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Especificações Técnicas do projecto SiNErGIC

3. PROJECTO SiNErGIC

3.3 Especificações Técnicas do projecto SiNErGIC

O projecto-piloto do SiNErGIC em Albergaria dos Doze permitiu ao IGP definir as especificações técnicas necessárias ao sucesso do projecto SiNErGIC sendo posteriormente disponibilizadas às empresas que concorreram à execução do projecto. O documento actualmente é disponibilizado pela Direcção de Serviços de Informação Cadastral e intitula-se “Especificações Técnicas de Execução de Cadastro Predial versão 2.2.”, podendo ser descarregado do sítio do IGP (http://www.igeo.pt/sinergic/documentos/ET_OECP_v2_2.pdf).

O documento descreve os aspectos que ajudam a promover uma correcta execução do projecto SiNErGIC, sendo que existem alguns aspectos técnicos que devem ser analisados pois possuem relevância para a orientação das operações, a interpretação do diagrama aplicacional, os índices de qualidade na recolha de dados, os suportes cartográficos, a aquisição dos dados cadastrais, a exposição pública e a conclusão da operação cadastral.

As operações cadastrais estão definidas através de um diagrama que demonstra as fases da operação e os intervenientes ligados ao projecto (Figura 3.2) e mostra de forma simples como irá decorrer todo o processo.

Figura 3.2 – Diagrama sobre as Fases da operação e Intervenientes. Adaptado de IGP (2009).

Como mostra a figura o sucesso das operações dependem dos intervenientes envolvidos que neste caso são os titulares cadastrais, o IGP, a entidade executante e a equipa de apoio técnico sendo que cada um possui competências e atribuições bem definidas. O titular cadastral é o elemento fundamental deste processo pois é ele que promove a demarcação dos prédios, fornece a informação necessário à operação, participa na consulta pública e partilha experiência com outros titulares cadastrais. Os restantes intervenientes têm um carácter mais técnico que ajudam a facultar o suporte cartográfico e a obtenção da informação geográfica que posteriormente será interligada com a informação alfanumérica proveniente do titular cadastral. A informação alfanumérica é caracterizada pela informação pessoal e a informação que represente a titularidade do prédio. Esta informação é recolhida através dos modelos de declarações de titularidade (Anexo A) preenchidas pelos titulares cadastrais ou pelo seu representante. Além da divulgação da informação alfanumérica, os titulares são responsáveis pela demarcação dos seus prédios cumprindo sempre que possível, os requisitos definidos pelo IGP (Anexo B).

A informação geográfica é caracterizada pelos levantamentos cadastrais dos prédios efectuados pelos técnicos da entidade cadastrante que são responsáveis pela recolha de informações que definem a localização dos prédios definida por marcos e estremas. Esta informação é recolhida no campo pelos técnicos da entidade cadastrante recorrendo a suporte cartográfico, aos titulares cadastrantes e a colaboradores que permitam identificar a localização do prédio.

A forma de recolha e armazenamento da informação alfanumérica e geográfica dos titulares cadastrais e os seus respectivos prédios assenta num esquema aplicacional desenvolvido pelo IGP com o objectivo de armazenar toda essa informação numa base de dados que contenha

informação referente ao cadastro oficial. O esquema aplicacional UML mostra de que forma são estruturados e armazenados os conteúdos referentes à informação cadastral através de elementos formais como tipos de identidade, enumerações, função/associação, agregação, generalização e documento. A compreensão do esquema pode ser complexa (Anexo C) quando não se entende este tipo de diagramas pois envolve conhecimentos técnicos de informática. A informação geográfica é recolhida através de levantamentos cadastrais recorrendo a metodologias definidas pelas especificações técnicas do IGP que podem ser: o reconhecimento por cartografia, o levantamento topográfico clássico e os levantamentos GNSS-RTK. Estas metodologias são implementadas com base em ortofotos e modelos digitais do terreno obedecendo a precisões impostas para evitar possíveis erros na localização e delimitação dos prédios. O rigor e a precisão da informação obtida têm em consideração aspectos como por exemplo os sistemas de referência geográfica, a qualidade dos dados, a qualidade posicional dos pontos cadastrais efectuados nos levantamentos, a qualidade fotográfica e a qualidade radiométrica das ortofotos.

Os sistemas de referência adoptados para o projecto foram os definidos recentemente pelo IGP, o PT-TM06/ETRS89 para Portugal Continental e o PTRA08-UTM/ITRF93 para as regiões autónomas. A qualidade dos dados é considerada pelas especificações do SiNErGIC como parâmetros que asseguram a obtenção de dados fidedignos capazes de integrar o sistema de informação. A qualidade dos dados é assegurada através da ausência de erros que na integração da informação nomeadamente em aspectos de completude, consistência lógica e posicional, radiométrica, conteúdo.

A completude consiste na quantidade de informação que é recolhida sendo que existem dois erros que têm de ser evitados: a omissão e o excesso de dados. A omissão de dados é definida pelo SiNErGIC como a falta de dados em relação aos dados existentes, tendo por base a estrutura de dados definidos. Por outro lado, o excesso de dados é definido pela recolha de dados excedentes em relação aos dados que existem, tendo por base a estrutura de dados definida.

O SiNErGIC integra a consistência lógica da informação nas especificações técnicas através de três características: consistência topológica, consistência dos dados alfanuméricos e consistência conceptual. A concepção topológica divide-se em dois tipos: a sobreposição e a lacuna dos dados. A consistência topológica do tipo sobreposição serve para assegurar a ausência de sobreposições dos pontos cadastrais, das estremas e dos polígonos. Por outro lado, a consistência topológica do tipo lacuna serve para assegurar a ausência de lacunas relativas à relação topológica dos pontos coordenados, das estremas e dos polígonos.

Relativamente à consistência dos dados alfanuméricos, nas especificações do SiNErGIC é referido que os dados alfanuméricos devem garantir os seguintes aspectos: a utilização unívoca dos identificadores de cada entidade, o respeito pelas enumerações referidas anteriormente, o descrito no catálogo de entidades, a não duplicação dos dados referentes ao Cartório Notarial e Tribunal, que o código postal de moradas nacionais possua 7 dígitos, que todos os caracteres

não numéricos se encontram em maiúsculas, a existência de um só espaço entre palavras e a inexistência de erros de ortografia.

Para finalizar as características da consistência lógica, existe ainda a consistência conceptual que segundo as especificações do SiNErGIC visa evitar incoerências na interligação entre a informação alfanumérica e a informação geográfica. Nas especificações é descrito que: cada declaração de titularidade não pode ser associada a mais do que um objecto de cadastro diferente, os objectos de cadastro do tipo prédio, baldio e AUGI só estão caracterizados quando associados a pelo menos uma declaração de titularidade e os objectos de cadastro do tipo prédio e baldio, que se encontrem associados a mais do que uma declaração de titularidade, não podem apresentar um regime de objecto de cadastro diferente.

A precisão dos levantamentos cadastrais referente à delimitação dos prédios, como por exemplo a recolha da informação geográfica dos marcos depende da precisão posicional dos pontos cadastrais. O IGP refere nas especificações técnicas do projecto SiNErGIC que os pontos cadastrais para serem validados em termos de qualidade posicional devem possuir um EMQ≤ 40 cm. O uso deste EMQ poderá ser explicado com os valores expressos na Tabela 3.1 e que demonstram o erro posicional planimétrico para a cartografia em função da escala:

EMQ (metros) Escala EMQ (metros) Escala

0,0125 1:50 0,025 1:100

0,050 1:200 0,125 1:500

0,25 1:1000 0,50 1:2000

1,00 1:4000 1,25 1:5000

2,50 1:10 000 5,00 1:20 000

Tabela 3.1 – Erro Médio Quadrático planimétrico para Cartografia. Adaptado de Matos (2008).

A tabela mostra que um EMQ de 0,25m e de 0,50m na recolha de informação geográfica são admissíveis para as escalas adoptadas em termos de cadastro oficial Português transmitindo assim um grau elevado de fiabilidade na precisão dos pontos coordenados.

A identificação dos limites dos prédios depende também de outro factor que é a cobertura aérea fotográfica das zonas que abrangem os prédios, sendo que as ortofotos são outro apoio fundamental de reconhecimento no gabinete e no terreno da localização do prédio. O suporte cartográfico sendo outra ferramenta fundamental de apoio necessita de especificações técnicas coerentes para permitirem a correcta identificação da localização dos prédios. O suporte cartográfico é assegurado pelas ortofotos e os modelos digitais do terreno (MDT). No caso das ortofotos, os critérios de fiabilidade são descritos no SiNErGIC através dos parâmetros de qualidade posicional, qualidade radiométrica e qualidade do conteúdo das ortofotos. As ortofotos em termos de qualidade posicional segundo as especificações técnicas do IGP necessitam de apresentar um EMQ inferior a 30 centímetros relativos a pormenores topográficos ao nível do

terreno ou a estruturas ortorectificadas. Além disso, refere ainda que no confronto de qualquer amostra representativa com os valores obtidos por observações de grande precisão, 90% dos pontos determinados sobre os ortofotos não podem apresentar desvios planimétricos superiores a 45 cm.

A qualidade radiométrica é essencial para uma correcta compreensão e caracterização das ortofotos pois servem de apoio à localização espacial dos prédios sendo que essa qualidade é evidenciada através de critérios associados a técnicas de manipulação de imagem (saturação, resolução radiométrica, contraste, cor, brilho). Nas especificações do SiNErGIC referem que a saturação de cada ortofoto não pode exceder 0.5% em cada extremo do histograma da luminosidade (exemplo: as frequências dos valores 0 e 255 numa imagem a 8 bits) referentes à área da imagem com informação útil. Em relação à resolução radiométrica, a percentagem de valores possíveis (domínio de resolução radiométrica) de tons de cinzento ou luminosidade, com representação na imagem, tem que ser igual ou superior a 99.5%. Outro critério abordado é o contraste da ortofoto que deve possuir um coeficiente de variação dos valores do Digital Number (DN), que é a representação da % relativamente aos níveis de cor, por banda, do desvio-padrão dos valores DN. Este coeficiente de variação dos valores DN tem de estar situado entre os 10% e os 20%, tendo como excepção zonas de reflexão intensa do sol (Ex.: Massas de Água). Para finalizar os aspectos sobre a qualidade radiométrica, a cor, brilho e contraste em cada ortofoto isoladamente e quando comparadas com as imagens que as rodeiam devem ser homogéneas. O SiNErGIC refere ainda aspectos que devem ser preservados quanto ao conteúdo das ortofotos. As especificações do IGP referem que as ortofotos para serem correctamente processadas não devem possuir nuvens, fumos, riscos, manchas, ou lacunas de informação. Na maioria das vezes os MDT costumam ser sub-produtos das ortofotos sendo que o critério a ser considerado é o da qualidade posicional. A qualidade posicional dos MDT segundo as especificações técnicas do SiNErGIC, devem possuir dados altimétricos representados por ficheiros matriciais e não podem apresentar EMQ em altimetria superiores a 45 centímetros. Além disso, 90% de uma amostra de elementos representados nos ficheiros matriciais do modelo digital do terreno não podem ter desvios, em relação aos valores correspondentes a esses elementos coordenados por métodos de grande precisão, superiores a 75 centímetros. No processo final das operações cadastrais de identificação do titular cadastral e do prédio é obtida uma caracterização provisória do prédio a qual é exposta em consulta pública, sendo que os titulares cadastrais em caso de discórdia possam preencher um Auto de Reclamação do Prédio (Anexo D), caso seja necessário actualizar a informação alfanumérica e/ou geográfica relativa ao prédio.