciência cessarão (de fato, esse é o sentido do texto). A partir daí, são tecidas três considerações: (1) que a mudança nas vozes dos verbos (no texto grego), indica uma distinção

no modo como profecias e ciência, de um lado, e línguas, de outro, cessarão.281 (2) Profecias

e ciência passarão quando vier “o que é perfeito” (v. 9, 10-12); línguas passarão depois de cumprir seu papel como “sinal” para os “incrédulos” (1Co 14.20-22). Por fim, sugere-se que (3) “o que é perfeito” e o estado de coisas que se segue (v. 10-12) apontam para o fechamento

do cânon.282 O “sinal” das línguas (14.21-22), corresponde à destruição de Jerusalém pelos

romanos, permitindo concluir que o dom de variedade de línguas cessou no ano 70.283

Explicando a terceira consideração, quanto ao cânon, a proposição é que a Bíblia completada represente a “perfeição” da revelação e, portanto, engendre a plenitude descrita nos v. 11-12. Quanto a línguas como “sinal” relacionado com a destruição de Jerusalém, em 1Coríntios 14.21, Paulo cita Isaías 28.11-12. A partir daí, argumenta-se que a profecia de Isaías apontava para Jerusalém sendo arrasada por um povo de “lábios gaguejantes” (lit., “lábio zombeteiro”) e “língua estranha” (lit. “língua estrangeira”; quer dizer, a queda de Samaria

sob os assírios).284 No séc. 1, mais uma vez Deus castigaria a incredulidade dos judeus que

280 DIXHOORN, op. cit., p. 43.

281 GARDINER, Jorge E. A Catástrofe Corintiana. São Paulo: Imprensa Batista Regular, 2012, p. 31-32, VAN GORDER, Paul R. Confusão Carismática: O Falar em Línguas. Terceira impressão, 1993. São Paulo: Imprensa Batista Regular, 1974, p. 40-41.

282 SCHWERTLEY, Brian. O Movimento Carismático e as Novas Revelações do Espírito. São Paulo: Editora Os Puritanos, 2000, p. 34-37; VAN GORDER, op. cit., p. 41-42.

283 GARDINER, op. cit., p. 32-34.

284 OSWALT, John. Isaías. São Paulo: Cultura Cristã, 2011, p. 608. (Comentários do Antigo Testamento), v. 1. Logos Software. Cf. BEG2, nota 28.11-12, p. 915, língua estranha: “Os assírios se tornaram os mestres de Israel devido à falha deste em permanecer fiel”. E ainda, Oswalt, op. cit., p. 618-619: “O profeta faz as palavras dos desdenhosos voltarem-se contra eles mesmos, quando pronuncia a palavra de juízo. Para eles, as palavras de Deus eram de fato simples e suaves. Visto, porém, que recusavam dar-lhes ouvido, agora têm de ouvir palavras confusas e repetitivas, porém dos lábios dos feitores assírios. Já que não aprenderam as verdades simples da vida, da parte dos porta-vozes de Deus, terão por fim de aprendê-las com chicote e sovela”. Por fim, RIDDERBOS, J. Isaías: Introdução e Comentário. São Paulo: Vida Nova, 2007, p. 214-215. (Série Cultura Bíblica): “Replicando à zombaria, o profeta agora proclama a sua destruição. Virá o dia quando sons mais

não acolheram o evangelho. As línguas são um “sinal” (1Co 14.22) da proximidade de um castigo de Deus, que recairia sobre os judeus como atualização da sentença de Isaías.

Admitida essa leitura, assevera-se que o dom de línguas cessou no ano 70, e que os dons de profecia e de ciência cessaram assim que a lista de livros da Bíblia foi completada e morreram os últimos apóstolos e profetas do NT. Uma arguição bem intencionada e que combina com a ortodoxia, mas, infelizmente, é exegeticamente frágil, pelas seguintes razões:

1. A variante verbal (1Co 13.8), pode ser tida como recurso estilístico.

2. É mais provável que “o que é perfeito”, em 1Coríntios 13.10, e o estado de coisas

que se segue (v. 11-12) se refiram à consumação.

3. São possíveis outros entendimentos de 1Coríntios 14.21-22.

Mesmo os intérpretes que acreditam que a Bíblia ensina sobre a cessação das profecias extrabíblicas, admitem que as vozes verbais de 1Coríntios 13.8 não informa nada sobre ocasiões diferentes de cessação das profecias, línguas e ciência, e devem ser entendidas

apenas como recurso estilístico.285

“O que é perfeito”, em 1Coríntios 13.10, não se refere ao fechamento do cânon bíblico. Kistemaker explica que “uma das objeções a este ponto de vista é que não podemos esperar que os coríntios, em 55 d.C., tivessem a ideia de ligar perfeição com fechamento do cânon na

última década do séc. 1”.286 Paulo se refere ao estado de perfeição instalado na consumação,

comparando as coisas aqui e agora, parciais e imperfeitas, com as coisas lá e então, completas

e perfeitas após o estabelecimento definitivo do reino. Calvino entendeu a passagem assim:

Ele está dizendo: “Quando a perfeição chegar, tudo quanto nos auxiliou em nossas imperfeições será abolido.” Mas, quando tal perfeição virá? Em verdade, ela começa na morte, quando nos despirmos das inúmeras fraquezas juntamente com o corpo; ela, porém, não será plenamente estabelecida até que chegue o dia do juízo final, como logo veremos. Portanto, desse fato concluímos que é algo em extremo estúpido alguém fazer toda esta discussão aplicar-se ao período intermediário.287

Kistemaker explica que:

Quando os crentes partem desta vida terrena, eles deixam para trás tudo o que é imperfeito e incompleto. Adentram o céu e experimentam a alegria e a paz de um estado sem pecado. Mas sua perfeição não será completa até que aconteçam a volta de Cristo, a ressurreição e o dia do juízo final. No fim do tempo cósmico, os dons espirituais, que os crentes agora possuem em parte, cessarão. Seus dons espirituais imperfeitos sobre a terra serão superados pelo seu perfeito estado de conhecimento na consumação.288

Por fim, é possível interpretar 1Coríntios 14.21-22 de modo distinto, e.g., (1) mesmo que se estabeleça uma conexão entre o “sinal” das línguas com a destruição de Jerusalém pelos

estranhos do que esses sons com que agora eles imitam Isaías, soarão aos seus ouvidos. Os assírios virão, e por sua língua bárbara o Senhor lhes falará; isso dará fim às suas zombarias. Eles só poderão culpar a si próprios”. O. Palmer Robertson enxerga na profecia de Isaías uma referência à capitulação de Judá diante dos babilônios: “o exército dos ‘babilônios balbuciantes’ representa para Israel o retorno do juízo que antes trouxera a confusão das línguas na torre de ‘Babel’” (ROBERTSON, op. cit., p. 51).

285 KISTEMAKER, 1Coríntios, p. 571; LOPES, 2012, p. 123-125; CARSON, 2013, p. 69.

286 KISTEMAKER, op. cit., p. 575; cf. LOPES, op. cit., p. 125-128.

287 CALVINO, 1Coríntios, p. 467.

288 KISTEMAKER, 1Coríntios, p. 575–576. Este parece ser o entendimento de outros intérpretes, e.g., LOPES, op. cit., loc. cit.; VENEMA, Cornelis P. A Promessa do Futuro. São Paulo: Cultura Cristã, 2017, p. 384-385; KNIGHT III, 2017, p. 107; LIMA, Leandro Antonio de. Razões da Esperança: Teologia Para Hoje. São Paulo: Cultura Cristã, 2006, p. 462, 661; e ainda, VANG, Preben. 1Coríntios. São Paulo: Vida Nova, 2018, p. 183. (Série Comentário Expositivo).

romanos,289 o entendimento das vozes verbais de 1Coríntios 13.8 como recurso estilístico e do “perfeito” como a consumação do reino esvazia e necessidade de cessação do dom de variedade de línguas no ano 70. Ademais, (2) Carson admite que 1Coríntios 14.21-25 é difícil

de entender.290 (3) Há quem estime que “incrédulos”, em 1Coríntios 14.22-23, se refira a

descrentes de modo geral, não apenas aos judeus. (4) E mesmo admitindo que se trata de um “sinal” para Israel, estudiosos como Robertson enxergam nele um indicativo de que “Deus está fazendo uma mudança [na história da redenção]. [...] Deus [...] não mais falaria um único

idioma a um único povo”.291 Repercutindo as línguas no Pentecostes, as línguas em Corinto

“serviriam como um sinal da incomensurável bênção divina direcionadas as todas as nações

do mundo, inclusive Israel”,292 ou seja, “elas marcaram a transição para um evangelho

verdadeiramente mundial”.293

Eis uma sugestão de interpretação plausível: em 1Coríntios 13.8, Paulo diz que “o amor jamais acaba; mas, havendo profecias, desaparecerão; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, passará”. O fato de ele iniciar e terminar o capítulo mencionando estes três dons (profecias, línguas e ciência) pode indicar que tais carismas eram não apenas apreciados, mas motivo de contendas. Apesar dos coríntios os valorizarem e se desentenderem por

causa deles, eles deviam saber que tais dons são fugazes, se esgotarão (katargēthēsontai) e

“cessarão” (pausontai), ao contrário do amor, que “permanece” como virtude “maior” (v. 13).

Essas coisas tão estimadas constam na existência atual, que é “em parte” (v. 9), ou seja,

incompleta, mas virá “o que é perfeito” (teleios) e “o que é em parte será aniquilado” (outra

vez, katargēthēsontai; v. 10). Só então virá o amadurecimento pleno (v. 11), “veremos face a

face”, deixaremos de conhecer “em parte” (v. 12). Esta completude, perfeição e maturação só será desfrutada na eternidade, na consumação do reino, após a vinda de Jesus Cristo.

Paulo finaliza contrapondo aos três dons do Espírito (profecia, línguas e ciência), três virtudes também operadas pelo Espírito (“a fé, a esperança e o amor”). Os coríntios agiam como “crianças em Cristo”, instigados por “ciúmes e contendas” (1Co 3.1-3). Precisavam deixar de brigar por coisas passageiras e olhar para a glória prometida no evangelho, em fé, esperança e amor. Eles teriam toda condição de resolver seus problemas focando nas três virtudes e fazendo bom uso dos dons depois de considerá-los sob o ângulo correto.

Os que acreditam que a Bíblia desencoraja profecias extrabíblicas deveriam evitar

tentar provar isso utilizando 1Coríntios 13.8-13. O que Paulo diz aqui é que, na consumação,

tudo o que é incompleto e imperfeito cederá lugar ao que é completo e perfeito. Cristãos alinhados à leitura fundacional protestante são chamados de volta ao estudo humilde e dedicado da Escritura, entendendo que, desde a Reforma, Calvino e outros teólogos magisteriais sustentaram que alguns ministérios e dons são extraordinários, sem recorrer a 1Coríntios 13.8-13.

7.2.2. Orientações e incentivos à profecia em Atos e nos escritos de Paulo

Os cristãos do séc. 1 viveram uma experiência ímpar. Tanto o diácono Filipe quanto Ananias (não somente os apóstolos e profetas oficiais) receberam revelações (At 8.26, 29; 10.10-16); e as quatro filhas de Filipe, bem como algumas mulheres de Corinto, profetizaram (At 21.8-9; 1Co 11.4-5). E haviam profetas na igreja em Antioquia, pelo quais o Espírito Santo forneceu direção estratégica (At 13.1). Em Corinto, tanta gente profetizava, que Paulo escreveu para organizar a participação dos profetas nos cultos (1Co 14.26). As profecias eram 289 Cf. LOPES, op. cit., p. 161.

290 CARSON, op. cit., p. 110.

291 ROBERTSON, op. cit., p. 53.

292 Ibid., p. 54.

importantes ao ponto de Paulo orientar os crentes a não desprezá-las (1Ts 5.19-20). O próprio Timóteo recebeu seu “dom” para o ministério em uma cerimônia do presbitério, com imposição de mãos e profecia (1Tm 4.14).

Estas realidades foram abençoadoras, necessárias e adequadas ao contexto. Utilizando a terminologia de Horton, o séc. 1 engendrou a supernova da revelação (o comando “haja”). Em seguida, Deus passou a nutrir a igreja pelo meio ordinário da Escritura lida, pregada e ouvida, estudada e meditada (comando “produza”). Dizer que o meio é ordinário não equivale a afirmar que não contemple a ação do Espírito Santo, pois o Espírito abençoa o meio, aplicando a verdade da Escritura dos eleitos de Deus. Em outras palavras, (1) temos a Escritura toda, em uma Bíblia, algo que os primeiros crentes não tinham, e (2) Deus continua agindo hoje na igreja, mas de modo diferente do que na época do NT.

Os carismáticos talvez se sintam inclinados a considerar os protestantes fundacionais “engessados”, ou, como diz Ruthven, culpados de “congelar” a ação de Deus em um ponto específico da história, mas ocorre exatamente o oposto. São eles que insistem em dar um

print na ação do Espírito Santo no séc. 1, não apenas cultivando uma “expectativa”, mas formalizando um tipo de “exigência”, de que Deus repita hoje aquilo que fez no tempo dos apóstolos. Assim como interpreta contextualmente a exigência das mulheres usarem “véu”, em 1Coríntios 11.2-16, o leitor protestante fundacional interpreta todas as referências a profecias sob o filtro da “fundação” apostólica da igreja (que equivale ao fechamento do NT). Destarte, as orientações de Paulo sobre a profecia, em 1Coríntios 14, são lidas como explicando um fenômeno que ocorreu nas igrejas do séc. 1, mas que hoje, na igreja contemporânea, reverbera como pregação. O ato de concessão do “dom” ministerial a Timóteo (1Tm 4.14), é lido como regulador das cerimônias de ordenação de oficiais ordinários da igreja hoje, com pregação, oração e imposição de mãos. E não “apagar” o Espírito, bem como “não desprezar profecias”, em 1Tessalonicenses 5.19-20, corresponde a respeitar o limite canônico definido pelo próprio Espírito, como explica Gaffin Jr.:

Concluir, então, que os dons de profecia e línguas foram retirados da igreja não é ser “contra o Espírito Santo” ou extinguir a liberdade do Espírito, mas respeitar o modo que o Espírito escolheu soberanamente para revelar a vontade de Deus e assim assegurar a liberdade do crente.294

Como sugerido acima, protestantes fundacionais admitem um uso continuado da profecia até a parusia.

7.2.3. Como a profecia permanece na igreja até a parusia

Em que sentido “profecia” e “ciência” prosseguem até a volta de Cristo? Apesar de não mais existir o ofício de profeta, muito menos o dom de profecia como capacidade de proferir

novas revelações, permanece na igreja um múnus profético. Berkhof nos ajuda a entender que

há um dom de falar para a edificação da igreja [1Co 14.3-5] que “é permanente na igreja cristã,

e foi definidamente reconhecido pelas igrejas reformadas (calvinistas)”.295 Ele não se refere

a profetizar com o dom carismático de falar sob inspiração especial, e sim, como um

expositor das Escrituras.296 Nesses termos, Berkhof repercute os reformadores magisteriais,

para quem, guardadas as devidas proporções, “profecia” podia equivaler a “pregação”.297

Calvino insiste em que:

Portanto, na igreja Cristã, nos tempos atuais, profecia é simplesmente o correto entendimento da Escritura e o dom particular de explicá-la, visto que todas antigas

294 GAFFIN JR., op. cit., p. 130.

295 BERKHOF, op. cit., p. 538. Grifo nosso.

296 Ibid., loc. cit.

profecias e todos os oráculos divinos já foram concluídos em Cristo e seu evangelho. Paulo a entendia neste sentido, quando disse: “Eu quisera que vós todos falásseis em outras línguas; muito mais, porém, que profetizásseis” [1Co 14.5], e: “Conhecemos em parte, e em parte profetizamos” [1Co 13.9]. Não fica evidente se ele tencionava, aqui, considerar somente aquelas excelentes graças pelas quais Cristo adornou seu evangelho em seus primórdios. Vemos, ao contrário, que ele está se referindo simplesmente aos dons ordinários que permanecem perpetuamente na igreja.298

Até a vinda do Senhor Jesus, a igreja é estabelecida e capacitada para testemunhar profeticamente, convocando as nações ao arrependimento e fé (Ap 11.1-14). Comentando Apocalipse 11.3, G. K. Beale sugere que “as duas testemunhas aqui mencionadas, que profetizam, não são pessoas, mas antes representam a igreja corporativa na sua capacidade

como testemunha profética fiel de Cristo”.299 Além dele, também Kistemaker:

No parágrafo precedente (v. 1 e 2), aprendemos que o povo de Deus está seguro espiritualmente e protegido divinamente. Agora lemos que recebem como igreja uma tarefa aqui na terra: devem ser testemunhas de Deus, que os está capacitando com seu poder para cumprir essa tarefa.300

Hendriksen explica que “essas testemunhas simbolizam a igreja militante dando testemunho por meio dos seus ministros e missionários ao longo de toda a presente

dispensação [...] (cf. Lc 10.1)”.301

Jesus, como profeta, bem como os apóstolos e profetas do NT, profetizaram com autoridade divina (Dt 18.15; Jo 1.1, 18; 7.40; 1Ts 4.15-18; 2Pe 3.11-13; Ap 1.9-10). A igreja profética prega a Escritura canônica sob autoridade do Espírito Santo (At 1.8; 2.17-18; 1Ts 1.5 — tabela 3).

Autoridade divina Jesus, o Profeta (Dt 18.15; Jo 1.1, 18; 7.40)

Apóstolos profetas (1Ts 4.15-18; 2Pe 3.11-13; Ap 1.9-10)

Sob autoridade divina Uma igreja profética (que prega a Palavra; At 1.8; 2.17-18; 1Ts 1.5)

Tabela 3. A contemporaneidade ortodoxa da profecia.

É claro que a interpretação dos textos mencionados acima pode ser objetada. Pentecostais e carismáticos podem dizer que Paulo não está dizendo que as profecias

cessaram; apenas que devem ser bem utilizadas. Enquanto um carismático lê o NT com os

óculos da reforma radical — como incentivo a buscar revelações extrabíblicas —, um protestante os lê com as lentes da Reforma Magisterial, concluindo que: (1) no contexto do séc. 1, em plena profusão da revelação, os cristãos tinham de valorizar e dar ouvidos ao ministério dos apóstolos e profetas fundacionais, e (2) na atualidade, é preciso prestar atenção à Palavra escrita de Deus, ensinada e pregada pelos pastores e mestres.

298 CALVINO, Romanos, p. 496.

299 BEALE, G. K. Brado de Vitória. São Paulo: Cultura Cristã, 2017, p. 206-207. Grifo nosso.

300 KISTEMAKER, Simon. Apocalipse. 2. ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2014, p. 428. (Comentário do Novo Testamento). Logos Software. E ainda (op. cit., p. 429): “as duas testemunhas representam a igreja de Cristo que, ao proclamar o evangelho, convoca o mundo ao arrependimento”. Cf. BEHR, p. 1850.

301 HENDRIKSEN, Mais Que Vencedores, p. 154. Grant R. Osborne diz que “essas ‘testemunhas’ que se apresentam como reis e sacerdotes de Deus, nesse período final da história, agora começam (11.5) seu ministério profético de proclamação (sua função sacerdotal) e de juízo ( sua função régia). A mão de Deus está sobre elas e, uma vez mais (cf. 3.10; 7.3,4; 9. 4, 20; 11.1), é vista a proteção de Deus sobre seu povo” (OSBORNE, Grant R. Apocalipse: Comentário Exegético. São Paulo: Vida Nova, 2014, p. 475).